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Ida do homem a Lua

Fúria da cidade

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Lembra quando Buzz Aldrin meteu um soco em um sujeito que dizia que a ida do homem à Lua foi uma farsa?


Edwin Eugene Aldrin Jr., mais conhecido como Buzz Aldrin e famoso por ser o segundo homem a pisar na Lua, completou 89 anos de idade neste fim de semana. Para comemorar a data, o site Barstool Sports lembrou de um episódio de 2002. Na ocasião, o astronauta foi confrontado por um defensor da tese de que a ida do homem à Lua foi uma farsa e revidou ofensas com uma agressão.

Como parte da gravação de um documentário, o teórico da conspiração Bart Sibrel foi até um hotel e queria que Aldrin jurasse sobre a Bíblia que tinha ido à Lua — vale lembrar que Aldrin é ancião presbiteriano e, inclusive, fez a primeira cerimônia religiosa na Lua, ao tomar a comunhão no satélite.
As coisas ficaram tensas, o entrevistador chamou Aldrin de “covarde” e “mentiroso”, e o astronauta perdeu a cabeça e meteu um socão na cara do conspiracionista. Uau.


Aldrin, hoje, é um dos maiores defensores da ideia de uma missão tripulada para Marte. Ele até andava por aí vestindo uma camiseta com a estampa “Get your ass to Mars”, ou “leve seu traseiro para Marte”, uma frase emprestada do filme de ficção científica Total Recall. Sua participação na Campus Party de São Paulo em 2013, inclusive, foi bastante usada para advogar a favor dessa ideia. Ele prevê, porém, que isso não deve acontecer antes de 2040.

A missão Apollo 11 e a chegada do homem à Lua fazem 50 anos neste 2019. Em uma época louca, cheia das teorias da conspiração que refutam até mesmo o fato de a Terra ser redonda, ainda há quem questione este feito, apesar da fragilidade dos argumentos.

No episódio mais recente, o jogador de basquete Stephen Curry colocou em dúvida a veracidade dos fatos, levou uma chamada da própria NASA e teve que se retratar. Dessa vez, Aldrin não precisou bater em ninguém.
 
Snoopy é encontrado na órbita da Lua

Astrônomos encontram módulo lunar da Apollo 10 em órbita desde 1969
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Nasa em 13 de Maio de 2019 às 15:00

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Módulo lunar Snoopy momentos após ser descartado pela missão Apollo 10

Após 50 anos, um grupo de astrônomos do Reino Unido encontrou o Snoopy, o módulo lunar da Apollo 10, que está na órbita da Lua desde maio de 1969. A nave espacial viaja 15.200 metros acima de sua superfície da Lua em uma órbita perpétua.

A descoberta representa um grande feito da astronomia, já que o módulo lunar tem apenas quatro metros de largura e está em uma órbita desconhecida desde que foi abandonado após seu uso na missão Apollo 10. A busca durou mais de uma década conduzida pelo Royal Astronomical Society, coordenada por Nick Howes, técnicos que participaram das missões Apollo, astronautas e especialistas em voos espaciais.

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Módulo de comando Charlie Brown visto do Snoopy

A Apollo 10 foi a missão que antecedeu a histórica Apollo 11. O objetivo da missão era proporcionar realizar os últimos testes antes do primeiro pouso na Lua. Os astronautas Thomas P. Stanfford e Eugene A. Cernan, conduziram o Snoopy até 10 km da superfície lunar, verificando uma infinidade de parâmetros de voo e controlabilidade, assim como a capacidade de retorno ao módulo de comando, que ficou sob responsabilidade do astronauta John W. Young. Após completarem os ensaios, o Snoopy retornou ao módulo de comando, batizado de Charlie Brown. Ao contrário dos módulos lunares das demais missões (com exceção da Apollo 13) o Snoopy não foi descartado em direção a superfície lunar, permanecendo em órbita até os dias de hoje.

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Alguns cientistas defendem que a Nasa ou algum interessado em exploração espacial consiga recuperar o Snoopy da órbita lunar e traze-lo de volta à Terra. O objetivo seria analisar os efeitos da longa exposição ao espaço em uma nave tripulada.

