tava eu todo feliz passeando pelo cineclick, poizeh, e axo um lugar q fala sobre as probabilidades do oscar desse anos... todos os criticos que fizeram comentarios (uns 5) menosprezaram SDA. Mas esse esculachou! :
O FIM DOS FILMES COM FIM
Por José Nêumanne
Eu sou da geração dos cineclubistas, jovens irados que não admitiam finais felizes para filme algum. Era quase um anátema: o que diferenciava um filme de arte de um mero produto comercial da cinematografia hollywoodiana? O happy end, é claro. E era muito simples: a fita que terminasse com um beijo ao som de alguma canção melosa era produto comercial, enquanto a que acabasse de forma trágica, ah, sim, essa era uma obra-prima. Você, meu caro leitor, que está me dando um instante de atenção e merece toda consideração, vai pensar assim: bando de bobos, como conseguiam ser tão simplistas, como não sentiam a delicadeza, a sensibilidade, o romance de um filme como Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany s), só porque o diretor não conseguiu reproduzir o mesmo travo amargo que atravessa as páginas do magnífico romance de Truman Capote? Perdoe-me contrariá-lo, mas, sem querer bancar o nostálgico, eu lhe direi: bons tempos aqueles!
Sim, senhora e sim, senhor - bons tempos aqueles dos filminhos dos finais felizes e dos filmões dos finais infelizes - e por um motivo simples, bem simplesinho: o fato comezinho de que, pelo menos, eles tinham... fim - se acabavam, como tudo na vida, inclusive... a vida. Felizes ou infelizes, havia cenas finais. Hoje em dia, os produtos comerciais da indústria cinematográfica de Hong Kong, da Índia, da "Caixa-Prego", sei-lá-mais-de-onde, até mesmo de Hollywood, não têm mais enredos nem diálogos, apenas ação, correria, tiros, explosões e gritos, muitos gritos. O sucesso de um filme pode ser calculado pela relação entre o volume de sua banda sonora e o número de ingressos que vende.
E nesse ambiente surgiu o filme de arte que não tem fim. Refiro-me a O Senhor dos Anéis, é claro. O sujeito adaptou a obra caudalosa de Tolkien e já lançou nas salas de exibição do planeta a primeira adaptação. E o filme simplesmente não acaba. Para ele, não vale parodiar aquele lema magnífico do velho palhaço Abelardo Barbosa, que berrava a plenos pulmões: "O programa só acaba quando termina". O Senhor dos Anéis não acaba. Nem quando termina. A luz se acende, você se levanta da poltrona, a turma da faxina o expulsa da sala - e o filme simplesmente não acabou. Juro. Duvida? Vá ver. Ainda assim, fatura os tubos. E sem provocar a surdez de ninguém. E também seduziu os críticos. Afinal, os críticos estão acostumados com obras que não acabam. O Boulevard do Crime (Les Enfants du Paradis), de Marcel Carné, por exemplo, tem duas partes e nenhuma delas tem claramente um fim. Talvez por isso, meus amigos críticos tenham sapecado tantas estrelinhas recomendando que o espectador vá correndo ver O Senhor dos Anéis, em cartaz na cidade. O sujeito fica estatelado quatro horas na poltrona, tem até intervalo para vender água e o coitado não morrer de sede, e nada de final, nem feliz, nem infeliz, final nenhum.
Pode ser que meus amigos do Cineclick tenham me pedido a opinião sobre o Oscar deste ano, na esperança de que eu escrevesse alguma coisa sobre quem deveria ganhar, ou não. Confesso que depois do grande êxito estético e comercial de uma monumental porcaria como o tal do Gladiador, não me interessa mais fazer nem ler esse tipo de análise. É por isso que os convoco para uma reflexão mais útil. Tudo indica que em 2002 o Gladiador da vez seja O Senhor dos Anéis, essa metáfora sobre o poder e a condição humana que encanta leitores há meio século e agora seduz espectadores. É provável que O Senhor dos Anéis saia com todas as estatuetas que são a cara da tia da funcionária lá da produtora. E aí será instaurado o reino do cinema que não termina. E a moda será diferente daquela do meu tempo: filme de arte não é filme com final infeliz, mas é filme sem fim. Não é o fim?
______
eae, qq vcs axam??
(pq eu soh fikei "abobado", nao to mais dando bola pra esses aih. mas eu tbm fikei pensando, serah q ele tah certo? nao q o filme seja ruim, nem por nao ter final.. mas por ter cido, sei lah, MTO divulgado e talz...)
