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Reciclagem

Rodovalho

Usuário
O lixo humano habita as cidades, enquanto isso
o bicho homem procura sua refeição
em lixeiras, sem dignidade, prova o desperdício,
se alimenta de restos da civilização.

Civilizado e desumano, demasiadamente humano,
sou a praga deste mundo conscientemente imundo.
Tenho a ganância infinita por recursos finitos.
Tenho semelhantes carentes dos recursos que tenho.

Tenho esse pensamento. O penso e logo desisto.
Me pesa essa culpa. Procuro por redenção.
Procuro sua ajuda. E acho.

Consigo sua ajuda. Descarto.
E me arrependo. Soa a vergonha, meu suplício.
E é por isso que suplico, humildemente, por seu perdão.
 
se alimenta de restos da civilização.

Civilizado e desumano, demasiadamente humano,


Gostei dessa parte: é o que nós somos: lixeiros, devoradores de lixo, lixófagos da história, tentando de forma ensandecida tornarmos algo mais humano, demasiadamente humano, como se fôssemos movidos à base de paradoxos....
 
Gostei muito Rodovalho!
Me fez lembrar Manuel Bandeira:

O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
 
Gostei da temática e do poema em si, apesar do ritmo da segunda estrofe não ter me agradado muito. Também lembrei do Manuel Bandeira.
 
Pra não dizer que fui mais uma embandeirada, lembrei foi de Matrix: "Os seres humanos são uma doença. Um câncer neste planeta. Vocês são uma praga!" :hahano:

Esse "o lixo humano habita as cidades" me deu várias ideias... Quero ver é sentar e escrevê-las, rs.
 
A semelhança com o poema do Manuel Bandeira não é simples coincidência. O bicho homem ao qual me refiro é o mesmo. A civilização desumana é aquela que acredita estar fazendo uma boa ação quando joga lixo no chão para dar emprego aos lixeiros. Sob esse ponto de vista, comer um mega hamburguer e jogá-lo no lixo não é desperdício, mas caridade aos mendigos que não têm o que comer.

Na segunda estrofe fiquei em dúvida se usaria a palavra "semelhantes" ou "irmãos". Se eu usasse "irmãos" o ritmo melhoraria, mas eu acho mais fácil alguém negar a partilhar suas posses com seus semelhantes do que com a própria família.

Esse poema na verdade foi um pedido de desculpas pessoal. Estava envolvido num projeto de reciclagem e pedi ajuda de uma poetisa para divulgá-lo. Fiquei tão absorvido com a elaboração dos documentos para conseguir financiamento que nem voltei à casa dela para buscar o poema. Essa é a ajuda que procurei, achei, consegui e descartei. E "suplício" e "suplico" deixaram o poema um tanto melodramático, não?
 

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