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Pra quem não acredita na ida do homem a Lua (e suas tentativas anteriores como essa), eis mais uma evidência.
 
O que pensam os que não acreditam que o homem chegou (12 vezes) à Lua


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Há 50 anos, o astronauta Neil Armstrong (1930-2012) disse ter dado um 'pequeno passo para o homem, grande passo para a humanidade' Imagem: NASA


Edison Veiga - De Bled para a BBC News Brasil
11/07/2019 09h10

Cinquenta anos após Neil Armstrong ter dado um 'pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade', ainda há muita gente que acredita que a chegada do homem à Lua foi encenada com ajuda de técnicas do cinema.

Cinquenta anos depois de o astronauta Neil Armstrong (1930-2012) ter dado aquele "pequeno passo para o homem, grande passo para a humanidade", ainda há muita gente que não acredita que um ser humano - para ser mais exato, 12, em seis viagens diferentes da missão Apollo - pisou na Lua.

Teorias conspiratórias de diferentes níveis de complexidade estão a um clique do mouse. E, em tempos de fácil propagação de fake news em redes sociais, ganham fôlego online. "Não adianta tentar rebater uma teoria da conspiração porque outra vai aparecer logo após. Por isso o melhor é voltar ao início e ver como aconteceu a corrida espacial", diz à BBC News Brasil o físico e engenheiro brasileiro Ivair Gontijo, cientista da Nasa, a agência espacial americana.

"Muitas pessoas têm dúvidas legítimas e querem entender, mas quando procuram pelo assunto na internet, acabam achando mais teorias da conspiração e ficando mais confusas ainda."

De tempos em tempos, diversas pesquisas de opinião são realizadas pelo mundo para medir o quanto as pessoas acreditam no sucesso das missões Apollo. O nível de descrença varia de 6% a 57% - este último impressionante número é de levantamento divulgado ano passado pelo VTsIOM, o instituto nacional de pesquisas de opinião da Rússia, e deve refletir sobretudo os esforços de contrapropaganda da Guerra Fria, quando a então União Soviética era rival dos Estados Unidos na chamada corrida espacial.

Levantamento semelhante realizado pelo instituto Gallup nos Estados Unidos apontou que 6% dos americanos não acreditam que o homem tenha pisado na Lua. Mas outras sondagens chegam a apontar que esse número pode ser bem maior: na casa dos 20%.

De acordo com pesquisa recente realizada pela empresa YouGov, um em cada seis britânicos acredita que a conquista da Lua foi encenada. E, entre os jovens de até 35 anos, "informados" intensamente por canais de YouTube e fóruns de internet, esse número é ainda maior: 21%.

Vamos aos fatos, portanto. Não tem conspiração. Até hoje, 12 pessoas pisaram na Lua. Todos homens, todos norte-americanos. Na ordem: Neil Armstrong e Buzz Aldrin (Apollo 11, por 2h31, em 21 de julho de 1969); Pete Conrad e Alan Bean (Apollo 12, por 7h45, em 19 de novembro de 1969); Alan Shepard e Edgard Mitchell (Apollo 14, por 9h21, nos dias 5 e 6 de fevereiro de 1971); David Scott e James Irwin (Apollo 15, entre 31 e 2 de agosto de 1971, sendo que o primeiro caminhou em solo lunar por um total de 19h03 e o segundo, por 18h33); John Young e Charles Duke (Apollo 16, por 20h14, entre 21 e 23 de abril de 1972); e Eugene Cernan e Harrison Schmitt (Apollo 17, por 22h02, de 11 a 14 de dezembro de 1972).
Contra os fatos

Os argumentos são os mais variados possíveis. Em fóruns de internet há desde gente defendendo que seria impossível pisar na Lua porque ela se trata de "uma bola de luz" até outros tentando provar por A mais B que até seria possível levar o homem até lá - o problema, segundo eles, seria fazer o caminho de volta para a Terra.

