Fluminense e Unimed encerram parceria mais longeva do futebol brasileiro
Foto: André Durão/Globoesporte.com.
Durou dezesseis anos o casamento entre o Fluminense e a Unimed: tratava-se da mais longeva e bem-sucedida parceria atual do futebol brasileiro. Nesta quarta-feira 10, a relação chegou ao fim, ainda que a empresa prometa bancar os compromissos anteriormente assumidos para 2015.
A parceria foi boa para os dois lados. O Fluminense saiu da Série C em 1999 para voltar a ser um dos gigantes do futebol brasileiro, tendo levantado dois Campeonatos Brasileiros (2010 e 2012) e uma Copa do Brasil (2007), além dos três Campeonatos Cariocas (2002, 2005 e 2012) e dos vice-campeonatos na Copa Libertadores (2008) e na Copa Sul-Americana (2009). Já a Unimed, antes uma empresa média no cenário brasileiro, passou a ser a grande líder do mercado nacional de planos de saúde.
Ao torcedor invejoso de outro clube, que bradava contra a parceria Fluminense-Unimed, deixo uma pergunta: o seu próprio clube recebe ou recebeu patrocínio de empresas públicas? Se a resposta for positiva, por favor, pare de se preocupar com o Fluminense e olhe para o próprio umbigo - afinal, ser patrocinado por dinheiro público em um país com tantos problemas como o Brasil é nada menos que imoral.
Ao secador eufórico que decreta antecipadamente a morte do Fluminense, deixo outra pergunta: você não aprende com o passado, não? Em 1998, você disse que o Fluminense estava morto e acabado. Em 2009, você novamente disse que o Fluminense estava morto e acabado. Depois disso, já levantamos dois Campeonatos Brasileiros. Aprenda com o maior cronista esportivo que já existiu (e que, claro, era tricolor):
"Se quiser saber o futuro do Fluminense, olhe para o seu passado. A história do Tricolor traduz a sua predestinação para a glória".
A partir daqui, meu texto é direcionado ao torcedor do Fluminense. Primeiro, que não se desespere. É óbvio que o Fluminense, abarrotado de incompetência até a altura dos vitrais do salão nobre, só conseguiu disputar e conquistar os títulos recentes por causa da enxurrada de dinheiro da Unimed. É óbvio que o patrocínio fará falta, principalmente a partir de 2016. Mas também é óbvio que a parceria Fluminense-Unimed tinha muitos e sérios problemas, dentre os quais destaco três: a falta de Transparência nos contratos, a ingerência do patrocinador em decisões que deveriam caber ao clube, e as contratações de jogadores e treinadores segundo critérios pouco técnicos.
Agora, o Fluminense tem uma oportunidade de retomar o controle de si mesmo. OK, confesso, tenho medo da incompetência dos atuais dirigentes do Fluminense, cujos métodos critico veementemente aqui, pelo menos desde 2008. Mas nós, torcedores, podemos e devemos fazer a nossa parte, pressionando os cartolas a tomarem as decisões corretas. O Fluminense não é deles, o Fluminense é nosso, e nós temos o direito e o dever de cobrar profissionalismo, Transparência, redução real de gastos, fim das indicações políticas para cargos, dentre outras demandas.
Em campo, o baque não será tão grande quanto alguns imaginam. A Unimed ainda bancará, em 2015, a maior parte dos salários das grandes estrelas do elenco. E só de ter um
Darío Conca e um
Fred, amigos, o Fluminense já está à frente de pelo menos 12 times do Campeonato Brasileiro. Somando-se a isso o início animador do menino
Marlon, as últimas boas partidas de
Kenedy, e o potencial dos talentosos jovens
Gérson e
Robert, por exemplo, eu realmente não consigo ficar tão pessimista.
Minha preocupação, repito, está mais no extra-campo. É nos nossos ineptos dirigentes que reside o grande problema do Fluminense. É deles que temos que cobrar. E não é de hoje.
À Unimed e a
Celso Barros, fica o meu agradecimento, por terem enxergado o verdadeiro tamanho do Fluminense, aquele que o eterno presidente
Francisco Horta mostrou ao mundo.
Tudo pode passar. Só o Tricolor não passará, jamais.
PCFilho
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