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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

Os Targaryen tinham puro sangue valiriano, eram senhores de dragões de linhagem ancestral. Doze anos antes da Destruição de Valíria (114 AC), Aenar Targaryen vendeu suas propriedades na Cidade Franca e nas Terras do Longo Verão e se mudou, com suas esposas, sua fortuna, seus escravos, dragões, irmãos, parentes e filhos para Pedra do Dragão, uma cidadela insular desolada sob uma montanha fumegante no mar estreito.

(Fogo & SangueVolume 1 – George R. R. Martin).
Esse livro é muito bom. Tem uma passagem (procurei no meu livro, mas não achei), que uma das filhas do rei, ela é muito medrosa, tem medo de tudo, se esquiva de tudo. E inclusive não casa com ninguém porque tem muita vergonha. E aí o rei e a rainha estão pensando em casar a filha, mas ela não aprova nenhum dos lordes que se apresentam. Por vergonha. Mas o rei fica p*** com o medo que a filha tem, com a introversão dela.

Aí o rei diz uma coisa muito engraçada. Ele diz: “- Vamos colocar lado a lado todos os lordes do reino para ver quem ela escolhe. Vamos colocar 100 homens pelados lado a lado para ver qual está do agrado dela”.

A rainha responde: “- 100 homens pelados a assustariam”.

O rei diz: “- 100 patos pelados a assustariam”

Rsrsrs
 
Eu queria deixar aqui, um trecho da distopia “Admirável Mundo Novo” do Aldous Huxley. Grande obra.

Nela o mundo no futuro é um mundo “diferente” (mais ou menos, Huxley previu muita coisa). As pessoas não nascem, mas são decantadas por bocais, onde 1 único embrião é submetido a choques, tremedeiras, diferentes temperaturas e pressões para ir se multiplicar em centenas de gêmeos iguais. As pessoas são fabricadas de acordo com a necessidade de funções vagas. Depois as pessoas passam por condicionamento para adorar suas funções. Todos os ambientes são controlados pelo Estado, com perfumes e música, de modo que todos estão sempre felizes. Há algumas drogas também que as pessoas devem tomar sempre, para se manterem mansas e nunca se rebelarem contra o sistema, a principal delas é o soma.

Nesse mundo (tempo), Deus é substituído por Henrique Ford (o Senhor, “Lord” vira Ford), e textos antigos são proibidos ao povo. Para essa nova ordem controladora do Estado funcionar, o povo não pode ler livros religiosos, não pode ter acesso a arte, nem a ciência. A arte nesse mundo se transforma inteiramente em filmes sinestésicos que não passam mensagem nenhuma, apenas sensações prazerosas a quem assiste. A ciência é bem regulada, novas descobertas não são informadas à população a não ser que ela se adeque 100% ao sistema do Estado.

Nesse mundo todo mundo é de todos. O sexo é liberado e muito estimulado. As emoções/vínculos são super reprimidos, não se pode namorar ninguém por mais de 3 meses, é perigoso. É preciso estar sempre trocando de parceiras/parceiros.

Não existem pais, nem mães, como disse as pessoas não nascem, mas são decantadas em bocais. O Estado cuida da educação e condicionamento de todas as crianças.

Inclusive, as crianças aprendem jogos sexuais desde a mais tenra idade, para serem condicionados a promiscuidade, e se alguma criança não quiser brincar nu de jogos com as amiguinhas/amiguinhos vai para a diretoria da escola, porque certamente tem algo errado com essa criança. Vejam só!

As pessoas são divididas em castas, pois elas são fabricadas (decantadas) de acordo com as funções disponíveis. Então se precisam de líderes, decantam Alfa-Mais, se precisam de operários decantam Delta-Menos e por aí vai.

