Ai meu sapatinho! Vcs estão criando a Família Valinorelie II - a Missão
Tudo bem, vou aproveitar meu personagem lá... fica muito mais fácil... ah, não liguem se eu me empolgar
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Os seis caminhavam durante a noite, porque já é um adágio que as sombras sempre foram dos melhores guardas. As primeiras noites foram frustrantes e um tanto exaustivas, porque apesar de todos estarem acostumados a caminhadas noturnas, estavam todos tensos com as preocupações que carregavam em suas mochilas. Notícias tenebrosas faziam cócegas em suas veias, e qualquer folha arrastada por um pequeno roedor já levava suas espadas até suas mãos.
Depois de alguns dias, ao amanhecer, pararam para dormir. Crown fez o primeiro turno. A manhã já estava se aquecendo quando Anakruss se levantou.
- Como está a manhã, mestre anão ?
- Como acha, mestre de Belfalas ? Muito verde, muita luz! Sol na minha barba! E nem sequer uma pequena gruta onde poderia ficar mais protegido! Aqui não há pedras!
- Como ? Não gostou do lugar ? Se a conveniência do mestre anão não for satisfeita, poderemos convencer a todos os outros que deveríamos acordar e nos expor, a esta hora, para encontrar outro lugar!
- Muito engraçado... - disse o anão num tom irônico - Mas algo engraçado... apesar de tudo isso, estou me sentindo muito bem aqui, neste lugar. Vejo as mesmas coisas de sempre. Esquilos reclamam do meu cachimbo, o sol na grama ofusca minha visão, o vento remexe meu bigode. Mas é como se os esquilos fossem mais educados, ou o sol mais reconfortante, a grama mais fofa, o vento mais macio...
- Talvez o mestre anão esteja descobrindo porque os elfos tanto gostam de viver
fora das pedras...
- Não diga besteiras, homem de Belfalas! Elfos... humpf! Estou dizendo que este lugar é estranho... talvez seja um engodo! Uma artimanha do inimigo para nos levar até algum lugar, e sermos capturados!
- Para ser sincero, apesar de ter um vasto conhecimento dessas terras, esta aqui não me é familiar. Não me lembro de ter passado por aqui, e Mestre Skylink, que parece ter mapas ao invés de miolos, que está nos conduzindo.
- Será que não está nos levando para o inimigo ?
- Não diga besteiras, mestre anão! Inimigo... humpf! Confiaria minha vida e de toda minha família em Skylink. É de confiança do rei desde que era uma criança! Agora, vá dormir, e deixe essas preocupações de lado. Agora começa o meu turno.
E Crown foi dormir, atrás de uma pedra. Logo, ao som de roncos do anão, o tempo do turno de Anakruss passou, e foi a vez de Skylink fazer o turno. Dessa vez, Anakruss o fitou, se lembrando das desconfianças de Crown, e obteve de volta um sorriso, que o despreocupou. Confiava inteiramente no homem. Depois, já era alto o sol quando Phairanum fez seu turno. E então o elfo.
Já estavam todos um tanto acordados, quando o turno do elfo terminou, no fim da tarde.
- Agora é a vez da realeza guardar por nós, não ? Deixemos o hobbit dormir. - disse o elfo, para Anakruss
- Na verdade, seria a vez do anão. Mas se não querem dirigir a palavra um ao outro, não se preocupem. Acho que não precisamos mais dormir. A propósito, Crown, também senti aquela sensação de que falou.
O elfo franziu a testa.
- Que sensação ?
- Uma espécie de bem-estar. Como se esse lugar fosse diferente, tivesse algo de acolhedor. Será que sua sabedoria élfica pode nos dizer o que é ?
- Eu estaria pouco intrigado, não fosse... bem... eu senti... senti uma voz.
- COMO ? - Crown e Anakruss pronunciaram juntos.
- Não sei... como se alguém me dissesse algo. Algo bom. Me senti mais tranquilo, mais acolhido. Era como se eu fosse bem vindo aqui. Não era uma voz, mas era como se alguém me dissesse algo. Eu sentia alguém me dizendo algo. Me acolhendo. Afinal, quem nos trouxe até aqui ?
Olharam para Skylink. Ele meramente sorria. Tão despreocupadamente que parecia que ele assistia crianças discutindo sobre quem havia colocado aquela moeda de ouro em baixo de seus travesseiros. Nada falou, e ao anoitecer recomeçaram a caminhada.
Desta vez, a caminhada não parecia tão exaustiva. Eles não mais sentiam o peso de suas preocupações. Ainda se lembravam delas, mas era como se elas estivessem longe. Ou, talvez, perto, mas por trás de uma porta trancada.
À medida que avançavam na noite daquela densa floresta, ela ficava mais densa. Já não mais tinham a sensação de seguir uma trilha, mas pareciam que estavam se embrenhando no desconhecido.
- Não seria melhor trilharmos um caminho conhecido ? - Perguntou Phairanum a Skylink.
- Este é um caminho conhecido! Estamos, de fato, tendo que cortar galhos para prosseguir, mas veja no chão: há marcas de um caminho. Ele só é estreito.
Apesar de Skylink garantir que sabia o caminho, todos suspeitavam. Aquele caminho parecia demasiado sinuoso, e no entanto não se sentiam mal com isso. Muito pelo contrário: a sensação daquele lugar era cada vez mais reconfortante. Seus sentidos lhe diziam que era um caminho estranho, mas seus corações estavam contentes com ele. Assim, não mais indagaram a Skylink sobre suas decisões.