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O americano Buzz Aldrin foi um dos austronautas caminhou sobre a Lua Imagem: NASA

Dono de um famoso podcast, o comediante americano Joe Rogan está entre os disseminadores de teorias da conspiração. Seu argumento mais convincente, conforme já afirmou, parece ser o mero prazer que tem em duvidar das coisas. "Eu tenho uma relação de amor e ódio com teorias da conspiração", disse ele, em uma de suas apresentações.

No YouTube, uma potente voz dos conspiradores é o canal de outro comediante americano, Shane Dawson. Seu vídeo defendendo que o homem nunca pisou na Lua tem 6min22s e mais de 7 milhões de visualizações.

Mesmo repaginados, os conspiracionistas atuais bebem na mesma velha fonte. Os mais antigos registros de teorias da conspiração sobre a chegada do homem à Lua estão no livro We Never Went to the Moon: America's Thirty Billion Dollar Swindle (em tradução livre para o português, 'Nós Nunca Fomos à Lua: A Fraude Americana de 30 Bilhões de Dólares'), escrito pelo ex-oficial da Marinha americana Bill Kaysing (1922-2005).

Com a experiência de ter trabalhado na fábrica de foguetes Rocketdyne entre 1956 e 1963, Kaysing começou a defender que as alunissagens do projeto Apollo haviam sido forjadas pelo governo americano. No livro, ele afirma que as chances de um pouso bem-sucedido no satélite terrestre eram de parcos 0,0017% e, no auge da Guerra Fria, era mais fácil para os Estados Unidos falsificar um resultado do tipo do que ir efetivamente para a Lua.
Segundo Gontijo, uma tremenda bobagem. "Os russos, maiores competidores dos americanos, nunca denunciaram as viagens à lua como farsa", argumenta ele. "Eles sabiam muito bem o estado da tecnologia da época porque estavam tentando fazer o mesmo. E seus cientistas e engenheiro jamais levantaram dúvidas sobre o sucesso dos americanos."

Mas os conspiracionistas ganhariam novo fôlego no início dos anos 1980, com a entrada, no debate, da Sociedade da Terra Plana. Os terraplanistas, que argumentam que a Terra e a Lua são planas, a Nasa criou uma falsificação com ajuda do cinema. A Nasa teria, sob o patrocínio dos estúdios Walt Disney, contratado o diretor Stanley Kubrick (1928-1999) para forjar as cenas dos astronautas em solo lunar.

"Se fosse para somente encenar, por que fazer isso tantas vezes? Por que não fazer uma vez só?", rebate o brasileiro Gontijo.

Um outro argumento que faz inferir a impossibilidade de fraudar um projeto como o Apollo é o número de pessoas que precisariam ter sido cooptadas para guardar tamanho segredo. Ao longo de dez anos, 400 mil pessoas trabalharam para colocar o homem na Lua. Conforme já afirmou diversas vezes o cientista americano James Longuski, ex-projetista da Nasa e atual professor da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, seria mais fácil mandar de verdade seres humanos para a Lua do que combinar com tanta gente assim.

No livro A Caminho de Marte: A Incrível Jornada de Um Cientista Brasileiro Até a Nasa, Ivair Gontijo conta que não são raras as vezes em que ele é interpelado por alguém que diz não acreditar nas viagens do homem à Lua. "Até hoje muita gente me faz essa pergunta, se o homem foi mesmo à Lua ou não. É interessante notar que não é só no Brasil que tem gente que não acredita. Na Escócia e mesmo nos Estados Unidos também há pessoas que não acreditam. Acho que esse é um fenômeno mundial", escreve ele, em um capítulo dedicado ao tema.

Em conversa com a reportagem, ele enfatizou que a melhor maneira de combater essa desinformação é, incansavelmente, insistindo em "informar a população". "Em geral, informações genuínas e independentes sobre o programa espacial não são muito acessíveis no Brasil por causa da barreira da língua", afirma. "Até nos Estados Unidos, muita gente não sabe onde procurar e acaba descobrindo muitas teorias da conspiração sobre o assunto. Assim, em vez de diminuírem, as dúvidas às vezes aumentam. Há muita desinformação sobre esse tema nos meios de comunicação, em especial na internet."

