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Puella Magi Madoka Magica (idem, 2011)

O que meio que comprova que os animes e mangás já se alçaram a uma categoria independente de suas versões ocidentais e talvez possam ser comparadas mesmo a uma forma de literatura e cinema. Digo esteticamente.
 
Eu não entendi a comparação com o ocidental citado.

E animes é uma arte a muito tempo. Mesmo animes antigos temos histórias excelentes. Madoka meio que está revolucionando o gênero Mahou Shoujo, mas Gundam, por exemplo, levou os robôs a uma evolução de conceito, trazendo-os para uma forma de serem usados em guerras, como armas, os chamados mechas. Posteriormente tivemos Evangelion inovando mais ainda, ou seja, sempre temos evoluções dos gêneros.

Eu estou feliz em ter conferido esse belo anime, o que dá esperança que sempre teremos animes bons, mesmo que tenhamos alguns animes mais fracos em uma mesma temporada. Eis um anime que é para ser elogiado.
 
Eu mal-comparei tendo em vista o que vocês trouxeram de mais interessante aqui: a questão da quebra de paradigmas, de conceitos, delimitações de gênero. E concordo que animangá é arte há muito tempo, pena que nem todos pensem assim.
 
Estava pensando. Madoka tenta desconstruir o Mahou Shoujo, mas como mesmo assim os fãs sempre captam apenas os momentos “bonitinhos” da série? Será que cada um tem sua interpretação e não captam a profundidade do anime? Procuram reconhecer apenas aquilo que as convêm?

Se formos procurar na internet imagens do anime, encontramos apenas cenas bonitas, o que não ocorre de fato no anime. As Mahou Shoujo não são super amigas, não ajudam umas as outras e possuem armas, como uma carabina, para matar seus adversários. Não temos aqueles lindos bastões mágicos ou algo do gênero para derrotar as bruxas. Porque não encontramos então imagens delas ao lado de destruição ou sangue?

Estava dando uma procurada e muitos ficaram indignados com a parte
em que a Mami morre. Muitos não acreditaram que aquilo estava mesmo acontecendo, já que nesse gênero o bonitinho impera e isso vai contra a lei natural das Mahou Shoujo.
Acredito que esse é um grande momento em que o anime passa a ser visto com outros olhos ou deveria.

Kyubey não é um gatinho fofo. Quando descobrimos seus planos, logo pensamos “mas que filho da p***”. Ele não é apenas um gatinho bonitinho que está lá para dar poderes para as jovens combaterem o mal. Seus planos são muito maiores, principalmente quando ele os revela e revela o que elas realmente viram.

Madoka é a destruição de uma base do Mahou Shoujo? Será que estão tentando destruir o que foi nos imposto por anos nesse estilo? Acredito que não, mas sim serve como uma base crítica a esse gênero, nos alertando que ele pode ser feito de uma forma diferente e ter muito conteúdo! O anime é muito inovador nesse sentido e não é atoa que está vendendo bem no Japão.

Será que entendemos o final? Tudo que tentaram passar nós entendemos? Eu sinceramente acredito que não.

Eu mesmo levei um bom tempo para digerir o impacto causado pelo anime. A reviravolta que ocorre no terceiro episódio é realmente um tapa em quem esperava mais um mahou shoujo com final feliz. Até parece que os autores do estúdio SHAFT seguiram à risca um dos conselho de Ryoichi Ikegami que dizia que um mangá de fantasia para causar impacto deveria ser desenhado com traços realistas para ressaltar o caráter sobrehumano de pessoas comuns; enquanto que personagens com traços mais caricatos poderiam ser inseridos em histórias mais dramáticas e próximas de nosso quotidiano. É o caso de Madoka Magika, onde seus desenhos kawaii funcionam como um falso chamariz para uma trama muito sombria e complexa.

Veja o caso de Kyubei. Ele possui uma forma de pensamento tão lógica que faria o Sr. Spok levantar as duas sobrancelhas de espanto... e, se deixarmos o emocional de lado, somos forçados a contragosto concordar com seus argumentos. Kyubei só tem como personagem equivalente O Arquiteto da trilogia Matrix. E este é o grande trunfo do anime, um personagem que desconhece conceitos de Bem e Mal e que está a serviço de sua espécie por um objetivo que ultrapassa os ideias de heroísmos e sonhos que constantemente são evocados em boa parte dos animes.

