• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Brasil vai cobrar desarmamento das potências nucleares em Nova York

O fato do Brasil apoiar esse tipo de ação, pode abalar tambem nossa credibilidade como nação pacífica e de confiabilidade junto a comunidade internacional, sem contar, que pode ser que nosso programa nuclear passe á ser visto com os outros olhos. Somente o desarmamento das grandes potências não basta, é preciso cuidar para que tambem, nações com dúbias intenções como o Irã e Coréia do Norte, não disponham de armas atômicas, pois, certamente causariam conflitos, ou pior, cair em mãos erradas, como terroristas.
As sanções previstas ao Irã são um meio de intervenção que prescinde da força bélica, evitando ainda mais conflitos por conta dessas questões todas. Porém, sabe-se que as mesmas não surtirão o efeito esperado, pondo o Irã contra a parede e acirrando ainda mais dispustas diplomáticas. È nobre a posição brasileira quanto ao desarmamento nuclear mundial e a ineficácia das sanções, mas, nem por isso deve-se apoiar governos com "outras" intenções.

O Brasil justamente apoia um programa iraniano de enriquecimento de Urânio com visitar regulares técnicas de responsáiveis apontados pela ONU para supervisão.
Discordo da sua afirmação sobre a visão da diplomacia ser sujada, já que o Brasil segue a risca os tratados assinados, como o que eu disse em cima. Isso só serve para dizer que somos um país que pretende ter atitudes sérias no que tange a política internacional (o que não ocorre internamente, mas isso são outros 500).

Sobre o nosso programa nuclear, a questão de uso da energia atômica para fins bélicos é inconstitucional. Ou seja, nossa própria constituição condena a hipótese.

O caso da Córeia do Norte é totalmente diferente. A mesma utiliza de forma mais explícita a idéia da bomba atômica para servir como barganha em jogos comerciais, como vários outros países fazem.

Agora o caso que você citou do problema dos terroristas sim, é realmente o mais perigoso. E é justamente por isso que os programas precisam ser analisados com extremo cuidado, de preferência com inspeções regulares da ONU.

E se a política brasileira externa apóia "governos com outras intenções", é porque a mesma felizmente percebeu que é preciso uma certa coesão entre as ações entre os países na mesma condição, países pobres mas com uma certa industrialização ou pontencialidade de desenvolvimento. Mas, frisando, mais uma vez, sempre de forma moderada, com o que a diplomacia brasileira tem feito.
 
Tudo bem, que nossa constituição proíbe o armamento nuclear, nós já sabemos...Mas, quanto ao nosso programa (totalmente pacífico, assegurado por lei, um tanto ineficiente, tecnologia defasada...bem, isso é assunto pra outro tópico.), qual imagem, passariamos se fornecessemos urânio enriquecido (como queria o Celso Amorim) á um país como Irã, que não conta com nenhum crédito internacional, e que muitos desconfiam (e convenhamos, justamente!), qual seria nossa posição se de uma hora para outra o Irã resolvesse ter um bomba nuclear?
Estariamos "sujos" por conta do erro do outro, e nossa imagem internacional poderia ser manchada, se pensassem "Ah, muito bem, eles forneceram o material pra esses caras"...Bem, não acredito realmente ( desculpem falar assim, mas estou sendo franco.) que esse programa tenha somente fins energeticos ou medicinais. O que nos garantiria que um regime extramente centralizado como o iraniano, pudesse burlar as regras intercionais (por mais mal-feito que seja o Tratado de Não-Proliferação) ? Apenas digo isso, por que não sei exatamente o que podemos esperar de um sistema governamental radicalista (xiita), onde clérigos governam e seus representantes alegam que não houve Holocausto, e pregam a destruição de outro povo. Não que o Irã não mereça um voto de confiança, acho sim que deve ser dado, mas os seus governantes não o fazem por merecer, e temo que uma associaçõa com intituições dessa natureza possa ainda acarretar problemas para nós. Do mesmo modo, acho que acossar o Irã não resolve nada, e isso só complica ainda mais as coisas. E se, por exemplo, o Irã fizesse valer suas palavras ( supondo que não haja nenhuma outra intenção quanto ao programa nuclear), e cumprisse com suas obrigações com a AIEA, qual seria a posição das potências mundias? Bem, o Irã bem que poderia ser mais claro quanto á isso, afinal uma mão lava a outra, então se não desconfiança, talvez eles pudessem ter seu programa nuclear fora de todas essas discussões...
 
