• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[L][Elring][Ilmedain]

Elring

Depending on what you said, I might kick your ass!
Olá a todos! Resolvi postar uma história que estava martelando na mente. Veio de repente, tanto que só rascunhei no caderno os personagens e o enredo.
A história acontece doze mil anos após os eventos cataclísmicos que destruíram Beleriand. Elfos, Anões e Homens iniciam uma nova era, com Eregion, Númenor e Khazâd-dum em crescente prosperidade. Devido as enormes diferenças entre as raças, cada uma evolui à sua maneira; elfos em seus belos palácios ou pelas florestas, mas com sua população cada vez menor, anões escavando ávidamente em Moria à procura do Mithril ou em viagens de negócio e os Homens, liderados pelos Númenorianos, experimentando um salto tecnológico e medicinal sem precedentes.

Por alguma razão sombria, os humanos são acometidos por uma devastadora epidemia. Apenas os Númenorianos se salvam, após fecharem seus portos aéreos e marítimos. Desesperados e sem esperanças de cura, os cientistas e construtores de Númenor iniciam a construção de uma gigantesca nau capaz de atravessar Ilmen para encontrarem o Destino do Homem ainda em vida. O lugar criado para os edain fora dos círculos de Arda.
Depois de cinco e exaustivos anos de trabalhos, cálculos e testes, os Númenorianos partem, sob os olhares assombrados dos elfos.
Meses se passaram quando os elfos resolveram desembarcar na ilha para descobrirem do que os edain fugiram. Estarrecidos com a descoberta e furiosos, os elfos destroem completamente a ilha e tudo o que construiram na Terra-média.
Um voto de silêncio é feito pelos seus governantes élficos referente ao que encontraram na ilha. Apesar da população ter recebido ordens para apagá-los de suas lembranças, aqueles homens que ousaram desbravar os caminhos do céu como Eärendil, ele permanecem vivos em contos infantis como Ilmedain.

Será uma história leve, com um triângulo amoroso entre Ormal, um jovem noldor, filho de um renomado ferreiro de Eregion; Brandal Tocafunda (ainda não me defini pelo nome dela), uma hobbit bordadeira de velas de um vilarejo às margens do Vesperturvo e que sonha em casar-se com o "bardo" Ormal de quem ouvia suas histórias sobre os Ilmedain; e a humana Valkiria, exímia exploradora de mundos cuja a missão é desembarcar com sua equipe e analisar possíveis condições de vida e permitir ou não a colonização, seu sonho é encontrar a terra de onde veio uma pequena árvore branca que acompanha sua família por gerações sem conta.

É isso, galera! espero poder postar mais capítulos referntes a estes três personagens!!! obrigado!
 
Última edição:
Ei, me lembra Lost :lol:
E a Valkiria me lembrou Aki Ross do Final Fantasy, o filme. Caraca... gostei da idéia. Isso de "mistério da ilha" me deixou com vontade de lê-la. Se você souber dosar as coisas, essa tem tudo pra ser uma ótima história, com todos os aspectos dos livros do Professor: aventura, romance, mistério etc.

Boa sorte e espero ver logo aqui no clube a Ilmedain.
 
É... o seriado é foda mesmo XD! E Final Fantasy dispensa comentários! Voltando à história...


"Apesar de toda Arda estar livre do Senhor do Escuro, sua sombra ainda pairava sobre o coração dos Filhos de Eru. Muitas desavenças aconteceram entre os edain e os eldar de Valinor, apesar de todas as tratativas e conselhos entre Gil-Galad, Isildur, Thranduil, Elendil, Durin e Elendil. Passaram-se séculos... milênios e cada povo avançou em seu devido ritmo. Ah! Ost-in-Edhil fulgurava como uma jóia em meio a solidão das terras selvagens. Eregion brindavam-nos com maravilhas criadas por seus artífices e Moria era o centro comercial onde todos encontravam-se, vindos do extremo Leste e do Oeste! Sim! Áureos tempos foram aqueles em que todos formavam um só povo... então... em uma tarde morna como esta, passados pouco mais de cem mil anos dos Sol... todos os da raça dos Homens começaram a tombar... acometidos por uma estranha doença que os lançava na Noite sem Retorno... Nossos Sábios diziam que a doença fora obra de Morgoth. Uma maldição lançada sobre os Filhos Mais Novos por terem lutado ao nosso lado. E, em seu desespero, lançaram-se às estrelas de Elbereth para encontrarem o Destino dos Homens, o lugar reservado por Eru aos Homens. Fora dos círculos deste mundo. Mas, como ainda vivos, podem eles encontrar sua Morada além das Portas da Noite? De onde, em anos incontáveis, habitaram Aqueles que governam Arda? Talvez este seja o quinhão ou virtude dos Homens, buscar a resposta para seus espíritos moldados na Chama Imperecível..."
- Que hitória triste, e linda! - suspira Brandal, esticando suas pernas sobre a relva aquecida pela suave brisa primaveril. Mais uma tarde morna despedia-se de seus fiéis espectadores que olhavam fixamente para as primeiras estrelas que espocavam no céu. Brandal era uma jovem hobbit sem muitas pretensões na vida, a não ser tornar-se uma bordadeira de velas para os barcos de pesca como seus antepassados, o que a desagradava muito, pois era uma legítima Brandebuque; motivo de grande preocupação para seus pais já que Brandal estava na idade de encontrar um noivo e só de pensarem em ver sua única filha mulher andando por estas terras como faziam seus tataravós Grados causava-lhes calafrios. E parte de seus problemas começaram com a aparição do elfo Ormal e contos birutas de homens que foram para as estrelas. E cada final de tarde o mesmo ritual repetia-se, Brandal abandonava seus afazeres para encontrar-se com o tal elfo filho de ferreiro! - Acha mesmo que os edain encontraram sua terra?
- Tenha misericódia, Brandal! - suplica Ormal lançando um largo sorriso à sua insaciável companheira de relva. - Também gostaria de não ser mais afligido por esta questão. Gosto de sentar nesta colina, ver o sol banhar-se no Vesperturvo e aguardar a chegada das estrelas, que são como jóias que cintilam ainda mais nestas tardes de primavera. E sua companhia tornou esta tarefa menos tediosa e mais alegre, donzela Pés-de-Elfo! - Ormal não compreendia, mas percebia a enorme satisfação que Brandal sentia ao ser chamada por esse nome. E nem sempre foi assim, por alguns anos dos hobbits, Pés-de-elfo foi um apelido pejorativo que outras crianças e até adultos chamavam-na por ter nascido com o "defeito" de ter nascido sem a pelagem caracteristica nas pernas. Algo visto com certa ojeriza pelos habitantes. Foi em sua tediosa rotina de sentar-se e viajar em pensamentos para longe do tédio que Ormal foi abalroado por uma desesperada hobbit que não suportava mais o escárnio e corria sem rumo. Ormal a tranquilizou e juntos viram os primeiros raios de sol surgirem no leste depois de longas e animadas conversas. Ormal não sabe ou por ingenuidade despertou no coração da jovem Brandal um sentimento maior do que a amizade com seus elogios àquilo que considerava um castigo injusto desde a infância.
 
