Shantideva disse:
Acho que isso depende muito do entendimento do que seria a morte em cada situação:
Concordo. Mas se deixamos só no "tudo é relativo" e deixamos a discussão por isso mesmo, perdemos a oportunidade de discutir uma coisa bem interessante. Então, vamos por partes:
Shantideva disse:
no caso de Finrod e Andreth temos ua situação: tudo bem que ela era uma mulher sábia e tudo mais, mas só a afirmação de que a morte não era algo natural e sim uma coisa criada por morgoth dá pra ver que ela não tinha entendimento completo das coisas, pelo menos não dos desígnos de Eru.
Acho que é por aí mesmo. Se agente relativizar demias nesse ponto e disser "Ah, mas essa coisa de desígnios de Erü é ponto de vista dos elfos", agente simplesmente não consegue discutir cosmogonias e implicações filosóficas no legendarium. Agente deve aceitar com verdadeiro o argumento de autoridade (é assim memso que o pessoal da filosofia diz, né?) élfico que diz que eles sabem porque isso lhes foi transmitido pessoalmente pelos Valar.
Aceitando esse argumento, Andreth e os sábios humanos realmente sabiam muito pouco dos desígnios de Eru, como diz Finrod no Atrabeth: "Nisso os Eldar diriam que eles erram. Para nós vossa afirmação sobre os Homens é estranha, e de fato difícil de aceitar. Ora, os Eldar somos vossos parentes, e vossos amigos também [se puderdes crê-lo], e já vos observamos por três vidas de Homens com amor e preocupação, e muito pensamento. Disto então estamos certos sem debate, ou do contrário toda a nossa sabedoria é vã: os fëar dos Homens, embora de fato estreitamente aparentados aos fëar dos Quendi, não são contudo iguais"
Pelo Atrabeth se colocam muitas coisas que os eldar considerariam errados sobre o mundo. O Morgoth se apresentou, tanto aos elfos quanto aos homens como o Senhor do Mundo (e o fato dele ter encontrado os elfos antes dos valar está no Silma, na página 48 pela edição da MF, no capítulo "da chegada dos elfos e do cativeiro de Melkor. A aproximação dos elfos deve ter sido parecida, pelo que se pode depreender do Diálogo de Finrod e Andreth), e nisso eles, de certa forma, acreditaram. Finrod chega a dizer que eles confundem Eru com o inimigo, no diálogo. Desse modo, parece que o conhecimento dos sábios entre os homens estava um tanto deturpado pelas mentiras do Morgoth.
Shantideva disse:
Talvez Andreth pensasse que quando morresse ficasse a mercê de morgoth(já que ela acreditava que morgoth criara a morte), nesse caso o medo realmente era causado pelo desconhecimento do que viria depois e por temor absoluto a morgoth.
Eu tinha entendido de outro modo. Pelo jeito que está escrito, parece que os humanos acreditavam que a morte humana era um fim definitivo, enquanto a morte élfica era apenas um período de descanso para que eles depois reencarnassem. Afinal, Andreth diz mais ou menos assim:
"apesar de todo o vosso valor, digo outra vez: "O que sabeis da morte?". Para vós ela pode ser em dores, pode ser amarga e uma perda - mas apenas por algum tempo, um pequeno revés na abundância, a menos que me tenham dito uma inverdade. Pois sabeis que, morrendo, não deixais o mundo, e que podeis retornar à vida.
De outra forma é conosco: morrendo nós morremos, e partimos para não voltar. A morte é um fim último, uma perda irremediável. E é abominável; pois também é uma injustiça que é feita contra nós.
Uma é apenas um ferimento nos acasos do mundo, que os bravos, os fortes ou os afortunados podem esperar evitar. A outra é morte inelutável; e a morte o caçador que no fim não pode ser eludido. Seja um homem forte, ou rápido, ou ousado; seja sábio ou um tolo; seja ele mau, ou seja em todos os atos de sua vida justo e misericordioso, ame ele o mundo ou o abomine, deve morrer e deixá-lo - e se tornar carniça, que os Homens com prazer queimam ou escondem. "
Quanto ao caso dos numenorianos eu não vou comentar prá não falar besteira, pois faz muito tempo que eu não leio isso.
Saudações!
(editei para alterar uma informaçào errada.... sorte que ninguém percebeu que eu havia confundido os primogênitos com os sucessores

)