Retornando...
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Narug, acompanhado de seus dez soldados, sobrevoava campos, rios, montanhas e vales em direção às Montanhas Sombrias. Cruzaram Mordor em alta velocidade. Planavam a uma altura elevada. Desviaram dos cumes das Ephel Duáth. Cortaram Nurn e como flechas passaram ao lado da Montanha da Perdição, agora adormecida, e da grande fenda, onde outrora se erguiam as fortalezas do Senhor dos Anéis. Em poucos minutos atingiram as Ered Lithui. Agora sobre Dagorlad, seguiam em linha reta para o Vale do Riacho Escuro, na encosta das Montanhas Sombrias.
-- Formação de milícia! – Bradou Narug. Dois soldados adiantaram-se em alta velocidade. Seis se colocaram ao lado dele, três de cada lado. Dois se atrasaram, para defender a retaguarda.
Em períodos q só os daquele povo podiam compreender, um dos batedores atrasava e trazia notícias sobre a região mais adiante, enquanto um dos defensores adiantava-se e informava sobre a retaguarda.
Estranhamente, no momento previsto para q um dos batedores retornasse ninguém veio. Os sete q estavam na formação do meio apressaram-se a ponto de ver, mesmo à distância, acima do Campo de Celebrant, os dois batedores serem destroçados no ar pelas garras de Thorondor e mais duas águias gigantes.
Magnífico como de costume, Thorondor agitava suas asas enormes, “q abertas cobriam mais de sessenta metros”. Suas garras e unhas, as mesmas q um dia, há muito distante, deixaram uma cicatriz na face de Morgoth, esmiuçaram o corpo de um dos batedores. Ao terminar, se voltou para Narug e seu séquito, agora reunido com os defensores, e os ameaçou ainda à distância:
-- Todos aqueles q desejam o fim da paz e o retorno do Senhor do Escuro não receberão piedade vinda das Águias de Manwë. Como Rei delas não permitirei q passem.
Narug ficou terrivelmente impressionado com o poder de Thorondor. Apenas tinha ouvido falar de seu tamanho e força, no entanto, seus próprios olhos tinham a oportunidade de contemplar a realidade. Infelizmente, viu q os rumores sobre as águias não eram exagerados ou absurdos.
-- Mestre Holyër não previa isso... – murmurou consigo. – Só nos resta blefar... – disse encarando os outros soldados. – Você nos conhece, Grande Águia? – indagou Narug, apesar de já desconfiar da resposta.
-- Vocês fazem parte do povo q guarda os Portões da Noite Eterna. E não deveriam desejar o retorno de Morgoth. Apesar disso, estão trabalhando para q esta tragédia aconteça.
-- Tragédias são inevitáveis, Grande Águia! E os motivos, nem sempre são tão óbvios! – respondeu Narug sem temer o q essa postura lhe reservaria. – Preparem-se para lutar e não temam novos inimigos. – murmurou para seus guerreiros, os quais se entreolharam.
Três Águias de Manwë eram suficientes para acabar com um grande número de guerreiros, sendo eles homens, orcs, ou meneldúrim. Ainda mais se Thorondor estivesse entre as três. Mas Narug não tinha escolha, ele mesmo não se permitia ter. Era o cumprimento de sua missão ou a morte.
-- Que assim seja, meneldúrim. – retrucou Thorondor. As três águias elevaram sua altitude bem acima das nuvens.
Num súbito e veloz mergulho atacou os guerreiros. Suas garras estavam opacas na noite sem lua. Mas seus olhos brilhavam com fervor. Somente pôde-se ouvir o barulho dos ventos q pareciam se agitar cada vez mais.
-- Desembainhem as espadas! – bradou Narug com força. – Juntos agora! – todos se unificaram num pequeno círculo. Estavam ofegantes, apreensivos e ansiosos. Mas sua dura disciplina os obrigava a obedecer às ordens do comandante.
A noite estava extremamente escura, mas isso não atrapalhava ou incomodava os guerreiros celestes já acostumados com a noite eterna. As águias se aproximavam...
-- Firmes! – liderava Narug. – Firmes!!! – o som dos ventos ficava cada vez mais desesperador. – Buraco Negro, agora! – os guerreiros abriram o círculo e se afastaram rapidamente. As águias passaram entre eles, através do círculo deixado.
-- Reagrupar! – novamente todos se colocaram ao lado de Narug.
Thorondor e seus vassalos novamente subiram para mergulhar sobre eles. Mas desta vez, Narug sabia q a manobra do Buraco Negro não funcionaria. Elas atacariam de forma a impedir q eles escapassem.
E foi exatamente o q elas fizeram. O som do vento parecia vir de todas as direções.
“Vamos lá, novamente! Gostaria de saber até q momento resistiremos...” – pensou o comandante. – Vamos, mais uma vez! Firmes!!!
O som do vento aumentava. Desta vez elas atacavam cada uma em uma direção. Thorondor mergulhava pela dianteira enquanto as outras mergulhavam pelas laterais. Diminuíram o ângulo de ataque, caso eles tentassem abrir novamente o cerco para escapar teriam q fazer manobras aéreas arriscadas para saírem ilesos de suas garras e bicos.