Outro ponto que causa desconforto é mostrar que ser uma Mahou Shoujo não é um dom divino com direito a fama e reconhecimento por parte das pessoas. Antes da Kaname Madoka, a profissão de Garota Mágika é uma eterna luta fadada ao desespero, não importa o quão poderosa seja, todas sucumbem e tornam-se Bruxas amarguradas. Como foi o caso da Sayaka, em plena juventude, ela descobriu que seu corpo foi transformado em um invólucro para abrigar sua alma presa em um tipo de Relicário, tal como um necromante Lich.

E o anime ainda explora outras questões humanas como Livre Arbítrio versus Destino, fim da infância, morte e fim de toda a existência no Universo. E, sim, há física quântica no anime, como o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a Entropia da Segunda Lei de Termodinâmica.

Ou seja, é um anime para nenhum geek ou nerd colocar defeito.
 
Elring disse:
Eu mesmo levei um bom tempo para digerir o impacto causado pelo anime. A reviravolta que ocorre no terceiro episódio é realmente um tapa em quem esperava mais um mahou shoujo com final feliz. Até parece que os autores do estúdio SHAFT seguiram à risca um dos conselho de Ryoichi Ikegami que dizia que um mangá de fantasia para causar impacto deveria ser desenhado com traços realistas para ressaltar o caráter sobrehumano de pessoas comuns; enquanto que personagens com traços mais caricatos poderiam ser inseridos em histórias mais dramáticas e próximas de nosso quotidiano. É o caso de Madoka Magika, onde seus desenhos kawaii funcionam como um falso chamariz para uma trama muito sombria e complexa.
Eu esqueci de comentar anteriormente, mas se pegarmos as bruxas, elas não são o tipo de vilão bonitinho que costumamos encontrar. O traço delas são diferentes, são feios, são assustadores, a algo de muito diferente de um vilão tradicional.

Temos o descontrole emocional da Sayaka em um dos episódios. Vemos ela usando seu próprio corpo para derrotar uma bruxa. Seu aspecto muda totalmente. O cinza apresentado nos episódios (o anime não é colorido e bonitinho como se faz pensar de primeira vista, mas apresenta um aspecto mais frio, como em diversas imagens e podemos observar bem quando estão na laje do colégio) se faz mais presente nessa cena. Temos uma outra visão de uma Mahou Shoujo.

Elring disse:
Outro ponto que causa desconforto é mostrar que ser uma Mahou Shoujo não é um dom divino com direito a fama e reconhecimento por parte das pessoas. Antes da Kaname Madoka, a profissão de Garota Mágika é uma eterna luta fadada ao desespero, não importa o quão poderosa seja, todas sucumbem e tornam-se Bruxas amarguradas. Como foi o caso da Sayaka, em plena juventude, ela descobriu que seu corpo foi transformado em um invólucro para abrigar sua alma presa em um tipo de Relicário, tal como um necromante Lich.
O engraçado é que como o Kyubei não possui sentimentos, ele não vê nada de errado nisso. Para ele o que importa é a energia que será utilizada no espaço, enxerga tudo aquilo como algo maior e não apenas formar Mahou Shoujos para salvar a cidade.

O quanto vale um desejo? Mesmo Madoka, será que um dia ela terá algum arrependimento? É algo para se pensar, já que muitas coisas foram deixadas para trás para ela realizar seu desejo. Tanto que sua existência foi totalmente apagada da história. Mesmo seu irmãzinho falando seu nome, não é algo como uma representação de um final feliz.

Elring disse:
E o anime ainda explora outras questões humanas como Livre Arbítrio versus Destino, fim da infância, morte e fim de toda a existência no Universo. E, sim, há física quântica no anime, como o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a Entropia da Segunda Lei de Termodinâmica.
Fui pego de surpresa com o Kyubei falando de Entropia no anime. Quem iria imaginar?
 
Será que entendemos o final? Tudo que tentaram passar nós entendemos? Eu sinceramente acredito que não.
Não cheguei a entender totalmente...
Pelo que eu percebi, não aconteceu dela apagar a sua existência, mas dela se transformar em uma espécie de "conceito". Tanto que, além do irmãozinho dela, Homura e a mãe da Madoka conversam um pouco sobre ela no final ("será que Madoka era uma anime?", algo assim, como se a palavra "Madoka" lembrasse alguma coisa para elas).

