DarkRider disse:
Aí eu fico pensando: Eru permitiu que Melkor desfigurasse Arda? Pois creio que ele teria poder para parar Melkor. Será que a Desfiguração estava nos planos dele? Não por maldade, como penso que aconteceu no "caso" dos gregos, mas porque o mundo precisava ser desfigurado? Já que Eru tinha o poder necessário para acabar com o mal de Melkor? Por que ele não o fez?
Seria a Desfiguração um passo também na construção ou desenvolvimento do mundo, ou seria pura impressão?
O ideal não é dizer que Eru "permitiu" a desfiguração, porque isso dá a entender que ele foi negligente, ou algo assim. É um pouco diferente. Eru tinha poder para parar Melkor, e parar ou fazer qualquer coisa, mas não era assim que funcionava. Ele havia criado os Ainur livres para agirem como quisessem, e respeitava esse dom que ele próprio havia concedido. Era possível que Ilúvatar impedisse impedisse Melkor em muitas ocasiões, mas isso não estaria de acordo com o livre-arbítrio das suas criaturas, Ilúvatar devia respeitar isso (e respeitou).
Melkor fez uma escolha errada, e decidiu tentar contrarior o Um. Essa escolha foi de Melkor, e só dele. Eu acho essa pergunta muito legal: "Isso estava nos planos de Eru?". Estar nos planos quer dizer que ele desejava que fosse daquela maneira, ou seja, estaríamos admitindo que Eru desejava a dor, o sofrimento, a guerra e mais uma infinidade de coisas ruins. Por isso que não, Eru não desejava a desfiguração do mundo: as próprias palavras falam por si, o mundo foi desfigurado, foi adulterado, deturpado.
Se algo é chamado de desfigurado, é porque houve, ao menos em teoria ou imaginação, uma forma não-desfigurada. O desejo de Eru é esse, o mundo sem perversão, sem dissonância. O desejo do Um, na Música, é revelado como sendo o seu
tema puro e simples, mas na medida em que outras idéias consoantes à sua entremeavam aquela música e uma grande sinfonia de novas idéias harmônicas entre si surgia, tudo estava de acordo com a vontade inicial de Eru. O que Melkor fez foi exatamente discordar desse tema, e queria entremear naquela grande sinfonia temas próprios, idéias que diferiam muito da idéia do Regente (Ilúvatar).
Mas, em última visão, a desfiguração foi sim um passo no desenvolvimento do mundo. Nada que Melkor fizesse iria impedir que o grande plano de Ilúvatar viesse a se completar, e não seria a desfiguração uma exceção. Ela teve muitas conseqüências terríveis e cruéis, mas bons frutos nasciam dessas maldades e vinham a enriquecer a grandeza da Criação como um todo. A cada vez que isso acontecia, Melkor enfurecia-se mais e mais.