Swanhild disse:
Ringil, como vocês defenderiam a separação da cidade do Rio do restante do estado se o Rio não é mais a capital? Mesmo que a união de ambos tenha sido por causa de uma canetada, me parece que ela fez algum sentido. Poderia-se dizer que na verdade a posicão errada foi da administração que não teve peito de fazer isso ne época em que a capital foi transferida para Brasília.
E se fosse por causa de impostos, migração, diferenças entre a capital e o interior, isso tudo desvinculado da questão do Rio ter sido a Capital, São Paulo também faria jus à reivindicação.
Swan, poderia parecer estranho, mas seria reconhecer a verdadeira condição da cidade, econômica, cultural e historicamente. Se em alguns outros lugares também existe esquizofrenia entre interior e capital, em nenhum lugar essa esteve tão acentuada, simplesmente porque a condição do Rio como capital separou politicamente e administrativamente os dois por duzentos anos. A separação formal acentual a separação social e econômica. A melhor comparação é mesmo com São Paulo. São Paulo, apesar do primeiro embrião da cidade ser bem antigo, a cidade só começou a cresceu efetivamente a partir da segunda metade do século XIX, motivado pelo café do interior do estado. A cidade cresceu a partir do seu interior, e foi só a partir dessa riqueza importada do interior é que São Paulo pôde se desenvolver autonomamente, e mesmo que São Paulo tenha atualmente vigor próprio mais que suficiente pra viver como estado ou mesmo um país separado, mantém importantes relações com o interior. Além disso, existe um sentimento de povo paulista, não paulistano X resto do estado. Com o Rio é completamente o diferente. A cidade surge consideravelmente antes do estado e viveu por bastante tempo em função da pouca vida própria que possuía até assumir o papel de segunda cidade do país (perdia para Salvador) no ciclo mineirador pelo afluxo de ouro através de seu porto e por ter se tornado a capital. O estado vivia da agricultura, cana de açúcar especialmente, mas sem grande projeção. A relação do Rio de porto para a agricultura do estado existia, mas sua importância relativa pra cidade era muito menor que a de Minas, ou das atividades da própria cidade. Mesmo no início do ciclo cafeeiro, quando esta relação de porto ganhou muita importância e quando o interior do estado de fato trouxe riqueza à cidade e a cidade exerceu liderança sobre o interior, essas ligações foram no mínimo efêmeras. Logo o foco se deslocou para São Paulo e Santos e o café se diminuiu até ser só mais uma atividade. O abismo entre a cidade e o estado permaneceu. Isso na parte econômica, na parte social e cultural é quase desnecessário mostrar a separação. Como o desenvolvimento da cidade é anterior ao do estado a população da cidade nào se originou desse, e, nisso não tenho certeza na verdade, o fluxo migratório entre a cidade e o interior não deve ser mais significativo que o crescimento próprio da cidade ou do total de migrações intra-regionais. De qualquer forma, culturalmente a cidade é mais isolada ainda. A cidade nunca foi pensada como parte de um estado, sempre se pensou no mínimo como isolada, mais ainda como todo o país. Não existe nenhum tipo de nacionalismo fluminense entre os cariocas, enquanto existe um enorme sentimento carioca.
Portanto a unificação é mais estranha à realidade fluminense e carioca que a separação é à brasileira. Não é algo atual, nem devido a causas atuais como a Pentelinha, essas são só motivadores. Se tenho dúvidas quanto à desfusão, elas são práticas, a validade é perfeitamente justificável.
Lord Sabu disse:
Muito bem colocado. Existe um projeto de lei (acho que nem é considerado projeto ainda porque não foi apresentado em nenhuma casa legislativa) propondo que todos os municípios com mais de 200 mil habitantes tornem-se cidades-estado. Estes municípios seriam desligados de suas Unidades da Federação (mais conhecidas como Estados) e teriam que se auto administrar sem nenhum recurso da União (não sei se vcs sabem, mas parte dos impostos federais vai para os Estados).
Hum... Não conhecia esse projeto, mas é regra nas grandes capitais a tendência
a municipalização dos serviços (bastante lógica, uma vez que essas cidades já são bastante ingovernáveis, ainda mais por máquinas feitas pra administrar grandes espaços). Apesar de um tipo de projeto drásticos desses ter pouquíssima chance de passar, haja visto todos os interesses em jogo, uma hora terá de haver um acerto legal e na distribuição fiscal que compense as cidades a assumir essas funções. E do que jeito como as coisas andam, não deve demorar muito. O Rio autônomo, aliás, seria ótimo como teste e exemplo de como as cidades poderiam se administrar sozinhas.
-Feanor- disse:
Sou a favor da diminuição do número de estados para limpar a máquina administrativa.
A máquina administrativa é que seria beneficiada.