Argumentos


"Muitas pessoas pensam que o grande feito dos americanos seria algo inatingível com a tecnologia da época", argumenta Gontijo, em seu livro. "Por isso elas têm dificuldades em acreditar que isso possa mesmo ter acontecido. Também é verdade que as pessoas podem mudar de opinião se os argumentos forem mesmo convincentes, mas sabemos também que ninguém convence ninguém. É preciso que cada um entenda primeiro os fatos e então tire as próprias conclusões."
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O veículo lunar foi usado em cada uma das últimas três missões Apollo Imagem: NASA

Para o brasileiro, a melhor maneira de enfrentar essa desinformação é começar tentando entender em qual parte da conquista espacial o interlocutor não acredita.

O primeiro ponto: a descrença é só do lado americano ou também significa rebater que soviéticos lançaram foguetes? Pois se o ceticismo é geral, vale lembrar a história do satélite Sputnik, colocado em órbita em outubro de 1957. Em um "golpe de mestre", expressão cravada por Gontijo, os cientistas russos o lançaram equipado com um transmissor e quatro antenas, conjunto esse capaz de emitir um pequeno sinal de bipe nas frequências de 20 e 40 MHz.

A ideia era que a façanha pudesse ser comprovada de forma independente. "Quando ele passava sobre uma parte da Terra, radioamadores que estavam lá embaixo podiam sintonizar seus rádios em uma das frequências do Sputnik e captar o sinalzinho: o pequeno bipe que significava muito e que durou 22 dias, até que suas baterias se descarregaram", pontua o brasileiro.

O passo seguinte seria acreditar ou não que um ser humano orbitou o planeta. No caso, o cosmonauta soviético Iuri Gagarin (1934-1968), que viu a Terra azul a bordo da Vostok em 12 de abril de 1961. Em 108 minutos, ele deu uma volta completa. "Imagino que a vasta maioria das pessoas concorde que esses fatos são verídicos e que tanto Gagarin quanto seus colegas cosmonautas realmente foram ao espaço e entraram em órbita em torno da Terra", afirma. "Em pouquíssimo tempo, os foguetes foram aprimorados, alcançando órbitas circulares e de maior latitude, de forma que os cosmonautas que vieram depois de Gagarin puderam dar muitas voltas em torno do planeta Terra."

Nos Estados Unidos, os cientistas da Nasa estavam um pouco atrás dos russos na corrida espacial. No dia 5 de maio de 1961, Alan Shepard (1923-1998) se tornaria o primeiro americano no espaço, ainda em um voo suborbital de 15 minutos. Em 20 de fevereiro de 1962, John Glenn (1921-2016) se tornou o primeiro astronauta americano em órbita: três voltas ao redor da Terra, em 4h55 de voo.

"Você acha que tanto os russos quanto os americanos foram capazes de enganar o mundo inteiro e que nenhum desses voos aconteceu? Seria possível convencer os milhares de engenheiros e técnicos trabalhando nos programas espaciais tanto na União Soviética quanto nos Estados Unidos a montar um esquema para iludir o mundo sem que ninguém denunciasse isso?", provoca Gontijo. "Imagino que você vá concordar comigo que é mais fácil eles terem mesmo feito esses voos do que conseguiremos manter um segredo entre dezenas de milhares de pessoas."

O cientista brasileiro enfatiza ainda o desenvolvimento técnico necessário para o passo seguinte, em 1963: a verdadeira dança espacial protagonizada pelas naves Vostok 5 e Vostok 6, respectivamente com os cosmonautas Valery Bykovsky (1934-2019) e Valentina Tereshkova (1937- ) a bordo. Elas chegaram a ficar a apenas 5 quilômetros de distância, em órbita, e, pela primeira vez, houve uma comunicação entre duas espaçonaves, diretamente e por rádio, sem nenhuma intermediação da Terra.

