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É verdade, eu lembro que quando tava escrevendo essa parte eu tava ouvindo a trilha sonora do senhor dos aneis. Não sei como musica influencia no processo criativo mas acho que ajudou a dar uma dramaticidade ao momento.
A queda das sete estrelas - Capitulo 9
Geldan caminhava em meio aquele brilho avermelhado. Sentia-se estranho ali naquele lugar fechado de baixo da terra. Gylos que ia a sua frente tentava encontrar um fio da meada entres aqueles tantos corredores. Isso porquê não tinham ido ainda para os túneis mesmo apenas estavam nas masmorras. Elas já pareciam um labirinto interminável imagina o que vinha depois. Se perguntava “saíram algum dia dali?”
Parecia que seria muito difícil a jornada. Aquele lugar fedendo a corpos mortos, aqueles corredores intermináveis, e o pior aquelas celas macabras com todos aqueles objetos de tortura. Esse cenário todo com o brilho vermelho das caneletas de fogo. É parecia que a viagem seria dura.
Gylos não fazia a menor idéia por onde seguir. Os dois, tanto ele e Geldan. Estavam num vira para cá e um vira lá nas esquinas dos corredores. Gylos sabia da sua culpa no fato de estarem perdidos ali abaixo da terra. Isso era porquê tinha sido cabeça dura e havia ficado esperando mais de dois dias na torre acima das masmorras.
Chegavam agora a um grupo de celas muito esquisitas. Elas eram pequenas demais que nem dava para o preso se deitar. Iam diminuindo de área até aquela que só dava para ficar em pé. Geldan imaginou alguém preso ali, que horror, sentia pena daqueles que ali ficaram.
Foram caminhando por aquele corredor. Ele era grande e largo. Nessa parte em que estavam não havia celas, mas sim aposentos dos que deviam ser carcereiros, guardas e soldados. Ainda se podia ver os velhos esqueletos das camas sem colchão nos imensos quartos. Os dois passaram rápido por ali e seguiram até o final do corredor. Havia uma escada que descia para um escuro profundo. Ela devia descer para os níveis mais profundos da masmorra. Seja o que tivesse lá embaixo parecia a melhor opção do que ficar perdido nos níveis superiores sem saber onde ir.
Teriam que arrumar uma tocha, pois as caneletas de fogo não iam até lá embaixo. É engraçado, a visão dos elfos era excelente mais não superava a falta de luz, nesse ponto ela era igual aos seus parentes distantes os humanos. Geldan pegou um dos vários archotes apagados e acendeu na caneleta. Gylos fez o mesmo. Os dois assim então começaram a descer as escadas.
Elas eram circulares e desciam em varias espirrais até o distante e escuro chão. Geldan ao ir pisando em cada degrau tinha a sensação cada vez maior de estar no fundo do mundo. Isso de certa forma o assustava, pois se estava no fundo do mundo a jornada de volta para a luz seria longa o que significava que ficaria naquela escuridão por muito tempo.
Deram as ultimas voltas na espiral da escada e chegaram a uma sala mergulhada na escuridão apenas era claro um pequeno circulo de uns dois metros de raio em torno das tochas. Geldan foi andando e esqueletos de soldados foram aparecendo. O jovem tomou um susto.
- O que houve aqui?- Indagou abismado Geldan.
- Parece que tiveram uma batalha dentro da sua própria masmorra.
- Mas então cadê os corpos dos inimigos? Todos os soldados carregam os mesmo brazão na armadura.
- Pode ter sido um motim – Afirmou Gylos e continuou – Mas vendo melhor parece que não teve batalha porque não existem rastros de luta nos esqueletos.
- Mas então o que os teria matado?- questionou intrigado Geldan.
- Talvez tenha sido a fome. Doença é impossível, todos ou grande maioria dos que trabalhavam para Fal Rah eram elfos na maior parte originários de Harsaiam.
- Então foi fome que matou eles. Isso não é estranho. Pode acontecer, no entanto é muito difícil.- afirmou Gylos se abaixando e olhando mais de perto uma caveira.- Entretanto se a gente analisar esse lugar. Não existem portas aqui embaixo então não podiam ficar presos. E ambos sabemos que para um elfo morrer de fome é preciso muito tempo sem comer.
- Isso é muito estranho. Alguma coisa tem que ter matado esses soldados.- afirmou Geldan.
Gylos andou perdidos em pensamentos até se deparar com a porta no fim daquela sala. Estava selada com toras da madeiras pregadas a fim de tranca-la.
- Geldan olhe isso.- chamou Gylos – veja que estranho. Porque soldados iriam trancar uma porta em sua própria fortaleza e o pior é que o fizeram com toras de madeira. Parece que queria impedir que alguma coisa entrasse aqui.
Geldan olhou para aquela porta e teve um arrepio na espinha. O que faria os soldados de Fal Rah temerem tanto.
- Parece que esse é nosso caminho. Não há lugar para ir alem desse nesta sala. Teremos que torcer para o que tiver do outro lado já tenha ido embora. – Falou Gylos.
- Mas Gylos como vamos tirar essas toras da porta?
- É realmente isso é um problema, posso usar fogo mágico de Orliã para explodir e liberar o caminho, no entanto temo que se eu fizer isso teto pode desmoronar junto.
- Como é? Tu tens fogo mágico. Vens de Orliã. Realmente isso é uma surpresa. Achei que só magos tinham fogo mágico e moravam em Orliã.
- Não pelo contrario existe pessoas que não são magos em Orliã. As únicas que são magas são aquelas que moram na grande árvore e que servem a Ayulen a grã-mestra. Eu apenas estou em uma missão a mando dela. Na verdade moro na cidade de Verevardan.