O jogo nuclear é só ladeira abaixo. É um caminho sem volta. Acho impossível do ponto de vista estratégico um recuo para haver menos do que duas potências nucleares no planeta. O equilíbrio estratégico requer que existam ou nenhuma ou no mínimo duas potências que tenham armas nucleares e a capacidade de lançá-las sobre qualquer ponto do planeta. Esta questão dos mísseis balísticos intercontinentais é quase tão importante quanto o poder de explosão em si, e não são todos os países que têm. Quem domina essa tecnologia são basicamente os 5 membros permanentes do Conselho de Segurança mais Israel.

Por outro lado, até hoje quem desenvolveu arma nuclear tem condições de guardar seu arsenal com relativa segurança. EUA, Rússia, França, Grã-Bretanha, Israel, Índia, Paquistão e até mesmo a Coreia do Norte tem um setor militar forte o suficiente para garantir que o arsenal não vai ser desviado por ninguém. Agora fazendo uma viagem de muito longo prazo em um mundo bastante alternativo, num cenário de proliferação descontrolada, imagina o Myanmar ou o Congo-Kinshasa com a bomba? Prato cheio para os terroristas desviarem.

É aí que mora o perigo. Porque governos são basicamente racionais nesse ponto (mesmo a ditadura mais egocêntrica tem uma miríade de gente no governo para cancelar as irracionalidades uns dos outros), mas terroristas com uma mala-bomba de plutônio na mão podem acioná-las em qualquer lugar. E aí, o que fazer? Vai destruir o país originário da facção, matar só inocente e não resolver o problema? Não tem jeito. E é por isso que as grandes potências têm que recuar no seu arsenal atômico, de forma a deixar o jogo na condição de estabilidade menos nuclearizada possível.
 
Última edição:
Os EUA não são contra alguém ter enriquecimento de urânio somente se for seu aliado, se não for não pode ter e ainda é transformado no 'Eixo do Mal'.
 
O chefe Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, sigla em inglês) da ONU, Yukiya Amano, pediu que a comunidade internacional faça uma pressão conjunta sobre o Irã, que ainda se recusa a esclarecer dúvidas sobre seu programa nuclear e cooperar integralmente com as inspeções do órgão fiscalizador.


Amano disse que a agência não conseguiu eliminar a possibilidade de que o desenvolvimento nuclear do Irã estaria sendo desviado para finalidades militares, como teme o Ocidente.


Não ficou claro se Amano estava se referindo a medidas diplomáticas, sanções ou ambas, mas seu apelo é feito no momento em que as principais potências estão discutindo a possibilidade de uma quarta rodada de sanções sobre a República Islâmica por sua recusa em interromper o enriquecimento de urânio e cooperar com a AIEA.
"Sem uma mudança em política por parte do Irã, não podemos realizar nosso trabalho de forma eficaz. Um mudança em política é necessária", disse Amano.


Após as declarações nessa semana do presidente do Irã, Mahmoud Ahjmadinejad, de que a agência não tinha "prova alguma" contra seu programa nuclear, o chefe da AIEA esclareceu que o organismo "não foi criado para mudar a política dos estados membros".


Para ele, numa questão como a do Irã o melhor caminho seria "influência e persuasão por países interessados".


Em uma entrevista separada ao Washington Post, Amano disse que o Irã deve responder às perguntas da AIEA sobre a inteligência Ocidental indicando que o país poderia estar desenvolvendo um míssil nuclear. O Irã diz que seu desenvolvimento atômico tem somente objetivos pacíficos.
"Se as preocupações forem eliminadas, isso seria muito bom. Senão, teremos que pedir medidas para corrigir a situação", concluiu Amano.





Parece que é só o Brasil é a favor do Irã:yep:
 
Israel, Índia e Paquistão têm armas nucleares e os EUA nunca falaram nada, principalmente contra Israel, agora contra o Irã, Coréia do Norte, são o Eixo do Mal.
 
Acho que o primeiro passo aqui é saber o que é um Programa Nuclear e para que ele serve.

A resposta básica é diversificação de matriz energética. Qualquer país que se prese precisa ter uma matriz diversificada, no caso do Brasil as reservas de Urânio (potencial para ser o terceiro do mundo) justificam o desenvolvimento deste tipo de tecnologia. No caso do Irã a simples questão do país não contar com o mesmo aporte de recursos hídricos e termoelétricos que nós o restringe, de certa forma, ao desenvolvimento de centrífugas enriquecedoras de Urânio.

Agora o que realmente está por trás dessa discussão?

o Protocolo Adicional aos Acordos de Salvaguarda do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que os EUA tentam nos impingir usando a AIEA. Isso o Brasil não pode aceitar, assim como o Irã não deve aceitar também.

Porque?

Simples, ele é um protocolo que fere o país em sua soberania e direito ao desenvolvimento tecnológico e econômico. Porque um país que pode vir a ter a terceira maiior reserva de urânio confirmada do mundo deve renunciar do seu direito econômico? Porque o Irã não pode entrar na roda de negociações da ONU? Porque não se pode quebrar esse ciclo vicioso dessa coisa fajuta que foi o TNP?

Segue o artigo de Samuel Pinheiro Guimarães:

CATÁSTROFES AMBIENTAIS, ENERGIA

NUCLEAR E PROTOCOLO ADICIONAL



Samuel Pinheiro Guimarães

O acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera provoca o aquecimento global e suas catastróficas conseqüências. Cerca de 77% desses gases correspondem a CO2, dióxido de carbono, resultado inevitável da queima de combustíveis fósseis para gerar energia elétrica e para movimentar indústrias e veículos, desde automóveis a aviões e navios. Esta é a base da economia industrial moderna, desde a construção de uma máquina a vapor, capaz de girar uma roda, em 1781, por James Watt.


A redução das emissões de dióxido de carbono é essencial para impedir que a concentração de gases, que hoje alcança 391 partículas por milhão, ultrapasse 450 ppm. Este nível de concentração corresponderia a um aumento de 2ºC na temperatura, um limiar hoje considerado como o máximo tolerável, devido ao degelo das calotas polares e ao aquecimento dos oceanos – o que, ao ocorrer de forma gradual e combinada, levaria à inundação das zonas costeiras de muitos países, onde vivem cerca de 70% da população mundial.


Todavia, desde a assinatura do Protocolo de Quioto, em 1997, que estabeleceu metas para 2008-2012 de redução dessas emissões a níveis 5% inferiores àqueles verificados em 1990, a emissão de gases de efeito estufa aumentou. 70% da energia elétrica nos Estados Unidos é gerada por termoelétricas a carvão e gás; 50% da energia elétrica produzida na Europa é gerada por termoelétricas a carvão e a gás; 80% da energia elétrica chinesa tem como origem termoelétricas a carvão.


Em grande medida, a solução da crise ambiental depende, assim, da transformação radical da matriz energética, em especial das usinas de geração de eletricidade de modo a que venham a utilizar fontes renováveis de energia. Muitos dos países que são importantes emissores de gases de efeito estufa que teriam de transformar suas matrizes energéticas (responsáveis por 70% das emissões desses gases), não têm recursos hídricos suficientes (China, Índia, Europa etc.) ou não têm capacidade para gerar energia eólica e solar economicamente – fontes que, por serem intermitentes (a usina eólica funciona, em média, 25% do tempo e a solar somente durante período do dia) não asseguram continuidade de suprimento e nem sua energia pode ser armazenada. Mesmo a produção econômica de energia a partir da biomassa (etanol) se aplicaria mais à substituição de gasolina e diesel em veículos do que à produção de energia elétrica.


Resta, portanto, a energia nuclear como solução viável para a geração de energia elétrica em grande escala, uma vez que estão superados os problemas ambientais e de segurança. A energia nuclear, que hoje responde por 20% da energia elétrica produzida nos Estados Unidos; 75% na França; 25% no Japão e 20% na Alemanha, é produzida, como se sabe, a partir do urânio. Patrick Moore , fundador do Greenpeace, foi enfático ao declarar: “a energia nuclear é a única grande fonte de energia que pode substituir os combustíveis fósseis.”


81% das reservas de urânio conhecidas se encontram em seis países. O Brasil tem a 6ª maior reserva de urânio do mundo, tendo ainda a prospectar mais de 80% do seu território. A estimativa é de que o Brasil pode vir a deter a terceira maior reserva do mundo. Cinco companhias no mundo produzem 71% do urânio. O urânio na natureza se encontra em um grau de concentração de 0,7%. Para ser usado como combustível esse urânio tem de ser minerado, beneficiado, convertido em gás, enriquecido a cerca de 4%, reconvertido em pó e transformado em pastilhas, que é a forma do combustível utilizado nos reatores.

Esse processo industrial é extremamente complexo e apenas oito países do mundo detém o conhecimento tecnológico do ciclo completo e a capacidade industrial para produzir todas as etapas do ciclo. Um deles é o Brasil. O Brasil combina, assim, a posse de reservas substanciais, e potencialmente muito maiores, com o conhecimento tecnológico e a capacidade industrial além de deter a capacidade industrial que permitiria produzir reatores.


Apesar da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) prever um crescimento moderado da demanda por urânio enriquecido, o fato é que países como a China e a Índia precisarão de instalar capacidade extraordinária de usinas não poluentes para aumentar a oferta de energia elétrica sem aumentar de forma extraordinária suas emissões de CO2. A China planeja aumentar sua capacidade instalada total de geração de energia elétrica em 100.000 MW por ano, o que equivale a toda a atual capacidade brasileira.


Caso os países desenvolvidos não aumentassem sua produção industrial e pudessem assim ser mantidos os atuais níveis de geração de eletricidade e, portanto, de emissão de gases, e os grandes países emergentes também não aumentassem suas emissões atuais de gases (e, portanto, mantivessem sua produção atual, com crescimento econômico zero) o nível de limiar do aumento de temperatura, 2ºC seria atingido muito antes do previsto – e até ultrapassado.


Assim, é urgentemente necessário diminuir a emissão de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, manter o crescimento econômico/social elevado para retirar centenas de milhões de seres humanos da situação abjeta de pobreza em que vivem. Isto só é possível através da geração de energia elétrica a partir do urânio. Para gerar 1Kw de energia elétrica, uma usina a carvão gera 955 gramas de CO2; uma usina a óleo 818 g; uma usina a gás gera 446 g e a usina nuclear 4 g (quatro!) de CO2.


Oa grandes países produtores de energia, portanto, terão de mudar sua matriz energética, cuja base hoje são combustíveis fósseis, para utilizar combustíveis renováveis e não-fósseis como a energia nuclear – única que atende aos requisitos de regularidade, de suprimento, de economia e de localização flexível. Mas os extraordinários interesses das grandes empresas produtoras de petróleo, de gás e de carvão dos países que detém as principais jazidas desses combustíveis fósseis – carvão (Estados Unidos e China); gás (Rússia e EUA); e petróleo (Arábia Saudita, etc. – e os custos, difíceis de exagerar, de transformação de suas matrizes energéticas e de seus hábitos de consumo, tendem a influenciar as considerações dos técnicos que elaboram aquelas estimativas conservadoras da Agência Internacional de Energia – AIE, que prevêem o contínuo uso de combustíveis fósseis e um pequeno aumento de demanda por energia nuclear nos próximos anos.


Apesar de tudo, a deterioração das condições climáticas e fenômenos extremos farão com que a urgência de medidas de reorganização econômica se imponham, inclusive pela pressão dos cidadãos sobre os governos, apesar da contra-pressão dos interesses das mega-empresas. Assim, apesar daquelas estimativas modestas, o mercado internacional para urânio enriquecido será extremamente importante nas próximas décadas, caso se queira evitar catástrofes climáticas irreversíveis.


Certas iniciativas dos países nucleares, a pretexto de enfrentar ameaças terroristas, podem afetar profundamente as possibilidades de participação do Brasil nesse mercado. Tais iniciativas se caracterizam por procurar concentrar nos países altamente desenvolvidos a produção de urânio enriquecido e de impedir sua produção em outros países, em especial naqueles que detêm reservas de urânio e tecnologia de enriquecimento. Em outros países, que são a maioria, o tema não tem importância, e serve apenas para criar meios de pressão sobre os primeiros. Isto afeta diretamente o Brasil, do ponto de vista econômico e de vulnerabilidade política.


Por outro lado, esses países procuram restringir por todos os meios a transferência de tecnologia, procuram impedir o desenvolvimento autônomo de tecnologia e procuram conhecer o que os demais países estão fazendo, sem revelar o que eles mesmos fazem. O Protocolo Adicional aos Acordos de Salvaguarda com a AIEA, previstos pelo TNP (Tratado de Não Proliferação) é um instrumento poderoso, em especial naqueles países onde há capacidade de desenvolvimento tecnológico – caso do Brasil. Onde não há essa capacidade não tem o Protocolo qualquer importância, nem para os que dele se beneficiam (os Estados nucleares) nem para aqueles que a suas obrigações se submetem (os Estados não-nucleares que não detêm urânio, nem tecnologia, nem capacidade industrial e que são a maioria esmagadora dos países do mundo).


A concordância do Brasil com a assinatura de um Protocolo Adicional ao TNP permitiria que inspetores da AIEA, sem aviso prévio, inspecionassem qualquer instalação industrial brasileira que considerassem de interesse, além das instalações nucleares (inclusive as fábricas de ultracentrífugas) e do submarino nuclear, e tivessem acesso a qualquer máquina, a suas partes e aos métodos de sua fabricação, ou seja, a qualquer lugar do território brasileiro, quer seja civil ou militar, para inspecioná-lo, inclusive instituições de pesquisas civis e militares. Ora, os inspetores são formalmente funcionários da AIEA, mas, em realidade, técnicos altamente qualificados, em geral nacionais de países desenvolvidos, naturalmente imbuídos da “justiça” da existência de um oligopólio nuclear não só militar, mas também civil, e sempre prontos a colaborar não só com a AIEA, o que fazem por dever profissional, mas também com as autoridades dos países de que são nacionais.


O Protocolo Adicional e as propostas de centralização em instalações internacionais da produção de urânio enriquecido são instrumentos disfarçados de revisão do TNP no seu pilar mais importante para o Brasil, que é o direito de desenvolver tecnologia para o uso pacífico da energia nuclear. Esta foi uma das condições para o Brasil aderir ao TNP, sendo a outra o desarmamento geral, tanto nuclear como convencional, dos Estados nucleares (Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra), como dispõe o Decreto legislativo 65, de 2/7/1998: “a adesão do Brasil ao presente Tratado está vinculada ao entendimento de que, nos termos do artigo VI, serão tomadas medidas efetivas visando à cessação, em data próxima, da corrida armamentista nuclear, com a completa eliminação das armas atômicas”.


Todavia, desde 1968, quando foi assinado o TNP, os Estados nucleares, sob variados pretextos, aumentaram suas despesas militares e incrementaram de forma extraordinária a letalidade de suas armas não só nucleares como convencionais e assim, portanto, descumpriram as obrigações assumidas solenemente ao subscreverem o TNP. Agora tentam rever o Tratado para tornar a situação deles ainda mais privilegiada, com poder de arbítrio ainda maior, enquanto a situação econômica e política dos países não nucleares fica ainda mais vulnerável diante do exercício daquele arbítrio.


Ao contrário da maior parte dos países que assinaram o Protocolo Adicional, o Brasil conquistou o domínio da tecnologia de todo o ciclo de enriquecimento do urânio e tem importantes reservas de urânio. Só três países – Brasil, Estados Unidos e Rússia – têm tal situação privilegiada em um mundo em que a energia nuclear terá de ser a base da nova economia livre de carbono, indispensável à sobrevivência da humanidade. Aceitar o Protocolo Adicional e a internacionalização do enriquecimento de urânio seria, assim, um crime de lesa-pátria.

Então a posição do Brasil é acima de tudo coerente. Seria incoerente defender Israel, um país que não assinou o TNP, não permite vistorias e defende abertamente que sanções não são o caminho. Que pra colocar o Irã no eixo, deve-se partir para um ataque mais agressivo. Eu pergunto: onde está a coerência do Coselho de Segurança da ONU e até que ponto já não passou da hora dos 5 virarem mais que 5.
 
Não sei se é a única forma também não, pelo menos a energia nuclear de fissão. Dizer que vai ser para sempre a única alternativa viável é ser positivista demais, crer que o desenvolvimento tecnológico chegou ao limite. Por exemplo, quando utilizamos energia hidráulica ou eólica, estamos indiretamente tirando proveito do calor que o Sol injeta no sistema (aqui, o planeta Terra) quando ele aquece certas regiões da atmosfera ou evapora a água, a qual, após a condensação, precipita sobre região de potencial gravitacional maior, retendo parte da energia ganha como potencial. Então, será que não há como aprimorar em muito a utilização direta da energia solar?

Além de tudo, há a energia nuclear de fusão, por exemplo, que gera muito menos resíduos nucleares (basicamente, a parte interna da carcaça do reator, que acaba sendo bombardeado com radiação e com partículas de alta energia, alterando os núcleos atômicos). Hoje é totalmente inviável, e muito provavelmente por várias décadas, mas daqui a algum tempo...

De toda forma, eu concordo. Com as fontes que temos hoje, creio que a utilização do urânio para fissão nuclear é a melhor maneira que temos hoje para não lançar mão das alternativas mais poluentes. Mesmo que haja controvérsias quanto ao aquecimento global em si, combustíveis fósseis contêm inúmeras outras formas de poluição igualmente danosas ao meio ambiente. O grande problema é o resíduo nuclear, que ainda não tem soluçaõ definitiva. Os finlandeses estão tentando construir um buraco nuclear seguro. Há uma outra proposta também, que achei interessante (e bastante coerente) de retornar o lixo nuclear às jazidas. Para isso, ele seria misturado a terra até que se chegasse ao mesmo nível de radiação original (possuído pela região antes da mineração). Só não sei se seria viável porque eu imagino que a energia utilizada para tampar uma mina de novo deve ser massiva.

Quanto aos interesses políticos, o Irã obviamente vai tirar proveito civil do uso de sua energia nuclear, mas eles têm sim um interesse de lançar dúvida ao mundo sobre o seu poderio militar, e eu pessoalmente acho que eles não vão fazer a bomba atômica, mas chegar a um ponto onde podem construir uma em poucos meses, à menor ameaça. E os países desenvolvidos tradicionais (EUA, Europa Ocidental, Japão) têm um duplo interesse contraditório sobre a questão da energia renovável. Por um lado, acho que eles injetam turbulência (no sentido "brainstorming") da coisa, tanto na discussão política quanto na acadêmica, pois acabar com petróleo, carvão e gás seria um golpe enorme para a Rússia, para China e para o Oriente Médio. Esse monte de país rico tem laços de dependência muito grande com algumas nações médias e pobres para suprir suas necessidades industriais. E os países árabes e a Rússia já utilizaram desse poder, respectivamente, no Choque do Petróleo e no momento que, utilizando as relações conflituosas com a Ucrânia como pretexto, os russos fecharam as torneirinhas do gás para mostrar poder, mostrando como sempre a nada prepotente "diplomacia" local.

Sem a necessidade de nada disso, desapareceria o poder exacerbado exercido por pessoas como Ahmadinejad e a família Saud, podendo os americanos se retirar do Oriente Médio e acabaria com a dependência do Norte desenvolvido, secundarizando aquela região no panorama global e jogando-a ao léu com seus conflitos. Por outro lado, todo o modo de produção atual está baseado na queima de hidrocarbonetos e de carvão e se acatar às pressões de redução de poluentes, seria por muito danoso para às economias ricas, pois faria com que o lucro de companhias como ExxonMobil, Chevron, Total, Shell e Statoil reduzisse drasticamente, além de que a indústria está toda adaptada para a queima desses recursos naturais, tendo que gastar alto em bens de capital para se adequarem à nova realidade. Enfim, é uma faca de dois gumes, na qual deve-se esfaquear o adversário com cautela para também não ser atingido.

Quanto ao CS da ONU, acho que já é sim mais que hora de acabar com esse modelo ridículo onde quem manda são os vencedores de uma guerra que acabou há 65 anos atrás. Hitler e o nazismo já estão enterrados fundo, o imperialismo japonês também, e o Brasil não é mais o país onde (não) nasceu a Carmen Miranda. Falando do ponto de vista de minha opinião ética e ideológica, acho que o ideal seria um modelo bicameral onde todos os países participassem. Mas poderia ser um bicameral onde um representante apenas desse seu "voto de Câmara" e seu "voto de Senado". A diferença é que o primeiro seria proporcional à população do país. E aí, para uma resolução passar, maioria dupla nos dois. O problema é do ponto de vista realista, porque isso daria um poder enorme da China, que levaria o Sudeste Asiático, uma parte da África e uma da América Latina para si, e isso já não seria positivo.

Essa mudança rumo à inclusão precisa ser paulatina, mas já passou da hora de se dar os primeiros passos.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo