imported_Amélie
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Meninas de véu que caminham para o fim da avenida. Marcham, no mesmo compasso, com seus panos coloridos envoltos. No rosto, sinais de que os tempos são outros, máscaras nos olhos, preto noir número 3 da Avon. Caminham embaladas pela comemoração, no tiritim-tim borobom-bom feito ao longe pela banda marcial. Na cabeça o símbolo que muitos não acreditam mais. Não falam, nem um leve sorriso, ou falta de atenção. Só elas, enfileiradas, retas de um mesmo destino. Presas na mesma crença, nos mesmos modos, gestos gêmeos, traços semelhantes. Seguindo o mesmo ponto de fulga, fujir? Pra quê? Se elas têm o que precisam, jeans cós saint tropez, pulseiras em ouro 18 quilates, os nike shox cor-de-rosa fazem o mesmissimo movimento. Ploc, ploc, ploc, ploc. Perguntas? Escritas tortas nessas linhas perfeitas? Pra quê? Está ali, regime de semi-liberdade, antes que à tardinha.
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Soldados fardados, passos controlados. O som da batida dos conturnos no asfalto enchem a minha mente de previsibilidade. Se tapar os ouvidos, ainda imagino o mesmo toc toc toc molhado, numa sincronia quase centésima. Meus olhos se cerram a cada batida, prevêm, bloqueam o pensamento. Toc toc toc num movimento tão ensaiado, que afugenta os loucos e embriagados. Treinados pra quem? Armados para qual inimigo? Civilidade calculada, cada um no seu quadrado helicoidalmente planejado. O que é a vida senão uma sequência exata de repetições? Mesmos erros, correm como os mesmos passos. Mas um cabo descordenado reaviva a esperança. Toc toctoc toc toc toctoc toc. Um som de sabedoria, no caminho certo marcado. Ele faz o melhor que pode, aumenta a intensidade, descompassa, desacelera, desintegra os entre-silêncios com uma ponta da minha esperança. Uma proporçao animadora, um em cem, que consegue fazer a diferença, mesmo que seja pela falha no desejo de acertar.
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Soldados fardados, passos controlados. O som da batida dos conturnos no asfalto enchem a minha mente de previsibilidade. Se tapar os ouvidos, ainda imagino o mesmo toc toc toc molhado, numa sincronia quase centésima. Meus olhos se cerram a cada batida, prevêm, bloqueam o pensamento. Toc toc toc num movimento tão ensaiado, que afugenta os loucos e embriagados. Treinados pra quem? Armados para qual inimigo? Civilidade calculada, cada um no seu quadrado helicoidalmente planejado. O que é a vida senão uma sequência exata de repetições? Mesmos erros, correm como os mesmos passos. Mas um cabo descordenado reaviva a esperança. Toc toctoc toc toc toctoc toc. Um som de sabedoria, no caminho certo marcado. Ele faz o melhor que pode, aumenta a intensidade, descompassa, desacelera, desintegra os entre-silêncios com uma ponta da minha esperança. Uma proporçao animadora, um em cem, que consegue fazer a diferença, mesmo que seja pela falha no desejo de acertar.