- No entanto como conseguiu fogo mágico se não é mago? – questionou Geldan.
- Ayulen me entregou ele para casos de extrema emergência.
- Então sua missão deve ser de extrema importância.
- Muito importante, eu diria fundamental.- disse Gylos raciocinando em frente à porta – Por isso afirmo que temos sair daqui o mais rápido possível.
- Entretanto o que usaríamos se não podemos usar fogo mágico.
- Simplesmente poderíamos usar o fogo comum.
Geldan parou e pensou ao ouvir aquela idéia e respondeu:
- Mas, se usarmos fogo não poderemos incendiar a masmorra inteira?
- Poder pode, mas eu tive uma idéia para evitar isso.- afirmou Gylos e continuou – Você concorda que toda fortaleza tem que ter um deposito de água. Para uso geral como para beber, higiene e outras coisas.
Geldan assentiu com a cabeça.
- Pois então nós usaremos essa água para conter o fogo caso ele se alastre por esta sala.
- Acha que dará certo? – perguntou Geldan.
- Não sei. Porque tens outra idéia?
O jovem fez um sinal negativo com a cabeça.
- Então mãos a obra.
A primeira coisa que tinha de fazer era achar o tal deposito de água. Talvez ele nem existisse mais, pois a masmorra estava abandonada a mais de mil anos. Na verdade ele não existia mesmo, pois a vários séculos que aquele lugar estava abandonado seria até estranho eles encontrarem um. Os dois gastaram um tempão revirando aquela masmorra pra nada. Alias um tempo que não tinham. A coisa terrível que estava atrás deles não havia desistido de encontrar eles. Já tinha chegado a porta de entrada da masmorra e agora tentava derruba-la.
Os dois reviraram aquela masmorra de cabo a rabo e nada encontraram. O resultado era mais que provável só Gylos para não ver isso. Não sei se o leitor percebeu, mas ele não é dotado de ter boas idéias. Primeiro a idéia de esconder os pergaminhos agora essa idéia de deposito de água. É parece que teriam muita sorte pelo caminho.
Não havia jeito teriam que arriscar no fogo mágico. Apesar de tudo a chance de dar algo errado seria menor do que usar fogo comum. Então se dirigiram para a sala da porta. Desceram mais uma vez para a escuridão profunda. Geldan mais uma vez sentiu a sensação de estar no fundo do mundo. Chegaram na sala novamente.
Gylos tirou da mochila um pequeno saquinho de couro. Pegou outro vazio e despejou um pouco do conteúdo do primeiro. Era um pó brilhante e fino. Depois ele foi em direção a porta e colocou o segundo saquinho em cima das madeiras. Em seguida foi fazendo uma pequena trilha com o conteúdo do primeiro.
Quando chegou ao lado de Geldan falou:
- Melhor tampar os ouvidos.
Ele soltou a tocha em cima da trilha. Assim que a labareda a tocou o pó se espalhou e correu a uma velocidade impressionante. Mal deu tempo de olhar. Quando a chama chegou a porta parecia que mundo ia acabar. Tudo tremeu e veio terrível estampido que por uns segundos deixou Geldan surdo. Entretanto logo depois tudo parou e estava de volta ao normal.
Gylos olhou para a direção da porta. Estava livre, não havia mais madeira, não havia mais nada. O caminho estava livre. A escuridão do outro lado era mais profunda que ali. Parecia que não tinha nada de perigoso lá naquele momento.
- Geldan, pronto podemos seguir viagem.- disse Gylos avançando em direção do caminho agora livre.
Os dois atravessaram o portal destruído. O barulho do gotejar distante desapareceu dando lugar a um silencio absoluto. Logo depois de entrarem no túnel de rocha a estrutura atrás deles não resistiu e veio abaixo. Pronto agora não poderiam mais voltar agora só lhes restava seguir em frente. Duros dias de viagem os esperavam pela frente.
- Pelo menos não corremos o risco daquela coisa nos alcançar. – Disse Geldan olhando para a pilha de entulho formada após o desabamento.
- É mais ainda temos que percorrer esses túneis que nem conhecemos. Podemos ficar aqui uma eternidade.- falou em contrapartida Gylos.
Uma nova fase da aventura de Geldan começava. Talvez a mais difícil, talvez a mais dolorosa ou talvez a mais longa. Será que estava arrependido de ter saído de casa se soubesse o que ocorreu depois, apostaria que sim. No entanto como não sabia continuava uma vez que tinha começado iria até o fim. Iria salvar a filha daquele homem. Tinha jurado isso a si mesmo nem que tivesse que ir para o fim do mundo para cumprir.
Já estavam andando há umas três horas e sentia-se abafado. Aquele lugar não corria nenhum vento. Não que fosse quente; mas simplesmente não tinha nenhum ar circulando, era sempre o mesmo ar viciado.
Gylos não sentia isso apenas seguia andando calado como se fosse uma maquina que repetidamente faz a mesma coisa. E mais três horas passaram e nada de pararem de andar. Era sempre a mesma coisa, dos dois lados rocha e a frente e atrás escuridão. De vez em quando passava pela lateral um buraco de um novo túnel. Continuavam sempre na mesma direção, iam pra frente.
O silencio era profundo. Não escutavam nada a não ser sua própria respiração baixa. Era uma tortura silenciosa. Aquele lugar fechado sem nada a fazer barulho, sem ar a circular. Era estranho parecia que alguma coisa os espreitava atrás daquele clima todo. Os nervos de Geldan já reclamavam. Começavam a estranhar aquele lugar. Começava a se sentir enervado.