Os avanços seguiam a passos largos. Dois anos mais tarde, o russo Alexey Leonov (1934- ) protagonizaria a primeira atividade extraveicular da história espacial. E neste episódio, é possível citar ainda a falibilidade humana como um argumento contra as conspirações - afinal, se as coisas fossem inventadas, acidentes não ocorreriam, certo?

Pois no vácuo espacial, a roupa de Leonov inchou mais do que o esperado - dentro da vestimenta, a pressão precisava ser igual à atmosférica terrestre. Quando precisava voltar para a cápsula, um susto: daquele jeito ele não passava mais pela entrada. Ficou entalado. No sufoco, ele conseguiu "murchar" um pouco de sua roupa, o suficiente para voltar para a nave.

"Não faz sentido achar que tudo isso foi uma enganação e que nenhuma dessas façanhas foi realizada. Seria simplesmente impossível manter um segredo assim e convencer milhares de pessoas envolvidas a mentir", reforça Gontijo. "Além disso, os bipes do Sputnik foram capitados por radioamadores no mundo inteiro, provando que aquilo era real. Existem também muitas filmagens de foguetes decolando e alguns explodindo. Se você pode se convencer de que tudo isso aconteceu mesmo, o resto - a descida na Lua, por exemplo - é uma série de desdobramentos quase inevitáveis."

Preparando o terreno lunar


Em seu livro, o cientista brasileiro cita o sucesso técnico do projeto Gemini, com dez missões realizadas entre 1964 e 1966, como o grande salto tecnológico norte-americano que propiciou mandar as Apollos para a Lua. E todos os esforços científicos e de engenheira envolvidos não poderiam ser simplesmente uma obra de ficção. Foi quando os Estados Unidos passaram à frente da União Soviética na corrida espacial.
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O astronauta Edgar D. Mitchell foi o piloto do módulo lunar para a missão Apollo 14 Imagem: NASA

Nas missões, foram bem-sucedidos os procedimentos de aproximação e acoplamento entre duas espaçonaves, assim como um aumento de permanência dos astronautas no espaço - condições necessárias para a futura missão lunar. "A partir daí eles já seriam capazes de fazer um veículo sair da superfície da Lua levando os astronautas e acoplá-los a outro veículo em órbita lunar", descreve. "Dá para ver que a ida à Lua não foi feita de uma vez só, sem qualquer preparação."

Mas se todas as simulações iam relativamente bem, há outro argumento a ser derrubado: essas missões ocorriam em órbita da Terra. E ir até a Lua necessitaria romper o voo orbital. Mas a ciência explica que esse não era um problema. "Se um objeto está em uma órbita circular em torno de um planeta ou Lua ou qualquer outro corpo celeste, é preciso muito pouco para escapar do 'abraço gravitacional'", explica Gontijo. "Se a velocidade do objeto for aumentada em 41%, ele escapa. Isso é consequência das leis da física e já era um fato bem conhecido durante a corrida espacial. Então não era tão difícil assim fazer foguetes potentes o suficiente para escapar da órbita terrestre."

Outro problema era fazer os cálculos para "acertar" o satélite natural terrestre, considerando os movimentos do planeta, da Lua e, claro, a velocidade do foguete. Missões não tripuladas anteriormente não haviam conseguido, mas como ressalta o brasileiro, mais uma vez erros iniciais comprovam a veracidade dos acertos. No caso dos americanos, o laboratório incumbido de realizar os cálculos precisou de sete tentativas em três anos - do programa Ranger - para finalmente atingir o alvo desejado de maneira satisfatória, em 31 de julho de 1964, com a sonda que tirou as primeiras fotos da Lua antes de cair no satélite natural da Terra.

Toda essa história de erros e acertos são argumentos, na visão do cientista brasileiro, para defender de modo sincero e paciente as acusações de fraude da corrida espacial. Até porque, se fosse para fingir, seria melhor reduzir ao máximo as alegadas missões, até para diminuir o número de pessoas envolvidas na suposta farsa.