E o anime ainda explora outras questões humanas como Livre Arbítrio versus Destino, fim da infância, morte e fim de toda a existência no Universo. E, sim, há física quântica no anime, como o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a Entropia da Segunda Lei de Termodinâmica.
Eu peço desculpas, mas não entendi o que é exatamente Entropia. Eu li a matéria no Wiki, só que eu devo ter faltado esta aula de Física no Ensino Médio...

O quanto vale um desejo? Mesmo Madoka, será que um dia ela terá algum arrependimento? É algo para se pensar, já que muitas coisas foram deixadas para trás para ela realizar seu desejo. Tanto que sua existência foi totalmente apagada da história. Mesmo seu irmãzinho falando seu nome, não é algo como uma representação de um final feliz.


Pelo que eu vi no final, parece que Madoka ganha o dom da Onisciência. Ao conhecer toda a história do Passado, Presente e Futuro, e com o poder que ela ganhou, talvez ela tenha acreditado que isto seria a melhor decisão para todos.

Alías, quando eu assisti o final, me lembrei na hora do filme "Efeito Borboleta". No filme, onde o protagonista tentava salvar o amor da vida dele da morte várias vezes, voltando ao passado e tentando mudar o futuro, descobre que no final, a melhor maneira de salvá-la era fazendo com que nunca mais eles se encontrassem no futuro.
Foi a mesma coisa que vi em Puella Magis. Sabendo do sofrimento de Madoka e das suas 4 "companheiras", ela viu que a sua melhor opção seria fazer com que a Homura não precisasse mais salvá-la. E ela fez isto, retirando-se da realidade.

E, ok, não foi um final fofinho, onde todas se abraçam alegremente. Mas também não acho que foi um mal final, por que Madoka fez tudo aquilo pela amizade que tinha com a Homura, que se sacrificou várias vezes para salvá-la.
 
Última edição:
Não cheguei a entender totalmente...
Pelo que eu percebi, não aconteceu dela apagar a sua existência, mas dela se transformar em uma espécie de "conceito". Tanto que, além do irmãozinho dela, Homura e a mãe da Madoka conversam um pouco sobre ela no final ("será que Madoka era uma anime?", algo assim, como se a palavra "Madoka" lembrasse alguma coisa para elas).

Sim, Madoka foi apagada da existência do Universo. Era a única forma de impedir que uma Bruxa de poderes incalculáveis surgisse de sua Joia. Pois o desejo de Madoka era tornar-se uma nova alternativa para o fim das Mahou Shoujo, antes dela, todas as garotas mágicas estavam fadadas ao mesmo fim, tornar-se uma Bruxa que seria destruída por outra garota mágica. Um círculo sem fim que foi quebrado graças ao sacrício da Kaname.

E como seu desejo era de efeito contínuo, ela tornou-se uma entidade que continuaria a proteger todas as mahou shoujo até o fim.

Eu peço desculpas, mas não entendi o que é exatamente Entropia. Eu li a matéria no Wiki, só que eu devo ter faltado esta aula de Física no Ensino Médio...

Certo, vou começar do início com a Lei de Hubble-Humason. Segundo o atrônomo, quando um objeto se afasta um do outro, o comprimento da onda vista pelo observador aumenta e diminui quando se aproximam. Se uma galáxia se aproxima, sua luz se desloca para o azul e, se estiver se afastando, para o vermelho. A partir destas deduções, Hubble pôde calcular a velocidade de afastamento das galáxias, ou seja, quanto maior a distância de uma estrela em relação a nossa, maior é a velocidade.

Segundo uma das teorias do fim de tudo, caso o Universo seja aberto, todas as galáxias continuarão se afastando infinitamente... enquanto houver combustível disponível. O hidrogênio é, atualmente, a maior fonte de energia de estrelas e galáxias. Mas conforme elas envelhecem, suas reações termonucleares começam a consumir outros materiais como hélio, lítio, ferro, níquel e finalmente, neutrons.

E se não houver outras estrelas próximas para continuarem ejetando material no espaço, lentamente todas as estrelas se extinguirão na chamada Entropia, pois sem calor não há geração de trabalho das estrelas e tudo terminará num Big Bang Frio. E aqui está a principal missão do Kyubei, coletar a energia das Jóias das Mahou Shoujo para impedir o resfriamento do Universo.