Geldan continuou a caminhada com Gylos. Andaram mais uma hora até que pararam. Decidiram ficar num lugar que era uma espécie de encruzilhada. Daquele ponto saiam três túneis. O túnel da onde tinha vindo e dois outros, um que subia e outro que descia. Gylos ascendeu uma pequena fogueira. Comeram um pouco da comida que tinham e dormiram.
Os sonhos de Geldan não foram nada bons. Sonhou que estava no alto de uma torre. Aparentemente desconhecida sob um forte nevoeiro. Não enxergava nada além de um palmo de distância. Fazia frio. Estava sozinho.
- hei há alguém ai?! – Gritava na esperança que alguém respondesse.
No entanto ninguém respondeu. Só havia o barulho do vento que de vez em quando batia ali no topo da torre. Não havia saída daquele lugar, nem escada, nem buraco, não havia como sair dali. Geldan não sabia o que fazer. Será que ficaria para sempre preso. Numa torre perdia e esquecida pelo tempo. Ao que tudo indicava sim, mas no momento em que achava isso o nevoeiro foi se dissipando.
Apareceu bem abaixo no chão um imenso gramado com uma majestosa cidade ao perder do horizonte. Suas muralhas eram incrivelmente altas e suas torres muito brilhantes. O sol se punha vermelho refletindo sua luz na cidade. No entanto o sol se pôs e a cidade continuou com o brilho vermelho e cada vez foi ficando mais vermelho até que se tornou da cor do sangue. E o sangue começou a jorrar das muralhas, era muito abundante em quantidade. Aos poucos o campo verde e imenso foi se tornando vermelho. Geldan não agüentava ver mais aquilo. Fechou seus olhos e deitou no chão da torre e ficou assim por um tempo. Não conseguiu mais ficar de olhos fechados, os abriu novamente. Caminhou para a borda do terraço e olhou. Viu um penhasco e lá embaixo o mar sempre azul profundo e rugindo como um trovão e sua extensão se prolongava eterna pelo horizonte. No meio dele um pequeno ponto branco se movia. Ele se dirigia para a eternidade azul do horizonte e ia assim até desaparecer na distancia.
Geldan se sentiu estranho ao ver aquela imagem. Tinha a sensação que estava partindo, mas partindo pra onde? O que haveria na imensidão do mar? Por mais esquisito que fosse sentia que existia alguma coisa sim. De repente sentiu saudade de seu irmão e sua mãe. Queria voltar para Sartyud. Chega de aventuras. A paz era tudo que queria ter novamente. Queria ver sua casa, seu irmão e sua mãe. Imagina como estavam os dois com o sumiço dele. Porquê aquele elfo foi aparecer de repente lá e mudar tudo, porquê tudo não continuou igual como sempre foi.
Geldan fechou os olhou novamente e deitou no chão. Quando os abriu novamente havia acordado. Gylos já estava também acordado e terminava de comer.
- Hum... sua cara não está nada boa. Que foi um sonho ruim?
- Não, nada demais. Só foi uma noite mal dormida. – Respondeu Geldan.
- Então saia logo desse marasmo e coma alguma coisa que temos um dia longo de caminhada pela frente.
Geldan comeu alguma coisa. Botou a trouxa nas costas e pronto estava preparado pra continuar a jornada na escuridão. Ele e Gylos pararam e olharam para os dois túneis; e agora? Qual eles escolheriam. A primeira coisa que pensaram foi seguir por aquele que subia, mas ao olharem pra ele alguma coisa no fundo da sua mente recusou a idéia. Era nada mais que uma intuição idiota que no final podia significar sua morte. Mesmo acataram a ela e tomaram o caminho que descia.
Desceram durante alguns minutos ao que parecia ser uma íngreme ladeira. Foram devagar para não escorregar. Mas uma hora quando já chegavam ao fim, num momento de distração Geldan pisou em falso e escorregou. Foi descendo o resto da ladeira rolando. Tudo girou rápido e parou de repente quando bateu em alguma coisa. Sentia a ardência dos vários arranhões espalhos pelo corpo e mais a terrível dor do braço. Estava de olhos fechados não queria olhar para o estado dele. No entanto alguma coisa o chamou a atenção era um brilho fraco que vinha sobre suas pálpebras. Abriu os olhos e viu logo a sua frente pés e a luz de uma lâmpada de cor azul.
Geldan levantou os olhos para ver quem era que tinha parado sua queda. Era uma mulher muito branca de longos cabelos prateados. Ela usava uma pequena camisa que lhe apenas cobria os seios e deixava a barriga aparecer e também vestia uma calça que ia até a metade da canela. O elfo deu um salto para trás de susto. Quem será que era ela? O que fazia ali naqueles túneis?
A mulher se aproximou e olhou para sua aparência e seu braço.
- Você está bem? Parece que precisa de cuidados – Disse quebrando o silencio.
- Quem é você e o que quer de mim? – Indagou Geldan ignorando o que a mulher havia dito.
- Meu nome Jakerat e sou do povo Almuiá, vivemos num pequeno povoado perto daqui. Lá podem ajudar você e seus ferimentos.
- Não preciso de sua ajuda estranha, tudo que preciso é achar um caminho de volta para a superfície.
- Então você é da superfície, então isso explica o estrondo que ouvimos. Sabia que sua pequena travessura assustou muito nosso povo. Meu pai não tem me deixado sair de casa por medo do que fez.
- Olha não quero nada com seu povo só quero voltar para superfície para não mais pisar aqui.
- OK. Por mim tudo bem, mas você precisa antes de cuidados médicos. Esse seu braço não está nada bem.