- Perdão, mestre Ormal! Sua voz... digo, suas histórias parecem tão vivas em minha mente que nunca me canso de ouvi-las mais uma vez. - diz Brandal, visivelmente constrangida e torcendo suavemente o pequeno bastão que usava para prender seus longos cabelos castanhos e cacheados durante o trabalho.
- Não há do que se envergonhar, Brandal! É sempre uma grande satisfação recontar estas lendas para você! - ri Ormal, pousando sua mão esquerda sobre o ombro de Brandal e apontando para o sudoeste - Vê aquela construção as margens do Nenuial (Vesperturvo)? Outrora fora um palácio que os homens chamavam de Annúminas, morada de Elendil, o primeiro dos reis navegantes que lá hospedavam-se em eras passadas. Toda esta região pertencia à Arthedain, um dos três reinos do norte que...
Pouco importava à Brandal de quem era aquele lugar tomado pelas flores de Elanor; a grandiosidade de Númenor ou as jóias de Eregion. Acima de tudo e todos resplandecia Ormal, seu amado elfo de cabelos cor de ouro avermelhado - do qual originou-se seu nome - e que a salvara de pensamentos sinistros que a impeliam na direção do lago naquela tarde. O toque quente e macio de sua mão desconcertavam Brandal; não era como a mão de alguém que lidava com o malho e a bigorna ou como as mãos rústicas dos hobbits do vilarejo. E sua voz calma e melodiosa era commo o som da brisa em seus ouvidos que trazia-lhe um sensasão indescritível de alegria arrebatadora. E seus lábios... exerciam um facínio tão grande quanto o sol refletido sobre as águas do lago... úmidos... refrescantes...
- Brandal!!! Esqueceu dos seus afazeres?!! - grita uma voz estridente vinda do sopé da colina, era a senhora Aurora, mãe de Brandal - Venha!!! O sol já se pôs!!!
- Ah... eu... preciso ir, mestre Ormal... - diz a arfante hobbit, afastando rapidamente o rosto e prendendo novamente os cabelos.
- Perdoe-me, senhora Aurora! Estava tão compenetrado em meus relatos que não percebi o tempo passar! - diz em voz alta Ormal, pondo-se de pé e fazendo-lhe uma leve reverência. - Venha, Brandal! Eu a ajudo... estás trêmula? O que houve?
- O quê? Não, nada! Obrigada! - gagueja Brandal, que fitava-o longamente. Sem soltar sua mão.
- Brandal...
- ...sim?
- Sua mãe a aguarda.
- Eeeeehhh... já vou, mãe! - com relutância ela o solta e afasta-se com pesar. - Estarás aqui, amanhã?
- Sim, Brandal. Ao entardecer estarei nesta colina mais uma vez. - Sorri Ormal.
O rosto da jovem hobbit ilumina-se e ela corre na direção de sua mãe. Mesmo sob sermões, Brandal voltava-se sooridente para o vulto sobre a colina.
- Hobbits. Por que ainda temem a noite? Angmar não mais existe, os orcs não ousam sair de Gundabad ou das matas setentrionais e os homens maus estão todos extintos? - suspira Ormal, sentado outra vez sobre a grama e voltando a contemplar as estrelas que tanto ama e tentado advinhar para qual delas os Ilmedain partiram.
 
- Você não está olhando para a colina outra vez, Brandal?!! - exaspera-se Aurora - Sabe muito bem que não gosta daquela gente que não morre.
- Não, mamãe. Só estava trancado a janela. - suspira Brandal, afastando-se com vagar para a mesa.
- Me assusta aquele elfo lá, sentado na colina olhando para lugar nenhum! - sussurra Aurora, sentindo um ligeiro tremor enquanto servia a janta.
- Papai e os irmãos vão demorar muito? - desconversa a hobbits cabisbaixa.
- Seu pai e seus irmãos estão na sede com os demais pescadores... e chegarão tarde. Apenas nós duas jantaremos hoje. - responde secamente.
Nenhuma palavra é dita durante o jantar. Apenas seus olhos moviam-se do prato para a porta e vice-versa. Brandal não gostava quando seu pai levava os irmão para a sede, sabia que ficavam lá jogando conversa fora e bebendo até sairem do lugar apoiados uns nos outros e sua mãe destestava ouvir as hitórias do elfo maluco que falava de homens que foram às estrelas. Ambas estavam tristes e cansadas demais para travarem outra discussão sem sentido, dia após dia. Somente o som de talheres sobre os pratos soaria naquela noite.
- Aiya, senhor Ormal. Não compreendo o que fazes em terras tão longínquas. - Saúda um mensageiro com as vestes de Eregion.
- Descansando da árdua tarefa de artífice, Angbor. - responde com tom enfadonho Ormal - Que notícias o trazem tão longe de casa?
- Seu pai solicita o seu retorno imediato à Eregion, senhor.
- Algum senhor eldalië quer alguma nova veste ou arma cerimonial?
- Não, senhor. Mas Celebrimbor convoca todos os artífices para realizarem algo de extrema importância. E seu pai deseja sua participação.
A curiosidade de Ormal desperta. - E o que seria esta tarefa?
- Os detalhes estão com seu pai, porém digo-lhe que um estranho senhor élfico de nome Annatar chegou cerca de três meses atrás e que seus conhecimentos na arte de confeccionar objetos de poder superam os do senhor de Eregion.
- ...irei em dois dias. - diz Ormal, após olhar para o vilarejo de modo pensativo.
 
A cápsula de suspensão abre-se abruptamente, uma dor de cabeça indescritível - causada pelo sangue bombeado através de artérias e veias ressequidos - faz a capitã Valkiria soltar um longo gemigo.
- Piloto... espero que tenha ÓTIMAS razões para retirar-me da cápsula sem autorização médica... - tenta exclamar a capitã, completamente atordoada e respirando com enorme dificuldade. Apenas em casos de emergência extrema a pessoa é retirada da suspensão sem recomposição muscular e protéica por nanorobôs.
- La-lamento muito, capitã! Mas os sensores interplanetários encontraram algo fantástico! Um planeta habitável e com vida!!! - diz o imediato, num misto de vergonha e alegria.
O coração de Valkiria quase entra em colapso novamente. Sua mente torpe duvidava do que Meneldur dizia. Muitas vezes já enganaram-se e arriscaram-se em planetas com formas assustadores e hostis. Ela acalma-se e levanta-se com dificuldade. - Devo me re-hidratar. Em duas horas estarei na ponte. Nesse meio tempo, por favor, revejam todos os procedimentos de análise do solo, atmosfera e bioformas. Não desejo reviver o pesadelo de Hivrië 5.
- Sim, senhora.
Valkiria apresenta-se e sua forma esbelta e forte em nada lembrava a figura esquálida e cadavérica de algumas horas atrás.
- O que descobriram? - questiona a capitã, examinado atentamente o mapa do sistema solar e do planeta em destaque.
- Capitã, revisamos cuidadosamente cada detalhe das análises preliminares e, junto à equipe de engenharia, não encontramos falhas. Nem em nossos bancos de dados, nem nas lentes dos espectrômetros. Sem dúvida, há vida naquele planeta distante cem horas-luz de nossa nave. Muito perto para os sensores errarem. - relata Gilmar, chefe da equipe de exobiólogos.
- Bem... que sistema estamos?
- Desconhecido, capitã. Não consta em nossos mais antigos arquivos. De nossa nave mãe, é claro.
- Formas de vida?
- Humanóide, senhora. Bípedes. Grau de tecnologia 2. Há diversos povoados.
- Preparar equipe de terra. Estudos preliminares sobre costumes, grau de hostilidade e vestuário. Quero seis voluntários, dois médicos, três soldados e um biólogo. Tudo pronto em quarenta e oito horas.
Valkiria dirije-se aos aposentos para descansar. Estava exausta devido à readaptação forçada, porém um sorriso persistia em seu rosto. Teriam encontrado finalmente o planete que tanto procuravam? O mundo sonhado por tantas gerações de humanos? E finalmente, ela plantaria a pequena muda de árvore que sua família mantéve por milhares de anos sobre sua cabeceira?
Em meio a tantos devaneios, Valkiria adormece.
 
