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Artigo - A decadência da música

Eu creio que nunca houve um momento tão bom para a música, sério. Como a kika comentou, é muito mais fácil descobrir algo diferente pra ouvir hoje do que há vinte anos.

Dentro da música há vários nichos. Você pega um gênero musical qualquer, como post-punk ou Black Metal, por exemplo. E você não dá conta de conferir tudo o se produziu e se produz nesses estilos. Com a internet, qualquer bandinha de garagem consegue suas dúzias de fãs em pouco tempo.

Agora, querer que coisas ditas de qualidade por um grupo de pessoas ganhem status e comece a aparecer em paradas de sucesso... Não sei o que algumas pessoas têm contra ao hábito de procurar.
 
Penso (não tenho certeza, mas penso) que as pessoas podem achar o que quiserem, desde que exponham os parâmetros e critérios que as levaram a pensar dessa forma. Realmente não acho que as pessoas devam achar qualquer coisa sobre qualquer coisa, é preciso saber conciliar o possível e o plausível. É totalmente diferente, por exemplo, comentar na rua com um amigo que acha bonde do Tigrão uma merda, e afirmar isso como uma opinião formada. No primeiro é um comentário qualquer, enquanto no segundo faz-se necessária a sustentação dessa opinião e a exposição de sua porção de subjetividade.

Logo, vemos que a condição de opinião é a capacidade de sustentá-la, posso dizer que funk é uma merda desde que reconheça que essa não é a opinião definitva sobre isso e que, para torná-la sólida, exponha argumentos e evidências que a corroborem. Dizer algo, portanto, é só dizer, enquanto opinar passa por demonstrar a opinião através da lógica, com coerência.
 
O que me parece é que temos que tomar cuidado para não nos tornarmos patrulha do politicamente correto. Claro que a arte suporta hierarquias, aliás é isso justamente que nos faz apreciá-la. Porque não se pode confundir duas coisas que sempre estão presentes e misturadas nesse tipo de discussão: o fato de que tudo tenha (pelo menos em teoria) direito à existência e o fato de que nem tudo é igual. Catra não é a mesma coisa que Mozart, isso é óbvio. Agora não é porque uma coisa é popular que é necessariamente ruim; assim como uma manifestação artística da elite não é necessariamente de qualidade.

Gosto de acreditar que a arte precisa de qualificações desse tipo simplesmente para poder existir. A cultura popular tem coisas maravilhosas, eu diria inclusive que o rock pode ser incluído aqui, porque foi um gênero que nasceu do blues, música de escravos no início. Mas o funk proibidão não pode ser visto como expressão da cultura popular... e prefiro acreditar que não mesmo.

O que a gente não pode fazer é sair dizendo que porque todo mundo tem direito de se expressar é bom que elas existam. O funk, é uma expressão da criminalidade, da vulgaridade, de muitas coisas que não importa se somos democráticos ou não, deveriam tentar ser trabalhadas para não prejudicar o próximo. Funk não é manifestação popular, e isso me parece o verdadeiro ponto para se tocar aqui, porque depois que chegamos a essa conclusão podemos dizer: "legal, o funk não deve deixar de existir, mas esse tipo de música violenta não traz benefício para ninguém; vamos tentar fazer um funk menos agressivo?"

Assim, acredito que não há nada de errado em afirmar que algo tem mais qualidade que outro, porque se tudo fosse qualquer coisa, ainda estaríamos nas cavernas e acho que nem rabiscar nas paredes...
Mas não é por isso que vamos destruir um gênero literário ou musical, etc, só podemos nos empenhar para que as coisas melhorem. Por isso não é só questão de gosto não.
 
Funk não é manifestação popular? É violento?
É a manifestação do povo que vive nessa violência, e nessa 'vulgaridade' (entre aspas, porque a mera definição do que é vulgar ou não remete a uma série de discursos essencialistas oriundos de uma heteronormatividade que me recuso a aceitar como legítima). E vocês já pararam pra ouvir funk? McMayara é pura subversão, é a mulher livre que faz o que quer e dá pra quem quer. A mulher que tem uma vagina e sabe que a vagina é dela e de mais ninguém.
Claro, nem todo caso é assim: existem centenas de funks misóginos, e blablabla. Mas e não existe isso no rock? Quantas bandas e músicas glorificam a guerra e a violência? E o sexo, do mesmo modo que o funk? Só sacar as letras do ACDC, Nine Inch Nails...
O mesmo vale pro sertanejo universitário...
Quero ver alguém me provar que Closer do Nine Inch Nails é diferente de Ai se eu te pego, ou de qualquer funk carioca. Ou mostrar no que Fight for your right to party e Rock n' roll all nite são mais politizadas e menos 'vulgares' do que qualquer sertanejo desses aí, que são tão ruins e 'vulgares'.
 
funk é música sim (alou, James Brown?). só porque você não gosta de um tipo de música não desqualifica isso como música. eu não suporto o funk dos dias atuais, odeio rap e variantes, mas embora não seja do meu gosto, tenho que reconhecer que é música. no dicionário o verbete música diz "Organização de sons com intenções estéticas, artísticas ou lúdicas, variáveis de acordo com o autor, com a zona geográfica, com a época, etc.", e não "composições requintadas que agradam o meu ótimo gosto". deal with it.
1-me referia apenas ao funk carioca...
2-essa frase era pra ser uma piada :P

Sei que é musica independente de quanto eu odeie com a intensidade de mil sois não goste...
 
Claro que funk é uma manifestação popular, mas vc entendeu muito bem qual o sentido da palavra que eu quis usar. Funk pode ser popular, mas não é generalizado. Ou vc prefere dizer que todo mundo que vive na favela e na miséria só quer saber de transar e de dar tiro na polícia? Será que na favela também não se pode gostar de rock, música caipira ou clássica? Será que a condição de pobreza faz com que necessariamente as pessoas tenham que ser de determinada maneira?

Não há nada de errado em se afirmar que algo tem mais qualidade que outro, como disse, são essas certezas que nos fazem apreciar a arte e tudo mais. O Lucas disse uma coisa muito verdadeira quando lembrou que é preciso embasar seus argumentos. Concordo com ele. É justamente por isso que estou lembrando que essa distinção é fundamental, não que o rock seja superior ao funk ou qualquer outra coisa. Eu não disse isso, estou reservando para mim minhas preferências,o que estou fazendo é lembrar que Todos nós trabalhamos com hierarquias de valores sobre a arte. Agora, é óbvio que não gosto de funk e tenho gostos que podem ser aprovados ou não por outras pessoas. Tudo bem em relação a isso, se converso com uma pessoa que não gosta do mesmo que eu, não saio tentando convencê-la que precisa mudar.

De todos os comentários aqui, novamente o do Lucas me parece o mais equilibrado, respeitando a lógica da discussão e não a da vitória. Só para fechar o comentário, vc fala de politização e essa é uma palavra muito cara para mim. Da maneira que entendo, muitas vezes o funk é mais político que o rock, mas isso não me faz morrer de amores por ele porque essa expressão é negativa, como disse. É uma apologia de uma série de coisas negativas, que também existem no rock e ninguém vai me ver defendendo só porque é rock.

As coisas não são em branco e preto. Há tons entre eles...
 
Tá, só para esclarecer, tecnicamente, funk é música, pois tem os três elementos essenciais para ser considerado como tal: melodia, harmonia e ritmo. Pronto. É música. Fato. Agora podem dizer o quanto vocês odeiam funks na paz do senhor, irmãos. Só não se esqueçam de dizer que é música, tá?

Voltarei aqui para mandar mais corações para os posts da Anica e do Luciano.
Abs.
 
É tudo variável. Podemos ficar aqui discutindo anos sobre esse tema sem chegar a lugar algum. É tudo uma questão de gosto e época. A geração anterior sempre vai achar que a atual é a decadência, assim como atual verá a próxima da mesma forma. Sempre foi assim e sempre será, até porque não está 100% errado.

O problema é a generalização. Todo o gênero musical terá representantes e subgêneros bons e ruins. Agora toda a discussão sobre esse assunto será superficial e por vezes contraditória. Eu mesmo quando critiquei a década de 80 me esqueci (ou ignorei pelo bem do argumento) das pérolas que ela produziu.
Só a definição do conceito de boa música já geraria grandes contradições. Se dissecarmos as composições e fizermos uma análise profunda é possível ver defeitos até em grandes clássicos do rock, gênero considerado intocavelmente bom pela maioria, não sei por qual motivo. Em resumo, é melhor deixar que cada um escute o que bem entender e foda-se se é bom ou ruim, ninguém é obrigado a ouvir junto.
 
Claro que funk é uma manifestação popular, mas vc entendeu muito bem qual o sentido da palavra que eu quis usar. Funk pode ser popular, mas não é generalizado. Ou vc prefere dizer que todo mundo que vive na favela e na miséria só quer saber de transar e de dar tiro na polícia? Será que na favela também não se pode gostar de rock, música caipira ou clássica? Será que a condição de pobreza faz com que necessariamente as pessoas tenham que ser de determinada maneira?

Mas acreditar que alguma manifestação popular é abrangente assim é ignorar a outridade interna que sempre existiu e sempre vai existir, em qualquer ambiente cultural. Na favela pode se gostar de rock, música caipira ou clássica, é claro; do mesmo modo na sinagoga pode se gostar de funk carioca, rap e raggae; na Jamaica pode se gostar de rock e klezmer. Mas assim como determinados contextos levaram a criação do rock, ou de qualquer outro estilo musical, um certo contexto levou ao surgimento do funk, outro do sertanejo universitário. E, obviamente, nem todo mundo desse contexto vai gostar desse tipo de música.

Não há nada de errado em se afirmar que algo tem mais qualidade que outro, como disse, são essas certezas que nos fazem apreciar a arte e tudo mais. O Lucas disse uma coisa muito verdadeira quando lembrou que é preciso embasar seus argumentos. Concordo com ele. É justamente por isso que estou lembrando que essa distinção é fundamental, não que o rock seja superior ao funk ou qualquer outra coisa. Eu não disse isso, estou reservando para mim minhas preferências,o que estou fazendo é lembrar que Todos nós trabalhamos com hierarquias de valores sobre a arte. Agora, é óbvio que não gosto de funk e tenho gostos que podem ser aprovados ou não por outras pessoas. Tudo bem em relação a isso, se converso com uma pessoa que não gosta do mesmo que eu, não saio tentando convencê-la que precisa mudar.

Well, aqui nós concordamos. Quase. Ter gostos e saber que é um gosto, e um valor absoluto, pra mim, é não hierarquizar. Mas talvez eu tenha deixado as coisas confusas.

De todos os comentários aqui, novamente o do Lucas me parece o mais equilibrado, respeitando a lógica da discussão e não a da vitória. Só para fechar o comentário, vc fala de politização e essa é uma palavra muito cara para mim. Da maneira que entendo, muitas vezes o funk é mais político que o rock, mas isso não me faz morrer de amores por ele porque essa expressão é negativa, como disse. É uma apologia de uma série de coisas negativas, que também existem no rock e ninguém vai me ver defendendo só porque é rock.

As coisas não são em branco e preto. Há tons entre eles...

A minha defesa do funk (e qualquer outra coisa) parte justamente desse princípio, de uma 'expressão negativa'. A partir do que se pode dizer que uma expressão é negativa ou positiva? Isso pressupõe certa normatividade que, como toda normatividade, há de excluir algum 'outro', não?
 
Nossa Luciano vc é uma das pessoas que geralmente paro para ler as resenhas, junto com o Lucas e o Palazzos. Mas me irrita a maneira como vcs todos fazem quando alguém tem uma opinião contrária. O Marcio iniciou uma discussão simplesmente para dizer que não gosta desse monte de bobagem que a mídia nos faz engolir diariamente, que prefere o bom e velho rock. Só isso. Então aparece um monte de gente defendendo o politicamente correto de que ele está elitizando e não olha o funk e o sertanejo como expressões válidas. Ora, vc mais do que todos da equipe me parece a pessoa menos indicada para defender essa democratização, afinal uma de suas últimas resenhas era do popularíssimo Roland Barthes,coisa que o povão encontra nas bancas de jornal a preços populares e que a rede globo tem adaptado repetidas vezes em horário nobre...

Não adianta ficar discutindo esse tipo de coisa: estou chamando a atenção para um paralelo que tenho certeza que VC conhece. Levi-Strauss afirma que mesmo quando não somos religiosos o pensamento religioso existe em nós. Por quê? Porque nossa formação de milhares de anos foi assim, não adianta querer cortar como se fosse um pé gangrenado. Estou dizendo, o conceito de arte só existe porque todos nós hierarquizamos na vida para poder dizer "isso é belo e me agrada" ou "isso não me agrada, logo é ruim". É subjetivo, claro que é. Por isso não vejo problema que alguém afirme preferir rock porque é melhor...

E desde o início venho incomodando com esse tipo de lembrete. Normatividade sempre vai existir e o politicamente correto é a pior delas hoje em dia, que pode levar a coisas muito graves, me parece. Lembro de uma discussão que tive com quase toda a equipe justamente por lembrar esse pequeno fato: eu gosto de Proust porque ele é melhor do que Danielle Steel. Se alguém não concorda,sinto muito é só minha opinião, não a verdade absoluta do politicamente correto que nos faz parar de dizer coisas assim. O mundo está cada dia mais chato e como defensor da alteridade vc deveria se preocupar com isso.

E não venha me dizer que é válido defender o direito de expressão universal. Esse funk proibidão é absurdo e não deveria existir porque isso que vira música ruim são pessoas que sofrem e morrem diariamente. É um estereótipo do que é a pobreza e muito me espanta que as pessoas estejam em um estado tão letárgico que não percebam que estão sofrendo outro deboche dos poderosos. A Alemanha transformou o nazismo em crime, é uma forma de expressão que todos reconhecem como negativa e prejudicial. O funk proibidão é uma apologia da violência contra as mulheres, contra os policiais e contra qualquer um que não seja da galera deles, é uma violência também e nunca vou aprovar esse tipo de coisa. Eu adoro música brasileira, adoro Jorge Ben Jor, principalmente o do começo. Adoro Tim Maia, do começo também. Roberto Carlos quando cantava, adivinhe? funk. Não venha me dizer que não gosto de certas coisas porque estou operando com a normatividade das elites.

Talvez se trocássemos de lugar vc se surpreenderia com o quanto esse tipo de música tocando até às 6 da manhã na porta da sua casa e uma série de gente perigosa te ameaçando pode ser desagradável. Então não, esse tipo de música não deveria e não precisa existir. E eu escolho coisas melhores no meu caminho, sem agredir ou ofender ninguém...
 
bizarro que eu vi uma porrada de comentário na postagem e me animei a dar uma lida, mas ai veio a frase "Aquelas letras de música com um toque de genialidade e complexidade são cada vez mais raras e se limitam ao entendimento de poucos, pois o que se vê hoje em dia são músicas descaracterizadas e sem o mínimo de criatividade" e eu não consegui ler o resto.
 
Nossa Luciano vc é uma das pessoas que geralmente paro para ler as resenhas, junto com o Lucas e o Palazzos.

Obrigado! A recíproca é verdadeira, você é uma das pessoas cujos comentários eu mais gosto, queira concordemos ou não.

Mas me irrita a maneira como vcs todos fazem quando alguém tem uma opinião contrária.

Eu não contrariei a posição dele por conta 'de a equipe' ter feito isso, e acredito que eles também não curtiram ou sei lá o que meus comentários por causa disso. Nós trabalhamos juntos, meio que já conhecemos a opinião um do outro a respeito de certas coisas e, se tudo rola tão tranquilo, é porque muitas dessas opiniões batem. Mas eu estou pronto a discordar da equipe, a qualquer momento.

O Marcio iniciou uma discussão simplesmente para dizer que não gosta desse monte de bobagem que a mídia nos faz engolir diariamente, que prefere o bom e velho rock. Só isso. Então aparece um monte de gente defendendo o politicamente correto de que ele está elitizando e não olha o funk e o sertanejo como expressões válidas.

E a posição dele de ser contra midiático não é de todo ruim. Meu problema é justo com o modo como esse discurso se apresenta.



Ora, vc mais do que todos da equipe me parece a pessoa menos indicada para defender essa democratização, afinal uma de suas últimas resenhas era do popularíssimo Roland Barthes,coisa que o povão encontra nas bancas de jornal a preços populares e que a rede globo tem adaptado repetidas vezes em horário nobre...

Assim como eu leio Barthes, eu não escuto funk. Eu também prefiro Imre Kertész e Wislawa Szymborska a Paulo Coelhe e Daniele Steel. Não espere me ver elogiando A Guerra dos Tronos ou Harry Potter.
A minha defesa não*é por gosto, é por postura.


Não adianta ficar discutindo esse tipo de coisa: estou chamando a atenção para um paralelo que tenho certeza que VC conhece. Levi-Strauss afirma que mesmo quando não somos religiosos o pensamento religioso existe em nós. Por quê? Porque nossa formação de milhares de anos foi assim, não adianta querer cortar como se fosse um pé gangrenado. Estou dizendo, o conceito de arte só existe porque todos nós hierarquizamos na vida para poder dizer "isso é belo e me agrada" ou "isso não me agrada, logo é ruim". É subjetivo, claro que é. Por isso não vejo problema que alguém afirme preferir rock porque é melhor...

Concordo plenamente. O problema com a hierarquização é quando ela se torna motivo de pré-julgamentos: quem gosta de funk ou de sertanejo universitário, o faz por pensar menos; quem gosta de rock gosta porque é mais inteligente.

E desde o início venho incomodando com esse tipo de lembrete. Normatividade sempre vai existir e o politicamente correto é a pior delas hoje em dia, que pode levar a coisas muito graves, me parece. Lembro de uma discussão que tive com quase toda a equipe justamente por lembrar esse pequeno fato: eu gosto de Proust porque ele é melhor do que Danielle Steel. Se alguém não concorda,sinto muito é só minha opinião, não a verdade absoluta do politicamente correto que nos faz parar de dizer coisas assim. O mundo está cada dia mais chato e como defensor da alteridade vc deveria se preocupar com isso.

Bem, tenho sérios problemas com a definição de politicamente correto - e com todas as diversas normatividades diferentes que se associam ao termo.

E não venha me dizer que é válido defender o direito de expressão universal. Esse funk proibidão é absurdo e não deveria existir porque isso que vira música ruim são pessoas que sofrem e morrem diariamente. É um estereótipo do que é a pobreza e muito me espanta que as pessoas estejam em um estado tão letárgico que não percebam que estão sofrendo outro deboche dos poderosos. A Alemanha transformou o nazismo em crime, é uma forma de expressão que todos reconhecem como negativa e prejudicial. O funk proibidão é uma apologia da violência contra as mulheres, contra os policiais e contra qualquer um que não seja da galera deles, é uma violência também e nunca vou aprovar esse tipo de coisa. Eu adoro música brasileira, adoro Jorge Ben Jor, principalmente o do começo. Adoro Tim Maia, do começo também. Roberto Carlos quando cantava, adivinhe? funk. Não venha me dizer que não gosto de certas coisas porque estou operando com a normatividade das elites.

Eu não disse que você opera com qualquer espécie de normatividade das elites. E não discordo que o funk carregue muitos estereótipos negativos e tudo mais. Mas a ideia, pra mim, é que eu não posso simplesmente descartá-lo: não gosto, não concordo com muita coisa, mas não sei o que é viver naquele meio, não sei (e, provavelmente, nunca vou saber) sobre a precariedade das vidas que se perdem ou se perpetuam lá. Não me sinto no direito de dizer que é 'decadente' ou 'inferior'. Que as minhas manifestações culturais são melhores porque eu li Barthes.
E essa violência e tudo mais... Eu podia começar com todo um blábláblá sobre as condições sociais e econômicas. Mas acho que você já conhece esse tipo de discurso. E sabe, também, que é bem mais complexo do que isso.

Talvez se trocássemos de lugar vc se surpreenderia com o quanto esse tipo de música tocando até às 6 da manhã na porta da sua casa e uma série de gente perigosa te ameaçando pode ser desagradável. Então não, esse tipo de música não deveria e não precisa existir. E eu escolho coisas melhores no meu caminho, sem agredir ou ofender ninguém...


Enfim, quanto a isso não tenho o que dizer. Do mesmo modo que não posso estar na pele dessas pessoas, não posso estar na sua. Mesmo que eu estivesse no seu lugar, teria relações diferentes com essas coisas - e não posso nem imaginar como seriam.
De qualquer modo, não quero mudar a cabeça de ninguém para que deixe de gostar de algo ou que comece a gostar de outras coisas. Não quero mudar os gostos de ninguém, minha única intenção é 'desconstrutiva' e 'reflexiva': será que existe tanta diferença assim entre o rock e essas músicas 'inferiores'? E o lembrete de que superioridade ou inferioridade são sempre pontos de vista. De novo algo que, por tudo que já discutimos até hoje, eu acredito que você entenda também.
 
O post do Márcio eu entendi como sendo o que recebemos da mídia "comum", não sei qual termo certo usar. Basta digitar qualquer coisa no google que achamos tudo e um pouco mais, mas o foco aqui no começo não foi isso e sim sobre o que recebemos o dia todo de todas as partes, essa de que quem quiser busca não cola, não vejo esse sendo o foco, e procurar é coisa pra quem gosta mesmo, quem não procura recebe o que vem de todas as partes, o fácil acesso.

E outra, sem tem 3 elementos é música?, pelo lado científico sim, pelo lado subjetivo não, isso depende de quem escuta, do mesmo jeito que sentaram o pau no Vianco falando que não era literatura de verdade, mas não tem os elementos necessários ? Então é Lliteratura se seguir um padrão, é Música se seguir o padrão, é Cinema se seguir o padrão, é Teatro se seguir o padrão, as coisas então são muito fáceis de serem feitas olhando dessa forma.

Padrão é a forma como estes artistas são feitos, tocando música ou não, mesmo sendo composta por todos os elementos da música, técnicamente é música, para os meus ouvidos não, e ponto final.

Melhor ou pior ?, não sei, mas minha opinião sempre vai ser posta na mesa, para ser discutida, chegar a um senso comum, seja lá qual for esse senso.

E comparar o Funk Soul com o Funk Carioca é sem comentários, podem até vir da mesma mãe, mas são filhos diferentes, simples assim.

Música nunca foi e nunca será uma forma certa, definida pelo wikipédia ou por quem quer se seja. O som tem milhares de vertentes, cada um escuta o que quer, não exista mais inteligente ou não, existe postura diferente em cada estilo de música, que hoje são milhões, mas isso não quer dizer unanimidade e que todos serão do mesmo jeito por escutarem isso ou aquilo.
 
Há um comentário que eu gostaria de fazer. Com certeza, será meio óbvio.
Mas é porque sempre leio em comentários de internet (não estou me referindo ao Meia Palavra, por favor) que as pessoas que escutam essas músicas populares o fazem por serem "burras, alienadas, retardadas". Minha mãe escuta bastante uma rádio aqui das redondezas e, de tanto ficar exposta, passei a reparar um pouco mais nas letras. Elas tratam de temas bastante cotidianos, que são comuns a maioria das pessoas (decepções amorosas, a vontade de "ficar" com alguém numa festa, o moço(a) que levou chifre...) e o ritmo também é bastante simples. Talvez isto explique seu amplo alcance.

Sobre a mídia, creio que ela precise se manter apresentando algo novo. Mas, no medo de arriscar acaba apresentando algo nem tão novo assim... Muitas vezes eu escutei a introdução de uma música e a confundi com outra. Mas não sou tão catastrófica assim; há algum tempo peguei uns colegas ouvindo Eluveitie... uma banda finlandesa que canta numa língua extinta... tocando no celular de adolescentes do interior de São Paulo.
Cada vez mais gente tem consciência de que o rádio e a TV não são o limite e nem o painel de tudo o que é produzido.

Bom, escrevi o post porque dificilmente participo de discussões no Meia e vi nesse tópico uma chance de dar meus primeiros pitacos (:dente:). Volto aqui pra dar uma lida depois.
 
E outra, sem tem 3 elementos é música?, pelo lado científico sim, pelo lado subjetivo não, isso depende de quem escuta, do mesmo jeito que sentaram o pau no Vianco falando que não era literatura de verdade, mas não tem os elementos necessários ? Então é Lliteratura se seguir um padrão, é Música se seguir o padrão, é Cinema se seguir o padrão, é Teatro se seguir o padrão, as coisas então são muito fáceis de serem feitas olhando dessa forma.

cheesus, cabal. ficar remoendo discussão de 2009? até fui ler o tópico do vianco. ninguém disse que o que ele faz "não é literatura de verdade", as pessoas só falaram que é ruim (e eu acho que é mesmo). e aqui ninguém está julgando o direito de alguém dizer que um determinado gênero é bom ou ruim, apenas que não se desqualifica algo como música só por não apreciar determinado estilo.
 
Há um comentário que eu gostaria de fazer. Com certeza, será meio óbvio.
Mas é porque sempre leio em comentários de internet (não estou me referindo ao Meia Palavra, por favor) que as pessoas que escutam essas músicas populares o fazem por serem "burras, alienadas, retardadas". Minha mãe escuta bastante uma rádio aqui das redondezas e, de tanto ficar exposta, passei a reparar um pouco mais nas letras. Elas tratam de temas bastante cotidianos, que são comuns a maioria das pessoas (decepções amorosas, a vontade de "ficar" com alguém numa festa, o moço(a) que levou chifre...) e o ritmo também é bastante simples. Talvez isto explique seu amplo alcance.

Sobre a mídia, creio que ela precise se manter apresentando algo novo. Mas, no medo de arriscar acaba apresentando algo nem tão novo assim... Muitas vezes eu escutei a introdução de uma música e a confundi com outra. Mas não sou tão catastrófica assim; há algum tempo peguei uns colegas ouvindo Eluveitie... uma banda finlandesa que canta numa língua extinta... tocando no celular de adolescentes do interior de São Paulo.
Cada vez mais gente tem consciência de que o rádio e a TV não são o limite e nem o painel de tudo o que é produzido.

Bom, escrevi o post porque dificilmente participo de discussões no Meia e vi nesse tópico uma chance de dar meus primeiros pitacos (:dente:). Volto aqui pra dar uma lida depois.

Corrigindo...o Eluveitie é uma banda suiça de folk metal que canta pouquíssimas músicas em língua celta. A maioria das letras é em inglês.
 
Na minha opinião, o simples fato de ter os elementos necessários para se enquadrar em um padrão não significa que pertença àquilo.

Há muito mais o que julgar nas entrelinhas. Encaixam o System of a Down como Nu Metal porque incorpora elementos de música folclórica, mas está longe disso, pois, pelo que eu saiba, esse gênero tem mistura com o hip hop e presença de DJs, coisa que não passa nem perto do SOAD.

Ter letras, ritmo e melodia é música? Pode até ser, mas o conceito de letra e melodia, principalmente. é muito mais amplo.

LETRA:

"Nossa, nossa, assim você me mata. Ai se eu te pego, ai ai, se eu te pego"

"Crescendo, de volta às ruas
Aproveitei meu tempo, aproveitei minhas chances
Percorri um longo caminho, agora estou de volta
Só um homem e sua vontade de sobreviver" - Eye of the tiger (Survivor)


MELODIA:

Comparando as mesmas músicas, podem até dizer que AI SE EU TE PEGO tem a letra grudenta (infelizmente é verdade), mas está longe de ter uma melodia agradável, que arrepia, que te traz lembranças de alguma coisa :)
 
Olha,eu não concordo com você.
Você cita o sertanejo raiz, como refêrencia, mas mesmo nesse gênero, também foram produzidas músicas simples e com o único intuito de divertir, sem se preocupar se eram inteligentes, se faziam pensar, como exemplo é só ouvir "Homem Mau" do léo Canhoto & Robertinho, "Romance de uma caveira" do alvarenga e zé Ranchinho. E essas músicas são ruins por não levantar questionamentos sobre a vida ? Claro que não, cumpriram com sua função que era divertir o público. Por outro lado, temos músicas do sertanejo raiz que são um verdadeiro tapa na cara, tipo a "Couro de Boi" do Tonico e tinoco e "O cio da Terra" do Pena branca e Xavantinho. Então desde qualquer época e em qualquer gênero, produz músicas de todo tipo. Por mais bonita que seja a história da música "Couro de boi", se eles tocassem no meio de um baile,iria esfriar qualquer festa.

Hoje é a mesma coisa, tem músicas para divertir e músicas mais sérias. O próprio Gustavo Lima que vocÊ citou com a " Tche Tche therere", tem músicas com letras mais interessantes como a Sete mares e Rosas,Versos e vinhos.

Outra coisa que influência esse monte de músicas praticamentes iguais são os produtores músicais. As vezes o artista é obrigado a lançar o seu hit, desta forma porque está na moda e o produtor estava fazendo pressão. E como todo mundo quer dinheiro, Vem ni mim Dodge Ram, que as mina pira.
 

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