Pelo que eu vi no final, parece que Madoka ganha o dom da Onisciência. Ao conhecer toda a história do Passado, Presente e Futuro, e com o poder que ela ganhou, talvez ela tenha acreditado que isto seria a melhor decisão para todos.

Alías, quando eu assisti o final, me lembrei na hora do filme "Efeito Borboleta". No filme, onde o protagonista tentava salvar o amor da vida dele da morte várias vezes, voltando ao passado e tentando mudar o futuro, descobre que no final, a melhor maneira de salvá-la era fazendo com que nunca mais eles se encontrassem no futuro.
Foi a mesma coisa que vi em Puella Magis. Sabendo do sofrimento de Madoka e das suas 4 "companheiras", ela viu que a sua melhor opção seria fazer com que a Homura não precisasse mais salvá-la. E ela fez isto, retirando-se da realidade.

E, ok, não foi um final fofinho, onde todas se abraçam alegremente. Mas também não acho que foi um mal final, por que Madoka fez tudo aquilo pela amizade que tinha com a Homura, que se sacrificou várias vezes para salvá-la.

Na verdade, foi a única alternativa que Madoka teve para amenizar o sofrimento de todas as garotas mágicas, veja, ela não lhes deu redenção e sim uma outra escolha para morrerem e não tornarem-se Bruxas. Madoka assumiu o gigantesco fardo de continuar a lutar por todas as garotas antes que suas Joias fossem corrompidas, para sempre como de fosse uma divindade guardiã. E para isso ela precisava abrir mão de sua própria existência e assim anular o efeito reverso do desejo.

E falando em desejos, alguém percebeu que a morte de uma mahou shoujo está ligada ao que ela desejou para si ou para outra pessoa?
 
Última edição:
Na verdade, foi a única alternativa que Madoka teve para amenizar o sofrimento de todas as garotas mágicas, veja, ela não lhes deu redenção e sim uma outra escolha para morrerem e não tornarem-se Bruxas. Madoka assumiu o gigantesco fardo de continuar a lutar por todas as garotas antes que suas Joias fossem corrompidas, para sempre como de fosse uma divindade guardiã. E para isso ela precisava abrir mão de sua própria existência e assim anular o efeito reverso do desejo.
Tanto que seu desejo final fosse que ela matasse todas as bruxas antes do nascimento delas, ou seja, as mahou shoujos continuariam a existir durante os séculos, mas elas não se tornariam bruxas, a Madoka as salvaria antes disso.

Elring disse:
E falando em desejos, alguém percebeu que a morte de uma mahou shoujo está ligada ao que ela desejou para si ou para outra pessoa?
Tem certa razão nisso. Com a Sayaka e a Homura é fácil de perceber, mas pensando bem, até com a Kyoko conseguimos ligar.

Já a Mami não consegui ligar.
 
Adorei muito essa versão 8 bits da abertura de Makoka!

 
Última edição por um moderador:
Saiu esse texto hoje no site da JBox que fala sobre o anime. Muitos dos assuntos abordados no texto nós chegamos a discutir aqui nos posts, mas acho interessante deixar aqui para quem quiser conferir, já que resumi um pouco sobre o que foi discutido até o momento sobre essa grande obra de arte do ano.

Resolvi deixar fora do "quote" para ficar melhor a forma de leitura.


madoka.jpg

Na década de 1990, uma japonesa até então pouco conhecida criou uma franquia creditada como aquela que redefiniu todo o gênero Mahou Shoujo (Garota Mágica). Naturalmente estou falando de Naoko Takeuchi e sua obra máxima: Sailor Moon. Desde o lançamento da franquia das marinheiras, o Mahou Shoujo caiu no gosto popular e se tornou um foco importante da cultura moe (algo que muitos consideram uma perversão da obra de Takeuchi. Mas deixemos isso de lado). E em 2011 surgiu um anime o qual muitos creditam como a grande desconstrução do poderoso gênero Mahou Shoujo: Puella Magi Madoka Magica.

A animação original do estúdio Shaft (Bakemonogatari, Hidamari Sketch, Arakawa Under the Bridge) foi escrita por Gen Urobochi (mais conhecido por seus trabalhos com novels como Fate/Zero e Saya no Uta) e conta a história de Madoka Kaname, uma estudante normal que um dia encontra uma criatura chamada Kyubey que a oferece o poder para se tornar uma Garota Mágica caso ela aceite formar um contrato com ele. Pouco a pouco, entretanto, ela descobre que o mundo das Garotas Mágicas não é apenas fantasia e beleza.

