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[align=justify][size=x-large]Os trens da vida[/size]
Crônicas de uma Tupiniquim na Zoropa
Eu tenho 1,60cm, escuto música francesa, estudo em Alemão e praguejo em Português. Sim, eu sei, eu sou um ser um tanto quanto estranho.
Eu quase não tenho amigos brasileiros na minha Pátria Madrasta e vivo os meus dias como se eu fosse um deles, uma nativa. Igual àquela mamute de ‘A era do gelo 2’ que achava ser um gambá! Mas é necessário se integrar, não é mesmo?
Acredite ou não, um passo importante para a integração é aprender a andar de trem! Exatamante. O trem é o meio de transporte mais utilizado pelos alemães e eu, na minha fantasia romântica, pensei que iria viajar em algo como o “Expresso do Oriente”. Cabine para comer, beber, dormir... Bem, fui confrontada com a triste realidade de ter que viajar em trens que não tem nem banheiro! Tudo bem, foi realmente muito ingênuo da minha parte. Eles funcionam como ônibus mesmo. Mas sonhar não custa nada.
O pior de tudo é ter que viver com a mais dura realidade ainda que, por mais que um país lhe pareça limpo, cheiroso e correto: gente é sempre gente! Eles são agoístas, frios e sem piedade. Na minha ingenuidade e generosidade extrangeira, eu demorei para perceber como funciona a briga pelos lugares no trem. Sim, porque esses também se acabam e se você não for esperto o suficiente, vai viajar em pé! Foi aí que eu vivenciei “a Guerra”.
Logo de manhã eu percebo os olhares agressivos dos meus concorrentes sonolentos. Eu seguro o meu café forte e não tiro o olhar da placa eletrônica: 6 minutos, ela me diz. Eu bebo um gole do meu café e vou me posicionando, devagar para que os outros não percebam que a minha intenção é pegar um lugar na janela, na direção em que o trêm viaja. Sim, os assentos são de um de frente para o outro. Ainda há o perigo de viajar de costas.
Os assentos à janela são os mais indicados para aqueles que, como eu, tomam o seu café da manhã no trem: é sempre possível colocar o copo de papel sobre lixinho preso à janela e deixar as mãos livres para o seu pão.
2 minutos, diz a placa. Eu observo aquela multidão de gente se aproximar. Lá vem ele, lá longe. Vermelho, rápido: o Trem! Eu empurro, discretamente, aqueles a minha volta, com o fone no ouvido, mas música desligada para não perder nenhuma respirada dos meus inimigos.
O trem pára, as portas se abrem. Eu avisto um lugarzinho perfeito, vejo que alguém se aproxima, mas não desisto: eu sigo até o assento e me sento. Ah! Que lindo. A tranqüilidade do meu Café da Manhã está garantida por hoje.
Infelizmente a situação nem sempre é essa. Todos nós perdemos uma batalha um dia. Eu me lembro que em um dia extressante e cansativo do início semana passada. Onde eu, com o guarda-chuvas quebrado, esperava pelo meu santo trem do final do dia, mas quando ele chegou, o terror. Lotado! Lotado! Lotado até o último vagão. As janelas embaçadas pelo pouco ar dividido entre centenas de entranhos que só querem voltar para casa. Aqueles que estão sentados evitam olhar para cima, para não encontrar o olhar triste e indgnado dos que não conseguiram um lugar. O trem segue e você fica se perguntando como é que vai se mexer para deixar as pessoas saírem na próxima estação.
Finalmente, depois de muitos empurrões e caras feias, você chega na sua estação e vai para o seu lar, sem querer lembrar-se que hoje é segunda-feira e amanhã você precisa ir trabalhar, de trem![/align]
Crônicas de uma Tupiniquim na Zoropa
Eu tenho 1,60cm, escuto música francesa, estudo em Alemão e praguejo em Português. Sim, eu sei, eu sou um ser um tanto quanto estranho.
Eu quase não tenho amigos brasileiros na minha Pátria Madrasta e vivo os meus dias como se eu fosse um deles, uma nativa. Igual àquela mamute de ‘A era do gelo 2’ que achava ser um gambá! Mas é necessário se integrar, não é mesmo?
Acredite ou não, um passo importante para a integração é aprender a andar de trem! Exatamante. O trem é o meio de transporte mais utilizado pelos alemães e eu, na minha fantasia romântica, pensei que iria viajar em algo como o “Expresso do Oriente”. Cabine para comer, beber, dormir... Bem, fui confrontada com a triste realidade de ter que viajar em trens que não tem nem banheiro! Tudo bem, foi realmente muito ingênuo da minha parte. Eles funcionam como ônibus mesmo. Mas sonhar não custa nada.
O pior de tudo é ter que viver com a mais dura realidade ainda que, por mais que um país lhe pareça limpo, cheiroso e correto: gente é sempre gente! Eles são agoístas, frios e sem piedade. Na minha ingenuidade e generosidade extrangeira, eu demorei para perceber como funciona a briga pelos lugares no trem. Sim, porque esses também se acabam e se você não for esperto o suficiente, vai viajar em pé! Foi aí que eu vivenciei “a Guerra”.
Logo de manhã eu percebo os olhares agressivos dos meus concorrentes sonolentos. Eu seguro o meu café forte e não tiro o olhar da placa eletrônica: 6 minutos, ela me diz. Eu bebo um gole do meu café e vou me posicionando, devagar para que os outros não percebam que a minha intenção é pegar um lugar na janela, na direção em que o trêm viaja. Sim, os assentos são de um de frente para o outro. Ainda há o perigo de viajar de costas.
Os assentos à janela são os mais indicados para aqueles que, como eu, tomam o seu café da manhã no trem: é sempre possível colocar o copo de papel sobre lixinho preso à janela e deixar as mãos livres para o seu pão.
2 minutos, diz a placa. Eu observo aquela multidão de gente se aproximar. Lá vem ele, lá longe. Vermelho, rápido: o Trem! Eu empurro, discretamente, aqueles a minha volta, com o fone no ouvido, mas música desligada para não perder nenhuma respirada dos meus inimigos.
O trem pára, as portas se abrem. Eu avisto um lugarzinho perfeito, vejo que alguém se aproxima, mas não desisto: eu sigo até o assento e me sento. Ah! Que lindo. A tranqüilidade do meu Café da Manhã está garantida por hoje.
Infelizmente a situação nem sempre é essa. Todos nós perdemos uma batalha um dia. Eu me lembro que em um dia extressante e cansativo do início semana passada. Onde eu, com o guarda-chuvas quebrado, esperava pelo meu santo trem do final do dia, mas quando ele chegou, o terror. Lotado! Lotado! Lotado até o último vagão. As janelas embaçadas pelo pouco ar dividido entre centenas de entranhos que só querem voltar para casa. Aqueles que estão sentados evitam olhar para cima, para não encontrar o olhar triste e indgnado dos que não conseguiram um lugar. O trem segue e você fica se perguntando como é que vai se mexer para deixar as pessoas saírem na próxima estação.
Finalmente, depois de muitos empurrões e caras feias, você chega na sua estação e vai para o seu lar, sem querer lembrar-se que hoje é segunda-feira e amanhã você precisa ir trabalhar, de trem![/align]