Geldan havia se esquecido do braço. Ele o havia quebrado na queda. Olhou para ele e teve uma sensação de embrulho no estomago. Alem de estar com uma parte do osso pra fora ainda estava fora do lugar.
Pensou “Por Al Littüe o que vou fazer agora, ainda tenho que salvar aquela filha”. A dor agora vinha impiedosa. Era insuportável achava que iria morrer de tanta dor.
- Tenha calma. Posso ajuda-lo venha até meu povoado e meu povo o curará desse ferimento. – Afirmou ela olhando para a cara de sofrimento de Geldan.
- Acho que não vou recusar a sua oferta, mas só vou se você me prometer mostrar o caminho pra superfície.
- Ta bom eu prometo. Venha comigo.
Geldan segurou na mão dela e se levantou. Desconfiava ainda, tudo aquilo podia ser uma armadilha para o tornar prisioneiro. No entanto não tinha outra escolha porem não levaria Gylos para lá.
Jakerat lhe deu o braço para se apoiar e foi guiando pela escuridão o jovem elfo. Geldan olhou para sua face e viu um belo rosto mesmo para os elfos. Era incrível como tinha um povo vivendo em baixo da terra. No lugar onde estavam agora não era mais fechado como um túnel era como se fosse um campo de baixo da terra.
Mas pararam de avançar, tinha que botar seu braço no lugar.
- Olha isso vai doer muito, melhor você nem olhar. – Afirmou Jakerat.
Geldan ficou só imaginando. Virou até a cara de direção para não ver. Jakerat colocou as mãos no braço e num rápido giro o colocou de volta no lugar. Geldan sentiu a dor latejante vir sobre ele. Foi terrível, mas passou. Assim poderia continuar. Ainda pegou um pedaço da capa e enrolou seu braço nele.
- Agora está bem para andarmos até meu povoado.
- O quanto fica longe? – perguntou Geldan a Jakerat.
- Há algumas horas daqui. Ainda hoje chegamos lá.
A uma certa distancia dali Gylos observava aquele dialogo. Parecia que havia seres habitando aqueles túneis. Isso era incrível, se perguntava como era possível. No entanto não importa tinha que continuar e cumprir sua missão. Pobre da daquele jovem teria que deixa-lo nas mãos desse povo desconhecido. Não parecia que o fariam mal e ainda tinha uma vantagem pra ele. Geldan serviria pra desviar a atenção dele e dos pergaminhos.
Seu plano seria o seguinte: seguiria eles até chegarem ao povoado e depois tomaria outro caminho em busca da saída.
Lentamente foi seguindo os passos dos dois sem que percebessem. O jovem elfo e a estranha mulher estavam a alguns metros adiante. Andavam em silencio. Gylos os via avançar. Ia atrás deles bem quieto.
Bem distante surgiu um som de água correndo. Devia haver um rio ali em baixo, mas aonde? Não sabia, devia estar numa localidade próxima. Tomou cuidado ao pisar no chão. Usava o bastão da tocha para ir tateando o chão para ver ser não havia água. Também prestava atenção nos dois a sua frente. Qualquer sinal saberia que era o tal rio e que tinha que armar uma estratégia para atravessa-lo.
Queria saber quanto tempo demoraria pra sair dali. Mesmo seguindo Geldan e a mulher sabia que não era o caminho pra saída. Tinha o conhecimento que teria de achar a saída sozinho. Isso o preocupava, pois mesmo estando perto de tal povoado não quer dizer que estivesse perto da saída.
Parece que tinha uma tarefa difícil pela frente. Alias como todas as que teve até agora. A missão que aceitara era assim mesmo muito difícil. Ainda não entendia porque Ayulen o havia escolhido. Era mais do que claro que não tinha competência pra realiza-la, mas ainda assim ela tomara essa decisão. Isso não importava agora, tinha que levar aqueles pergaminhos para fora de Anfalâr. Fal Rah e seus exércitos avançavam rumo ao Império e ninguém sabia se os Hazuris conseguiria segurar o ímpeto das hordas inimigas.
Na distancia viu os dois a sua frente pulando. Aquele devia de ser o rio. Então já sabia a distancia que estava dele. Prestou bastante atenção no bastão que tateava o chão e foi seguindo vagarosamente.
Quando o pedaço de pau encostou em algo que parecia água ele saltou. E foi assim no escuro, só na confiança que tinha que iria chegar ao outro lado. E estava certo chegou no outro lado num lugar seco. Respirou aliviado e continuou. A luz que vinha do lampião dos dois já começava a desaparecer na distancia. Acelerou o passo então. Sabia que se perdesse o rastro Geldan estava literalmente perdido pra sempre ali embaixo.
Os agora entraram numa passagem que era estreita diferente do espaço amplo em que estavam. Gylos os seguiu. Tomava cuidado ao caminhar, pois já que estavam numa passagem mais estreita era mais fácil eles ouvirem seus passos.
As horas passaram e ele continuou a seguir os dois. A passagem se alargou e muito distante ele enxergou luzes. Não acreditava existia uma cidade ali embaixo. Como era possível. Será que tinha sido aquele povo que havia assustado o soldados de Fal Rah. Olhando assim parecia que tinha um poder considerável.
Infelizmente não poderia conhece-los a fundo. Sua jornada não passava por ali. Seguia outro rumo para o distante mar e além. Gylos viu que os dois seguiram pra cidade. Era naquele momento que os caminhos dele e de Geldan se separavam. Até aquele presente momento tinha sido um prazer conviver com aquele sonhador elfo, mas infelizmente nada dura para sempre tinha que dizer adeus. E com um aceno ele tomou outra direção e continuou seu caminho.
