Obrigado aos três pelos comentários. Vocês são muito gentis.
E Vinnie, não posso tomar os créditos por um efeito milenar, tão antigo quanto o haicai enquanto haicai: esse meu "ah!" é o que se chama de "kireji" (se não me engano, mais exatamente um "ya"), que é uma espécie de palavra ou artifício gráfico que divide o haicai em duas partes. Para os "mestres" do haicai, todo haicai tem que ter um kireji, pois, não tendo, não é um haicai. Enfim. Minha opinião sobre isso foi exposta no meu texto "Reflexões sobre o haicai" (mas desde já fique dito que isso pra mim é uma babaquice).
O fato é que o kireji, se posto no final do verso, encerra um ciclo, joga o leitor para o início e como que o obriga a reconstruir uma nova imagem ou a continuar a construir a imagem que se ia descortinando, só que agora sob outro prisma. Se ele é colocado no meio, aí o efeito já é mais ambíguo e talvez paradoxal, pois ele pode também fechar um ciclo e reiniciar outro, pode reiterar, pode contrapor, pode espelhar... Ou talvez tudo isso ao mesmo tempo. Mas esse tipo de kireji, no meio do verso, é consideravelmente mais raro que o do final...
No meu caso, coloquei esse kireji (ah!) em específico para dar uma turbinada na musicalidade do haicai e potencializar a rima toante entre "aliso-brinco", além de repartir bem uniformemente as células sonoras do haicai: na primeira metade, digamos, você tem uma assonância em O, ao passo que na segunda, você tem em A.