Clara
Perplecta

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O Wikileaks, a vida de seu criador Julian Assange e de Chelsea Elizabeth Manning (Bradley Edward Manning) responsável pela divulgação de informações sigilosas do exército americano, caso que ficou conhecido como "Cablegate".
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É um documentário bem tendencioso e a gente fica com vergonha quando percebe a tentativa patética do diretor em fazer o governo dos EUA e a Hillary Clinton de coitadinhos, que foram traídos pelo australiano nojento e pelo "desequilibrado" Bradley Manning, chega a ser ridícula a maneira como descrevem este último, não há como não pensar: se o garoto era tão problemático, como caráleo ele foi aceito no exército?
Fora outras patetices do tipo uma das mulheres que acusam Assange de estupro se disfarçar com peruca e ser mostrada apenas partes de seu rosto quando existem milhares de filmes e fotos mostrando o rosto das duas (em dois anos elas mudaram tanto assim?) e embora elas afirmem não serem contratadas pelos EUA para acusarem Assange, é meio óbvio que isso (a acusão de estupro) foi muito bem usada contra o criador do Wikileaks.
Outro momento que beira o ridículo são os depoimentos do jornalista do Guardian, Nick Davies.
O cara deve ter uma paixão não correspondida pelo Julian Assange (ele foi um dos jornalistas que trabalharam com Assange na divulgação dos telegramas diplomáticos dos EUA, em novembro de 2010) porque é realmente constrangedora a maneira como ele faz críticas à pessoa de Julian Assange, o comportamento sexual e as atitudes do criador do Wikileaks.
Jornalistas isentos ou apoiadores foram praticamente ignorados pelo documentário.
Também achei que algumas cenas são visivelmente editadas para dar uma certa impressão e que, se olharmos com atenção, vemos claramente que aquilo está meio (ou totalmente) fora do contexto.
Mas a cereja do bolo é mesmo perto do final do vídeo, onde ficamos com a nítida impressão, pelo texto e as imagens mostradas, de que o Wikileaks não existe mais e foi totalmente desmantelado pelo magnífico governo dos EUA.
Fico imaginando um americano médio pensando que seu governo conseguiu destruir mais essa ameaça à segurança e vida americanas. :/
No entanto acredito que o documentário pode ser assim chamado e vale a pena ser assistido se conseguirmos deixar essas manipulações de lado, o que será bastante facilitado se o vídeo for acompanhado de leituras e pesquisas em outros meios, de outras fontes.
Muito bacana ver o Julian Assange praticamente adolescente enfrentando as primeiras acusações de hacking, em 1992.
Outro momento que chega a dar frio na espinha é ver o vídeo do ataque dos helicópteros Apache em Bagdá ( em 2007) quando vários homens morreram (inclusive dois jornalistas da Reuters) e duas crianças foram feridas.
Ler sobre os ataques é bem diferente de ver e ouvir os comentários dos soldados, agindo como se estivessem jogando um mero video game e fazendo observações do tipo: "Acho que acabei de passar (com o tanque) em cima de um corpo" e outro responde: "Sério?" e os dois dão risadas.
Dá pra imaginar também o desespero e a solidão de Bradley Manning quando foi traído pelo dedo-duro Adrian Lamo.
E Adrian chorando no final também é dos pontos altos da apelação e canastrice que permeiam o documentário.
A nota 7, portanto, é pelo que eu consegui ver no documentário, já que na verdade o filme todo é uma grande fanfarronice americana.
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