A queda das sete estrelas - Capitulo 9
Geldan caminhava em meio aquele brilho avermelhado. Sentia-se estranho ali naquele lugar fechado de baixo da terra. Gylos que ia a sua frente tentava encontrar um fio da meada entres aqueles tantos corredores. Isso porquê não tinham ido ainda para os túneis mesmo apenas estavam nas masmorras. Elas já pareciam um labirinto interminável imagina o que vinha depois. Se perguntava “saíram algum dia dali?”
Parecia que seria muito difícil a jornada. Aquele lugar fedendo a corpos mortos, aqueles corredores intermináveis, e o pior aquelas celas macabras com todos aqueles objetos de tortura. Esse cenário todo com o brilho vermelho das caneletas de fogo. É parecia que a viagem seria dura.
Gylos não fazia a menor idéia por onde seguir. Os dois, tanto ele e Geldan. Estavam num vira para cá e um vira lá nas esquinas dos corredores. Gylos sabia da sua culpa no fato de estarem perdidos ali abaixo da terra. Isso era porquê tinha sido cabeça dura e havia ficado esperando mais de dois dias na torre acima das masmorras.
Chegavam agora a um grupo de celas muito esquisitas. Elas eram pequenas demais que nem dava para o preso se deitar. Iam diminuindo de área até aquela que só dava para ficar em pé. Geldan imaginou alguém preso ali, que horror, sentia pena daqueles que ali ficaram.
Foram caminhando por aquele corredor. Ele era grande e largo. Nessa parte em que estavam não havia celas, mas sim aposentos dos que deviam ser carcereiros, guardas e soldados. Ainda se podia ver os velhos esqueletos das camas sem colchão nos imensos quartos. Os dois passaram rápido por ali e seguiram até o final do corredor. Havia uma escada que descia para um escuro profundo. Ela devia descer para os níveis mais profundos da masmorra. Seja o que tivesse lá embaixo parecia a melhor opção do que ficar perdido nos níveis superiores sem saber onde ir.
Teriam que arrumar uma tocha, pois as caneletas de fogo não iam até lá embaixo. É engraçado, a visão dos elfos era excelente mais não superava a falta de luz, nesse ponto ela era igual aos seus parentes distantes os humanos. Geldan pegou um dos vários archotes apagados e acendeu na caneleta. Gylos fez o mesmo. Os dois assim então começaram a descer as escadas.
Elas eram circulares e desciam em varias espirrais até o distante e escuro chão. Geldan ao ir pisando em cada degrau tinha a sensação cada vez maior de estar no fundo do mundo. Isso de certa forma o assustava, pois se estava no fundo do mundo a jornada de volta para a luz seria longa o que significava que ficaria naquela escuridão por muito tempo.
Deram as ultimas voltas na espiral da escada e chegaram a uma sala mergulhada na escuridão apenas era claro um pequeno circulo de uns dois metros de raio em torno das tochas. Geldan foi andando e esqueletos de soldados foram aparecendo. O jovem tomou um susto.
- O que houve aqui?- Indagou abismado Geldan.
- Parece que tiveram uma batalha dentro da sua própria masmorra.
- Mas então cadê os corpos dos inimigos? Todos os soldados carregam os mesmo brazão na armadura.
- Pode ter sido um motim – Afirmou Gylos e continuou – Mas vendo melhor parece que não teve batalha porque não existem rastros de luta nos esqueletos.
- Mas então o que os teria matado?- questionou intrigado Geldan.
- Talvez tenha sido a fome. Doença é impossível, todos ou grande maioria dos que trabalhavam para Fal Rah eram elfos na maior parte originários de Harsaiam.
- Então foi fome que matou eles. Isso não é estranho. Pode acontecer, no entanto é muito difícil.- afirmou Gylos se abaixando e olhando mais de perto uma caveira.- Entretanto se a gente analisar esse lugar. Não existem portas aqui embaixo então não podiam ficar presos. E ambos sabemos que para um elfo morrer de fome é preciso muito tempo sem comer.
- Isso é muito estranho. Alguma coisa tem que ter matado esses soldados.- afirmou Geldan.
Gylos andou perdidos em pensamentos até se deparar com a porta no fim daquela sala. Estava selada com toras da madeiras pregadas a fim de tranca-la.
- Geldan olhe isso.- chamou Gylos – veja que estranho. Porque soldados iriam trancar uma porta em sua própria fortaleza e o pior é que o fizeram com toras de madeira. Parece que queria impedir que alguma coisa entrasse aqui.
Geldan olhou para aquela porta e teve um arrepio na espinha. O que faria os soldados de Fal Rah temerem tanto.
- Parece que esse é nosso caminho. Não há lugar para ir alem desse nesta sala. Teremos que torcer para o que tiver do outro lado já tenha ido embora. – Falou Gylos.
- Mas Gylos como vamos tirar essas toras da porta?
- É realmente isso é um problema, posso usar fogo mágico de Orliã para explodir e liberar o caminho, no entanto temo que se eu fizer isso teto pode desmoronar junto.
- Como é? Tu tens fogo mágico. Vens de Orliã. Realmente isso é uma surpresa. Achei que só magos tinham fogo mágico e moravam em Orliã.
- Não pelo contrario existe pessoas que não são magos em Orliã. As únicas que são magas são aquelas que moram na grande árvore e que servem a Ayulen a grã-mestra. Eu apenas estou em uma missão a mando dela. Na verdade moro na cidade de Verevardan.