Gen Urobochi é o tipo de escritor que torna toda a obra em que trabalha tão depressiva e absurda quanto possível. A influência de H. P. Lovecraft nos trabalhos dele é clara tanto em suas criaturas disformes e horrendas quanto no desenvolvimento pessimista de suas tramas. Madoka não é diferente. As Bruxas – as criaturas que devem ser caçadas pelas Garotas Mágicas – não possuem uma forma compreensível, assim como seus mundos (dos quais falarei mais adiante) e, conforme o enredo vai avançando, tudo vai gradualmente caminhando para um lado mais e mais sombrio, algo anunciado desde a – genial – introdução do primeiro episódio, porém elevado a uma escala muito maior com o tempo.

Após o terceiro episódio do anime, Urobochi chegou a postar um comentário se desculpando com os fãs por tê-los enganado com toda a promoção da obra como algo leve e descompromissado. Isso vindo de um homem que escreveu uma mensagem lamentando não conseguir escrever histórias felizes. Lovecraft se orgulharia.

No quesito técnico, tudo o que pode ser dito é que o Shaft se superou. Não apenas a animação da série é extremamente constante e bem feita, mas todas as categorias visuais geralmente negligenciadas num anime são bem cuidadas em Madoka Magica. A fotografia em especial é genial. A iluminação utilizada, os cenários, os ângulos, as cores, absolutamente tudo que está presente na tela se funde para dar o tom de cada cena. Cada frame é uma demonstração do cuidado que esse anime sofreu para ser entregue, algo extremamente raro em animações para a televisão.

Mas o grande troféu é, sem dúvidas, dos mundos das Bruxas. Cada um deles representa claramente o universo interno da criatura que o rege (os computadores para a garota hikkikomori, os doces para aquela eu adorava comer). Em todos há referências à grandes obras como Guernica, mitos da humanidade ou ainda evocam técnicas artísticas. O uso das cores, formas e figuras nesses cenários é um dos mais originais que já vi em um anime (o que aparece no sétimo episódio é meu favorito pelo uso do preto e branco).

A trilha sonora ficou a cargo de ninguém menos que Yuki Kajiura (Kara no Kyoukai, Mai-HIme, Le Portrait de Petit Cossette) e todo o estilo da compositora pode ser visto ao longo da série. Dos cânticos femininos onipresentes do tema principial “Sis Puella Magica!” aos instrumentais sombrios de “Incertus”. Os vocais femininos, aliás, carregam toda a força das cenas, como em “Credens Justitiam”, música tema de Tomoe Mami – um verdadeiro hino de glória.

A fusão entre a música clássica e a balada moderna tão temática a Kajiura aqui se transforma no elemento que liga as garotas comuns ao mundo da magia que às vezes as alegra, porém sempre as atira na sombra. Infelizmente há certa repetição de temas – a introdução de “Sis Puella Magica!”, por exemplo, é indiscernível daquela de algumas músicas da trilha sonora de Kara no Kyoukai e a semelhança entre “Clementia” e algumas trilhas de Mai-Hime é mais que mera coincidência. Talvez esse não seja o melhor trabalho de Kajiura como compositora, porém em nenhum momento se torna ruim e denigre a obra de que faz parte, muito pelo contrário.

Nada disso, porém, significaria algo se a direção não fosse competente. Felizmente, o trabalho colaborativo do novato Miyamoto Yukihiro (Maria Holic, Zan Sayonara Zetsubou Sensei, Arakawa Under the Bridge) e do veterano Shinbou Akiyuki (Le Portrait de Petit Cossete, Mahou Shoujo Lyrical Nanoha, Negima!?), que já haviam trabalhado juntos algumas vezes, é extremamente funcional. As cenas são milimetricamente calculadas para causarem o efeito desejado. Eles souberam fazer tudo parecer sombrio nas passagens depressivas e perigoso nas cenas de ação.

O ritmo do anime em geral é ótimo, porém o ápice é o décimo episódio, talvez o melhor de toda a série. O trabalho dos dois não foi perfeito e nem precisava ser, o roteiro por si só conseguiria se sustentar mesmo com um diretor menos competente, entretanto é ótimo que bons profissionais tenham ficado com Madoka.