Evidências comprovadas em outras missões


Há ainda o fato de que missões espaciais encontraram resquícios de missões anteriores - e os registraram. Quatro meses depois da Apollo 11, a Apollo 12 alunissou a 50 metros de distância da Surveyor 3, sonda não-tripulada lançada em 1967. Os astronautas recolheram a câmera e a pá de coleta de solo do equipamento desativado e as trouxeram de volta para a Terra - estão expostas no Museu Aeroespacial de Washington.

Outro exemplo é o ponto em que a Apollo 17 desceu, em 1972. Em 2008, a sonda japonesa Kaguya fotografou marcas dessa missão americana, a última pisada humana na Lua.
 
De hacker a palestrante da Nasa, brasileiro estará na festa dos 50 anos da chegada do homem à Lua


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Wanderley de Abreu Junior foi convidado a fazer um curso na Nasa depois de hackear sistema da agência espacial, aos 19 anos Imagem: Divulgação



Wanderley de Abreu Junior foi convidado a fazer curso na Nasa após invadir site da agência espacial americana em 1997.

Um recorrente meme que circula pelas redes sociais de tempos em tempos traz alguma inovação ou gambiarra tupiniquim e a provocativa legenda: "o brasileiro precisa ser estudado pela Nasa".

Wanderley de Abreu Junior parece ser a personificação literal disso, no bom sentido. Esse engenheiro mecatrônico e empresário carioca, hoje com 41 anos, tinha 12 quando ganhou um modem de aniversário dos pais. Computador ele já tinha um desde os 6 anos. O adolescente tornou-se um hacker. E, em 1997, aos 19, invadiu nada menos do que o sistema da Nasa, a agência espacial americana.

"Eles ligaram para meu pai, dizendo que haviam descoberto a invasão", recorda ele. Wanderley de Abreu, o pai, um engenheiro do Exército brasileiro, assustou-se com o telefonema. Deu bronca no filho, disse que ele seria preso ou, na melhor das hipóteses, jamais poderia pisar em solo norte-americano.

Mas a chamada telefônica não era uma ordem de prisão nem uma notificação de processo judicial. Era um convite: a Nasa queria saber mais do brasileiro. Na realidade, notando a invasão, decidiram convidar Abreu Junior para fazer um curso na instituição, uma espécie de rehab para hackers.
Era uma troca: ele explicaria as fragilidades do sistema da Nasa, as falhas de segurança que possibilitavam que gente como ele hackeasse tudo. E aprenderia o que havia de mais moderno nos laboratórios de informática da agência.

Agora, 22 anos depois, Abreu Júnior é um dos participantes de evento organizado pela empresa Google em parceria com a Nasa para celebrar os 50 anos da chegada do homem à Lua, em Nova York, nos Estados Unidos. Ele vai fazer uma palestra no evento no próximo dia 19.

Como sua empresa, a Storm Group, já tem uma parceria com a Nasa - por meio de um programa que facilita a transferência de tecnologia para startups com o objetivo de criar produtos e serviços -, Abreu Junior vai apresentar exemplos de inovações criadas pela corrida espacial que, depois, foram incorporadas ao dia a dia das pessoas. Entre os exemplos, estão o teflon, o velcro, os óculos escuros com proteção ultravioleta, os sensores de incêndio e os monitores cardíacos.

Ele conversou com a reportagem da BBC News Brasil:

BBC News Brasil - A palestra será aberta ao público em geral? Será possível assistir online?
Wanderley de Abreu Junior -
Infelizmente, não. O evento será fechado para uma plateia de cerca de 200 pessoas convidadas pelos organizadores - o Google, a Nasa e a Organização das Nações Unidas.

BBC News Brasil - Em que consiste a parceria de sua empresa com a Nasa?
Abreu Junior -
A Nasa lançou um programa para facilitar a transferência de tecnologia para startups, com o objetivo de criar produtos e serviços por meio de licenciamento de patentes. Esse acordo foi assinado com a New York Space Alliance (NYSA), responsável por selecionar as startups que farão parte da iniciativa. E nós fomos uma dessas empresas selecionadas para participar do programa.