Enquanto avançavam, logo começaram a notar que a floresta estava ficando menos densa. Na verdade, como melhor notou Cahetel, ela não estava perdendo densidade. Estava apenas ganhando altura. As copas das árvores estavam cada vez mais inalcançáveis, e o chão cada vez mais limpo. Era como se a floresta estivesse se transformando num grande e alto telhado, suportado por largas colunas de árvores muito antigas. Mas quase não haviam árvores novas, ou plantas rasteiras. Aquilo poderia se parecer com qualquer coisa, exceto mata virgem.
Logo, começaram a realmente acreditar que Skylink sabia o que estava fazendo, mas ainda não tinham certeza se sso era bom ou ruim. A sensação do lugar era indescritivelmente agradável, e portanto todos foram inclinados a achar que a decisão foi boa. Cahetel se queixava constantemente de ouvir vozes, ou algo que o valha.
- Lá está! - disse o soldado de Gondor.
Ao longe, a floresta parecia um amontoado de varetas, e logo atrás puderam distinguir uma construção.
- Isso não é valfenda! - disse Anakruss.
- Eu sei.
Logo, chegaram até a construção. As janelas de pedra eram muito bem entalhadas, com detalhes que alguns daqueles viajantes só tinham visto em elmos, e desconheciam seu significado. Logo, chegaram a uma grande porta de madeira, totalmente escrita em runas dos anões.
- Um tanto familiar para mim - disse o anão - e portanto permitam-me ler: "Que aqueles que tem sêde, bebam. Que aqueles que tem fome, comam. Que aqueles que tem sono, durmam. Pois o mal agride o bem na mesma proporção que o bem agride o mal. A bondade é a chave para banir o mal, e se você encontrou esta porta, é digno de entrar em meus salões. Fale, amigo, e entre."
- Mellon!
Concluiu, ingenuamente, Crown. Nada aconteceu. Skylink tomou a palavra.
- Esta é a palavra obviamente esperada, e justamente por isso que não é a correta. Gostaria de poder dizer que muitos vieram aqui e caíram no truque, mas infelizmente não é a verdade. Pouquíssimos, nos dias de hoje, são dignos de encontrar o caminho até este lugar. Dadas as circunstâncias, obviamente estamos sendo esperados.
Mithlassi!
As grandes tábuas da porta se abriram, e no breu da noite, viram, atrás delas, uma figura alta como um elfo ou numenoriano. Caminhou lentamente para fora, e puderam notá-lo usando um manto que o cobria inteiramente, e coberto por um capuz. Parou em frente a eles, e lançou um riso leve, e começou a falar. Sua voz parecia mostrar uma boa idade, como de um homem, mas ao mesmo tempo soava límpida, como de um elfo. Mas não se parecia com nenhum. Tinha uma certa música na voz, como se não falasse, mas recitasse um poema. Falava de forma pausada, e apesar da forma sinistra, ninguém o temeu.
- O que faz este rohirrim de Gondor nas portas de minha morada ? E porque traz até meu santuário essas carnes tão frescas ? Hm... vejamos...
Essas palavras desesperaram o anão.
-Hm... - continuou o estranho - ...além de você, temos um elfo, dois homens, um anão, um hobbit, e um espectro.
- ESPECTRO ?!?!? - exclamaram todos, exceto Skylink, que fez uma pausa e lançou uma gargalhada.
- Seu senso de humor não mudou em nada, meu velho amigo! Este é o Reverendo Vela!
O homem puxou seu capuz para trás. Um velho, de uma longa barba acinzentada, cabelos bem longos, e um enorme sorriso acolhedor. Não poderia ser um Istar, pois não aparentava nenhum tipo de poder, ou sofisticação. Poderia ser confundido com um velho camponês perdido a mendigar.
- Sejam bem vindos ao meu monastério! Aqui encontrarão vinho para os homens e elfos, e o anão terá que se contentar com água.
- Bebo vinho! - interrompeu o anão.
- Pois bem, terão comida, camas, lençóis, e acima de tudo, terão proteção.
- Que tipo de proteção ? - disse Anakruss.
- Bem, é preciso a bênção de uma Maia como Melian para proteger um reino inteiro. Mas é preciso bem menos para salvaguardar um pequeno recanto como esta clareira. Aqueles que não são dignos de entrar por estas portas nem sequer conseguem chegar até elas. Se perdem na mata densa, e acabam por descobrir que estão no caminho inverso antes de descobrir o que aconteceu. Aqui, vocês têm um refúgio seguro. Sintam-se honrados por terem chegado aqui. Vocês são, de fato, poucos. E sim, mestre elfo, era eu quem lhe dizia para não desconfiar de Skylink, enquanto estava no caminho.
Foram levados para dentro, e logo encontraram cômodos e salões aconchegantes, cheios de pinturas, esculturas, arte em ouro, e escadarias adornadas. Sentaram-se numa mesa, e Phairanum se precipitou.
- Quando chegaremos em Valfenda ?
- Não vamos a Valfenda - disse Skylink.
- Como não ?
- Bem, para ser sincero, esse nunca foi o plano. Oficialmente, deveria ser, mas somente para evitar que espiões conhecessem nosso verdadeiro destino. Ou que vocês comentassem no caminho qualquer coisa sobre este lugar, que a princípio é secreto. Agora que já chegamos, no entando, já posso contar. Aqui estamos muito mais seguros do que na mais distante das terras ao norte. Se Sauron pudesse nos atacar aqui, teria também entrado em Doriath. Mas não se preocupem, Sauron não voltou.