Ivan
Vai passar do joelho
Em 1975, por ordem do ditador Geisel, sem qualquer tipo de consulta popular, o Estado da Guanabara, antigo Distrito Federal, foi extinto e fundido ao Estado do Rio de Janeiro. As motivações foram principalmente políticas, aliada a uma suposição de que o Estado do Rio se desenvolveria com a fusão. Trinta anos depois, a cidade colapsa, e o conflito entre o município e o estado não é das pequenas causas para tanto. Enquanto isso, a única fonte de desenvolvimento do antigo Estado do Rio é o petróleo de Campos, norte distante do estado. Então a questão que se levanta é: deve e pode o Estado da Guanabara voltar? Quem perderia com sua volta? Quem ganharia?
Reproduzo um texto exposto em um site a favor da volta do estado, o Autonomia Carioca:
"Autonomia Carioca
Alfredo Sirkis, O Globo, 8/7/2004
São diversos e complexos os obstáculos para a recuperação do estado carioca. Mas há esse irremediável divórcio entre nossa cidade e os órgãos estaduais que interferem em seu cotidiano. Chegamos no ponto em que urge criar novas instituições para a segurança, as águas e esgotos, o meio ambiente e a educação secundária pública e laica. A motivação principal do movimento autonomista não são cálculos sobre repartição do ICMS ou nostalgias bairristas dos "anos dourados", mas a vontade de ver a cidade assumir, diretamente - e tem capacidade para tanto -atribuições vitais para o seu dia-a-dia, hoje nas mãos do Estado. O caminho da sua municipalização foi bloqueado e hoje assistimos, pelo contrário, uma ofensiva para limitar mais ainda os espaços do poder local.
A Guarda Municipal foi proibida, por lei estadual, de cuidar do trânsito. A relação entre a Cedae e a nossa cidade é kafkiana, sua imagem símbolo aquele automóvel chafurdando numa cratera, perto da Lagoa, na qual, por sua vez, voltaram a morrer peixes. A solução técnica do enrocamento em frente ao canal do Jardim de Alá, para restabelecer a troca de águas e melhorar a oxigenação, discutida ad nauseum e internacionalmente estudada, estava prestes a ser executada pela prefeitura, em 2002, mas, como em tantos outros casos, o órgão estadual retardou e inviabilizou a solução. Há quem goste daquela draga retirando, ad aeternis, areia do canal... Habitação? Imaginem Nova Sepetiba I e II, com uma população maior do que a do bairro de mesmo nome, construídas numa área desprovida de infra-estrutura, sem licença nem consulta à prefeitura que deverá arcar com o ônus?
Que dizer da área ambiental, estadual, inoperante contra as verdadeiras agressões ambientais, mas cartório implacável para qualquer investimento. Entra governo, sai governo, e seguem aquelas mesmas práticas, que deixo ao jornalismo investigativo a tarefa de reportar... Mais recentemente, virou, também, arma de retaliação política. A Cidade das Crianças, por exemplo, construída num vazio urbano cheio de capim-colonião, na divisa de Santa Cruz com Itaguaí, sofreu um embargo "ambiental" obtuso e arbitrário, como a convocação do arquiteto Paulo Casé, autor do projeto, para depor numa delegacia policial!
A mais recente perseguição sistemática foi a imposta ao único hotel de padrão internacional em construção, nesta cidade, que tanto necessita renovar seu parque hoteleiro. A prefeitura determinara que um apart-hotel, na Rua Joaquim Nabuco, em Ipanema, licenciado na administração precedente, reduzisse seu gabarito para não projetar sombra na praia. Depois persuadiu
os responsáveis a desistirem do apart e investirem em um hotel de qualidade, com um projeto internacional que financiaram com a venda de unidades hoteleiras, que a licença original lhes permitia. Passaram a ser alvo de situações que também deixo à apuração do jornalismo investigativo, antes de ser, afinal, embargados pelo Estado, por suposta falta de uma licença ambiental, sem previsão legal, segundo admitiu, depois, o próprio órgão responsável pelo embargo!
A principal razão que nos leva a defender a volta da cidade-estado é a constatação de que, 30 anos depois, a fusão continua sendo, para nós, cariocas, sinônimo de desgoverno e opressão. Os atuais governantes estaduais, com suas peculiaridades, exacerbaram essa situação mas não a inventaram. Ela é estrutural. Reverter essa derradeira herança da ditadura é um processo complicado, que deverá equacionar a gestão metropolitana e levar em conta os interesses fluminenses, num contexto economicamente mais equilibrado - elemento facilitador em meio à dificuldade. O Rio sempre foi generosa vanguarda de mil causas, nacionais ou globais, enquanto nos agouravam "balneário decadente". Chega! Para continuar podendo pensar e agir globalmente, é hora de nos revoltarmos localmente."
