Mas isso não é totalmente subjetivo, são critérios válidos. Apenas não são absolutos, são criticáveis, amplamente criticáveis e discutíveis.
Mesmo assim ficaria difícil discernir isso com a maneira com que vc redigiu a sua mensagem original.
E eu também não disse que é exclusivamente subjetivo, mas, mesmo assim, é um tanto dependente da situação "beleza está nos olhos de quem vê"
Uma coisa que, sem dúvida, influenciou a maneira com que Tolkien acabou por escrever o SdA foi o fato dele
ser uma continuação de um livro infanto juvenil e, portanto, ter ficado como uma ponte oscilante entre um épico e uma narrativa de conto de fadas. Ele NUNCA poderia incluir coisas como o relacionamento incestuoso explícito entre Cercei e Jaime Lannister, mesmo que quisesse, depois dele ser planejado como sequência do Hobbit.
Ele é uma quantidade "parca" x de manteiga espalhado por uma fatia muito grande de pão pra usar a metáfora de Tolkien mas, por outro lado, as "entrelinhas" da construção de personagem do SdA estão todas na mitologia do Silmarillion e não levar isso em conta na hora de lê-lo é fazer um desserviço pra leitura da obra.
Então, estou só sugerindo que vc leve em conta as condições em voga quando Tolkien escreveu sua obra e o contraste extremo disso com a realidade que rege o período da composição do trabalho do George R.R. Martin. No seu entusiasmo pra defender a obra de "ataques" ou desprezo como a mensagem extremista do Tar Mairon pareceu conter, vc , muitas vezes, dá a impressão de ir pro extremo oposto. Só um toque pra tornar a conversa mais palatável e menos conturbada do que pode ser.
É diferente por causa dos mundos. A honra de Aragorn parece criar uma sinergia com um mundo decaído que necessita desse tipo de homem para se purificar de forma quase metafísica, como se as almas dos envolvidos estivessem em estreita ligação com o mundo.
Em Westeros, o papo é outro. Os homens são apenas peões do destino, levados por suas paixões e ambições apenas, sem metafísica ou romantismo, só a necessidade cega, a indiferença do universo cruel. Ned é alguém honrado e que é devorado por um mundo que não é honrado nem desonrado, apenas indiferente, e que manipula mocinhos e bandidos. E sem nenhuma finalidade nisso.
Ademais: a sua leitura feita em cima dos livros do George R.R. Martin como sendo até agora produto de uma realidade totalmente destituída de metafísica não parece bater com partes inteiras do que acontece na obra, todo o lado místico que é uma maré montante na narrativa.
Nessa perspectiva, a morte do Stark pode não ser algo menos "metafísico" e destituído de significado do que a de Túrin ou Anakim Skywalker ou, talvez, numa comparação mais pertinente, a do Boromir ou Isildur. Ademais, o personagem que parece ser, de fato, um equivalente "aragorniano" parece ser o John Snow ( e/ou o Bran) que está, pelo que sei, até pela similaridade com o protagonista de Memory Sorrow and Thorn, Simon, bem longe de não ser um "agraciado" ou escolhido pela Providência. O mesmo valendo pra Daenerys. Vc acha que "sem romantismo" ou "idealização" se aplica, literariamente, à narrativa em torno dela?
Na minha opinião, vc está tão focado na leitura "agnóstica" da obra que não leva em conta
as profecias ou parte do enredo que giram em torno de figuras importantes como a própria Melisandre ou as crenças messiânicas reminiscentes do que rola em Wheel of Time (ligadas ao cara predestinado, a espada mágica, Azhor Azhai, coisa e tal).