"Concordo com o Dr. Who: Guevara só não foi o maior genocida do século XX porque atuou em países pequenos. Não falo que os EUA sejam bonzinhos, mas Che foi um genocida, que "lutou" por um sistema decadente: a produtividade dos produtos agrícolas cubanos decaiu, os cassinos sumiram, a renda subiu pouco. O sistema de saúde, apesar de malmente dito pela imprensa, é péssimo. Na prática, trocar 2 ditadores, Fulgêncio por Che foi o pior que poderia acontecer a Cuba.
-O capitalismo não deve se focar em distribuir. Deve dar condições macroeconômicas que possibilitem que cada indivíduo "cresça", ganhe mais. É mais ou menos a frase do Smith: o capitalismo funciona não porque os indíviduos são bonzinhos e querem fazer pães pregos, mas porque sabem que vão melhorar de vida se o fizerem.
-Democracia: nunca existiu democracia pura, nem na Grécia antiga, porque se vocês lembrarem, menos de 10% da população poderia participar (cidadãos - homens nascidos na cidade e que tinham certas obrigações). Creio que tentar criar uma pura agora Demoex iria ser uma tristeza: se é difícil o consenso entre 500 pessoas, imaginem toda uma população. O que seria governabilidade num sistema desses? Mesmo com seus erros, democracia só funcionou no capitalismo, e só funcionou melhor quando o voto foi/é distrital."
Agora, dizer que Che Guevara foi um genocida é demais... Ou, se é assim, quantas pessoas não morreram na crise de 29? Então quem era o genocida dessa vez? E não preciso lembrar, espero, que essa crise levou até o nazismo...
" Muito bonito no papel, sabemos que o sistema atual não é o ideal, porém dentre os já testados e inventados é sem dúvida o melhor. "
Sabe que assim que a URSS caiu, alguns intelectuais proclamaram o fim da história... Porque não havia mais oposição, porque o capitalismo havia se mostrado superior e derrotado seu adversário. Mas esse “melhor dos mundos possíveis” se mostrou logo bastante deficiente. Hoje aqueles que haviam aberto champagne para o fim do socialismo já reviram suas idéias...
Outro ponto curioso é que o liberalismo não chega a ser uma filosofia no sentido clássico. Era mais uma tecnologia de administração do Estado. E estava preocupado em como fazer com que essa imensa massa da população poderia ser agregada sem ferir as diferenciações que estavam sendo traçadas naquele momento. Isso por volta do século XVIII. O que quero dizer é que em um primeiro momento, a democracia burguesa tinha pouco interesse em dar voz a essa massa, mas queria que ela fosse “livre” para construir seu destino. O lema fundador dos EUA, é na verdade uma preocupação de como impedir que, dada a imensa participação da massa da população, se preserve as minorias (leia-se elite) politicamente. Ou seja, como impedir, na Democracia, a ditadura da maioria?
Mas um problema interessante, para voltar novamente à discussão do tema do artigo, é que quanto mais pessoas são agregadas à democracia, menos poder decisório elas tem. Vemos o século XX ser recheado de lutas por igualdade e cada vez que uma minoria passa a ser reconhecida, chega-se a frustração de descobrir que o indivíduo é totalmente incapaz de mudar alguma coisa. Então eu pergunto: de que vale esse liberalismo que nasceu tão preocupado em preservar as liberdades das minorias? Porque o capitalismo é capaz de agregar sim, mas logo em seguida joga as pessoas num limbo de impotência... Enquanto isso assistimos cada vez mais o poder nas mãos de empresas (veja só a FIFA, que pode até não parecer mas é uma organização privada, conseguiu que uma lei federal seja mudada no país para atender seus objetivos de organização da copa), e de poucas pessoas que ignoram que o mundo não gira em torno deles.
E então nós encontramos uma situação curiosa e que teve um paralelo em outro momento histórico que foi um dos maiores desastres da humanidade: hoje as pessoas tem repúdio pela política, e pensam que governar é a arte da administração. Quem já não ouviu a seguinte frase? “ah, fulano de tal é político, o país precisa de um cara que seja um bom administrador!”