"Por que as notícias mais tristes chegam em dias tão belos como hoje?" - perguntou-se Brandal, aturdida com o inesperado aviso de Ormal que voltaria para Eregion com urgência. Pouco adiantava o entardecer rubro e brisa morna subindo mansamente a colina onde estavam sentados. Apenas o brilho cristalino de algumas lágrimas denunciavam a presença silenciosa do sol em sua pálida face. Desde a noite anterior, Brandal decidira declarar seu amor à Ormal. O dia raiara perfeito, sem nuvens e sem trabalhos manuais para atarefá-la, era feriado. A casa era pequena demais para conter tamanha felicidade que sentia e seu corpo quase explodia a cada batida de seu coração, que aumentavam com a chegada da hora do encontro. De natureza desconfiada, pensava várias e várias vezes na possibilidade de Ormal recusar seu amor; afinal ela era uma simples Hobbit sem pêlos nas pernas e ele era um renomado artífice de família nobre, filho de um Alto-elfo. No entanto, sua alegria era grande. Tão grande quanto a sensação de ter caído em um abismo frio ao ouvir as palavras de seu amado de que partiria...amanhã.

Ormal estava visivelmente transtornado. Mas diferente do que Brandal pensava, o elfo travava um conflito interno por causa da convocação de todos os melhores artífices, feita pelo Senhor de Eregion. Há muito tempo ouvira rumores das extraordinárias habilidades de Annatar na fabricação de objetos de poder incrível. E um trabalho que exigisse a presença de Celebrimbor e dos mais habilidosos entre seu povo deveria ser algo grandioso...e que levaria meses, ou anos de clausura na forja. Acima de tudo, Ormal prezava a liberdade dos campos e florestas e montanhas, um dom que herdara de sua mãe Uriel; infelizmente sua ávida sede por conhecimento adquirira do pai, Nártan. E estas duas metades agora conflitavam-se em Ormal.

"Vamos Brandal! Diga logo que o ama!!! Não o deixe partir!!!" - ordenava a Hobbit a si mesma - fitando a face compenetrada de Ormal, esperando encontrar alguma brecha naquela muralha invisível que o silêncio colocou entre os dois. - Você quer voltar para aquela vida monótona? Com pescadores rudes, grossos e beberrões pedindo sua mão em casamento? Em troca de embarcações ou grandes tocas como dotes matrimoniais? E todas as madrugadas de sábado ter de carregá-los para casa após as "reuniões" na Sede? Não!!! Minha vida não será assim!!! - explode Brandal, levantado-se abruptamente de seus pensamentos e assustando Ormal.

- Para onde irá amanhã, mestre Ormal? - pergunta Brandal, tentado esboçar um sorriso.
- Partirei ao entardecer e espero atingir o delta do Baranduin ao cair do dia seguinte. Lá, meu cavalo Naharín, repousa tranquilo a minha espera. Viajarei até as ruínas de Fornost para mais um descanso, só então pegarei o Caminho Verde. Uma longa e cansativa viagem até os vaus do rio Cinzento; naqueles bosques que o margeiam, mora minha mãe, Uriel. Com ele conversarei e decidirei se parto, ou não, para Ost-in-Edhil.
- ...então, desejo-lhe uma boa-viagem, Ormal. Nos encontraremos em breve - diz Brandal ao levantar-se lentamente e caminhar de modo resoluto para sua casa. Sorridente.
Ormal acompanha em silêncio sua decida. O elfo não havia atingido a maturidade física e mental, por isso não percebeu o que Brandal planejava fazer. Sua mente inquieta voltava-se para Eregion e para o misterioso trabalho que Annatar tinha proposto à Celebrimbor.
 
Enorme foi a surpresa de Ormal ao ver Brandal oferecer-se como guia de seu pequeno barco à vela, a hobbit argumentou que a viagem sobre o rio Brandevin seria menos cansativa e, com vento favorável, chegariam ao delta com um dia de antecedência. O elfo relutou por aguns momentos, mas aceitou a idéia de poupar energias para a longa viagem que faria até Ost-in-Edhil. Também lhe agradava ter a companhia de Brandal por mais alguns dias.

Feito todos os preparativos, os dois embarcam, e com extrema habilidade, Brandal inicia a lenta descida do Brandevin. O vento mantinha sua força e direção, de modo que Brandal poucas vezes precisou corrigir a rota do leme. Conversavam animadamente, a hobbit extasiava-se com o conhecimento de Ormal sobre os locais por onde passavam e deleitava-se com as canções élficas que este entoava ao anoitecer e quando o céu noturno explodia em inúmeras estrelas. Em várias ocasiões Brandal precisou refrear seu coração para não declarar-se. Não chegara o momento. Também evitava perguntar sobre o que ele faria em Eregion, ou fazer qualquer comentário alusivo ao seu destino, pois Ormal fechava-se e permanecia horas em completo silêncio.

Finalmente chegaram e desembarcaram na margem esquerda do delta do Baranduin. Ormal preparava-se para despedir-se, quando ela subitamente colocou a espada e a sacola nas costa e começou a caminhar na direção de Fornost:
- Vamos, mestre Ormal! O dia está ótimo para uma caminhada!!! - grita Brandal, após afastar-se alguns metros do rio e acenar efusivamente para o atônito elfo.
De nada adiantou toda a diplomacia e longo discurso sobre os perigos da região feitos por Ormal, a hobbit mantinha o sorriso e o andar resoluto atrás do elfo.
Ormal voltou-se com um ar sério para a hobbit e calou-se de repente. Como um relâmpago correu em sua direção, sacou da costas de Brandal a espada e num golpe preciso e certeiro, partiu uma longa flecha de pluma negra. Uma flecha orc envenenada.
- Yrch... - sibilou Ormal, pondo-se em posição de combate com a hobbit atrá de si. Um bando enlouquecido de orcs corria aos urros e berros na direção dos dois.
- Oh... o-orcs!!! - disse Brandal, mal recobrara-se do susto que Ormal lhe fizera e novamente petrificava-se ao ver um grupo de aparência aterradora vindo ao encontro dos dois. Antes que pudesse abraçar-se ao seu protetor, Brandal sente seus cabelos e vestes deslocando-se com violência. Ormal disparara em velocidade assustadora contra seus inimigos.
Os orcs param ante a inesperada investida e tentam, aos trambolhões, assumir uma posição de defesa. O primeiro orc tomba, com cimitarra e elmo partidos sem resistência. Aproveitando o susto do bando, Ormal derruba os arqueiros para que não voltassem suas flechas na direção de Brandal.
Em meio a uma grande nuvem de poeira, Brandal assistia a luta magistral de um único elfo contra os orcs. A cada golpe errado, um orc caía divido. Nenhuma arma ou armadura parecia conter a lâmina brilhante da espada de Ormal. E sua desenvoltura na esgrima revelavam a presença de um guerreiro de elevada categoria e experiência em campos de batalha.
Os gritos silenciam e lentamente, de dentro da nuvem de poeira, o vulto de Ormal caminhava na direção da hobbit. A expressão severa e assustadora do elfo rapidamente muda, adquirindo novamente a serenidade ao fitar os olhos aflitos de Brandal.
- Agora vês por que não podes acompanhar-me até Ost-in-Edhil, Brandal. - diz Ormal com a voz cansada. - Deves voltar.
- N-não posso, mestre Ormal - diz a hobbit com a voz embargada e apontando com a mão trêmulana direção do barco.
Uma tênue fumaça indicava a destruição do barco. Três orcs haviam separado-se do restante do grupo para destruir o barco e evitar uma possível fuga antes de anunciarem o infrutífero ataque.
 