A recepção geral do anime foi bem dividida. Durante os dois primeiros episódios, a série foi criticada como apenas mais um anime sem personalidade. Nesse período, ela rapidamente caiu nas graças do público otaku azul, porém, no final do terceiro episódio, o caso se inverteu. O momento em que o fechamento da série foi revelado (Magia, do grupo Kalafina) as críticas dos que outrora apoiavam a série foram duras, enquanto os elogios começaram da outra metade da cena otaku.

Quando o ultimo capítulo de Madoka Magica finalmente foi exibido (os dois últimos capítulos tiveram de ser adiados devido ao terremoto que atingiu o Japão e só foram exibidos – ironicamente – no feriado da Sexta-feira da Paixão) muitos foram os que apedrejaram a série por se apoiar no fator de choque. Diversas comparações foram feitas com Princess Tutu, dizendo que ambas as obras traziam a mesma proposta – o que não é necessariamente verdade, posto que Princess Tutu se aproxima mais de uma desconstrução dos contos de fada de que do Mahou Shoujo. E mesmo que a proposta seja a mesma, ninguém pode dizer que isso é um demérito. A proposta de One Piece é a mesma de Dragon Ball, e ambos são um sucesso gigantesco – o primeiro até mais que o segundo no Japão.

Madoka Magica ganhou diversos prêmios, dentre eles doze dos vinte e um troféus do primeiro Newtype Anime Awards, incluindo Personagem Mascote (Kyubey), Trilha Sonora (Yuki Kajiura), Música Tema (Connect), Personagem Feminino (Akemi Homura), Design de Personagens, Fotografia, Arte, Universo e Título do Ano (para quem quiser saber, Steins;Gate levou o melhor personagem masculino e Melhor Dublador, ambos graças a Okabe Rintarou).

Não se pode negar que Puella Magi Madoka Magia é um grande anime. O enredo é fechado, a arte é original e a trilha sonora é grandiosa (ainda hei de ver Yuki Kajiura compondo para um anime de Tsukihime). Naturalmente, sendo uma obra tão crítica e metalinguística quanto é, ela não irá agradar a todos, em especial àqueles que gostam do gênero Mahou Shoujo como ele foi definido por séries como Sakura Card Captors e Mahou Shoujo Lyrical Nanoha. De um modo ou de outro, a mensagem foi dada, basta saber se irá funcionar.

Será que surgirá uma nova tendência para as séries de Garotas Mágicas?

Fonte: JBox
 
Não tenho o que acrescentar! Puella Magi Madoka Magica é tudo isso e muito mais! Só acho uma pena um anime deste calibre ter surgido em um período onde há um boom de ótimos animes e que acabam canibalizando possíveis expectadores para outros gêneros.

Gen Urobushi e Makoto Shinkai, juntamente com o finado Satoshi Kon, são os grandes autores que mostraram que é possível apresentar novos conceitos animes sob velhas roupagens!
 
Não sei. Apesar de ver as "subversões" em Madoka Magica não consegui gostar muito. Ironicamente achei "esquecível". As personagens não são tão memoráveis assim, exceto pela Homura Akemi, e me parece que o próprio roteirista reconheceu o pouco valor que dá aos personagens individualmente.

O roteiro da Sayaka me pareceu clichê (e também é mais usado só para mostrar a "verdade" de ser uma garota mágica) e as outras duas (tirando a Madoka) não dá para conhecer/simpatizar muito. E a motivação do Kyubey não pareceu fazer muito sentido: se são tão avançados porque precisam de tantos artifícios para "recolher energia" etc (para colocar de uma maneira simplificada)?

Quanto à animação das bruxas, mais me irritava que impressionava. Talvez tenha que rever prestando atenção só a isso. Quanto à trilha sonora, achei esquecível também. E as músicas de abertura e encerramento, fracas. =/ No geral, queria ter gostado mais.