- No entanto como conseguiu fogo mágico se não é mago? – questionou Geldan.
- Ayulen me entregou ele para casos de extrema emergência.
- Então sua missão deve ser de extrema importância.
- Muito importante, eu diria fundamental.- disse Gylos raciocinando em frente à porta – Por isso afirmo que temos sair daqui o mais rápido possível.
- Entretanto o que usaríamos se não podemos usar fogo mágico.
- Simplesmente poderíamos usar o fogo comum.
Geldan parou e pensou ao ouvir aquela idéia e respondeu:
- Mas, se usarmos fogo não poderemos incendiar a masmorra inteira?
- Poder pode, mas eu tive uma idéia para evitar isso.- afirmou Gylos e continuou – Você concorda que toda fortaleza tem que ter um deposito de água. Para uso geral como para beber, higiene e outras coisas.
Geldan assentiu com a cabeça.
- Pois então nós usaremos essa água para conter o fogo caso ele se alastre por esta sala.
- Acha que dará certo? – perguntou Geldan.
- Não sei. Porque tens outra idéia?
O jovem fez um sinal negativo com a cabeça.
- Então mãos a obra.
A primeira coisa que tinha de fazer era achar o tal deposito de água. Talvez ele nem existisse mais, pois a masmorra estava abandonada a mais de mil anos. Na verdade ele não existia mesmo, pois a vários séculos que aquele lugar estava abandonado seria até estranho eles encontrarem um. Os dois gastaram um tempão revirando aquela masmorra pra nada. Alias um tempo que não tinham. A coisa terrível que estava atrás deles não havia desistido de encontrar eles. Já tinha chegado a porta de entrada da masmorra e agora tentava derruba-la.
Os dois reviraram aquela masmorra de cabo a rabo e nada encontraram. O resultado era mais que provável só Gylos para não ver isso. Não sei se o leitor percebeu, mas ele não é dotado de ter boas idéias. Primeiro a idéia de esconder os pergaminhos agora essa idéia de deposito de água. É parece que teriam muita sorte pelo caminho.
Não havia jeito teriam que arriscar no fogo mágico. Apesar de tudo a chance de dar algo errado seria menor do que usar fogo comum. Então se dirigiram para a sala da porta. Desceram mais uma vez para a escuridão profunda. Geldan mais uma vez sentiu a sensação de estar no fundo do mundo. Chegaram na sala novamente.
Gylos tirou da mochila um pequeno saquinho de couro. Pegou outro vazio e despejou um pouco do conteúdo do primeiro. Era um pó brilhante e fino. Depois ele foi em direção a porta e colocou o segundo saquinho em cima das madeiras. Em seguida foi fazendo uma pequena trilha com o conteúdo do primeiro.
Quando chegou ao lado de Geldan falou:
- Melhor tampar os ouvidos.
Ele soltou a tocha em cima da trilha. Assim que a labareda a tocou o pó se espalhou e correu a uma velocidade impressionante. Mal deu tempo de olhar. Quando a chama chegou a porta parecia que mundo ia acabar. Tudo tremeu e veio terrível estampido que por uns segundos deixou Geldan surdo. Entretanto logo depois tudo parou e estava de volta ao normal.
Gylos olhou para a direção da porta. Estava livre, não havia mais madeira, não havia mais nada. O caminho estava livre. A escuridão do outro lado era mais profunda que ali. Parecia que não tinha nada de perigoso lá naquele momento.
- Geldan, pronto podemos seguir viagem.- disse Gylos avançando em direção do caminho agora livre.
Os dois atravessaram o portal destruído. O barulho do gotejar distante desapareceu dando lugar a um silencio absoluto. Logo depois de entrarem no túnel de rocha a estrutura atrás deles não resistiu e veio abaixo. Pronto agora não poderiam mais voltar agora só lhes restava seguir em frente. Duros dias de viagem os esperavam pela frente.
- Pelo menos não corremos o risco daquela coisa nos alcançar. – Disse Geldan olhando para a pilha de entulho formada após o desabamento.
- É mais ainda temos que percorrer esses túneis que nem conhecemos. Podemos ficar aqui uma eternidade.- falou em contrapartida Gylos.
Uma nova fase da aventura de Geldan começava. Talvez a mais difícil, talvez a mais dolorosa ou talvez a mais longa. Será que estava arrependido de ter saído de casa se soubesse o que ocorreu depois, apostaria que sim. No entanto como não sabia continuava uma vez que tinha começado iria até o fim. Iria salvar a filha daquele homem. Tinha jurado isso a si mesmo nem que tivesse que ir para o fim do mundo para cumprir.
Já estavam andando há umas três horas e sentia-se abafado. Aquele lugar não corria nenhum vento. Não que fosse quente; mas simplesmente não tinha nenhum ar circulando, era sempre o mesmo ar viciado.
Gylos não sentia isso apenas seguia andando calado como se fosse uma maquina que repetidamente faz a mesma coisa. E mais três horas passaram e nada de pararem de andar. Era sempre a mesma coisa, dos dois lados rocha e a frente e atrás escuridão. De vez em quando passava pela lateral um buraco de um novo túnel. Continuavam sempre na mesma direção, iam pra frente.
O silencio era profundo. Não escutavam nada a não ser sua própria respiração baixa. Era uma tortura silenciosa. Aquele lugar fechado sem nada a fazer barulho, sem ar a circular. Era estranho parecia que alguma coisa os espreitava atrás daquele clima todo. Os nervos de Geldan já reclamavam. Começavam a estranhar aquele lugar. Começava a se sentir enervado.