"Uma vasta planície, o vento sopra sobre a grama de cor cinza. A noite estava fria, apenas um vulto deslocava-se rapidamente e sem direção. O vestido branco reluzia com força sob a luz da lua. Valkiria voltava-se de modo alucinado para todos os lados em busca de qualquer ser vivo. Onde estava? Que lugar era aquele? Ao longe, no leste, ela divisava um gigantesco paredão negro tomando conta de todo o horizonte. Jamais vira cordilheira tão imensa e assustadora como aquela. Nuvens escarlates aproximava-se com grande fúria, engolindo a lua e todas as estrelas como uma fera demoníaca.

Gritos de desespero e sons de metal ressoavam ao seu redor como por encanto. Estava no meio de uma batalha sangrenta. Guerreiros de espada e arco enfrentavam soldados armados com aceleradores de plasma em trajes de combate de absorção cinética. Porém, humanóides em longas túnicas entoavam palavras de poder e conjuravam grandes esferas e feixes de luz contra o exército high-tech; causando muitas perdas e confusão em seus generais.

Um guerreio destacava-se na vanguarda de resistência. Ele possuía uma longa esapada brilhante, trajava o uniforme de combate do inimigo sob uma capa escura e movia-se com velocidade assombrosa. Seu cabelo era de um vermelho que reluzia entre um disparo e outro. Ninguém oferecia resistência ou obstáculo para seu avanço. Os olhos do guerreiro brilhavam como a lua cheia e fitavam ferozmente uma única pessoa; o general. Imóvel, ele vestia uma versão avançada dos demais uniformes e parecia feito de um fogo que pulsava em seu interior, seu semblante era de júbilo, olhava com enorme prazer ao desenrolar da batalha e para o guerreiro que o perseguia. O general desfez-se do rifle de ondas e desembainhou calmamente apenas um cabo de uma espada sem lâmina. Ele grita para todos se afastarem. O guerreiro assume a posição de ataque. De súbito, o fogo pulsante da armadura do general começa a mover-se e a concentrar-se no cabo. Uma explosão de chamas e surge a lâmina de brilho incandecente. Os dois atacam e do primeiro encontro das espadas, ondas de choque e raios espalham-se por toda a planície.
Valkiria cai com os ouvidos tapados. Novo baque, e por fim o silêncio. Ela ergue os olhos e fita horrorizada o guerreiro trespassado pela lâmina fumegante do general. Após dar seu último suspiro, o general lentamente olha para Valkiria e sorri e diz:
- Obrigado..."

Valkiria desperta de sua cápsula com o corpo banhado em suor. Trêmula, ela tentava reorganizar seus pensamentos para certificar-se de que tinha apenas tido o mais terrível dos pesadelos. Mas por que? Há muito tempo Valkiria sequer sabia o que era sonho. Sonho? Ou algum aviso?
 
A viagem seguiu sem qualquer outro ataque por parte dos orcs ou de ladrões que espreitavam as areas ermas do Caminho Verde. Naharín, o belo cavalo que Ormal recebeu do rohirrim trotava de forma tão suave e segura que Brandal adormeceu durante a maior parte da travessia. Já estavam em viagem por quase dois meses, quando chegaram aos vaus do rio Cinzento. Em momento algum a jovem hobbit demonstrou tristeza ou saudade de casa; refeita completamente do susto, Brandal ria, cantava e perguntava sobre paisagens, ruínas e animais estranhos que cruzavam seu caminho. Ormal respondia e com grande satisfação contava-lhe todas as histórias dos povos e dos lugares por onde passavam.
No entanto, o encontro de Ormal com sua mãe Uriel superou todo o facínio que Brandal possuia sobre as lendas élficas. A hobbit esforçava-se para crer que não estava em sonho e a beleza majestosa de Uriel a deixara petreficada, a semelhança entre os dois era evidente. O elfo a conduzia gentilmente pela mão até o lugar onde a estática Brandal estava:
- Esta é Brandal, filha da senhora Aurora Tocafunda. É uma grande amiga. - disse Ormal fazendo uma ligeura mesura à hobbit.
- Almarë, jovem Brandal - saúda Uriel com um agudo, mas sereno olhar.
Brandal estremece, um estranho calor subia por todo o seu corpo e os olhos esverdeados da elfa a mantinham presos aos dela. Porém, em um movimento involuntário seus olhos procuram os de Ormal e no mensmo instante, todo o medo e insegurança que sentia desapareceram. Um discreto sorriso brotou dos lábios de Uriel.
- Meu filho está em excelente companhia. - disse Uriel, acariciando os cabelos da hobbit - Seja forte, Brandal. Os caminhos do coração são os mais difíceis e mais dolorosos de se trilhar. Não ceda aos que lhe apontarem algum atalho.
- E você, meu amado filho - ela o fita de modo sério - Cuidado! A suas escolhas podem lhe trazer alegria para quem ama e a destruição para todos os povos livres.
 
A nave-pesquisa orbitava sinistramente a órbita do planeta. Em seu interior, a equipe de seis voluntários aguardava em silêncio a entrada da capitã Valkiria na entrada câmara de lançamento da cápsula que os conduziria ao solo em segurança. Todos se entreolhavam e, para afugentar o nervosismo, checavam metodicamente seus equipamentos e trajes. Apenas o zumbido abafado da câmara ressoava absoluto.

A capitão irrompe pela porta de capacete na mão, o rosto tenso mas decidido:
- Senhora! Devo lembrar que esta sua decisão viola todos os protocolos de segurança! - exaspera-se o tenente Valmir - Não pode descer ao planeta a autorização do Rei!
- Estou ciente disso, tenente. E devo lembrar-lhe que tenho total autonomia sobre as decisões de descer ou não em um planeta. Os protocolos de segurança foram seguidos à risca! Não quero arriscar minha equipe tanto quanto você! Todas as análises foram feitas e refeitas à exaustão. E também não quero retirar a nave-mãe de seu curso por um novo alarme falso... você quer, tenente?

Valmir cala-se, não desejava de jeito nenhum explicar-se aos seus superiores por um outro possível engano.

- Equipe de terra! Preparem-se para a descida!
No entanto, antes que todos pudessem sair de seus lugares, uma violenta explosão arremessa todos para o alto. A nave fora atingida.

- Informe, ponte! O que nos atingiu?! - grita Valkiria
- ...um... meteorito! Atingiu os reatores da nave! Estamos perdendo força! Núcleo atingindo massa crítica!!!
- Evacuar a nave! Tripulação, evacuar a nave!!! Todos às camaras de emergência!!!

Uma nova explosão e os corredores ficam completamente escuros. As portas para o interior estão seladas. Batidas desesperadas e gritos atravessam a grossa porta que os levaria as cápsulas.

- Vamos, capitã!!! Não dá mais!!! A nave vai explodir!!! - Grita o tenente que a puxava com fúria para a cápsula. Eles entram, os fechos magnéticos soltam-se da cápsula e um violento impulso dos propulsores os arremessa segundos antes de nave-pesquisa tranforma-se em uma minuscula estrela azulada. A cápsula é atingida pela onda de impacto.

Ormal e Brandal estavam acampados a poucas milhas de Ost-in-Edhil. O céu límpido e estrelado trazia ao elfo um pouco de paz ao seu espírito inquieto. Não gostara do que sua mãe lhe dissera, assim como destestava a idéia de voltar a trabalhar por meses, quiçá, anos, em um novo trabalho que exigia a presença dos melhores artífices em Eregion. Anos... e quanto à Brandal? Somente as vistas da cidade se dera conta de que a hobbit o acompanhara até aqui. Nem por um momento a mandaria de volta e seu pai não cederia nem um guarda para levá-la em segurança até o Vesperturvo.

- Será que sua mãe gostou de mim? - sussurra Brandal, depois de fitá-lo com um certo receio de fazer a pergunta que martelava em sua cabeça.
- Minha mãe?... ah, sim! Ela gostou de você. - diz abruptamente o elfo ao voltar de seus devaneios.
O rosto da jovem ilumina-se, e ela deita-se para observar, sonhadora, o céu estrelado.
- É uma linda noite... - murmura Ormal, observando a miríade de estrelas.
- Sim... fico imaginado quantas outras os Homens já devem ter visto. O vazio que está além do véu que cobre nosso mundo... o que será que eles vêem a noite?
- Quem sabe? Talvez os palácios de Manwë e de sua Senhora Elbereth se eles encontraram finalmente o Destino reservado à eles por Ilúvatar. - o longo suspiro que Ormal soltava foi interrompido pela enorme centelha que riscava a noite e descia velozmente em direção à planície norte de onde acampavam.
- Ormal!!! O que é aquilo?! - exclama Brandal, agarrando com força o braço esquerdo do elfo.

Os dois mantinham a respiração presa. O chão tremia e nuvens e pó erguiam-se em forma de ondas. A noite cedeu a uma luz cegante enquanto a bola de chamas descia ao solo rugindo como um grande balrog de Morgoth. Segundos que pareciam horas passaram-se, e um grande baque, mais alto que qualquer trovão que tinham ouvido, varreu toda a planície. Uma enrome espiral projetou-se do ponto onde a bola caiu. Tomado por uma estranha senação de urgência, Ormal arrastou a hobbit até Naharín e disparou em direção ao local, sob os protestos de Brandal.

A cena era assustadora. Uma enorme vala fora sulcada no chão bruto por muitas braças. As poucas árvores foram arrancadas e jogadas a um canto. No fim do grande buraco, uma esfera negra envolta por grandes velas incineradas jazia em seu interior. Uma parte da esfera é expelida para o alto e um facho de luz surge de seu interior. Um vulto projeta-se para fora com dificuldade, ele tentava retirar um segundo. Suas cabeças eram grandes e redondas e pontas saíam de onde deviam ser as orelhas. Era uma visão medonha. Brandal estava petreficada e lívida como um espírito. A primeira criatura retorna rapidamente para o interior e retira mais uma. O facho de luz vacila e cede lugar para uma d tom escarlate. O elfo é invadido novamente pela urgência e salta detrás dos escombros, Brandal estaca com o braço estendido a frente, seu pânico a impedia de gritar.

Ormal desembainha sua espada e se aproxima com cautela. O segundo vulto estava desacordado, sua aparência era medonha: as vestes coladas ao corpo com grandes placas lustrosas sobre o peito, braços e pernas... semelhante a uma armadura. O primeiro vulto sai velozmente da esfera com outro à tira-colo. Ele para alguns metros ao ver Ormal ao lado de seu parceiro. O elfo o vê ofegar rapidamente e sua mão descer até a cintura lentamente. Ormal interpreta o gesto hostil e, calmamente, vira o cabo da espada na direção do vulto e ergue a mão esquerda espalmada em sinal de paz:

- [ Vim ajudar! Não lhes causarei mal! ] - exclama Ormal - *aqui o autor faz de conta que está traduzindo o idioma élfico*

Por um breve minuto os dois se encaram, então um forte estouro vindo da esfera os desperta. O vulto retira apressado o estranho elmo e uma bela mulher de cabelos curtos começa a caminhar na direção de Ormal com expressão aflita e carregando o estranho com certa facilidade:

- [ Por favor! Me ajude! Não temos muito tempo! Me ajude a carregá-los pra longe!!! ] - *é adûnaico moderno :mrgreen: - grita Valkiria.

O elfo, mesmo não compreendo o que a estranha moça fala, interpreta seus gestos e rapidamente coloca o outro estranho em seus ombros e começa a escalar a vala chamuscada na direção de Brandal, com Valkiria loga atrás.

- Não diga nada e nos acompanhe, Brandal, depressa!!!

O grupo se afasta em tempo. A esfera explode, arremessando terra e metal em todas as direções e derrubando os sobreviventes com o deslocamento de ar. Em silêncio todos observam a grande fogueira arder na desolada planície.
 
Última edição:
Um estranho murmúrio de água escorrendo começa a despertar Valkiria aos poucos. Ela geme por causa de uma crescente e pulsante dor que espalhava-se por todo o seu corpo; cabeça, corpo e membro latejavam de modo incessante e forçando-a a reduzir o ritmo da respiração. Todo o seu esforço concentrava-se em produzir um pouco de saliva na boca e na garganta para produzir algum som. Valkiria não ousava abrir os olhos naquele estado em que se encontrava, só pensar já lhe causava um tremendo desconforto.

- Onde... onde... est...- balbuciou a capitã.
- Não fale, capitã! Sou eu, Valmir. - responde o tenente e chefe da equipe médica da nave. - Você está sofrendo os efeitos dos nano-adaptadores, eles estão ajustando seu organismo para a gravidade, pressão atmosférica e eliminado microorganismos que possam ser nocivos ou letais, tanto para nós quanto para eles... - o oficial aponta na direção de Ormal e Brandal - O estranho de orelhas pontudas parece compreender o que falamos e graças a assistência dele, podemos nos abrigar entre os arbustos desta floresta... acho que é esse o nome..., enfim, a senhora está deitada há dois dias e dentro de mais algumas horas poderá levantar-se sem problemas.
- E, como... está a piloto? Zimraphel?
- Está fazendo o reconhecimento local com a ajuda da... amiga pequena do orelhudo. Ela não confia muito em nós, o que era esperado; afinal, devo presumir que jamais tenha visto uma estrela cair do céu com seres em seu interior. Foi com muito custo que o estranho a convenceu a nos ajudar.
- De fato... mais alguém sobreviveu a queda? - pergunta de modo esperançoso.
- Não, capitã... só nós três... felizmente... alguns equipamentos médicos e de sensoreamento foram retirados dos escombros da nave. - responde cuidadosamente Vilmar. - Mas estamos isolados da nave mãe. Nenhum equipamento de comunicação foi salvo...
 
