Na verdade, a cousa é mais complexa.
Antes mesmo que
Melcor visse os céus novamente, Míriël morreu em
Aman por razões igualmente frívolas; o parto de Fëanáro parece, a princípio, mais um desígnio estranho de
Eru que a maldade de
Morgoth em si -- mui embora fora conseqüência da Convocação dos
Valar e da Grande Marcha em si, que refletem a incorporação polo Terceiro Thema dos acordes de
Melcor. Mais que isso: a cisão da Casa de
Finwë estava estável e provàvelmente traria muita alegria aos
Eldar, não fosse a
Lehtanë Melcorwa. E, conquanto Arda já estivesse, em verdade, desfigurada, tais acontecimentos ocorriam nas (então mais que depois) immaculadas Terras Immortais, e destarte se poderiam atribuir, se a alguém, à ação dos
Valar apenas, que em desobediência ao desígnio de
Eru levaram os Elfos para o Oeste.
Quero dizer que, a depender do que ocorra, não se pode inequívocamente atribuir o acontecimento ao Inimigo, e tampouco será algo totalmente novo, pois já subcedera antes; como a qüestão original se limita a levantar hypótheses, sem dar causa definida à morte, devemos pensar em duas espheras: a geral -- que tange os pressupostos legais da herança élfica --, e a específica -- que envolve o estudo de cada possibilidade, com conseqüência excepcionais.
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De modo geral, devo expressar que é facto (interno) que Findaráto está vivo e bem, junto a seu pay; se o que quer que atinja a seu pai não o atinja também, naturalmente seria elle seu herdeiro, haja vista que gozava da estima de todos os
Eldar; no caso de morte conjunta ou de renúncia, o trono seria de algum herdeiro seu (com
Amarië Vanyaron), e, se não houver, ao parente mais próximo em linha masculina. A inexistência de hum parentesco masculino é problemática entre os
Eldar; temos, entretanto, precedentes:
Dior filho de
Lúthiën Tindómerel foi aclamado Alto Rey dos
Nelyar com o assassinato de
Elwë Thindacollo (sendo conhecido vulgarmente por
Eluchíl, "Herdeiro de
Elu"); também o fascínio de
Lómiön (
Maeglin) ao ouvir sobre Turucáno Sem-Herdeiro e sua filha Itarilde -- além de seu desejo por esta depois -- em parte se explica por uma possível tendência
Eldarin a aceitar heranças por linha feminina como último recurso, de forma que o seduzia o poder; por fim,
Tuör (e
Eärendil depois) foi ràpidamente aceito como rei em
Arverniën.
Obviamente, as leis tradicionais (não escriptas) dos
Eldar tornam tudo mais difícil, nesse caso; não prevejo solução, por exemplo, se ao invés de a homens por linha feminina o throno couber a uma mulher. Talvez neste caso os
Tatyar se dispersem; quiçá no momento de necessidade surja um novo rey.
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Ora é díficil analysar toda-las situações possíveis.
Um assassinato seria trágico, mas previsível: no último parágrapho narrativo do
Quenta Silmarillion, temos que
Tolkien disse:
No entanto, as mentiras plantadas por Melkor, o poderoso e maldito, Morgoth Bauglir, o Poder do Terror e do Ódio, nos corações de elfos e homens, são uma semente que não morre e não pode ser destruída. E de quando em quando ela volta a brotar; e dará frutos sinistros até o último dos dias.
[formatação minha]; daí supomos que muito afligiria os Elfos, mas seria causa de nenhuma rebelião; entretanto, haveria discórdia entre os Ñoldor, e um novo rey seria necessário para apaziguá-los e reuni-los.
Uma morte accidental traria desfechos mais complexos, deveras: muitos dos Elfos perderiam a fé nos
Valar, e a semente da rebelião seria novamente plantada, embora limpa de discórdia (a princípio). Neste caso, ou os
Ñoldor se dispersam -- a viver como os
Laiquendi, rancorosos e isolados, mas deprovidos de coragem --, ou erguem um novo líder a marchar de volta a
Endor, ou ainda são apaziguados por um novo rey indicado polos
Valar.
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Embora esta argumentação saiu maior que o pretendido, eis: o golpe seria forte, mas o espírito ínclito dos
Eldar resistiria ao vazio, e elles iriam em busca de algo melhor; o novo rei seria ordinàriamente Findaráto Felacundo, desprezando-se agravantes. Espero não ter dicto mui embalde, e que tal artigo vos sane as dúvidas.