Mercúcio
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Cartilha da legenda tem menção a Focault e a "pessoas de bem"
PMB questiona direitos políticos de beneficiários do Bolsa Família e se financia com anúncio de aparelhos para surdez
por Paloma Rodrigues e Ricardo Rossetto — publicado 25/09/2013 04:55, última modificação 25/09/2013 04:57
74% dos simpatizantes do PMB não aceitam que os beneficiários do Bolsa Família votem nas eleições.
Se tudo der certo, até o dia 5 de outubro de 2013, data limite para a criação de novas legendas, o Partido Militar Brasileiro (PMB) promete lavar a alma do cidadão "de bem" e limpar a corrupção incrustada nas cadeiras do Legislativo e Executivo.
Autodenominada “100% democrática”, a sigla tem como projeto mandar os menores infratores para a cadeia, garantir o porte de armas para humanos direitos e instituir a prisão perpétua no País. Em sua página na internet, já tem enquete para balizar a coerência de seus futuros eleitores: “quem recebe Bolsa Família deve votar nas eleições?”. O placar até o momento aponta uma esmagadora vitória do “não” (76%).
Um material de divulgação distribuído nas repartições públicas de São Paulo apresenta o estatuto do partido juntamente com um histórico sobre os militares no quadro político brasileiro – desde o Império, que se manteve unido pela ação do "Grande Pacificador Duque de Caxias", passando pela “época getuliana”, a Revolução Paulistana de 1932, os anos JK, o período pré-governo de João Goulart, quando “a Nação ficou ao Deus dará”, até chegar à "contrarrevolução" de 1º de abril de 1964 que se impôs para evitar que o Brasil “soçobrasse ao comunismo”. No material, há uma ficha de apoio para que o interessado contribua com a obtenção das 492 mil assinaturas requeridas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na cartilha, em letras garrafais, o partido dá o tom do foco que pretende adotar para trazer a direita assumida de volta aos debates e às disputas eleitorais no País. O material diz que somente com a adoção de políticas de segurança pública sérias e eficazes, a partir da recuperação do protagonismo dos policiais militares e das Forças Armadas, os cidadãos “de bem” terão seus direitos fundamentais garantidos. Por outro lado, a recuperação dos indivíduos marginalizados não desponta entre as prioridades do PMB.
No material impresso de divulgação, a direção do partido diz encontrar em Michel Foucault um respaldo teórico para suas afirmações. “O filósofo Michel Foucault pregava a segregação das pessoas nocivas à sociedade, para evitar que elas viessem a cometer novos crimes, protegendo a população de bem”. Em entrevista a CartaCapital, o Capitão Augusto Rosa afirma que essas referências foram encontradas no livro Vigiar e Punir, do filósofo francês, mas sem especificar o trecho em questão. A reportagem tentou encontrar a passagem. Sem sucesso.
Idealizado em janeiro de 2011, o Partido Militar Brasileiro diz possuir mais de 300 mil assinaturas para a sua formalização e, de acordo com uma estatística do seu site principal, as doações chegam a pouco mais de 2.200 reais. Se o empresário Eike Batista – antigo sonho do partido para disputar as eleições presidenciais de 2014 – aceitasse o convite, talvez as finanças da futura legenda ficassem mais saudáveis. Enquanto isso, a agremiação contenta-se com anúncios de aparelhos para surdez, estampado na contracapa da cartilha.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica/partido-militar-brasileiro-5474.html
PMB questiona direitos políticos de beneficiários do Bolsa Família e se financia com anúncio de aparelhos para surdez
por Paloma Rodrigues e Ricardo Rossetto — publicado 25/09/2013 04:55, última modificação 25/09/2013 04:57
74% dos simpatizantes do PMB não aceitam que os beneficiários do Bolsa Família votem nas eleições.
Se tudo der certo, até o dia 5 de outubro de 2013, data limite para a criação de novas legendas, o Partido Militar Brasileiro (PMB) promete lavar a alma do cidadão "de bem" e limpar a corrupção incrustada nas cadeiras do Legislativo e Executivo.
Autodenominada “100% democrática”, a sigla tem como projeto mandar os menores infratores para a cadeia, garantir o porte de armas para humanos direitos e instituir a prisão perpétua no País. Em sua página na internet, já tem enquete para balizar a coerência de seus futuros eleitores: “quem recebe Bolsa Família deve votar nas eleições?”. O placar até o momento aponta uma esmagadora vitória do “não” (76%).
Um material de divulgação distribuído nas repartições públicas de São Paulo apresenta o estatuto do partido juntamente com um histórico sobre os militares no quadro político brasileiro – desde o Império, que se manteve unido pela ação do "Grande Pacificador Duque de Caxias", passando pela “época getuliana”, a Revolução Paulistana de 1932, os anos JK, o período pré-governo de João Goulart, quando “a Nação ficou ao Deus dará”, até chegar à "contrarrevolução" de 1º de abril de 1964 que se impôs para evitar que o Brasil “soçobrasse ao comunismo”. No material, há uma ficha de apoio para que o interessado contribua com a obtenção das 492 mil assinaturas requeridas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na cartilha, em letras garrafais, o partido dá o tom do foco que pretende adotar para trazer a direita assumida de volta aos debates e às disputas eleitorais no País. O material diz que somente com a adoção de políticas de segurança pública sérias e eficazes, a partir da recuperação do protagonismo dos policiais militares e das Forças Armadas, os cidadãos “de bem” terão seus direitos fundamentais garantidos. Por outro lado, a recuperação dos indivíduos marginalizados não desponta entre as prioridades do PMB.
No material impresso de divulgação, a direção do partido diz encontrar em Michel Foucault um respaldo teórico para suas afirmações. “O filósofo Michel Foucault pregava a segregação das pessoas nocivas à sociedade, para evitar que elas viessem a cometer novos crimes, protegendo a população de bem”. Em entrevista a CartaCapital, o Capitão Augusto Rosa afirma que essas referências foram encontradas no livro Vigiar e Punir, do filósofo francês, mas sem especificar o trecho em questão. A reportagem tentou encontrar a passagem. Sem sucesso.
Idealizado em janeiro de 2011, o Partido Militar Brasileiro diz possuir mais de 300 mil assinaturas para a sua formalização e, de acordo com uma estatística do seu site principal, as doações chegam a pouco mais de 2.200 reais. Se o empresário Eike Batista – antigo sonho do partido para disputar as eleições presidenciais de 2014 – aceitasse o convite, talvez as finanças da futura legenda ficassem mais saudáveis. Enquanto isso, a agremiação contenta-se com anúncios de aparelhos para surdez, estampado na contracapa da cartilha.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica/partido-militar-brasileiro-5474.html