Faerum
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[Faerum] Numa fase de depressão...
Adeus Desesperado
por Pedro Meirelles, 01/04/03
Ó lágrimas, porque voltaste? Já não foram curadas todas as rixas? Já não foram tampadas todas as tristezas?
Não, não foram.
Em que hora mais inoportuna que voltaste. Em uma hora que preciso para lavar-me os olhos, já cansados de tanta dor. Para molhar este rosto, fatigado de tristezas, onde a felicidade não voltará a sorrir.
Em ti repousam minhas esperanças, esperança de que sejas tu a ultima a me abandonar. Pois a felicidade, a atenção e o amor há muito se foram, e, no entanto, tu continuas ao meu lado, incansável dor e tristeza.
Lágrimas de tristeza, versus lágrimas de alegria, sendo esta última, rara nesses tempos.
Tempos em que a luz do sol, e o gato que ronrona em minha janela, aproveitando os últimos calores de um verão distante, são as últimas companhias, últimos prazeres possíveis para este corpo velho e fatigado, fatigado pela falta de tudo.
Tudo, todos. Todos se foram e abandonaram este solitário a beira de um mundo em colapso. A beira de um mundo em desordem, desordem igual a este coração e esta mente que agora vos fala.
Há tempos que faltam neste mundo, coisas como a igualdade entre todos, sentimento tão procurado por muitos jovens que nem eu, ao longo da história.
O mundo que viva sem amor, se é isso que todos desejam! Que todos se virem com a situação que criaram. Eles podem com isso. Eles podem, mas eu não.
Farei algo que nunca fiz antes, e não me orgulharei deste ato desesperado. Abandonarei tudo aos quatro ventos. Serei egoísta, e deixarei o fardo nas mãos dos que o criaram. Deixarei a tentativa de mudança àqueles que ainda tentam concebe-la. Tomem! É de vocês! Já agüentei isso demais. Já fui abandonado por todos, agora chegou a hora de abandonar à todos. E à esses, não desejo outra coisa, senão boa sorte, sorte que nunca me acompanhou, e que espero que acompanhe vocês.
Bebendo do mesmo cálice beijado por Sócrates, me despeço de um mundo sem solução.
Digo finalmente adeus, mas não adeus à vida, pois a vida já se foi a muito. Digo adeus àqueles que não se importaram comigo enquanto ainda tinha esperança num futuro. Digo adeus aos otimistas que ainda suportam o peso, e aos pessimistas como eu, não me despeço, pois nos encontraremos em breve. E digo adeus sobretudo a este Inferno de Dante.
Os que o agüentam e os que o merecem, que fiquem com ele!
Adeus Desesperado
por Pedro Meirelles, 01/04/03
Ó lágrimas, porque voltaste? Já não foram curadas todas as rixas? Já não foram tampadas todas as tristezas?
Não, não foram.
Em que hora mais inoportuna que voltaste. Em uma hora que preciso para lavar-me os olhos, já cansados de tanta dor. Para molhar este rosto, fatigado de tristezas, onde a felicidade não voltará a sorrir.
Em ti repousam minhas esperanças, esperança de que sejas tu a ultima a me abandonar. Pois a felicidade, a atenção e o amor há muito se foram, e, no entanto, tu continuas ao meu lado, incansável dor e tristeza.
Lágrimas de tristeza, versus lágrimas de alegria, sendo esta última, rara nesses tempos.
Tempos em que a luz do sol, e o gato que ronrona em minha janela, aproveitando os últimos calores de um verão distante, são as últimas companhias, últimos prazeres possíveis para este corpo velho e fatigado, fatigado pela falta de tudo.
Tudo, todos. Todos se foram e abandonaram este solitário a beira de um mundo em colapso. A beira de um mundo em desordem, desordem igual a este coração e esta mente que agora vos fala.
Há tempos que faltam neste mundo, coisas como a igualdade entre todos, sentimento tão procurado por muitos jovens que nem eu, ao longo da história.
O mundo que viva sem amor, se é isso que todos desejam! Que todos se virem com a situação que criaram. Eles podem com isso. Eles podem, mas eu não.
Farei algo que nunca fiz antes, e não me orgulharei deste ato desesperado. Abandonarei tudo aos quatro ventos. Serei egoísta, e deixarei o fardo nas mãos dos que o criaram. Deixarei a tentativa de mudança àqueles que ainda tentam concebe-la. Tomem! É de vocês! Já agüentei isso demais. Já fui abandonado por todos, agora chegou a hora de abandonar à todos. E à esses, não desejo outra coisa, senão boa sorte, sorte que nunca me acompanhou, e que espero que acompanhe vocês.
Bebendo do mesmo cálice beijado por Sócrates, me despeço de um mundo sem solução.
Digo finalmente adeus, mas não adeus à vida, pois a vida já se foi a muito. Digo adeus àqueles que não se importaram comigo enquanto ainda tinha esperança num futuro. Digo adeus aos otimistas que ainda suportam o peso, e aos pessimistas como eu, não me despeço, pois nos encontraremos em breve. E digo adeus sobretudo a este Inferno de Dante.
Os que o agüentam e os que o merecem, que fiquem com ele!