Não fiquei nada chocado com a morte da Mami. É um risco matar personagens no começo, acho, quando ainda não dá para ter empatia com eles.
A ideia principal de Madoka foi uma descaracterização do que é comum nos animes "mahou shoujo", acho que foi muito bem sucedido (há quem use o termo dark mahou shoujo, para qualificar animes nesse estilo pós-madoka) nisso. Homura sem dúvida é a personagem mais memorável, mas acho que ele conseguiu dar uma profundidade interessante a Sayaka, explicando motivações e o porque da "queda". Talvez isso não a tenha deixado memorável, mas sem dúvida foi um personagem muito bem construido. Sobre clichês, acho que quando o clichê é bem utilizado (no caso com um personagem bem construido), ele funciona bem, até porque é difícil fugir de clichês hoje em dia, já que quase tudo pode ser considerado clichê (jamais diria que é impossível fugir disso, há muitas obras que provam o contrário, mas que é cada vez mais difícil acho que é inegável).

Quanto as motivações do Kuybey, creio q a questão de "se é tão avançado" não é o ponto. Eles podem ser avançados, mas perceberam que essa era a melhor forma de recolher energia. Como eles são racionais ao extremo, não viam nenhuma desvantagem em fazer o que faziam. Eu achei essa explicação meio tosca também, mas a verdade é que esse é um assunto tão cheio de possibilidades que soa forçado mesmo que não seja necessariamente.

A animação é questão de opinião, eu não costumo gostar de cenários psicodélicos (lembro que a animação de Gankutsuo foi altamente elogiada e considerada inovadora p/ época, mas eu não gostava), mas o de Madoka, foi usado p/ diferenciar o mundo "normal" do mundo das bruxas, então não me incomodou muito, não era algo que acontecia o tempo todo. Mas em termos técnicos acho que ficou muito bom.
A trilha de abertura e o restante da trilha sonora entra no ponto de inversão de valores sobre Mahou Shoujo, a abertura é bem infantil, bem típica de animes de 'garotas mágicas', mas o restante da trilha é mais pesada, ao menos eu tive essa impressão.

Sobre o spoiler:
O choque da morte da Mami só acontece com quem não sabe que um anime chamado 'Mahou Shoujo' poderia ter qualquer característica mais profunda. A morte dela é o início da virada de um anime de garota mágica bonitinha e infantil, para um anime onde há questões mais profundas sobre escolhas, motivações e consequências. Quem vê Madoka já sabendo que o anime tende a ser mais profundo, pode achar o anime menos surpreendente.

Eu achei o anime sensacional, mas vai muito de opinião mesmo.
 
@-Jorge- e @Proview eu movi a discussão do anime para o tópico dele. Vamos discutir sobre o anime no seu tópico de origem, assim o censo de animes ficam apenas com as listas dos animes. :mrgreen:
 
A ideia principal de Madoka foi uma descaracterização do que é comum nos animes "mahou shoujo", acho que foi muito bem sucedido (há quem use o termo dark mahou shoujo, para qualificar animes nesse estilo pós-madoka) nisso.
Sim, acho que foi muito bem sucedido. Mas talvez tenham sido poucos episódios para desenvolver melhor as personagens. Pessoalmente, acho que não vou lembrar de muito daqui a uns seis meses... Bom, mas já há outros mahou-shoujo que tenham sido influenciados por Madoka?

Homura sem dúvida é a personagem mais memorável, mas acho que ele conseguiu dar uma profundidade interessante a Sayaka, explicando motivações e o porque da "queda". Talvez isso não a tenha deixado memorável, mas sem dúvida foi um personagem muito bem construido. Sobre clichês, acho que quando o clichê é bem utilizado (no caso com um personagem bem construido), ele funciona bem, até porque é difícil fugir de clichês hoje em dia, já que quase tudo pode ser considerado clichê (jamais diria que é impossível fugir disso, há muitas obras que provam o contrário, mas que é cada vez mais difícil acho que é inegável).
Eu acho que a ideia não foi bem utilizado no caso da Sayaka. Para mim ficou mais parecendo que precisavam explicar como as garotas se tornam mágicas e quais as consequências disso e aí sacaram a história do amigo doente e do amor platônico. A reação dela à rejeição me pareceu exagerada. Aliás, falando em histórias, a da Kyoko com o pai é meio doida, né?

Mas como você acha que a Homura adicionou profundidade à ela?

A animação é questão de opinião, eu não costumo gostar de cenários psicodélicos (lembro que a animação de Gankutsuo foi altamente elogiada e considerada inovadora p/ época, mas eu não gostava), mas o de Madoka, foi usado p/ diferenciar o mundo "normal" do mundo das bruxas, então não me incomodou muito, não era algo que acontecia o tempo todo. Mas em termos técnicos acho que ficou muito bom.
Acho que fica faltando algum ponto para focar. Se não me engano, nos primeiros episódios não havia "monstros" propriamente para onde olhar, nos episódios seguintes isso muda um pouco.