Os decantados são condicionados a amar suas funções de modo que são incapazes de serem felizes sem se ocuparem de suas funções, são condicionados ao sexo livre, à promiscuidade. Ignoram Deus, a arte e a ciência. Todos os seus gozos são satisfeitos. Não há nada desagradável, não há mosquitos, não há doenças. Não há velhice. Pessoas vivem 70 anos com corpos de 30 anos. São condicionadas à aceitar a morte sem tristeza, sem perda, como se simplesmente tivessem apagado um interruptor. Bastava decantar outro Gama-Menos e qualquer um poderia ser facilmente ser substituído. Não há necessidade de lamentação.

E as pessoas não tem livre-arbítrio, não saberiam o que fazer com isso. Só podem ser felizes dentro do condicionamento delas. O livro cita uma função que é preciso ser feita de cabeça para baixo, então quem vai fazer aquela função é condicionado a tal forma que a pessoa só se sente bem se estiver de cabeça para baixo. Imaginem só…

No livro, um selvagem (alguém não civilizado, alguém que nasceu e não foi decantado, alguém que leu e fala muito em Shakespeare, que acredita em Deus, etc) entra em contato com o mundo civilizado e num determinado momento questiona a principal autoridade do mundo civilizado, a vossa Fordeza, o sr Mustafá Mond. Tem vários diálogos deles dois muito bons. Vou colocar um:

Diz Mustafá: “- (…) Todos os efeitos tônicos de assassinar Desdêmona e de ser assassinada por Otelo, sem nenhum dos inconvenientes.”

- Mas eu gosto dos inconvenientes. - Diz o selvagem.

- Nós não. Preferimos fazer as coisas confortavelmente. - Diz vossa Fordeza

- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado.

- Em suma- disse Mustafá Mond - , o senhor reclama o direito de ser infeliz.

-Pois bem, seja - retrucou o Selvagem em tom de desafio. - Eu reclamo o direito de ser infeliz.

- Sem falar no direito de ficar velho, feio e impotente; no direito de ter sífilis e câncer; no direito de não ter quase nada que comer; no direito de ter piolhos; no direito de viver com a apreensão constante do que poderá acontecer amanhã; no direito de contrair febre tifoide; no direito de ser torturado por dores indizíveis de toda espécie.

Houve um longo silêncio.

- Eu os reclamo todos- disse finalmente o Selvagem.

Mustafá Mond deu de ombros.

- À vontade - respondeu.”

Uma obra magnífica. Vale a pena ser lida e relida de tempos em tempos.
 
Última edição:
"Maigret, por seu lado, tinha o sorriso do convidado a quem a dona da casa obriga a repetir o prato que ele detesta."

- Os Porões do Majestic - Georges Simenon
 
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O livro é O Homem diante dos Livros, do padre Pierre Lacarme, de 1963. Trata do dilema moral do leitor cristão quanto à escolha de suas leituras. Acho que interessaria mais à @Kimberly Raabe do que a mim, mas eu achei uma leitura proveitosa, não obstante as divergências pessoais. Só se encontra em sebos hoje em dia... rs
 
Ao escrever, caminha-se no limite entre reconstruir um modo de vida em geral tratado como inferior e denunciar a condição alienante que o acompanha. Afinal, essa maneira de viver constituía, para nós, a própria felicidade, mas era também a barreira humilhante de nossa condição (consciência de que “em casa as coisas não estão lá tão bem assim”). Eu gostaria de falar ao mesmo tempo dessa felicidade e de sua condição alienante. Sensação de que fico oscilando de um lado para o outro dessa contradição.

(O lugar — Annie Ernaux).
 
Não sei se já postei esses trechos aqui. É bastante possível. Mas se já postei, vale postar de novo, por sua atualidade:

"Uma elite por sinal nascida do degredo, da matança indiscriminada de índios e gentios. E cujo liberalismo aparente submergia diante de uma invencível vocação tirânica, exercida a cada dia. E que se espraiava pelos interstícios sociais do país, enquanto ia alimentando a consigna: matemos, em nome da moral e dos bons costumes. [...] Enquanto repartiam entre si terras, medalhas e homenagens."

