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Fëa e Hröa

Elfos e homens seguem a distinção entre fëa (alma) e hröa (corpo), mas eu não compreendi muito bem o motivo pelo qual os homens são mais facilmente corrompidos que os elfos. Seria falta de experiência ou seria uma relação entre corpo e alma diferente? E como subproblema: como se dá essa relação entre corpo e alma nos anões?
 
A principal diferença entre elfos e homens é: o fear dos quendi está preso aos Círculos de Arda e continuará até o fim dos dias, já os atani quando morrem, são libertos e encaminhados para além dos Salões de Mandos e que nem mesmo os Valar conhecem.

O fato de os homens serem facilmente corrompidos deve-se ao pouco contato que tiveram com os Ainur e devido a sua fragilidade diante de poderes muito elevados; diferentemente dos elfos que foram convidados e conviveram com eles na Bem-Aventurança de Valinor.

Basicamente, é só um resumo do que está em O Silmarillion.
 
Do ponto de vista do corpo físico, a resposta mais rápida fica com o Silmarillion que explica que os sagrados, em obediência a Eru, modelaram o mundo físico e, conseqüentemente, os corpos dos seres livres.

Aos elfos estava determinado que fossem os maiores artífices e sábios dentre os povos livres e que esse mesmo destino de sabedoria os protegia das mentiras de Melkor. Eles também possuíam corpos bem adaptados e aguçados porque foram destinados a serem os habitantes permanentes deste mundo.

Aos anões fora concedido uma resistência maior contra a maldade segundo a vontade do Vala Aulë.

E aos homens fora dado um corpo comum que não fora concebido especialmente para ser vulnerável ou frágil, mas que fosse um corpo temporário e que pudesse ser danificado pelo tempo igual os corpos de outras criaturas não livres como animais e plantas.

No Silma há passagens que mostram que a natureza dos animais e plantas se deteriorava tão rapidamente ou de forma muito semelhante aos homens. Que quando Sauron se instalava em um local a floresta podia ficar negra, virar um pântano ou um deserto e que os animais se dividiam entre animais benéficos e maléficos.

Em outras palavras, não era que os homens tivessem sido projetados para serem corrompidos por Morgoth mas sim que se compararmos à força dos corpos dos outros povos aos corpos dos homens observamos que definhavam tão rápido quanto os de outros seres mortais presentes na natureza, possuindo diante dos animais a vantagem de ter um espírito livre dentro do corpo que no princípio os fazia ser muito fortes, ainda mais fortes que os homens de Númenor e muito parecidos com os elfos.

Entretanto, segundo o diálogo de Finrod e Andreth, posteriormente os povos livres foram diminuídos em estatura pelo poder maligno de Melkor em que a diminuição dos homens depois de aparecer em Hildórien foi especialmente terrível e apagando a memória do passado dos homens. Através do poder do escuro, e por ser um dos Poderes, o Inimigo do Mundo havia interferido de alguma maneira na fórmula dos corpos dos homens.

Quer dizer, os homens não foram criados completamente indefesos (no despertar eles eram ainda mais fortes) mas sofreram algum tipo de derrota fatal logo no começo dos tempos que, diferente dos elfos, não teve recuperação. Nós precisamos lembrar que mesmo eles sendo mais fortes na época anterior à queda de Hildórien Melkor era um adversário muito mais poderoso que Sauron e que os homens não podiam fazer frente tanto fisicamente quanto em argumentos e palavras. Para eles era um mundo novo e estranho e se tornou ainda mais não familiar com o tempo. E nós podemos dizer que eles foram se tornando corruptíveis ao longo do tempo a partir de uma origem neutra. Porque Morgoth caíra sobre eles como o machado sobre a floresta imaculada...

Quanto aos espíritos dos anões pouco se sabe. Há apenas as especulações dos elfos que foram deixadas no Silmarillion dizendo que Eru os adotara e que passara a incluir eles em seus planos de filiação.
 
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Quer dizer, os homens não foram criados completamente indefesos (no despertar eles eram ainda mais fortes) mas sofreram algum tipo de derrota fatal logo no começo dos tempos que, diferente dos elfos, não teve recuperação. Nós precisamos lembrar que mesmo eles sendo mais fortes na época anterior à queda de Hildórien Melkor era um adversário muito mais poderoso que Sauron e que os homens não podiam fazer frente tanto fisicamente quanto em argumentos e palavras. Para eles era um mundo novo e estranho e se tornou ainda mais não familiar com o tempo. E nós podemos dizer que eles foram se tornando corruptíveis ao longo do tempo a partir de uma origem neutra. Porque Morgoth caíra sobre eles como o machado sobre a floresta imaculada...