Geldan continuou a caminhada com Gylos. Andaram mais uma hora até que pararam. Decidiram ficar num lugar que era uma espécie de encruzilhada. Daquele ponto saiam três túneis. O túnel da onde tinha vindo e dois outros, um que subia e outro que descia. Gylos ascendeu uma pequena fogueira. Comeram um pouco da comida que tinham e dormiram.
Os sonhos de Geldan não foram nada bons. Sonhou que estava no alto de uma torre. Aparentemente desconhecida sob um forte nevoeiro. Não enxergava nada além de um palmo de distância. Fazia frio. Estava sozinho.
- hei há alguém ai?! – Gritava na esperança que alguém respondesse.
No entanto ninguém respondeu. Só havia o barulho do vento que de vez em quando batia ali no topo da torre. Não havia saída daquele lugar, nem escada, nem buraco, não havia como sair dali. Geldan não sabia o que fazer. Será que ficaria para sempre preso. Numa torre perdia e esquecida pelo tempo. Ao que tudo indicava sim, mas no momento em que achava isso o nevoeiro foi se dissipando.
Apareceu bem abaixo no chão um imenso gramado com uma majestosa cidade ao perder do horizonte. Suas muralhas eram incrivelmente altas e suas torres muito brilhantes. O sol se punha vermelho refletindo sua luz na cidade. No entanto o sol se pôs e a cidade continuou com o brilho vermelho e cada vez foi ficando mais vermelho até que se tornou da cor do sangue. E o sangue começou a jorrar das muralhas, era muito abundante em quantidade. Aos poucos o campo verde e imenso foi se tornando vermelho. Geldan não agüentava ver mais aquilo. Fechou seus olhos e deitou no chão da torre e ficou assim por um tempo. Não conseguiu mais ficar de olhos fechados, os abriu novamente. Caminhou para a borda do terraço e olhou. Viu um penhasco e lá embaixo o mar sempre azul profundo e rugindo como um trovão e sua extensão se prolongava eterna pelo horizonte. No meio dele um pequeno ponto branco se movia. Ele se dirigia para a eternidade azul do horizonte e ia assim até desaparecer na distancia.
Geldan se sentiu estranho ao ver aquela imagem. Tinha a sensação que estava partindo, mas partindo pra onde? O que haveria na imensidão do mar? Por mais esquisito que fosse sentia que existia alguma coisa sim. De repente sentiu saudade de seu irmão e sua mãe. Queria voltar para Sartyud. Chega de aventuras. A paz era tudo que queria ter novamente. Queria ver sua casa, seu irmão e sua mãe. Imagina como estavam os dois com o sumiço dele. Porquê aquele elfo foi aparecer de repente lá e mudar tudo, porquê tudo não continuou igual como sempre foi.
Geldan fechou os olhou novamente e deitou no chão. Quando os abriu novamente havia acordado. Gylos já estava também acordado e terminava de comer.
- Hum... sua cara não está nada boa. Que foi um sonho ruim?
- Não, nada demais. Só foi uma noite mal dormida. – Respondeu Geldan.
- Então saia logo desse marasmo e coma alguma coisa que temos um dia longo de caminhada pela frente.
Geldan comeu alguma coisa. Botou a trouxa nas costas e pronto estava preparado pra continuar a jornada na escuridão. Ele e Gylos pararam e olharam para os dois túneis; e agora? Qual eles escolheriam. A primeira coisa que pensaram foi seguir por aquele que subia, mas ao olharem pra ele alguma coisa no fundo da sua mente recusou a idéia. Era nada mais que uma intuição idiota que no final podia significar sua morte. Mesmo acataram a ela e tomaram o caminho que descia.
Desceram durante alguns minutos ao que parecia ser uma íngreme ladeira. Foram devagar para não escorregar. Mas uma hora quando já chegavam ao fim, num momento de distração Geldan pisou em falso e escorregou. Foi descendo o resto da ladeira rolando. Tudo girou rápido e parou de repente quando bateu em alguma coisa. Sentia a ardência dos vários arranhões espalhos pelo corpo e mais a terrível dor do braço. Estava de olhos fechados não queria olhar para o estado dele. No entanto alguma coisa o chamou a atenção era um brilho fraco que vinha sobre suas pálpebras. Abriu os olhos e viu logo a sua frente pés e a luz de uma lâmpada de cor azul.
Geldan levantou os olhos para ver quem era que tinha parado sua queda. Era uma mulher muito branca de longos cabelos prateados. Ela usava uma pequena camisa que lhe apenas cobria os seios e deixava a barriga aparecer e também vestia uma calça que ia até a metade da canela. O elfo deu um salto para trás de susto. Quem será que era ela? O que fazia ali naqueles túneis?
A mulher se aproximou e olhou para sua aparência e seu braço.
- Você está bem? Parece que precisa de cuidados – Disse quebrando o silencio.
- Quem é você e o que quer de mim? – Indagou Geldan ignorando o que a mulher havia dito.
- Meu nome Jakerat e sou do povo Almuiá, vivemos num pequeno povoado perto daqui. Lá podem ajudar você e seus ferimentos.
- Não preciso de sua ajuda estranha, tudo que preciso é achar um caminho de volta para a superfície.
- Então você é da superfície, então isso explica o estrondo que ouvimos. Sabia que sua pequena travessura assustou muito nosso povo. Meu pai não tem me deixado sair de casa por medo do que fez.
- Olha não quero nada com seu povo só quero voltar para superfície para não mais pisar aqui.
- OK. Por mim tudo bem, mas você precisa antes de cuidados médicos. Esse seu braço não está nada bem.