Sobre o spoiler:
O choque da morte da Mami só acontece com quem não sabe que um anime chamado 'Mahou Shoujo' poderia ter qualquer característica mais profunda. A morte dela é o início da virada de um anime de garota mágica bonitinha e infantil, para um anime onde há questões mais profundas sobre escolhas, motivações e consequências. Quem vê Madoka já sabendo que o anime tende a ser mais profundo, pode achar o anime menos surpreendente.

Verdade, mas eu não sabia nada sobre ele antes. Mas talvez tenha me expressado mal.
A morte é uma surpresa, mas não foi tão importante ou triste, acho, pela falta de empatia com a personagem. Ela tinha aparecido muito pouco antes disso para você se afeiçoar a ela. Acho que é isso.

Uma dúvida:
Há alguma dica que eu tenha perdido de quais tenham sido os desejos de Madoka nas versões alternativas do tempo? (edit: Ah! Lembrei das vezes em que ela desejou poder ajudar Homura em batalha) Fiquei curioso para saber o que ela teria pedido, já que na nossa linha de tempo, ela não se decidiu até o final.
 
Última edição:
Sim, acho que foi muito bem sucedido. Mas talvez tenham sido poucos episódios para desenvolver melhor as personagens. Pessoalmente, acho que não vou lembrar de muito daqui a uns seis meses... Bom, mas já há outros mahou-shoujo que tenham sido influenciados por Madoka?
Essa questão de memorável é muito relativo. Eu vi o anime apenas uma vez (exceto os 2 últimos episódios que vi duas) e lembro até que bem de boa parte do anime, isso considerando q vi muitos outros animes nesse meio tempo (e olhe que memória não é uma qualidade em q eu me destaco :dente:). Essa questão é meio q pessoal mesmo.
Um mahou shoujo de 2013 inspirado em Madoka foi Genei wo Kakeru Taiyou, foi o único mahou shoujo que vi pós-Madoka, mas já vi pessoas empregando o termo em outras situações.

Eu acho que a ideia não foi bem utilizado no caso da Sayaka. Para mim ficou mais parecendo que precisavam explicar como as garotas se tornam mágicas e quais as consequências disso e aí sacaram a história do amigo doente e do amor platônico. A reação dela à rejeição me pareceu exagerada. Aliás, falando em histórias, a da Kyoko com o pai é meio doida, né?

Mas como você acha que a Homura adicionou profundidade à ela?
De certa forma foi uma 'desculpa' para explicar toda a questão das bruxas e mahou shoujo sim, assim como foi uma forma de plantar a ideia de quem era o real inimigo na cabeça de Madoka.
Sem isso Madoka jamais iria fazer o pedido que fez ao Kyubei, no final do anime.
Mas é importante lembrar que elas são crianças ali, e crianças tendem a ser muito mais emocionais (principalmente em animes desse estilo), então para mim pareceu fazer sentido.
Não entendi a questão da Homura.

Verdade, mas eu não sabia nada sobre ele antes. Mas talvez tenha me expressado mal.
A morte é uma surpresa, mas não foi tão importante ou triste, acho, pela falta de empatia com a personagem. Ela tinha aparecido muito pouco antes disso para você se afeiçoar a ela. Acho que é isso.
De fato não é muito triste, mas acho que a ideia foi mais surpreender ou chocar mesmo. Como eu disse, acho q a ideia foi mais ser o ponto de virada da série, além de ter sido importante para que Madoka e Sayaka não resolvessem virar mahou shoujo de imediato.

Uma dúvida:
Há alguma dica que eu tenha perdido de quais tenham sido os desejos de Madoka nas versões alternativas do tempo? (edit: Ah! Lembrei das vezes em que ela desejou poder ajudar Homura em batalha) Fiquei curioso para saber o que ela teria pedido, já que na nossa linha de tempo, ela não se decidiu até o final.
Acho que nenhum local isso é deixado muito claro. A suposta motavição na primeira transformação teria sido p/ acompanhar Mami, como elas queriam fazer na linha do tempo mostrada, mas o que ela teria pedido acho q não foi revelado mesmo.
 

Valinor 2023

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