Então talvez seja possível pensar em dois estatutos de humanidade: anterior e posterior a queda?
 
No sentido de leis que damos para a palavra "estatuto" o homem estava obrigado pela lei de Eru que previa a distribuição da habitação (Hroa) para os espíritos dos homens enquanto vivessem no mundo. Estes corpos físicos dos filhos eram confeccionados usando a matéria criada pelos Valar em obediência a Eru. O corpo é uma estrutura física emprestada temporariamente aos homens porque eles são apenas visitantes neste mundo. Quando eles morrem fica a cargo de Eru resolver a questão da necessidade de outros corpos (dessa vez verdadeiros) para onde quer que eles partam e que seja a terra original deles para além do mundo. (Finrod menciona um tipo de saudade que os homens sentem de um lugar que reconheciam como sendo sua verdadeira casa, um lar familiar no além mundo)

Por causa de Melkor houve um desgoverno nas leis dos elementos para os corpos dos filhos de Eru (aqui entra o assunto do estatuto). E tudo que antes obedecia a lei única se fragmenta, após o ataque de Melkor em todos os reinos dos Valar passa a vigorar um estado de disputa de leis entre os Valar, a lei de Melkor contra a lei de Eru. O homem integral passou a ser o homem dividido em que o corpo refletia a divisão e inclusive cessa de funcionar porque era uma disputa colossal. Dentro de cada corpo lutavam Manwë contra Melkor (que queria governar o mundo e aplicar suas próprias leis nele).

Nesse sentido, sim, os corpos e elementos do mundo antes funcionavam sob a lei de Manwë e depois adquirem cada vez mais um status de terra assolada, "fora da lei". O corpo ganha estatuto de desgoverno e a alma se transforma em refugiada de guerra.

De de acordo com o Silmarillion, o corpo do homem sofreu algum tipo de decaimento físico num paralelo que lembra a passagem de Adão e Eva quando a maldade entra no paraíso e o homem foi expulso. Enquanto na bíblia os homens conheceram a morte, no mundo de Tolkien, eles passaram a morrer cedo. Numa comparação com os altos Numenorianos os homens médios de Rohan, por exemplo, gozavam vidas longas porque viviam em uma terra pouco maculada e abençoada pelos Poderes (restauração parcial do corpo físico do mundo e do homem). Do ponto de vista do cristianismo do autor essa parte ressoa com a vida de erro causada pelo pecado original no mundo (o pecado acelera a morte dos homens).

Cabe dizer que no universo de Tolkien, a cada embate entre os Poderes, diminui o estado original da parte física do mundo e não apenas os homens mas de forma generalizada, os corpos dos povos livres, animais, plantas e terras se tornaram piores ou uma sombra do que foram um dia. Se os elfos já eram brilhantes na decadência os filhos mais velhos de Eru a princípio deveriam ter se tornado divinamente fantásticos (sem Melkor) e os homens, mesmo morrendo, ainda seriam mais incríveis do que os homens que vemos em Númenor.

Um dos pontos cruciais do decaimento do mundo foi durante a destruição das luminárias (Ormal e Illuin) que causou tantos danos que até o autor deixa de colocar limite para recuperação ao afirmar que os Poderes nunca conseguiram curar nem controlar completamente a escala de devastação gerada por Melkor. De modo que muita coisa que entrou em desgoverno permanece sem lei até o fim dos tempos.

Por causa das batalhas entre os Poderes os seres vivos foram piorados em variedade e em qualidade de atributos. A vida e a morte passaram a caminhar juntas em todos os lugares (apesar de a vida ser independente) e o brilho original de tudo, mesmo em Aman, nunca foi restaurado na totalidade. A expulsão de Melkor tem muito a ver com a piedade que os Poderes sentiram do mundo e de suas obras que foram destruídas.

Tem uma passagem muito interessante em que Frodo entra em Lórien para falar com Galadriel. E ele observa que tudo dentro do reino dos elfos havia sido protegido como nos dias antigos (da primeira era) que as folhas nas plantas eram não apenas lindos e nítidos, mas sem um tipo de mácula que lá fora sugava a vitalidade e valor das coisas, como se a forma das coisas cumprisse a medida mais bela possível, na exata proporção, sem doença.

Quer dizer, se tudo isso era possível numa terra que já havia sofrido, então o começo de cada coisa no mundo havia sido magnífico.

Apesar de tudo, mesmo no diálogo de Finrod (líder élfico) com Andreth (um dos seres humanos mais sábios que já pisaram no mundo) não se descobre a fonte da sombra sobre os homens e finalmente Finrod percebe, de repente, que o poder de Melkor havia sido mais terrível do que os elfos supunham.
 
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