Geldan havia se esquecido do braço. Ele o havia quebrado na queda. Olhou para ele e teve uma sensação de embrulho no estomago. Alem de estar com uma parte do osso pra fora ainda estava fora do lugar.
Pensou “Por Al Littüe o que vou fazer agora, ainda tenho que salvar aquela filha”. A dor agora vinha impiedosa. Era insuportável achava que iria morrer de tanta dor.
- Tenha calma. Posso ajuda-lo venha até meu povoado e meu povo o curará desse ferimento. – Afirmou ela olhando para a cara de sofrimento de Geldan.
- Acho que não vou recusar a sua oferta, mas só vou se você me prometer mostrar o caminho pra superfície.
- Ta bom eu prometo. Venha comigo.
Geldan segurou na mão dela e se levantou. Desconfiava ainda, tudo aquilo podia ser uma armadilha para o tornar prisioneiro. No entanto não tinha outra escolha porem não levaria Gylos para lá.
Jakerat lhe deu o braço para se apoiar e foi guiando pela escuridão o jovem elfo. Geldan olhou para sua face e viu um belo rosto mesmo para os elfos. Era incrível como tinha um povo vivendo em baixo da terra. No lugar onde estavam agora não era mais fechado como um túnel era como se fosse um campo de baixo da terra.
Mas pararam de avançar, tinha que botar seu braço no lugar.
- Olha isso vai doer muito, melhor você nem olhar. – Afirmou Jakerat.
Geldan ficou só imaginando. Virou até a cara de direção para não ver. Jakerat colocou as mãos no braço e num rápido giro o colocou de volta no lugar. Geldan sentiu a dor latejante vir sobre ele. Foi terrível, mas passou. Assim poderia continuar. Ainda pegou um pedaço da capa e enrolou seu braço nele.
- Agora está bem para andarmos até meu povoado.
- O quanto fica longe? – perguntou Geldan a Jakerat.
- Há algumas horas daqui. Ainda hoje chegamos lá.
A uma certa distancia dali Gylos observava aquele dialogo. Parecia que havia seres habitando aqueles túneis. Isso era incrível, se perguntava como era possível. No entanto não importa tinha que continuar e cumprir sua missão. Pobre da daquele jovem teria que deixa-lo nas mãos desse povo desconhecido. Não parecia que o fariam mal e ainda tinha uma vantagem pra ele. Geldan serviria pra desviar a atenção dele e dos pergaminhos.
Seu plano seria o seguinte: seguiria eles até chegarem ao povoado e depois tomaria outro caminho em busca da saída.
Lentamente foi seguindo os passos dos dois sem que percebessem. O jovem elfo e a estranha mulher estavam a alguns metros adiante. Andavam em silencio. Gylos os via avançar. Ia atrás deles bem quieto.
Bem distante surgiu um som de água correndo. Devia haver um rio ali em baixo, mas aonde? Não sabia, devia estar numa localidade próxima. Tomou cuidado ao pisar no chão. Usava o bastão da tocha para ir tateando o chão para ver ser não havia água. Também prestava atenção nos dois a sua frente. Qualquer sinal saberia que era o tal rio e que tinha que armar uma estratégia para atravessa-lo.
Queria saber quanto tempo demoraria pra sair dali. Mesmo seguindo Geldan e a mulher sabia que não era o caminho pra saída. Tinha o conhecimento que teria de achar a saída sozinho. Isso o preocupava, pois mesmo estando perto de tal povoado não quer dizer que estivesse perto da saída.
Parece que tinha uma tarefa difícil pela frente. Alias como todas as que teve até agora. A missão que aceitara era assim mesmo muito difícil. Ainda não entendia porque Ayulen o havia escolhido. Era mais do que claro que não tinha competência pra realiza-la, mas ainda assim ela tomara essa decisão. Isso não importava agora, tinha que levar aqueles pergaminhos para fora de Anfalâr. Fal Rah e seus exércitos avançavam rumo ao Império e ninguém sabia se os Hazuris conseguiria segurar o ímpeto das hordas inimigas.
Na distancia viu os dois a sua frente pulando. Aquele devia de ser o rio. Então já sabia a distancia que estava dele. Prestou bastante atenção no bastão que tateava o chão e foi seguindo vagarosamente.
Quando o pedaço de pau encostou em algo que parecia água ele saltou. E foi assim no escuro, só na confiança que tinha que iria chegar ao outro lado. E estava certo chegou no outro lado num lugar seco. Respirou aliviado e continuou. A luz que vinha do lampião dos dois já começava a desaparecer na distancia. Acelerou o passo então. Sabia que se perdesse o rastro Geldan estava literalmente perdido pra sempre ali embaixo.
Os agora entraram numa passagem que era estreita diferente do espaço amplo em que estavam. Gylos os seguiu. Tomava cuidado ao caminhar, pois já que estavam numa passagem mais estreita era mais fácil eles ouvirem seus passos.
As horas passaram e ele continuou a seguir os dois. A passagem se alargou e muito distante ele enxergou luzes. Não acreditava existia uma cidade ali embaixo. Como era possível. Será que tinha sido aquele povo que havia assustado o soldados de Fal Rah. Olhando assim parecia que tinha um poder considerável.
Infelizmente não poderia conhece-los a fundo. Sua jornada não passava por ali. Seguia outro rumo para o distante mar e além. Gylos viu que os dois seguiram pra cidade. Era naquele momento que os caminhos dele e de Geldan se separavam. Até aquele presente momento tinha sido um prazer conviver com aquele sonhador elfo, mas infelizmente nada dura para sempre tinha que dizer adeus. E com um aceno ele tomou outra direção e continuou seu caminho.