BBC News Brasil - Você foi um hacker durante a adolescência, tendo invadido diversos sistemas, do Detran ao site da Nasa. De que maneira ter sido hacker ajudou na sua vida profissional hoje?
Abreu Junior -
Isso me ajudou quando montei a minha empresa, a Storm, por conta da reputação que eu tinha. Mas, de fato, tudo começou quando ainda estava na faculdade. Eu fazia engenharia mecatrônica (voltada para a criação de projetos de sistemas eletromecânicos automatizados, controlados por computador) no Rio e trabalhava com segurança e tecnologia. Por um tempo, estagiei no Ministério Público do Rio de Janeiro, ajudando a procurar pedófilos e outros criminosos na internet. Comecei a me especializar e, quando percebi, atuava em uma área que nenhuma empresa no Brasil atendia. Foi esse o impulso para abrir a Storm.

BBC News Brasil - Como foi ter invadido a Nasa?
Abreu Junior -
Foi em 1997. Minha galera entrava no IRC, que era um tipo de webchat. O domínio de onde você estava entrando aparecia no nome de usuário, e o status do negócio era entrar com um domínio poderoso, como Nasa.gov ou Pentagon.mil. Em alguns acessos eu tinha máquinas em todos os top level domains: .br, .edu., .gov, .mil, .mil.br. Tinha para mais de 10 mil máquinas hackeadas. Estabeleci metas cada vez mais complicadas, até que comecei a mirar no BlueMountain, um supercomputador do governo americano. Eu sabia que um dos caras do Flight Center da Nasa tinha acesso a ele. Então eu "sniffei" a rede, ou seja, decodifiquei as senhas, e dei a sorte de ele se logar no BlueMountain. Instalei no supercomputador um sistema chamado SETI@home, cujo objetivo era procurar extraterrestres.

BBC News Brasil - Extraterrestres?
Abreu Junior -
Eu não tinha nenhum interesse excepcional por ETs, só queria ser notado de alguma forma. Esse programinha fica rodando na máquina, processando pacotes, e tinha um campeonato para ver quem processava mais. Só que um dia eu tinha mais pacotes rodando no BlueMountain do que a IBM inteira.

BBC News Brasil - E você interferiu em mais alguma coisa no sistema da Nasa?
Abreu Junior -
Apenas coloquei o sistema SETI@home, de busca de extraterrestres. Não mexi em nada nem fui atrás de informações importantes. Acho inclusive que foi por isso que acabei sendo chamado para fazer o curso e para me aproximar deles. Eles descobriram a invasão, fizeram contato e chamaram para o curso, que durou três meses e foi focado em proteção de sistemas. Uma espécie de "reabilitação para hackers".

BBC News Brasil - Como foi esse primeiro contato com a Nasa?
Abreu Junior -
Quando o governo americano descobriu, eu tinha 19 anos e já era estudante da primeira turma de engenharia mecatrônica da PUC-Rio. Foi meu pai quem atendeu a chamada da agente americana. Ela explicou o que eu havia feito, e fez uma proposta: "A gente tem um programa para garotos como ele. Ele vem para cá, aponta quais foram as falhas que permitiram que ele invadisse os computadores e conserta o que fez.
Mas também visita o laboratório de Los Alamos e Maryland, faz um curso e sai com um certificado da Nasa". É óbvio que meu pai brigou comigo, disse que eu ia ser preso, ou pior, não ia poder entrar nos Estados Unidos para estudar. Mas foi bom para mim. Só que vale deixar bem claro que antigamente não tinha nenhuma lei que dissesse: "Você não pode acessar esse computador". Depois criaram o Digital Millennium Copyright Act, que estabeleceu os crimes cibernéticos, teve o 11 de Setembro. Hoje em dia, se você hackear a Nasa vai ser preso.

BBC News Brasil - De forma geral, como você vê a atuação dos hackers contemporâneos brasileiros, hoje?
Abreu Junior
- A cena hacker se tornou bem mais ampla do que era há vinte anos. Sites como wikileaks comprovam a importância deste movimento nos dias de hoje. Ao passo que os próprios governos mantém equipes de "black hats", que são os "hackers do mal", para proteção e espionagem.