O link pra site é: http://www.autonomiacarioca.com.br/
Tem vários artigos bastante interessantes, um dos quais mostrando que não haveria mais parlamentares por conta da desfusão.
Qual a opinião de vocês?
Reproduzo um texto exposto em um site a favor da volta do estado, o Autonomia Carioca:
"Autonomia Carioca
Alfredo Sirkis, O Globo, 8/7/2004
São diversos e complexos os obstáculos para a recuperação do estado carioca. Mas há esse irremediável divórcio entre nossa cidade e os órgãos estaduais que interferem em seu cotidiano. Chegamos no ponto em que urge criar novas instituições para a segurança, as águas e esgotos, o meio ambiente e a educação secundária pública e laica. A motivação principal do movimento autonomista não são cálculos sobre repartição do ICMS ou nostalgias bairristas dos "anos dourados", mas a vontade de ver a cidade assumir, diretamente - e tem capacidade para tanto -atribuições vitais para o seu dia-a-dia, hoje nas mãos do Estado. O caminho da sua municipalização foi bloqueado e hoje assistimos, pelo contrário, uma ofensiva para limitar mais ainda os espaços do poder local.
A Guarda Municipal foi proibida, por lei estadual, de cuidar do trânsito. A relação entre a Cedae e a nossa cidade é kafkiana, sua imagem símbolo aquele automóvel chafurdando numa cratera, perto da Lagoa, na qual, por sua vez, voltaram a morrer peixes. A solução técnica do enrocamento em frente ao canal do Jardim de Alá, para restabelecer a troca de águas e melhorar a oxigenação, discutida ad nauseum e internacionalmente estudada, estava prestes a ser executada pela prefeitura, em 2002, mas, como em tantos outros casos, o órgão estadual retardou e inviabilizou a solução. Há quem goste daquela draga retirando, ad aeternis, areia do canal... Habitação? Imaginem Nova Sepetiba I e II, com uma população maior do que a do bairro de mesmo nome, construídas numa área desprovida de infra-estrutura, sem licença nem consulta à prefeitura que deverá arcar com o ônus?
Que dizer da área ambiental, estadual, inoperante contra as verdadeiras agressões ambientais, mas cartório implacável para qualquer investimento. Entra governo, sai governo, e seguem aquelas mesmas práticas, que deixo ao jornalismo investigativo a tarefa de reportar... Mais recentemente, virou, também, arma de retaliação política. A Cidade das Crianças, por exemplo, construída num vazio urbano cheio de capim-colonião, na divisa de Santa Cruz com Itaguaí, sofreu um embargo "ambiental" obtuso e arbitrário, como a convocação do arquiteto Paulo Casé, autor do projeto, para depor numa delegacia policial!
A mais recente perseguição sistemática foi a imposta ao único hotel de padrão internacional em construção, nesta cidade, que tanto necessita renovar seu parque hoteleiro. A prefeitura determinara que um apart-hotel, na Rua Joaquim Nabuco, em Ipanema, licenciado na administração precedente, reduzisse seu gabarito para não projetar sombra na praia. Depois persuadiu
os responsáveis a desistirem do apart e investirem em um hotel de qualidade, com um projeto internacional que financiaram com a venda de unidades hoteleiras, que a licença original lhes permitia. Passaram a ser alvo de situações que também deixo à apuração do jornalismo investigativo, antes de ser, afinal, embargados pelo Estado, por suposta falta de uma licença ambiental, sem previsão legal, segundo admitiu, depois, o próprio órgão responsável pelo embargo!
A principal razão que nos leva a defender a volta da cidade-estado é a constatação de que, 30 anos depois, a fusão continua sendo, para nós, cariocas, sinônimo de desgoverno e opressão. Os atuais governantes estaduais, com suas peculiaridades, exacerbaram essa situação mas não a inventaram. Ela é estrutural. Reverter essa derradeira herança da ditadura é um processo complicado, que deverá equacionar a gestão metropolitana e levar em conta os interesses fluminenses, num contexto economicamente mais equilibrado - elemento facilitador em meio à dificuldade. O Rio sempre foi generosa vanguarda de mil causas, nacionais ou globais, enquanto nos agouravam "balneário decadente". Chega! Para continuar podendo pensar e agir globalmente, é hora de nos revoltarmos localmente."
O link pra site é: http://www.autonomiacarioca.com.br/
Tem vários artigos bastante interessantes, um dos quais mostrando que não haveria mais parlamentares por conta da desfusão.
Qual a opinião de vocês?