"... I know what to do and I do it well...."
Fundamentally Loathsome, Marilyn Manson.
O FIM DOS FILMES COM FIM
Por José Nêumanne
Eu sou da geração dos cineclubistas, jovens irados que não admitiam finais felizes para filme algum. Era quase um anátema: o que diferenciava um filme de arte de um mero produto comercial da cinematografia hollywoodiana? O happy end, é claro. E era muito simples: a fita que terminasse com um beijo ao som de alguma canção melosa era produto comercial, enquanto a que acabasse de forma trágica, ah, sim, essa era uma obra-prima. Você, meu caro leitor, que está me dando um instante de atenção e merece toda consideração, vai pensar assim: bando de bobos, como conseguiam ser tão simplistas, como não sentiam a delicadeza, a sensibilidade, o romance de um filme como Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany s), só porque o diretor não conseguiu reproduzir o mesmo travo amargo que atravessa as páginas do magnífico romance de Truman Capote? Perdoe-me contrariá-lo, mas, sem querer bancar o nostálgico, eu lhe direi: bons tempos aqueles!
Sim, senhora e sim, senhor - bons tempos aqueles dos filminhos dos finais felizes e dos filmões dos finais infelizes - e por um motivo simples, bem simplesinho: o fato comezinho de que, pelo menos, eles tinham... fim - se acabavam, como tudo na vida, inclusive... a vida. Felizes ou infelizes, havia cenas finais. Hoje em dia, os produtos comerciais da indústria cinematográfica de Hong Kong, da Índia, da "Caixa-Prego", sei-lá-mais-de-onde, até mesmo de Hollywood, não têm mais enredos nem diálogos, apenas ação, correria, tiros, explosões e gritos, muitos gritos. O sucesso de um filme pode ser calculado pela relação entre o volume de sua banda sonora e o número de ingressos que vende.
E nesse ambiente surgiu o filme de arte que não tem fim. Refiro-me a O Senhor dos Anéis, é claro. O sujeito adaptou a obra caudalosa de Tolkien e já lançou nas salas de exibição do planeta a primeira adaptação. E o filme simplesmente não acaba. Para ele, não vale parodiar aquele lema magnífico do velho palhaço Abelardo Barbosa, que berrava a plenos pulmões: "O programa só acaba quando termina". O Senhor dos Anéis não acaba. Nem quando termina. A luz se acende, você se levanta da poltrona, a turma da faxina o expulsa da sala - e o filme simplesmente não acabou. Juro. Duvida? Vá ver. Ainda assim, fatura os tubos. E sem provocar a surdez de ninguém. E também seduziu os críticos. Afinal, os críticos estão acostumados com obras que não acabam. O Boulevard do Crime (Les Enfants du Paradis), de Marcel Carné, por exemplo, tem duas partes e nenhuma delas tem claramente um fim. Talvez por isso, meus amigos críticos tenham sapecado tantas estrelinhas recomendando que o espectador vá correndo ver O Senhor dos Anéis, em cartaz na cidade. O sujeito fica estatelado quatro horas na poltrona, tem até intervalo para vender água e o coitado não morrer de sede, e nada de final, nem feliz, nem infeliz, final nenhum.
Pode ser que meus amigos do Cineclick tenham me pedido a opinião sobre o Oscar deste ano, na esperança de que eu escrevesse alguma coisa sobre quem deveria ganhar, ou não. Confesso que depois do grande êxito estético e comercial de uma monumental porcaria como o tal do Gladiador, não me interessa mais fazer nem ler esse tipo de análise. É por isso que os convoco para uma reflexão mais útil. Tudo indica que em 2002 o Gladiador da vez seja O Senhor dos Anéis, essa metáfora sobre o poder e a condição humana que encanta leitores há meio século e agora seduz espectadores. É provável que O Senhor dos Anéis saia com todas as estatuetas que são a cara da tia da funcionária lá da produtora. E aí será instaurado o reino do cinema que não termina. E a moda será diferente daquela do meu tempo: filme de arte não é filme com final infeliz, mas é filme sem fim. Não é o fim?
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eae, qq vcs axam??
(pq eu soh fikei "abobado", nao to mais dando bola pra esses aih. mas eu tbm fikei pensando, serah q ele tah certo? nao q o filme seja ruim, nem por nao ter final.. mas por ter cido, sei lah, MTO divulgado e talz...)
"... I know what to do and I do it well...."
Fundamentally Loathsome, Marilyn Manson.