E ainda:

" - [...] Não temos feito outra coisa senão dilapidar um patrimônio que uns chamam de nação, outros de país, ou de pátria. O Brasil vem mentindo para si mesmo a cada hora. E não existe pior elite que a nossa. Ela condena os fracos e os miseráveis ao extermínio ou ao exílio. O exílio do silêncio e da não participação social. Da privação dos direitos humanos, disse a Venâncio, seu ouvinte diário."

- Nélida Piñon, em A República dos Sonhos.
 
"O Califa impõe-lhe a tirania dos dias que se seguem. A matéria do tempo a envelhece, transforma Scherezade em um ser diferente a cada segundo. Olha-se no cristal que lhe traz Jasmine e constata a mirada desolada. Sujeita ao implacável mistério temporal que lhe rege o cérebro, enfrenta, junto a Dinazarda, a eloquência da ampulheta, os grãos de areia que martirizam o coração, para não soçobrar."

Nélida Piñon, do livro "Vozes do Deserto", cap. 25.
 
Última edição:
"Forra tinha tentado levar para ele algumas prostitutas, mas nem chegara a tocá-las. O tio não se cansava de dizer que um homem não precisa de amor, mas sim de carne. Ele, no entanto, sentia-se diferente. Os rostos daquelas mulheres, tão carregados de promessas, só conseguiam lembrar-lhe as agonias às quais assistira naquele mesmo dia. Conhecia a dor bem demais para entregar-se aos sentimentos e à ternura. Sabia que mais cedo ou mais tarde o seu destino seria casar com uma nobre de alguma outra terra, com a aprovação do rei, mesmo que fosse apenas para ter um herdeiro que levasse adiante a estirpe e o poder. Uma união falsa e vazia."
(As Guerras do Mundo Emerso Vol. 3: Um Novo Reino - Licia Troisi).
 
"For the first time in my life, sitting there in the sound-proof heart of the UN building between Constantin who could play tennis as well as simultaneously interpret and the Russian girl who knew so many idioms, I felt dreadfully inadequate. The trouble was, I had been inadequate all along, I simply hadn’t thought about it.
The one thing I was good at was winning scholarships and prizes, and that era was coming to an end."

-
Sylvia Plath, The Bell Jar
 
Notei que, no segundo em que as pessoas sentiam-se sós, normalmente no espaço entre atividades — saindo de uma sessão de terapia, num semáforo vermelho, paradas numa fila do caixa, subindo no elevador —, pegavam seus aparelhos e fugiam dessa sensação. Num estado de eterna distração, pareciam estar perdendo a habilidade de estar com outras pessoas, de estar consigo mesmas.

Talvez Você Deva Conversar Com Alguém (Lori Gottlieb).
 
Notei que, no segundo em que as pessoas sentiam-se sós, normalmente no espaço entre atividades — saindo de uma sessão de terapia, num semáforo vermelho, paradas numa fila do caixa, subindo no elevador —, pegavam seus aparelhos e fugiam dessa sensação. Num estado de eterna distração, pareciam estar perdendo a habilidade de estar com outras pessoas, de estar consigo mesmas.

Talvez Você Deva Conversar Com Alguém (Lori Gottlieb).

Bacana! Este é um assunto que anda me interessando bastante.
 
I wanted to make this passion a work of art in my life, or rather this affair became a passion because I wanted it to be a work of art (Michel Foucault: the highest good is to make one’s life a work of art).

Getting Lost - Annie Ernaux
 
Mas talvez fosse isso o que todas as vidas eram. Talvez até as que parecem valer a pena ou ser perfeitamente intensas fossem iguais, no fim das contas. Hectares de decepção, monotonia, mágoas e rivalidades, mas com flashes de encanto e beleza. Talvez aquele fosse o único significado que importava. Ser o mundo, testemunhando a si mesmo. Talvez não tenha sido a falta de conquistas que tenha tornado os pais dela infelizes, mas sim a expectativa da conquista, para começo de conversa.
A Biblioteca da Meia-Noite, Matt Haig.​

Esse livro é tudo o que dizem. @Béla van Tesma @Melian
 

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