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Um haicai de verão e dois de primavera.

Mavericco

I am fire and air.
Usuário Premium
I:

Uma mosca pousa
no mormaço e ah!, aliso
suas asas e brinco.

II:

Flores no bueiro —
o cão cego que na noite
atravessa a rua.

III:

Cascas de cigarras
presas na casca da árvore.
Acaso ainda gritam?
Ou seja: o I é de verão, o II e o III de primavera. Esses devem ser os haicais mais "certinhos" que eu já escrevi :|
 
Acertou na "mosca" no I. E o III gostei também. Sim, mandou bem na arte milenar dos haicais.O negócio é isso mesmo, sem mais nem menos, mas na medida (:
 
Simples e encantadores, assim são os Haicais. Concordo com o nosso amigo Ricardo, ficou exatamente na medida, sem contar nas imagens que nos é projetada.
 
Jurava que já tinha comentado este.... Ué...


O I é "esquartejante"; o Mavericco põe "Ah" no meio e o Haicaifaz uma curva pra rua Deslumbre. Grande recurso.
 
Obrigado aos três pelos comentários. Vocês são muito gentis.

E Vinnie, não posso tomar os créditos por um efeito milenar, tão antigo quanto o haicai enquanto haicai: esse meu "ah!" é o que se chama de "kireji" (se não me engano, mais exatamente um "ya"), que é uma espécie de palavra ou artifício gráfico que divide o haicai em duas partes. Para os "mestres" do haicai, todo haicai tem que ter um kireji, pois, não tendo, não é um haicai. Enfim. Minha opinião sobre isso foi exposta no meu texto "Reflexões sobre o haicai" (mas desde já fique dito que isso pra mim é uma babaquice).

O fato é que o kireji, se posto no final do verso, encerra um ciclo, joga o leitor para o início e como que o obriga a reconstruir uma nova imagem ou a continuar a construir a imagem que se ia descortinando, só que agora sob outro prisma. Se ele é colocado no meio, aí o efeito já é mais ambíguo e talvez paradoxal, pois ele pode também fechar um ciclo e reiniciar outro, pode reiterar, pode contrapor, pode espelhar... Ou talvez tudo isso ao mesmo tempo. Mas esse tipo de kireji, no meio do verso, é consideravelmente mais raro que o do final...

No meu caso, coloquei esse kireji (ah!) em específico para dar uma turbinada na musicalidade do haicai e potencializar a rima toante entre "aliso-brinco", além de repartir bem uniformemente as células sonoras do haicai: na primeira metade, digamos, você tem uma assonância em O, ao passo que na segunda, você tem em A.
 
Existem umas variantes de haicais correndo solto Brasil a fora ( li um texto muito interessante de uma professora acerca de haicais, mas perdi de "vista" ) Guilherminos, livres e tradicionais ( respeitando as regras) etc.Qualquer hora quando o tempo permitir vamos trocar ideias a respeito.Abraços!
 
Olá.

Gostei de todos os Haikais, porém em especial do terceiro. É o mais tradicional, até com imagística bastante japonesa, e devo confessar que tenho preferência por arte mais clássica.

Os primeiros versos são bastante simples, meramente ilustrativos; é o terceiro verso que torna o poema (a meu ver) especial.

É realmente curioso observar o caixão seco das crisálidas preso nas árvores tão silenciosamente, pois todos que já viram (e, principalmente, ouviram) esses pequenos insetos sabem como suas festas e celebrações são barulhentas. kkk. Pena que não é possível chamar a polícia e pedir para mandarem as cigarras abaixar o volume de suas caixas de som...kkk

Abraços (e perdão pela piada sem graça)
 

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