Valkiria inspirou profundamente o aroma que a brisa lhe trazia, o ar estava levemente úmido e quente. A oficial mantinha os olhos fechados e esforçava-se contra a crescente vontade de olhar e contemplar mais um novo mundo. Ainda não. Ela precisava repassar mentalmente todas as diretrizes e procedimentos de segurança em planetas desconhecidos. "Se todos os dados sobre o planeta estavam corretos, é provável que a queda da nave tenha sido avistada pelos habitantes num raio de centenas de milhas" - pensou a capitã - "Temos poucas horas até que encontrem os destroços e não posso confiar na hospitalidade dos moradores para com quem cai do céu". "Sim... fomos salvos por dois nativos, um sujeito alto com uma espada, devo presumir que ainda vivam na idade do metal... isso é bom, talvez não tenham descoberto o uso do nitrato em armas de balística" - os olhos da oficial moviam-se com mais velocidade sob as pálpebras - "Muito bem! Devo tentar algum contato com estes dois nativos e procurar algum abrigo, espero que alguns dos nano-decompositores tenham resistido ao impacto. Assim posso dissolver o restante da nave. Não será sob o meu comando que ocorrerá um salto tecnológico abrupto! Valmir disse que Zimraphel estava fazendo o reconhecimento da área. Muito bem! Além de piloto e astronavegadora, ela é perita em geologia planetária e segurança da equipe de terra. Hum... talvez possamos aproveitar algo do sistema de navegação da cápsula para tentar construir um rádio transmissor e..." - A MINHA ÁRVORE!!! - Grita a capitã ao colocar-se de pé e com os olhos esbugalhados.

A insperada e assombrosa recuperação quase fez o coração da jovem Brandal sair galopando de seu peito. Enquanto Valkiria estava absorta em seus pensamentos, a hobbit a observava de modo embevecido. Não acreditava, por mais que observasse e tocasse delicadamente suas estranhas vestes, que estava diante de uma mulher da raça daqueles primeiros atani que atravessaram Ilmen em busca de seu destino. Durante muito tempo, mais precisamente quando encontrou Ormal às margens do Vesperturvo e ouviu suas primeiras histórias sobre a raça dos Homens Celestes, Brandal sempre tentou imaginar como seriam e onde estariam depois de tantos milênios e sempre se perguntando o por quê de terem partido sem qualquer explicação. Agora, a hobbit estava frente à frente não com um, mas três representantes da lendária raça das estrelas. A hobbit só não esperava por aquela reação espantosa da mulher.

Refeita so susto, Brandal via-se sentada de modo constrangedor aos pés de uma mulher atani de expressão terrível. A hobbit levanta-se e começa a correr alucinadamente.

Parada no mesmo lugar, a capitã tentava inutilmente chamar por ela para se desculpar pelo mal-entendido.
 
A oficial curva-se a frente e coloca a mão esquerda sobre os olhos latejantes. Seu corpo estava perfeitamente adaptado, porém seus sentidos ainda levariam mais algum tempo. A luminosidade repentina do dia e o modo abrupto de como se levantou, contribuiram para a tontura e o retorno da dor de cabeça. Por breves instantes teve a impressão de que estava submersa na água, o som ao seu ficara abafado e distante. De súbito, ela sente um forte aperto em sua nuca.

- Calma! Sou eu capitã! - responde apressadamente Valmir - Mantenha a cabeça baixa por mais três minutos. Já vai passar.
- Obrigada, tenente. Onde está Zimraphel?
- Aqui, capitã! - reponde uma mulher de grandes olhos verdes marejados, cabelos loiros muito claros presos em uma trança. Ela tinha as maçãs do rosto avermelhadas por causa do sol e sorria como uma criança. - Retirei todos os equipamentos que resistiram ao impacto, e nesse resgate não estão incluído os sensores e processadores de alimentos e remédios, a não ser aqueles em nossos trajes. Também realizei o procedimento de destruição da nave... não restou nada.
- Muito bem, Zim! - responde Valkiria - De agora em diante nos chamaremos pelos nomes! Nada de revelarem nossas patentes. E devemos encontrar, depressa, algum lugar para escondermos nossas vestimentas e equipamentos. E nossos anfitrões? Onde estão? Acho que assustei a pequena sem querer.
- Ah, não se preocupe com ela! - diz a sorridente piloto - Enquanto a senhora, digo, você estava em fase de adaptação a pequenina sempre escapulia de mim quando eu me virava para vasculhar a cápsula.
- E nosso amigo de orelhas pontudas - complementa Valmir - parece que foi a uma cidade, ou vilarejo, apanhar algumas roupas locais e mantimentos, noite passada.
- Como você sabe disso?! - intriga-se a oficial, erguendo as sobrancelhas.
- Foi uma sensação estranha... apesar de ele falar em seu idioma... eu, de alguma forma compreendi tudo o que ele dizia... - diz o tenete e franzindo a testa. Será que ele é capaz de realizar sondagem mental?
- ... é possível... já encontramos criaturas que se comunicavam em outro nível de linguagem... mental se preferir. - pondera a capitã, ela destestava qualquer tipo de invasão ou sondagem em sua mente. Não tinha boas lembranças da última vez que sentira a terrível sensação ao ter seus pensamentos mais íntimos expostos sem permissão. - Se perceberem qualquer tipo de sondagem, resistam e, somente como recurso final, utilizem os inibidores sinápticos nele. Agora... só nos resta aguardar o retorno do orelhudo, e, espero, sem companhia.
- Não se preocupe, cap... Valkiria! Ele garantiu que, ao fim desse dia, somente ele retornará. - responde Valmir

Ela sorri e vira-se para contemplar a imensa planície à sua frente. Estavam próximo das margens do rio Cinzento e protegido pelas árvores que cercavam o lugar. Do outro lado do rio, na direção noroeste, Valkiria via perfeitamente o rasgo causado pela queda da cápsula no solo árido e avermelhado. Nada mais havia naquela região desolada, as pequenas elevações ao norte misturavam-se com as ondas de calor que elevava-se do chão quente. No oeste, um sol majestoso descia de forma solene atrás de uma grande massa escura que seguia sobre a linha do horizonte. Porém, foi a gigantesca cadeia de montanhas no leste que chamou sua atenção. Altas e com picos pontiagudos e sombrios que pareciam desafiar o céu, a extensa muralha rochosa inpiravam um certo temor em Valkiria, que sentia o calor da tarde desaparecer só de mirar aquela formação sinistra e silenciosa que a natureza, ou alguma outra força, a esculpira.
 
Ost-in-Edhil! A resplandecente cidade forte! Em meio a desolação fronteiriça de Eregion, ergueu-se um lugar paradisíaco, porém, de intenso comércio. Sua construção possuía traços das duas raças que lá intercambiavam de modo incessante. As ruas de pedras polidas e de encaixe perfeito, com poucas ondulações e amplas para a passagem de pedestres e carroças. Casas de jóias margeavam as ruas principais da cidade, disputando silenciosamente a atenção dos transeuntes para suas entradas esculpidas e detalhadas com desenhos e formas; cada uma revelando a habilidade e a linhagem de cada família. Apesar de existirem, escultores, ferreiros, armeiros e tecelãos, as lojas mais movimentadas de Ost-in-Edhil eram as dos Joalheiros. Todos procuravam novidades em matéria de adornos, anéis, gargantilhas, pulseiras, tiaras e, principalmente, as jóias lapidadas por mãos tão hábeis que assombravam e fascinavam seus compradores, seja de famílias nobres élficas ou pertencentes as renomadíssimas Casas naugrim.