BBC News Brasil - O termo hacker está em evidência atualmente no Brasil por conta de uma questão de ordem política (o vazamento de suposto conteúdo de mensagens de autoridades judiciais brasileiras, entre elas o atual ministro da Justiça, quando ainda era juiz federal). Gostaria de saber sua opinião sobre a atuação de hackers como um todo: de que maneira eles podem atuar como ativistas, em busca de transparência e, até mesmo, de forma investigativa? Qual o limiar entre o ativismo e a criminalidade, em sua opinião?
Abreu Junior -
Na essência, as duas atividades constituem práticas criminosas. Contudo, neste caso, o "hackerativismo" constitui-se em divulgar informações relevantes à sociedade, que foram escondidas por seus autores de forma gratuita e irrestrita. É diferente do criminoso comum, que se vale de chantagem para obter vantagens com estas informações, que são pessoais e privadas, como os nudes por exemplo.

BBC News Brasil - Como surgiu o convite para palestrar nas comemorações dos 50 anos da chegada do Homem à Lua?
Abreu Junior -
Minha empresa faz parte de programa de transferência de tecnologia para startups, com o objetivo de criar produtos e serviços por meio do licenciamento de patentes da agência espacial americana. Um de nossos projetos foi selecionado para representar esta parceria, o software NeuroScan, que combina uma série de soluções de inteligência artificial e visão computacional com tecnologia baseada na Nasa, usando recursos da nuvem para construir uma enorme e poderosa base de dados de padrões e conteúdo de busca. Também tem solução incorporada para mercados de conteúdo de mídia para marca d'água e rastreamento de distribuição de conteúdo ilegal.

BBC News Brasil - Na sua palestra, você vai falar sobre como tecnologias desenvolvidas na corrida espacial acabaram, depois, sendo incorporadas ao dia a dia das pessoas. Poderia dar alguns exemplos desses produtos?
Abreu Junior -
Podemos citar diversas tecnologias desenvolvidas e/ou aperfeiçoadas para viabilizar a chegada do Homem à Lua, entre elas: óculos escuros com proteção ultravioleta, teflon, velcro, substituição das válvulas por transistores, e na sequência os circuitos integrados, alimentos desidratados e congelados, monitores cardíacos, roupas antichamas, sensores de incêndio e tintas e revestimentos à prova de fogo.

O velcro, hoje em dia algo trivial e em todos os lugares, foi fundamental na corrida espacial, pois na ausência de gravidade todos os objetos precisavam estar fixados, inclusive para evitar acidentes.

O teflon, famoso por estar nas frigideiras, foi importantíssimo: revestia a pintura da nave e a roupa dos astronautas, pois é uma substância que isola o calor - estava apresente também revestindo o cabeamento das naves e para vedações, pois é à prova de corrosões. O monitor cardíaco, autoexplicativo, era a forma de acompanhar a saúde dos astronautas - hoje em dia, tão aprimorados, estão no pulso das pessoas.

BBC News Brasil - Em sua opinião, qual desses avanços tecnológicos é o mais importante para a vida contemporânea?
Abreu Junior -
Eu citaria os avanços da microeletrônica. Resultaram em celulares e aplicativos. Foram a base para todos os avanços tecnológicos que temos atualmente.

BBC News Brasil - De acordo com suas pesquisas, qual avanço tecnológico desenvolvido na corrida espacial que poderia ter sido incorporado ao dia a dia da população mas acabou não sendo?
Abreu Junior -
Apesar dos inúmeros avanços incorporados ao dia a dia da população, como a popularização dos microssatélites, causada pelo barateamento dos custos de colocá-los em órbita, a tecnologia de propulsão de foguetes e o turismo espacial ainda não estão disponíveis para a população em geral ou para empresas.
 
Tem dois podcasts da BBC, 13 minutes to the moon, em inglês, claro, que conta a história até chegar na apollo 11 e o acidente da apollo 13.
É de ficar sem ar acompanhando.
 

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