Tisf disse:
Anyway, o filme é uma sátira sim, a proposta dele é justamente essa.
Tive o trabalho de pesquisar, bem vamos ver
Sátira
do Lat. satira
s. f.,
composição poética que tem por objectivo censurar os erros e os vícios do seu tempo ou os defeitos de outrem;
censura jocosa;
crítica mordaz.
As Patricinhas de Beverly Hills
Ficha Técnica
Título Original: Clueless
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1995
Estúdio: Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures / UIP
Direção: Amy Heckerling
Roteiro: Amy Heckerling
Produção: Robert Lawrence e Scott Rudin
Música: David Kitay
Direção de Fotografia: Bill Pope
Desenho de Produção: Steven J. Jordan
Direção de Arte: William Hiney
Figurino: Mona May
Edição: Debra Chiate
Elenco
Alicia Silverstone (Cher Horowitz)
Stacey Dash (Dionne)
Brittany Murphy (Tai Fraiser)
Paul Rudd (Josh)
Donald Adeosun Faison (Murray)
Elisa Donovan (Amber)
Breckin Meyer (Travis Birkenstock)
Jeremy Sisto (Elton)
Dan Hedaya (Mel Horowitz)
Aida Linares (Lucy)
Wallace Shawn (Sr. Hall)
Twink Caplan (Srta. Geist)
Justin Walker (Christian Stovitz)
Julie Brown (Srta. Stoeger)
Susan Mohun (Heather)
Sinopse
Em Beverly Hills, uma adolescente (Alicia Silverstone), filha de uma advogado (Dan Hedaya) muito rico, passa seu tempo em conversas fúteis e fazendo compras com amigas totalmente alienadas como ela. (cade a Sátira??? isso pra mim é realidade.)
vejamos abaixo
Realidade - O PEQUENO PRÍNCIPE, ESTAÇÃO CARANDIRU E A ALIENAÇÃO DAS "PATRICINHAS"
O Pequeno Príncipe conta a história de um menino que era príncipe de um pequenino planeta onde vivia ele e sua flor. É uma obra infantil, que faz uma reflexão sobre a solidão.
Carandiru é um romance sobre o famoso presídio de São Paulo, a Penitenciária de Carandiru.
Mas o que leva O Pequeno Príncipe a ser comparado com o livro Estação Carandiru? E as Patricinhas???
Elementar meus caros, é que Estação Carandiru acabou fazendo o mesmo papel do livro de Saint-Exupèry para as moças "arrojadas" de hoje, mas que não são mais do que versões action das "patricinhas" dos anos 80. A grande diferença entre as "patricinhas" dos anos 80 com suas similares dos anos 90 e início dos anos 2000 é que, enquanto as primeiras queriam saber de visual exagerado, compras nas butiques e fofocas com as amigas, as segundas preferem noitadas, esportes radicais, superestimam a tecnologia e vêem nos desfiles de moda uma expressão de uma "atitude" ou "estilo" que elas nem sabem do que se tratam. As primeiras buscavam algum sinal de inteligência em horóscopos ou em manuais de como se vestir para uma festa. As segundas buscam alguma sabedoria cair do céu no final de um passeio de mountain bike ou trazida pelas ondas de surfe. As primeiras ouviam pop dançante e música romântica. As segundas, techno e hip hop e, com algum esforço, um pouco de reggae e poppy punk.
Falando assim, parece que se está achando as duas obras umas porcarias. Na verdade, elas não são. São o contrário disso. São obras respeitáveis. O Pequeno Príncipe é ingênuo porque é uma obra infantil, destina-se às crianças, e por isso há uma linguagem pueril. Estação Carandiru, do corajoso médico Dráusio Varella - que usa a mídia como um instrumento para levar seu conhecimento às pessoas e não raro estabeleceu diálogo com demandas juvenis - , é um grande retrato da vida miserável das prisões, é uma amostra de como a marginalidade nas cadeias demonstra ser uma vida cruel, doentia e deprimente.
O que se queixa é que as moças citadas se limitam a ler tais obras. Assim como a leitura de O Pequeno Príncipe dava a impressão de que as "patricinhas" dos anos 80 eram muito infantis e ingênuas, a leitura de Estação Carandiru faz parecer que as "patricinhas" atuais só se preocupam com temáticas action, como esportes radicais, a questão do banditismo, as "atitudes" da moda e o avanço da tecnologia, tudo isso de uma forma pragmática, imediatista. Neste sentido, os dois tipos de "patricinhas", ainda que em atitude oposta, seguem o mesmo propósito da alienação, porque é muito fácil uma jovem alienada se passar por "radical" sem recorrer ao senso crítico e analítico de nossa realidade. Ela é guiada pela grande mídia da mesma forma que as ingênuas leitoras de O Pequeno Príncipe vinte anos antes.
A essas alturas, hoje em dia, no entanto, as "patricinhas" dos anos 80, hoje mães e donas-de-casa, estão lendo outras coisas, como Clarice Lispector, Lya Luft, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino. O problema é com as "patricinhas" de hoje, que lêem Estação Carandiru como se a literatura brasileira se limitasse somente a isso. As gerações mais recentes parecem ter preguiça em desenvolver um hábito de leitura que fuja dos best sellers e de modismos. Essa juventude se ilude em encontrar "inteligência" em eventos de entretenimento que são apenas astuciosos e irônicos. Confundir inteligência com esperteza se tornou um hábito entre esse pessoal, incluindo as atuais "patricinhas" com sua vida supostamente "arrojada", mas que se trata apenas de uma "alienação participativa", onde a burrice e o conformismo são disfarçados por uma rotina de vida movimentada, cheia de curtição e entretenimento.
Isso gera problemas. Quando chegam à Faculdade, a geração das "patricinhas" dos comerciais de cerveja, de sites como The Girl e Mr. Zip sente o drama de terem prolongado a adolescência com uma verdadeira overdose de curtição. Nas Faculdades, elas têm que entrar em contato constante com textos e autores que já estavam mortos quando elas nem haviam nascido. Terão que estudar e reduzir o tempo das noitadas, e isso ocorre não sem sofrerem de falta de concentração - estão acostumadas com a informação áudio-visual e os textos coloquiais e publicitários - e de angústia. Algumas se dão bem e surpreendem, mas a maioria apenas reconstitui, de forma mais ou menos "descolada", a personagem de Reese Winterspoon em Legalmente loira. Saindo das Faculdades, essas neo-"patricinhas" ainda se preocupam demais com as noitadas e falam gírias de adolescentes, como chamar qualquer tipo de multidão de "galera".
Que futuro irá se mostrar para as "patricinhas" de hoje? As "patricinhas" dos anos 80 hoje cuidam de seus maridos, levam seus filhos à escola e se embelezam conforme recomendam as revistas femininas contemporâneas. Até se tornaram mais inteligentes para acompanhar seus maridos profissionais liberais. E as "patricinhas" atuais, que em certos casos nem arrumaram namorados? Vão desperdiçar suas solteirices em noitadas, desfiles de moda e esportes radicais, quando poderiam reservar quatro horas por dia para ler bons livros, desses que nem sempre - ou quase nunca - aparecem nas listas dos mais vendidos, mas cujo conteúdo pode lhes oferecer bastante informação sem sucumbir à overdose de dados?
Eu lhes pergunto onde está a tal
sátira em Clueless