Paralelamente às ruas principais, havia ruelas arborizadas que terminavam e lindos jardins ou átrios amplos; onde sempre aconteciam as disputadas apresentações dos menestréis e músicos. Ao som dos acordes de alaúdes, flautas doces e harpas, somava-se o murmúrios das fontes de águas cristalinas feitas por mãos naugrim. Escadarias majestosas conduziam os viajantes a conhecerem os salões subterrâneos de Ost-in-Edhil. Tão movimentados quanto as ruas da superfície.

Indiferente a toda essa maravilha esculpida no deserto, um jovem de origem noldorim e pertencente ao Povo Joalheiro, atravessava com grande velocidade as praças floridas do centro da cidade.

- Aiya, senhor Ormal! Onde vais com tanta pressa? - pergunta Angbor, o mensageiro enviado por Nárthan, pai de Ormal. - Khâzad-dum não está tão longe para comprar tantos mantimentos.
- Não irei para a Forja, Angbor. Tenho outros assuntos a tratar. Orcs atacaram nos vaus do Rio Cinzento.
- Yrch? Até hoje não houve qualquer ataque de um bando sequer tão perto das fronteiras de Eregion... a não ser nos picos das Montanhas Sombrias e nas terras negras do Leste. - disse o elfo, mais para si mensmo.
- Não somente vi como os derrotei. Infelizmente alguns deles destruíram a embarcação da jovem Brandal. Ela era meu guia de viajem.
- A Periannath? Por que a trouxe para tão longe de suas tocas? - perguntou Angbor, torcendo levemente o nariz.
- Não a menospreze, Angbor. Não é esta a conduta de nosso povo. E a história não será contada por mim nesta noite. O tempo urge. Mande meus sinceros pedidos de desculpas ao meu pai. E diga que a senhora Uriel o espera para uma visita. Adeus.
- Eu farei o que pedes. Antes de partir, senhor Ormal... posso fazer-lhe uma pergunta? O senhor viu uma enorme estrela cair próximo do local da morada da Dama Cinzenta?

Ormal estaca de súbito com a pergunta e sem demonstrar qualquer nervosismo, reponde:

- Sim, foi há duas noites e parecia que o dia chegara mais cedo. Algum morador da cidade ou arredores foi para lá...?
- Ah! Iriam, meu senhor! Contudo, a chegada do senhor Annatar na Forja causou tanto alvoroço que varreu este evento de suas mentes. Dizem que até Celebrimbor ficou abismado com os conhecimentos de senhor élfico.
- ... irei para lá quando tiver resolvido esta questão, Angbor...- Ormal vira-se e parte velozmente para os estábulos de Ost-in-Edhil. Sua mente fervilhava ainda mais com a notícia da chegada de Annatar e seus dons fabulosos.
 
Foi com grande satisfação e alívio que Valkiria recebeu de Brandal a pequena redoma de trinta centímetros que continha sua preciosa árvore. Por anos sem conta, ela esteve sob a guarda de sua família. Dizem as lendas que ela foi retirada do planeta natal de sua raça antes do embarque, há milhares de anos atrás. A oficial a apanha com delicadeza das mãos trêmulas de Brandal, esta gesticulava para o local onde a cápsula caiu e fitava a humana com olhos suplicantes de desculpas. Valkiria sorri e acena positivamente com a cabeça. A capitã a teria abraçado ou afagado suas madeixas encaracoladas. Porém, os protocolos sobre abordagem em planetas de culturas diversas orientavam os viajantes a não gesticular de modo brusco ou tocar em qualquer parte do corpo; o que poderia ocasionar algum tipo de ofensa por parte do nativo.

Valkiria se afasta e convoca a presença dos companheiros. Uma rápida conversa e minutos depois os três caminham em direções opostas, formando uma espécia de triângulo. Cada um deles retira dos bolsos do traje uma esfera negra que elevou-se magicamente no ar e desapareceu num piscar de olhos. Em seguida, os três abriram um pequeno aparelho de formato discóide, como um porta-jóia, prateado e com uma tampa translúcida que, rapidamente, começou a brilhar e exibir diversos desenhos em miniatura e coloridos. Por longos minutos ficaram eles levantando e abaixando seus curiosos porta-jóias; e movendo-os de um lado para o outro.

Brandal sentou-se sobre os joelhos com a coluna ereta. A hobbit imaginava que os edain estavam realizando algum tipo de ritual cerimonial aos espíritos da natureza, como os elfos sempre faziam em bosques próximos do Vesperturvo. A saudade estendeu sua garras e apertou o pequeno coração de Brandal ao lembra-se do lar e de seu amado mestre Ormal. "Onde ele estaria e por que demorava tanto a retornar?" Não se sentia nada à vontade diante dos olhares desconfiados da líder e do macho humano. A mulher de cabelos de ouro era simpática e sempre sorria para ela. E eram engraçados seus olhos verdes arregalados quando a humana tentava se comunicar com ela com gestos largos e a boca mole como a de um pescador bêbado que tentava falar. Brandal sentiu uma leve pontada de culpa e remorso por aquela situação embaraçosa.

- Bem, se nosso analisadores estão corretos e sem danos em seus sensores. O planete não apresenta qualquer tipo gás nocivo ou letal à nossa saúde. - diz Zimraphel, após checar os dados enviados pelos micro satélites de prospecção aéreos.
- A temperatura do lugar é mediterrânea, em torno de 28°. Pressão atmosférica de 0,01 por cm3. - completou Valmir

Nesse momento, um estranho rugido ressoa no local. Todos dirigem seus olhos para uma vermelhíssima Zimraphel.

- Realmente... faz tempo que não comemos nada. - diz Valkiria colocando a mão sobre o estômago e sentindo este acusar a fome.

Brandal se coloca de pé e inicia os preparativos da ceia sob os olhares curiosos do trio. As habilidades de Brandal para a culinária enchiam de admiração o grupo humano. Em pouco tempo uma caldeira crepitava sobre uma alegre fogueira. O aroma atiçou ainda mais a fome.

Três vasilhames de um líquido avermelhado forma servidos pela sorridente hobbit. Que sentou-se triunfante com seu prato fumegante.

- Coloquem suas pílulas de adaptação no caldo. Elas vão preparar seus estômagos e intestinos para a comida local e suas peculiaridades. Passamos muito tempo no espaço com alimento processado. Já sabem o precedimento. - relata a capitã.
- ... mas capitã, digo... Valkiria, essas cápsulas são aquelas que nos causam muito enjôo! - exclama Zimraphel com ar de repugnância.
- É uma ordem - respondeu Valkiria, fulminado-a com um olhar que a fez lembra-se de todos as diretrizes a seguir em mundos diferentes.

Uma hora e meia depois, o receado efeito por Zimraphel acontece, fazendo a piloto e a capitã escorarem-se numa árvore para regurgitar até o que não tinham mais no estômago. Mas nenhuma delas reclamou. O efeito em Valmir foi pior e contrário. Ocultado em uma moita o pobre oficial médico gemia, acompanhados por altos estampidos.

Perto da fogueira, Brandal olhava desolada para o seu prato, imaginado onde havia errado. Se foram as ervas do tempero ou as plantas silvestres, a hobbit só vai descobrir muito tempo depois.
 
Última edição:
Desculpem a demora ^^!