-- Firmes! Cinturão de Asteróides!!! – todos fizeram uma fileira única, pareciam dispostos a atacar desta vez. – Firmes!!! – elas se aproximavam. Os ventos eram perturbadores. No momento em q elas estavam prestes a tocar neles:
-- Recuar, agora!!! – eles voaram de costas em alta velocidade. Por pouco não conseguiram se afastar rápido o suficiente.
Apesar da manobra, uma das águias das laterais passou por cima da outra sem se chocarem. Thorondor passou por baixo das duas, no entanto continuou seu trajeto e seu ataque em direção aos guerreiros.
-- Espiral Cósmica!!! Avançar!!! – todos começaram a voar em círculos formando uma espiral e adiantaram-se sobre Thorondor. As lâminas opacas circulavam ao redor do corpo da Grande Águia, estocando e cortando. Ela agarrou um dos guerreiros e o lançou contra outros e com o bico atacava qualquer um q pudesse atingir.
-- Retalho Estelar!!! – mais uma vez Narug instigou os guerreiros. Todos atacaram de uma única vez Thorondor. Logo as outras águias vieram em auxílio e eles se viram forçados a afastar.
-- Torre Celeste!!! – Todos voaram para cima em direção às nuvens alguns não conseguiram escapar e foram pegos pelas águias acompanhantes. Thorondor tinha alguns ferimentos, mas nada fatal. Os Guerreiros Celestes tiveram três baixas. Narug não possuía nenhum ferimento ainda.
As águias subiram em fúria como se fossem impulsionadas pelos ventos.
-- Reagrupar!!! – todos se reuniram. A disciplina e a confiança destes guerreiros eram tão grande q nenhuma ordem do comandante podia ser questionada durante uma batalha.
Elas continuavam subindo ferozes...
-- Chuva de Meteoros!!! – todos caíram como raios em um ataque frontal. Narug ia à frente com os olhos e o corpo flamejando com o calor da batalha. Girava a espada ao redor do corpo. Deu um golpe certeiro no peito de um dos vassalos de Thorondor e ganhou um corte nas costas desferido pela garra da mesma águia.
Todos os guerreiros pareciam dançar com as espadas ao redor do corpo. Bradavam gritos de guerra! No entanto, mais quatro foram mortos pelos golpes das garras e bicos.
Só restava Narug e mais um soldado: Nutif, q estava gravemente ferido no pescoço.
-- Você consegue continuar, Nutif? – Era uma pergunta de resposta óbvia, o jovem guerreiro estava quase morto.
-- Sim... se... nhor... – era um jovem corajoso, apesar de tudo. Narug o apoiou em seu ombro esquerdo.
-- Não perca a esperança, rapaz. – falou paternalmente.
-- Seu grupo de combate foi derrotado, guerreiro-líder. E o seu último homem, logo encarará a morte. Renda-se! – bradou Thorondor. A águia ferida por Narug tinha voltado ao seu ninho junto com a outra acompanhante.
-- Me parece q seu grupo de combate também foi derrotado, Grande Águia! – retrucou Narug ironicamente.
-- Não seja tolo, você sabe q posso matar vocês dois sem muitas dificuldades. Vamos renda-se e prometo curar o guerreiro ferido.
-- E você me deixará fazer o q tenho q fazer, Grande Águia? – “Mais uma pergunta de resposta óbvia.” – pensou Narug.
-- Vocês serão prisioneiros em Taniquetil! O guerreiro ferido terá cura lá. Isso eu prometo.
-- Nutif, você quer q eu te entregue? Eles cumprem as promessas. Você pode sobreviver. – sussurrou Narug.
-- Não... se... nhor... Os... outros... – mal conseguiu responder o jovem.
-- Compreendi. – “Mesmo q Nutif tivesse cura e quanto à vida dos outros guerreiros q morreram nesta noite? Elas seriam tragas de volta? Claro q não! Tudo teria sido em vão.” – ponderou o comandante.
-- Decidimos nosso caminho, Grande Águia! Ou cumprimos a missão, ou morremos tentando.
-- Vocês são bravos e corajosos, mas não posso permitir q cumpram sua missão. Preparem-se. – Thorondor avançou.
“Não há condições de realizar nenhuma manobra. Nutif está impossibilitado de voar. O q fazer?” – Seus pensamentos foram interrompidos pelas garras da Águia Gigante q agarrou seu corpo e o corpo do jovem.
-- Última chance, bravo guerreiro-líder.
Narug feriu a garra da Águia com sua espada. Thorondor num súbito reflexo bicou o capacete dele. Sua cabeça reclinou para frente sangrando. O sangue escorria pela face e pela barba do guerreiro-líder desacordado.
Nutif não resistiu por muito tempo e acabou falecendo. Para a Grande Águia ambos estavam mortos agora. Abandonou seus corpos no ar e deixou q a Gravidade fizesse o resto.
Assim, retornou pesaroso e com alguns ferimentos para Taniquetil. Iria contar a Manwë sobre a batalha nos ares do Campo de Celebrant.
Os corpos de Nutif e Narug despencaram...
Caindo nas águas do Rio Limclaro...