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[L] [Lord Hugo] [A Biologia de O Senhor dos Anéis]

Lord Hugo

Usuário
Sendo estudante de Ciências Biológicas, fico intrigado sobre certos aspectos da obra de Tolkien e fico pensando como seria possível abordar estes casos sobre o prisma do conhecimento científico atual. Com este intuito resolvi escrever minha visão, baseada nos meus conhecimentos específicos, sobre uma série de aspectos intrigantes de Arda.

Inicío aqui, uma série de ensaios sobre os mais váriados assuntos biológicos da Terra Média. Se, como o próprio Tolkien disse, Arda é uma versão alternativa para o passado da Terra, é lógico imaginar que ela siga os mesmos pressupostos científicos que o nosso próprio mundo. É com essa imagem em mente que meus escritos tomarão forma.

Não é minha intensão ser dono da verdade e de nenhum modo estarei fechado a qualquer comentário que venha a entrar em conflito com a minha visão das coisas. Qualquer proposta para a melhoria das hipóteses será bem vinda.

Dou início aqui o que espero que sejá uma experiencia interessante para todos, especialmente para mim.

Qualquer dúvida que por acaso apareça me disponho a responder prontamente.

Obrigado

Lord Hugo


ps.: procurei pelo fórum, mas não encontrei nenhuma área mais apropriada do que o Clube dos Bardos para postar meus textos. Caso os moderadores acharem que este tópico não é apropriado para esta área do forum estejam livres para mudá-lo para outra área.
 
O Caso dos Meio-Elfos


Um caso interessante é o fenômeno dos Meio-Elfos. Elrond, personagem de grande expressão em O Senhor dos Anéis, é um Meio-Elfo. Ele possui em suas veias sangue das duas espécies, os Elfos e os Humanos. É fato que isso aconteceu devido ao casamento de um Homem com uma Elfa. No caso específico de Elrond isso acontece pelos dois ramos de sua família. Seu pai, Eärendil, é filho de Tuor, um humano, e Idril, filha do Rei Élfico Turgon, enquanto sua mãe Elwing é filha de Dior, um outro Meio-Elfo, e Nimloth, uma elfa.

Na mitologia de Tolkien, Eärendil navegou até Arda, a Terra Imortal e pediu misericórdia pela raça humana e pela raça élfica dos Noldor. Os Valar aceitaram seu pedido e derrotaram o primeiro Lorde Negro, Morgoth. Mas eles nunca tinham esperado que as duas espécies pudessem ser misturadas e definiram que Eärendil e toda a sua prole poderiam escolher entre uma vida de Humanos ou uma vida de Elfos. Eärendil escolheu viver como elfo a pedido de sua esposa, assim como seu filho mais velho Elrond. O irmão de Elrond, Elros escolheu uma vida mortal como homem e se transformou no primeiro rei de Númenor e o ser humano de vida mais longa que já existiu.

Mas voltando a análise biológica deste fenômeno, temos aqui um caso de hibridização entre duas espécies distintas e que ao se reproduzirem produzem um descendente fértil. É claro, você pode dizer que então Homens e Elfos são a mesma espécie, pois eles se reproduzem e seus descendentes são férteis, eis a definição de espécie. Mas então como se explicaria a imortalidade de Elfos e a Mortalidade de Humanos? Isso é indicativo que são duas espécies distintas. Mas então como eles conseguem se reproduzir?

Podemos especular de que se tratam de duas espécies muito próximas, possivelmente irmãs e que são do mesmo gênero, se não se tratarem de subespécies. Essa seria uma ótima explicação para o fato de ser possível a reprodução entre eles. Obrigatoriamente Elfos e Humanos precisam ter o mesmo número de cromossomos e eles precisam ser correspondentes. Isso permite que a reprodução entre essas espécies não produza nenhuma aberração cromossômica permitindo que o embrião se desenvolva normalmente.

Um outro ponto que devemos lembrar é a descrição de Tolkien para os Elfos. Eles são muito parecidos com os Humanos. Elfos e Humanos são praticamente iguais. Isso fortalece a hipótese de se tratarem de subespécies. Subespécies podem se reproduzir entre si e produzirem descendentes férteis. É o que ocorre por exemplo entre o gênero Canis, que inclui cachorros e lobos. Muitos dizem que ambos são subespécies de uma mesma espécie.

Certo. Sendo Homens e Elfos subespécies, membros de uma única espécie, como os humanos morrem em 70, 80 anos, no máximo pouco mais de 100 e Elfos não morrem nunca? Neste caso nós devemos pensar em quais são as causas da morte de um indivíduo. Elfos são Imortais, mas apenas para casos de morte natural, de velhice. Milhares de elfos morreram ao longo da história na Terra Média. Elfos são mortos por ferimentos e por doenças. A diferença com relação aos humanos neste aspecto é que os espíritos de Elfos podem ressuscitar depois de um período nos jardins de Mandos, enquanto os espíritos de humanos vão para fora do mundo.

A imortalidade élfica não é totalmente correta. Luthien Tinúviel foi um exemplo de uma Elfa que morreu por causas naturais, mas ela escolheu a morte e desistiu de viver, seu espírito abandonou o corpo e não mais voltou. Já que o corpo não vive sem o espírito ele morreu. Mas ainda não propomos uma teoria para explicar como os Elfos vivem para sempre.
 
A Imortalidade Élfica

Uma boa idéia é imaginar que os elfos na verdade não morrem porque eles simplesmente não envelhecem. Depois de certo tempo, quando ficam adultos, seus corpos deixam de envelhecer e permanecem em um período de vigor físico eterno. Seu corpo deve, portanto, ser capaz de corrigir todos os problemas que certamente irão ocorrer ao longo de milhares de anos de vida. Erros na replicação do DNA são muito comuns, o sistema de reparo que existe em nossas células deveria simplesmente ser perfeito nos Elfos. Isso acontecendo uma célula nunca precisaria sofrer a morte programada, pois nunca teria erros no DNA e, portanto, nunca produziria proteínas com erros, que levariam a morte celular. Ou então podemos pensar que as células que vão acumulando muitos problemas acabam por ser substituídas por novas em um processo de substituição contínuo e que nunca termina. Os neurônios velhos sendo substituídos por novos sem que isso interfira na capacidade mental do indivíduo. As células cardíacas se renovando. Ao invés de morrer, os Elfos trocariam de corpo literalmente, pois as suas células estariam em intenso processo de substituição celular.

A segunda hipótese possui uma falha que pode ter passado despercebido por um leitor que não seja conhecedor desta área da biologia. Se um organismo está em intensa replicação celular, ele está muito, mas muito mesmo, sujeito a sofrer algum erro durante esse processo de duplicação do material genético e produzir sutis mutações que levariam a um quadro de problemas sistêmicos que, possivelmente, levaria a morte por causas naturais. Os Elfos envelheceriam, talvez mais rápido que os humanos, talvez mais lentamente. Certamente suas capacidades mentais poderiam se manter por um período maior, mas nunca por milhares de anos.

O que seria uma proposta interessante é juntar as duas hipóteses e formular uma nova hipótese de tal jeito intermediária as duas anteriores. Os Elfos teriam então, um sistema de reparo de DNA perfeito associado a uma capacidade de renovar todas as células do organismo, em taxas mais altas que a inutilização dessas células. Desse modo os Elfos poderiam viver por um período de tempo indeterminado sob o efeito de todos os tipos de intempéries para as células onde a capacidade de reparo do DNA fosse maior do que os danos causados ao mesmo e aos erros de replicação. Do mesmo modo podemos explicar como os Elfos morrem. Eles são mortos por ferimentos que superam a capacidade de reposição das células e de cicatrização do organismo. Afinal para tudo há um limite.

Uma teoria alternativa seria a proposição de que os elfos não produziriam de modo algum radicais livres. Eles teriam seu metabolismo oxidativo de tal modo perfeito que não existiria a produção de rejeitos na forma de espécies reativas de oxigênio, os radicais livres mais comuns e destrutivos existentes. Desse modo eles não estariam expostos a danos no material genético pela ação de radicais livres. Eles estariam expostos a danos no DNA durante a replicação celular, mas isso poderia ser resolvido pelo sistema de reparo de DNA.

Por indicação de um amigo temos mais uma alternativa que, de certo modo, acaba aprimorando a hipótese proposta anteriormente, pois aborda um aspecto ainda não abordado. Nos elfos as telomerases estariam ativas nos adultos e, desse modo, impediriam o encurtamento dos telomeros de seus cromossomos. Para quem não sabe o Telomero é a porção final de um cromossomo (as pontas) onde a dupla-fita de DNA possui uma seqüência específica de bases que se repete muitas e muitas vezes o que impede que esses cromossomos acabem se fundindo com outros. É caso comprovado que quanto mais uma célula se divide ela acaba perdendo partes desses telomeros e seus cromossomos vão ficando mais curtos e passam a ter uma maior probabilidade de se fundirem com outros. Este fenômeno está de alguma forma ligado também ao envelhecimento.

Desse modo, os Meio-Elfos teriam essa capacidade de sustentação do vigor físico e mental por um tempo maior do que os Homens comuns. Aqueles Homens que possuem antepassados entre o povo élfico possuem também tempo de vida mais longo e conseguem manter o vigor e a sanidade até o fim de suas vidas. Neste caso teríamos uma caracterização de uma condição intermediária como seria de se supor no caso de um cruzamento de quaisquer dois seres: o descendente possui características de ambos os progenitores.
 
Legal sua teoria. Mas, sei lá, eu sempre tive a impressão que os elfos envelhecem, mas muito, muito, muito lentamente, por isso que pra nós, eles parecem imortais. Bom, mas quem sou eu pra contrariar o autor? Se Tolkien diz que elfos são imortais(nesse caso imortais=não podem morrer de morte natural, velhice), é por que eles são e pronto. Sua teoria faz sentido então. Mas quantos anos viveria um meio-elfo? Se eles herdam parte dessas características élficas que você citou, em quantos anos sua vida se alongaria? Vc tem idéia?
 

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