Tom Bombadil

[Rogério Magno]

Acho que quanto a isso eu posso ajudar, ao menos um pouco. No proprio livro A sociedade do Anél isso é explicado, creio que seja durante o conselho de Elrond, ou em algum capítulo proximo deste. Diz-se nesta passagem que ele estava tão preocupado com as suas terras e sua rotina, que o anél era algo sem importancia para ele, a vida dele era na velha floresta. Até mesmo a hipótese de se deixar o anél com ele foi descartada pois ele poderia acabar esquecendo ou perdendo o Um anél.
Essa preocupação com a floresta velha talvez tenha algo a ver com os a diminuição que a velha floresta sofreu, é citado, também na Sociedade do Anél, que a velha floresta ja fora muito maior que era na epoca da guerra do Anél, estendendo-se até os pés das montanhas cinzentas (talvez contornasse estas e se ligasse a Fangorn, e estas duas florestas sejam na verdade nada mais que o vestígio de uma antiga floresta muito maior, vou chamala de Grande Floresta, ja que não conheço um nome ou o neme para ela).
Esta menção a Grande Floresta se repete em uma passagem sobre os Elfos de Azevin (é este o nome?), que faziam comercio com os anões de Mooria, dizendo que o Eregion ja fora uma floresta, porém não tenho certeza quanto a esta informação, mas que ela permaneça somente a titulo de informação adicional, se alguém poder complementar esta idéia, mues maus profundos e sinceros agradecimentos.
Talvez Bombadil tenha vivido nesta época da Grande Floresta, e se entristeceu com a mutilação e devastação dela, que lhe era (e ainda é) de grande preciosidade, por isso ele teria se isolado no pouco mundo que lhe restou.
Quanto a passagem sobre a grande floresta, não disponho do livro neste momento mas a citação é aproximadamente esta: "houve um tempo em que um esquilo podia ir pulando de galho em galho das Montanhas Sombrias até o mar (ou Floresta Velha).
A passagem sobre os elfos de Azevin esta nas proximidades do capítulo onde a comitiva chega aos portões de Mooria, ou ao Eregion.
Desculpem-me por possiveis erros.

 

[Tek]

Tom Bombadil é quem prova que só pode ser corrompido pelo anel, ou sofrer sua influência, quem tem ambição, sede de poder, cobiça em algum grau. Bilbo e Frodo, por exemplo, sofrem uma influência muito mais fraca do anel do que Boromir ou Galadriel. É interessante como o peso do anel vai aumentando conforme Frodo vai tomando ciência da sua própria importância, conforme ele vai se sentindo crucial para o desfecho das coisas.

Olha, eu nunca tinha pensado nisso, mas faz muito sentido!
Tolkien deve ter posto Bombadil na história também para acender a imaginação dos leitores, para criar debates em cima do personagem. Isso mantém a história viva. Por exemplo, "Dom Casmurro". Capitu traiu ou não? São esses tipos de "pergunta no ar" que deixam a história mais interessante, criando discussões sobre o assunto, e não dizendo "é isso e pronto".
Quem foi Tom Bombadil? Se Tolkien não disse, foi para que criássemos nossas próprias teorias.

 

[Dhanun]

Uma excelente análise Rogério, não tinha pensado dessa forma, mas realmente faz sentido.
Agora, uma coisa interessante sobre Tom é: Quanto tempo ele realmente viveu, pois no livro ele diz estar na Terra-Média antes do primeiro pingo de chuva e antes dos homens ou elfos.
Eu acho que pode ter sido apenas uma firmação poética da personagem, sem fundo real. :/

 

[Vilya]

Entendo sua posição, mas não creio que uma das raças no momento vigente fosse inatingível pelo Um Anel de Sauron.

Mesmo que uma raça não apresente a característica coletiva de ser inatingível pelo Um, ainda assim, podemos encontrar um indivíduo dessa raça que o seja. Desculpe-me repetir isso aqui:

Os humanos em geral são corrompidos pelo anel, mais facilmente até que outras raças. Como Tom não sofre efeitos do anel é fácil concluir que ele não é humano. Este argumento é falso, falácia.

O fato de Tom ser "imune" ao anel não garante que ele não é humano, garante apenas que ele não tem algo que é essencial para o anel poder operar. Outros dados podem garantir que ele não seja humano, mas não a inoperância do anel sobre ele.

Puramente inconsciente, e fruto de uma certa "exegese" minha, mas ainda assim presente é a questão da encarnação, e assim como dito por nossos colegas, no cápitulo que trata de Tom isso se mostra de forma a levar-nos a essas indagações.

Indagados sobre isso concluímos que a alegoria remetendo a Jesus não se verifica. Além disso, desenvolvendo a hipótese de uma possível encarnação, Valar e Maiar não podem ser descartados.

Seja puramente algo estilístico, literário, como historiador devo tratar essa obra literária como um reflexo do momento histórico, e somente por isso proponho essas questões.

Justamente por isso nunca me permito descartar a possibilidade de inconsientemente algum autor (qualquer um) inserir uma alegoria em sua obra. Apenas confesso que não me sinto tão a vontade quanto você para especular a respeito. Mas uma vez apresentado à hipótese, tenho gostado de debater o tema.

 

[Rogério Magno]

Bem, quanto a idade certa do Tom Bombadil... (só ele e Eru devem saber quando ele está de aniverssário)... mas que ele é mais antigo que elfos e homens isso ele é. O nome dele em elfico é "Iarwain ben-adar" (eu estou me repetindo) "o mais antigo em sem pai, se os elfos o chamavam assim deve ser porque ele é antigo meeeeesmo!!!!! hehehe

 

[Aracáno Elessar]

De fato entendo sua colocação Vilya.
A questão de não ser humano, bem, de certo creio que não tenho comporvações suficientes a respeito do Um Anel para dizer que ele teria que de fato exercer seu Poder sobre um humano. Nada mais que algumas citações, como de Elrond, ao tratar do caso de Isildur.
De certo, apesar de ser meramente especulativo, temos a colocação de que Tom estava em Arda antes mesmo do primeiro Senhor do Escuro. Sendo assim, ele estaria na configuração de Arda antes do primeiro dos Valar a entrar em Arda em sua forma física. São esses elementos que alimentam a investigação.

Mas de fato, como disse, é um tanto quanto ingênuo descontextualizar as obras, e creio que tenha compreendido esse fato, mesmo não ficando à vontade para pensar na 'alegoria inconsciente' que Tom poderia ser.
Apenas uma colocação pessoal: não me sinto de fato à vontade também, sempre desejei ver nas obras características o menos "cristãs" possíveis, assim como diz Tolkien que era sua intenção, na carta de número cento e trinta e um, ainda mais sendo eu um historiador, e ateu.

Mas essa problematização e discussão acabou sendo muito proveitosa.
Infelizmente, mesmo não à vontade, como disse, a inclinação por uma colocação alegórica inconsciente, é muito forte. Tolkien não era ingênuo, e provavelmente tinha conhecimento das obras de Agostinho, e antes disso do trato cristão a questão do "Ele é", por isso fiz toda essa problematização.

Abraços amigo Vilya.