Bartleby
fossore
Sinopse:
Uma mulher e sua amante testam os limites de sua relação, que envolve práticas sexuais de dominação e submissão.
Diretor: Peter Strickland
Trailer:
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Esse é um filme que (dizem) flerta com o cinema erótico de sei lá que década do século passado (no início dessa resenha citam os nomes de Jess Franco e Jean Rollin - se alguém conhecer, fala aí se há mesmo um paralelo e tal) o que faz sentido porque Duke parece a todo o momento indicar, com as regras fixas e repetitivas criadas pelas amantes (o modo como elas devem se comportar em sua vida sexual é todo esquematizado), o encanto e uma crítica à falha de como aqueles filmes funcionam (supostamente - pois, isso, claro é especulação minha porque não conheço o material que o filme homenageia; mas dá para se ter uma ideia).
De todo modo, o legal é que há a homenagem/flerte/crítica sim; mas o filme não depende disso - ele se sustenta muito bem colocando na balança o desejo sempre crescente da submissa Evelyn com um certo desenrolar de enfado e insegurança quanto a atender às necessidades daquela na pele de Cynthia, a que faz o papel de dominadora.
E com isso o diretor fez um filme bastante sensorial e atmosférico, em que o ambiente tem a consistência de um sonho... e pesadelo, por estabelecer um situação como que presa numa cápsula, que se repete infinitamente (adorei o trailer porque ele pegou bem isso e dá o tom certo do filme para quem for ver), inescapável, em que se quer e não quer estar - enfim, desejo, enfado e horror ao mesmo tempo.
Outra coisa legal é como o filme manipula nossa percepção de realidade, porque fica claro que a relação afetiva (a relação "normal" do dia-a-dia) das duas é separada da sexual. E isso é genial quando:
na cena inicial o fingimento (o roleplaying) parece ser a realidade e confunde nossa percepção do que esta se passando de verdade
Ah, e esqueci de falar que as duas estudam borboletas, dão e assistem a palestras sobre o tema, e o uso dos insetos confere maior riqueza simbológica ao filme.
Recomendo muito por tudo isso aí em cima e pela estética visual (cenas lindíssimas e edição que se faz presente - a melhor cena, acho, foi uma em que várias borboletas são mostradas na tela em revoada, e a câmera vai dando zoom até ficar beeeeeem perto delas, enquanto o som simula o de suas asas batendo) e sonora, ambas muito bem trabalhadas - deem uma olhada só na abertura do filme ^^:
detalhe bobo: a mulher que faz a Evelyn me lembrou bastante a Regina Spektor hahahaahahaha
ah, e outra coisa: queria saber se alguém consegue me explicar o porquê do título: tipo, seria algo como O Duque da Borgonha...
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