Os três viajantes se recuperam e começam a comer animadamente como se nada tivesse acontecido. Um céu pontilhado por milhares de estrelas anunciava mais uma noite sem chuvas naquela região. Valkiria e Vilmar conversavam e apontavam para o alto, traçando longos arcos e retas entre as estrelas; como se tentassem refazer a rota por onde vieram. Zimraphel tentava mais um contato amigável com Brandal, com muito esforço a jovem hobbit procurava manter-se séria e não cair na gargalhada. O que não era nada fácil quando a humana apontava para a colher e lhe dizia o nome equivalente em sua língua. Animada com a receptividade da pequena de pés grandes, Zimraphel apontava e mostrava-lhe um sem número de objetos; desde árvores e arbustos, até um grande inseto de olhos vermelhos que planou diante de seus olhos esbugalhados. "Uuuaaaaahhh!" foi o nome mais estranho que Brandal já ouviu para um besouro.

A brisa muda de direção. A hobbit coloca-se de pé num salto e mantém um olhar horrorizado na direção do rio Cinzento. Valkiria levanta-se e acena para os companheiros que, imediatamente, colocam um pequeno pedaço de vidro tranlúcido diante dos olhos. Os pêlos da nuca de Zimraphel levantam-se, à cerca de sescenta metros, depois de saírem do rio, cinco monstruosas formas subiam a colina na direção da fogueira. Através dos visores ajustados para a escuridão, o trio vê enormes criaturas andando de modo furtivo sobre quatro patas. Mas o que lhes causou maior temor forma os olhos faiscantes de cada besta: de maldade e crueldade pura eram feitas aquelas formas.

- W-wa-wargs!!! - sussurra Brandal que colocava toda sua vontade para escapar da malícia das criaturas da noite. Instintivamente, ela corre.

As criaturas percebem a fuga da hobbit e iniciam a caçada. Valmir abre uma das maletas metálicas e joga um dos rifles de energia para a capitã que, sem desviar os olhos da criatura que perseguia a hobbit, executa um poderoso disparo no flanco direito do lobo. O impacto do raio azul-celeste o arremessa a quinze metros de distância. A poeira erguia-se do solo por causa do ar deslocado pelos feixes. Brandal estava protegida entre os três. Entre os quadris de Valkiria e Vilmar, ela via os cinco wargs ergurem-se e iniciarem o cerco. Os lobos divertiam-se com a resistência inútil de suas vítimas, seria uma questão de tempo até seus brinquedos pararem de soprar. A arma do médico falha, o warg a sua frente aproveita a distração e salta com as mandíbulas escancaradas. Um zunido e o lobo demoníaco está imóvel no chão. O mesmo som e mais um tomba. Brandal vibra, pois quem avançava sobre o cavalo Naharín e disparava flechas certeiras era Ormal. Com uma expressão de fúria, o elfo joga-se sobre o lobo chefe e enterra a longa espada em seu dorso vermelho. O líder do bando mal soltara o suspiro final quando Ormal já abatia outro com um golpe preciso na jugular. O quinto perde completamente a coragem e foge para a escuridão.

- [Vocês estão bem?] - pergunta o elfo, pondo-se de joelhos e tocando levemente a cabeça de Valkiria, que estava sentada no chão e olhava perdidamente para o rifle. Ela sente alguma coisa rondando sua mente.

- [AFASTE-SE! NÃO ENTRE EM MINHA CABEÇA!] - grita a oficial com um golpe no braço de Ormal.

Valkiria gira o bracelete esquerdo do traje e, no mesmo instante, o elfo cai com violência no chão, gritando e contorcendo o corpo. Brandal corre e apóia a cabeça de Ormal sobre os joelhos.

- [P-por favor... não vou feri-la...aaahhh... nãooo vou...]- suplica o elfo

- [PAAAAREEE!!! ELE SALVA SUA VIDA!!! PARE SEU ATAQUE!!!] - grita a hobbit no antiga língua falada pelos atani há muito tempo.

Valkiria desativa seu inibidor sináptico. Zimraphel e Valmir também olham com assombro para a pequena silvícola que acabava de gritar em seu antigo idioma. Mas como? Todo voltam sua atnção, inclusive Ormal, para os misteriosos conhecimentos da hobbit.
 
Nenhum outro assunto gerava tantos cometários quanto a chegada de Annatar entre os artífices de Eregion. E nem tamanha admiração. Ele aparentava ser um nobre senhor élfico noldorim, seu semblante era majestoso e transmitia muita sabedoria. Aos que o aboradavam com perguntas, Annatar respondia com enorme satisfação e sorriso cativante e demonstrava um vasto conhecimento sobre Valinor e sua histórias. Suas palavras tocavam corações e mentes com discursos entusiastas sobre a reconstrução da Terra-média e da glória de um novo império eldar tão venturoso, ou mais, do que o vivido por seus parentes de Aman. Suas únicas queixas eram a recusa do povo de Gil-Galad e Círdan de participar desta nova aurora dos noldor após o cataclismo que submergiu Beleriand.

- "Não é uma lástima a recusa dos poderosos de Lindon em recriar nestas terras a bem-aventurança de Valinor?" - discursava Annatar, sempre acompanhado pelos acenos afirmativos da população de Eregion.

Em meio à multidão que aplaudia Annatar, Nárthan recebia a notícia de Angbor sobre a partida de seu filho Ormal.

- Que assunto ter maior importância do que este evento que estamos presenciando? - surpreende-se Nárthan.
- Se perdoar-me o comentário, creio que Ormal ainda é muito jovem para a vida reclusa de um artífice. E seu entusiasmos por aventuras em lugares distantes é maior que o conhecimento por criar espadas ou jóias.
- Ou seja, cada vez mais parecido com a mãe! - retruca Nárthan com um tom de desgosto. - Uma vida ou um reino não se constrói apena com dança e música! Uriel nunca compreenderá que os dias de Doriath nunca mais retornarão! Melian, sua senhora, há muito regressou para Aman para lamentar a morte de sua filha Lúthein! Beleriand não mais existe! Morgoth foi destruído e os númenorianos partiram para sempre em busca de seu Destino! Por quê desistir desta terra e partir para Valinor? Não estamos em condições de reeguer nossos reinos outra vez? E tudo o que meu filho deseja é aventurar-se com uma perian pescadora do Nenuial?!
- Os pensamentos de mestre Ormal são confusos e indefinidos, devido à sua juventude. Ele cresceu em meio a paz, nunca participou ou viu uma guerra de proporções devastadoras. Seu coração é brando e repleto de sonhos. Permita que estes devaneios desapareçam da mente de seu filho com o tempo e refreie sua ira, senhor Nárthan.
- Jovens!!! Obrigado por sua palavras, velho amigo. A prudência em suas palavras permanece aguda mesmo em tempos de paz! - elogia o artífice com um largo sorriso. - Venha! Vamos ouvir mais alguém de grande sabedoria!
- Se sua palavras são verdadeira a meu repeito, as palavras deste senhor Annatar causam-me preocupação. Nosso rei Ereinion não costuma proibir pessoas de entrarem em seus domínios... - sussurra Angbor.
- Olhe para a trilha à nossa frente, Angbor! E não para o que deixamos para trás! Como fazem o povo de Lindon ao contemplarem o Oeste! Aqui é nosso destino! - exclama Nárthan efisivamente.

Os dois amigos mergulham entre as centenas de ouvintes que reuniam-se no anfiteatro em frente aos portões de Hadodhrond, onde Annatar discursava com grande alegria e um brilho enigmático nos olhos.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo