• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Adolescentes

Eu concordo com os que disseram que a falta de educação do adolescente não é algo novo.
Mas até que ponto, ao dizermos "adolescente é assim mesmo", não estamos essencializando a discussão. Evidentemente há uma dimensão que vem do próprio desenvolvimento biológico, hormonal, whatever. Mas não podemos negar que a própria idéia de "adolescência" é uma construção histórica, sujeita a apropriações e ressignificações. Isto é, essas representações sociais são dinâmicas. O conceito de adolescente que temos não é o que nossos pais ou avós tiveram.
A figura do "adolescente problema" realmente não é nova. Mas há uma série de novas questões a respeito que se entrelaçam à discussão: o bullying, exemplo acima mencionado, é uma preocupação nova no campo da psicologia, não?
A pergunta que me coloco é a seguinte: até que ponto essa nova geração em rede não possui maiores recursos para extravasar essa agressividade que lhe é inerente? Até que ponto os novos recursos midiáticos influenciam em novos comportamentos generalizados dentro de determinada faixa etária?
É claro que entrar nessa de "na minha época é melhor", nesse tipo de discussões valorativas, é uma armadilha. Mas ainda assim é possível estabelecer parâmetros de comparação.

E foda-se!! Os desenhos da minha época eram melhores!! :mrgreen:
Tá, parei... :cerva:
Mas ai corremos os risco de ser anacrônicos não é? Afinal, o perfil "adolescente problema" é típico do século XX inteiro, a infância mesmo é um paradigma existente em toda a segunda parte da modernidade, é difícil analisar tal conceito sendo que todas as pessoas vivas viveram esse paradigma sociológico de infância/adolescência. Eu pelo menos não consigo perceber diferenças significativas entre os adolescentes dos anos 60, 70 e os atuais. Claro, os meios mudaram, mídia, internet, governo e a própria forma da sociedade e governo reagirem aos jovens mudou muito (especialmente nas medidas de "proteção", como o isolamento de crianças e jovens de temas adultos, os interditos ao consumo de bebidas e etc), porém os problemas da adolescência são retratados em diversos livros durante todo o século XX sendo bastante parecidos, apesar de os meios onde eles se desenvolvem serem diferentes. É uma discussão longa e muito interessante, porém acredito que ninguém vivo possa dizer que viveu uma realidade jovem muito diferente das que se vivem hoje.
 
Última edição:
Mas ai corremos os risco de ser anacrônicos não é? Afinal, o perfil "adolescente problema" é típico do século XX inteiro, a infância mesmo é um paradigma existente em toda a segunda parte da modernidade, é difícil analisar tal conceito sendo que todas as pessoas vivas viveram esse paradigma sociológico de infância/adolescência. Eu pelo menos não consigo perceber diferenças significativas entre os adolescentes dos anos 60, 70 e os atuais.

É uma discussão longa e muito interessante, porém acredito que ninguém vivo possa dizer que viveu uma realidade jovem muito diferente das que se vivem hoje.

Bom, eu tenho sérias dúvidas a respeito. E quando digo "não sei" é de "não sei" mesmo.
Você mesmo indicou muitas dessas transformações, Felagund. Décadas atrás, como era tratado o adolescente de 13, 14 anos que ainda não estava inserido no mundo do trabalho? Essa própria consciência de que a adolescência é algo que precisa ser protegido não é mais recente do que supomos? E de que maneira isso se reflete na auto-imagem dos jovens dessa geração? E que desdobramentos isso traz quanto a questões comportamentais? :think:
Bom, eu nunca estudei essas questões detidamente (embora eu trabalhe com orfandade, meus olhos estão lá no século XVIII... :mrgreen:)
Mas vale levantarmos essas questões. :yep:
 
Última edição:
Não sei se tenho muito a acrescentar ao debate sobre as mudanças dos adolescentes nas últimas décadas. Achei muito interessante, no entanto, esse trecho do artigo que a Clara postou:

Meu apelo aqui fica para os pais, que acreditam que a educação de um filho se dá na escola. Ela se dá principalmente em casa, neste nível fundamental da formação do caráter de um ser humano. Não coloquem filhos no mundo se não estão aptos e dispostos a dar uma formação cuidadosa e apaixonada a estes novos seres.

Quando alguém fala que não ter filhos ainda, normalmente é fuzilado. Acontece que essas pessoas que não querem ter filhos costumam ter algum argumento. Claro, as vezes os argumentos podem ser interpretados como "egoístas" ou "imaturos", mas já ouvi coisas interessantes. Por outro lado, nunca questionamos quem teve um filho sobre o porquê da decisão, né? Parece totalmente óbvio, mas as vezes surgem motivos bem "estranhos" como a salvação de um casamento falido ou pressão de um dos cônjuges ou vontade de criar uma extensão da vontade do pai ou da mãe ou então pq ter um filho era a coisa mais natural a se fazer. Perguntar pq não ter filhos é natural, mas perguntar pq te-los parece um xingamento. Achei a citação acima bem oportuna, já que ética e valores são aprendidos principalmente em casa. Como disse o garoto no artigo, criar um filho é um trabalho que requer paixão. Talvez seja mais difícil passar determinados valores (ou os valores também são outros atualmente), mas isso não torna o trabalho menos necessário, né?
 
Acho que são duas discussões diferentes, Clara, como falou o Mavericco mais acima. A primeira é em relação à educação dos jovens a segunda, muito diferente é em relação à qualidade da música que ouvem e se essa qualidade estaria relacionada com essa educação (algo como "se fossem mais educados ouviriam Mozart").

Quanto ao ponto 1, acho sim (e me parece que as pesquisas confirmam a impressão geral) que a maioria dos jovens hoje não tem noções de limites e de respeito. E aqui discordo dos que falam em nostalgia. Talvez seja "natural" a "rebeldia" na juventude, mas o que acontece é que antigamente a maioria das pessoas era mais educada (educação = respeito, aqui) e mais respeitosa com professores, pais e colegas/amigos da mesma idade e desconhecidos que iam a eventos em escolas. Só as exceções escapavam disso e elas eram punidas de um jeito ou de outro. Hoje a maioria não é mais assim. Em uma frase, trocou-se a repressão pela expressão da subjetividade (com todos os problemas que surgem com a expressão de quem não tem subjetividade formada ainda).

Isso em Sociologia, pelo que sei é analisado como uma mudança civilizacional até: passamos de uma sociedade disciplinar-autoritária na primeira Modernidade para uma sociedade consumista-hedonista-neoindividualista. Tem a ver com a fragmentação das famílias também (e com o individualismo dos pais claro). Tem a ver também com a expansão da educação com as escolas finalmente chegando à população pobre (e sem "educação" (disciplina, família estruturada) em casa) (acho que quem fala disso é a Magda Soares). Há pesquisas, por exemplo, que medem o tempo que os professores perdem com disciplina em sala de aula ao invés de darem conteúdo e o Brasil aparece no topo dessas listas, o que reflete na qualidade do que é aprendido (ou não). Mas a situação não está tão melhor em outros países.

Quanto ao ponto 2, há um julgamento de valor do colunista aí, claro. "Funk pior que Música Orquestral". Como a Anica e outros já mostraram o Funk é popular faz tempo. Teria que se analisar outras coisas como a sexualização infantil ou a qualidade pobre das letras (até comparada com outros funks) ou o porquê de os meios de comunicação de massa darem espaço apenas para isso (se é que dão).
 
Última edição:
Quando alguém fala que não ter filhos ainda, normalmente é fuzilado. Acontece que essas pessoas que não querem ter filhos costumam ter algum argumento. Claro, as vezes os argumentos podem ser interpretados como "egoístas" ou "imaturos", mas já ouvi coisas interessantes. Por outro lado, nunca questionamos quem teve um filho sobre o porquê da decisão, né? Parece totalmente óbvio, mas as vezes surgem motivos bem "estranhos" como a salvação de um casamento falido ou pressão de um dos cônjuges ou vontade de criar uma extensão da vontade do pai ou da mãe ou então pq ter um filho era a coisa mais natural a se fazer. Perguntar pq não ter filhos é natural, mas perguntar pq te-los parece um xingamento. Achei a citação acima bem oportuna, já que ética e valores são aprendidos principalmente em casa. Como disse o garoto no artigo, criar um filho é um trabalho que requer paixão. Talvez seja mais difícil passar determinados valores (ou os valores também são outros atualmente), mas isso não torna o trabalho menos necessário, né?

DOIZÃO.

Não me sinto apta a ser mãe porque é um trabalho MUITO grande, demanda (ou demandaria, embora muitos pais e mães não sejam assim, ainda que haja tantos outros que sejam) muito tempo, dedicação, amor, carinho, etc. Filho não é brinquedo, filho não é boneco, filho é uma geração inteira que continuará repercutindo quando os pais já tiverem morrido - exceto os casos em que os filhos morrem na frente dos pais, mas isso ngm deseja. A "ordem natural" acaba sendo a inversa.

Há pessoas que simplesmente não deveriam ser pais! E eu acho que sou uma delas. Para ser pai ou mãe deveria-se estar disposto, fisica e psicologicamente, a dar uma educação exemplar a esse(s) filho(s), claro que perfeito ngm é, mas vejo muitas pessoas que não conseguiriam criar nem um peixe, e acabam criando um ou mais filhos. Vide o povo que mal tem dinheiro pra se sustentar e tem uns 8 filhos.

E nem é a questão do $$$ somente. Já conheci certos homens (não namorei, só conheci, e as vezes em uma única conversa dá pra ver quem é a figura) que não têm a mínima condição sequer de manter um relacionamento homem/mulher, mas querem ter filhos. Não dá, a pessoa não se percebe inapta para certas coisas na vida, mas acha que "dá pra fazer" porque ora, "todo mundo faz".

Mas voltando pra discussão da adolescência estar promiscua, mal educada e etc... TALVEZ a geração dos anos 30/40/50 fosse UM POUCO mais educada. Minha mãe, que foi adolescente nos anos 70/80, diz que na época dela se pedia pra namorar, namorava-se no portão com a autorização dos pais, não se podia voltar pra casa depois das 10 da noite, etc. Havia amiguinhas dela que aos 18 anos, recém-saídas do ensino médio, já se casavam para serem mães e donas-de-casa.

Já eu não sinto essa diferença da minha geração pra dela. A minha geração já foi criada pra casar mais tarde - isso se vier a se casar. Na minha geração (final dos anos 90/começo dos 2000), já se "ficava" nas escolas. Sem compromisso mesmo.

E na minha geração, as meninas não eram criadas pra serem donas de casa, ou pra parar de trabalhar após casar. Alguma mulher que tenha entre 25 e 35 anos aqui foi criada dessa forma? Se foi, com certeza foi exceção.

De resto, a falta de educação imperava quando eu era adolescente. Na quinta série, um dos meninos cantava assim "Tudo começou quando eu estudava no Barão (nome da escola do primário), quando eu entrei na classe eu vi aquele b***etão", e daí pra baixo. Havia o dia de xingar a mãe do Fulano de Tal, havia o dia de xingar o pai, havia o dia de bater em não sei quem... enfim... acho que depois dos anos 80, a coisa ficou bem "nivelada" e a falta de educação começou a imperar.

Não lembro de classe nenhuma minha, depois da quinta série, ter sido educada. Lembro de inúmeros professores largando a aula no meio por não conseguir falar em sala. Tudo isso entre 97 e 2003.

Eu lembro. E se tenho saudosismo de algumas coisas, com certeza não é da "educação" dos adolescentes da época, porque educados, eles não eram não.
 
Bom , eu sou adolescente,e esses fatos na escola tipo xingar um palestrante na hora da apresentação nunca aconteceu comigo . (Talvez porque minha escola seja muito rígida , saiu até matérias sobre ela, mas não vou citar nomes).Como eu disse, a minha escola é muito rígida, mas não é dever da escola MESMO dar educação pras crianças, é dever dos pais. E sobre essas coisas que os adolescentes fazem, é coisa da idade. Quando eu tinha 12 anos eu era terrível, acho que eu magoava muito meus pais, agora com 15/16 anos eu vejo que eu era muito idiota, mas é a idade. Vejo isso pelo meu irmão que tem 12 anos ( que faz as mesmas coisas que eu fazia, talvez por me ver fazendo :/) ,e quando vou na casa de alguma amiga da minha mãe e tem criança dessa faixa-etária.
 
Acho que o que está faltando mesmo é o respeito, começando com os pais. É claro que isso não aconteceu de repente. A falta de respeito veio aos poucos, sem ninguém dar muita importância e agora , que já está totalmente visível, as pessoas estão impressionadas.
Acho que tudo começou com a "tolerância excessiva" dos pais. A falta de punição aos filhotes na hora certa.
É claro que há casos e casos. Eu nunca apanhei da minha mãe, mas também nunca abusei demais da paciência dela hehehe Mas tenho amigos, bem mais velhos que eu, que até hoje, quando estão irritados xingam a mãe de "burra, tapada, idiota, sonsa" e por aí vai....e sabe o que a mãe diz: Ahh deixa ele... ele está irritado.. :panela: Agora, para mim , isso foi falta de limite imposto pela mãe.. A mãe é boazinha, deixa tudo, perdoa tudo e cria esse tipo de adulto.

Acho que educação começa em casa.. Os pais de hoje (e de ontem também) trabalham e após terem ficado o dia todo longe dos filhos não querem brigar com eles... Então abrem a porta para atitudes erradas.. falta de limites que gera falta de respeito , de educação, etc... .
E quando as crianças vão para a escola, se algum professor reclamar da criança , os pais ainda vão à escola para brigar com o professor e não para escuta-lo e disciplinar o filho...
Eu sinto que a coisa está meio desgovernada ultimamente... e não é por causa de youtube ou facebook... as crianças estão sem limites mesmo.
 
Youtube e facebook são ferramentas. Quem está por trás delas é quem as utiliza mal.

Na minha geração de adolescência não tinha youtube e facebook, e a internet banda larga ainda engatinhava. E o povo já era mal educado.

Isso é falta de limite mesmo, criar "deusinhos" dá nisso, e as últimas gerações têm sido muito mimadas.

Quando minha irmã reclama de certas coisas, eu digo: "Você trata um privilégio como se fosse um direito. Em vez de agradecer, reclama". É isso que dá não dar limites...
 
Última edição:
Por que pra mim, até onde vi e concordei com o colunista do artigo e o músico do depoimento, foi que o problema ali era de pura educação dos jovens que não sabiam se comportar diante de uma apresentação.
Quer dizer, pelo jeito não teve nenhum adulto ali que levantasse, pegasse um microfone e fizesse o povo respeitar os artistas.

Provavelmente por terem esse medo do Felagund de se tornar um adulto desprezível diante dos olhos dos adolescentes?
Será que é isso?


Esse tópico me lembrou um excelente texto escrito por Eliane Brum, intitulado 'Meu filho, você não merece nada'. Vale a pena ler.

Clara, eu me fiz a mesma pergunta. Não havia ali no recinto algum adulto com colhões pra pegar o microfone e esculachar esses moleques e, caso falhasse, mandar todo mundo pra sala de aula sem recreio com notificação aos pais? Não? Bom.

Dizer que tudo começa no berço soa reduntante. O despreparo dos pais - muitas vezes, só mães mesmo - é notório. Beira ao desesperador.

Não estou julgando o Fela, porque entendo o que ele quer dizer com o 'pseudo saudosismo'. Mas essa é a típica postura vista pelos pais despreparados que têm filhos sob uma relação desestruturada - a mulher encana que quer engravidar e/ou engravida para tentar prender o macho - ou até mesmo a ausência de uma relação - atualmente, é absurdamente comum vermos adolescentes com QI de pombo a engravidar e não colocar o nome do pai na certidão de nascimento da criança porque simplesmente não sabem de quem engravidaram... Eu mesma conheço várias que se enquadram nessa estatística ridiculamente comum (e aceita com inacreditável docilidade pela família, que assume o papel de criação porque a imbecil não têm estrutura para tal), e se procurar, consigo achar mais. Ou seja, um ciclo trágico que se inicia logo na concepção.

O despreparo dos pais se espalha como um câncer, saindo de suas casas e atingindo a sociedade de forma implacável, sob o doce olhar de tolerância indulgente da família. Quando há uma.

Sejam pais 'descolados' que detestam ser chamados de 'senhores' pelos filhos ou adolescentes com QI de pombo que precisam largar a escola para trabalhar e sustentar os filhos precoces (que ficam ou à revelia ou são criados pelos avós), tentam justificar sua ausência enquanto autoridade dentro de seus lares dando aos filhos tudo o que desejam, menos limites. Não há educação, respeito ou limites de coisa alguma, sempre sob aquele argumento idiota e pífio de 'nhé, eu quero dar aos meus filhos o que eu não tive, nhé, eu tive uma educação opressora, nhé, meus filhos merecem o melhor, nhé, nhé, nhé...'. No fim das contas, o resultado é esse: uma massa de cretinos acéfalos, um bando de indolentes alienados sem noção alguma de responsabilidade ou de consequências. E quando alguém lhes exige essa noção - normalmente um educador, dentro de sua razão - por meios mais taxativos, os mesmos pais resolvem ser pais e pulam, furiosos, para defender suas 'crias indefesas'. É o indício triste de uma inversão de valores gerada pela desestruturação do que conhecemos como 'núcleo familiar', seja ele composto por pais, avós ou responsáveis comuns.

Pra quem acha que 'não é nada, e que é coisa de adolescente mesmo, coisa da idade, são imaturos, tadinhos', aguarde... Um dia eles crescem. Aí sim eu quero ver. :no:
 
Última edição:
Pra quem acha que 'não é nada, e que é coisa de adolescente mesmo, coisa da idade, são imaturos, tadinhos', aguarde... Um dia eles crescem - e passarão, junto com seus genes, tudo isso o que vemos neles hoje. Aí sim eu quero ver.

Já namorei dois imaturos, super parecidos um com o outro. Não conseguiam assumir responsabilidades SIMPLES. Escrevi até um texto sobre o tipo que é o do "falso bonzinho", rs...

Um foi o namorado que mais durou, de quem tolerei horrores que não deveria ter tolerado. O outro foi o último ex.

Eles são fruto dessa geração mal educada que, de resto, levou a falta de educação pra vida adulta. E esse que eu ainda estava apenas conhecendo, que nem virou namorado, era bem parecido (Lynn com imã pra esses tipos... :roll:), cortei antes pela experiência prévia.

Eles SABEM que o comportamento deles é absurdo. SABEM que são adultos hoje e devem agir de outra forma. Mas o costume fala mais alto e agem iguais moleques de 15 anos.

Isso, claro, vale pra mulheres tbm.

Mas é incrível, até pq esse último ex tinha 32 anos! Não tem muita esperança pra ele mudar, não agora. E ambos esses "ex" eram aparentemente bem educados, não tinham vícios (o último fumava, mas era apenas esporadicamente, e mesmo assim começou depois de "velho", aos 30 anos), faziam papel de "bons moços" e mesmo assim a "mimadice" e falta de noção de como tratar o outro e negociar situações relacionais era insuportável.
 
Concordo, em linhas gerais, com o que o Fela e as vozes reiterantes que vieram em seguida nesse tópico falaram.

É claro que não dá para desresponsabilizar os adolescentes, pois educação só se dá, hoje em dia, com responsabilidade, e não com autoridade áspera, tirânica, pois essa perdeu a legitimidade. O indivíduo não fica mais só no seio da família, ele vê TV, ele sai para a escola e ouve do mundo o discurso de que ele é um portador de direitos (a parte que fala dos deveres, é claro, não gostam de falar muito) e blá blá blá. Pois é, não se assustem, o discurso da democracia e dos direitos humanos penetra sim nas massas populares ditas ignorantes. E surte algum efeito, mesmo que não seja na esfera da política de Estado.

Os alunos não aceitam ser mandados pelos professores, cegamente e sem motivo à priori. Cabe ao sistema escolar achar novas iniciativas. Talvez um arranjo democrático, onde os alunos legislassem, por exemplo, um compromisso para manter a limpeza e a organização nas saulas de aula, pudesse funcionar.

O anacronismo não se dá também só na estrutura política da sala de aula, mas no campo da linguagem. Pô, antigamente, a escola, e mesmo a escola pública, era elitisadíssima, nesses tempos imemórios e gloriosos da tal "educação de qualidade". Escolas públicas só existiam nos centros das cidades, longes da periferia. 5ª a 8ª (os famosos ginásios) era um funil. Muito frequentemente havia provas para selecionar os melhores dos melhores. Do médio, à época o "Científico", nem se fale.

Quem ia até o segundo grau era necessariamente de classe média, nem que fosse classe média baixa. E querendo ou não, e sem dar juízos de valor, quem é da classe média para cima tem oportunidades culturais diversificadas. Mesmo àquela época, ter uma estante com livros, uma enciclopédia, um dicionário em casa, assinar uma revista semanal de notícias, comprar um jornal, livros de literatura, revistinhas em quadrinho, oportunidade de ir a shows e peças de teatro... tempos depois, a TV por assinatura Quem é cientista critique o quanto quiser, mas é MUITO mais construtivo que destrutivo pro moleque de 12 anos assistir documentário de bicho e de múmias no Discovery Channel, mesmo que este esteja dizendo que os egípcios aprenderam com os ET's. Esse é um ambiente repleto de coisas acadêmicas ou pré-acadêmicas, e essa criança já traz de casa uma bagagem que a faz se sentir em casa com os conhecimentos do ambiente escolar. Vai gostar de uma música contemplativa, de parar e pensar para ouvir, e não só da música da ação, da festa, embora esta também tenha seu valor.

Hoje, a escola se abriu a quem não tem essas oportunidades, e isso provoca sim problemas gravíssimos dela. De toda forma, não podemos fugir desses problemas, pois a negação do direito à escola enquanto tanto se discursa sobre ela e as oportunidades por ela fornecidas é de uma tirania descabida. E aí, ela tenta conferir aos alunos essas oportunidades culturais, ligadas a certo desenvolvimento cognitivo, à criatividade, à linguagem culta, etc. Como por exemplo chamando pianistas desses para as escolas.

Só que é DEMAIS esperar que essa meninada se comporte bem ante a um pianista, que seja inato e que elas achem o som esplêndido à primeira vez que ele tocar. Se elas não tiveram a oportunidade de ouvir música com fim de contemplação, de ir ao concerto ou ao teatro (ou, mesmo que elas nunca tenham ido, estarem num meio social onde ouvem falar sobre como é e sobre as normas-padrão de comportamento), elas não vão mesmo se educar como que num passe de mágica, internalizar as normas sociais do evento, porque isso é um produto social que requer enculcamento.

Tem que falar a linguagem delas, ensinar aos poucos, dialogar. Ao invés de colocar um concerto de música erudita, coloca algo mais próximo do que elas já estão acostumadas a ouvir, um hip-hop um pouco mais cult ou o que quer que seja. Vai puxando para o MPB, para o rock, até que se chegue ao produto que se quer. Vai ensinando para uma turma pequena, e não para o pátio da escola lotado, como se comportar num concerto musical qualquer.

Não adianta falar latim clássico enquanto a turma está falando seu dialeto do português brasileiro. Eles não vão nunca captar. E discursar numa linguagem tão brutalmente diferente só fará as crianças adquirirem mais ranço pela escola e pelos seus mestres, que não a compreendem e portam uma realidade da "elite".
 
Tem que falar a linguagem delas, ensinar aos poucos, dialogar.

DESCULPE, MAS NÃO CONCORDO!!!

E desculpe a caixa alta, bjs.

Tem que falar "a linguagem" deles e eu modéstia à parte sempre consegui pois comecei a dar aulas muito jovem (20 anos), mas se vc fala a linguagem deles DEMAIS... ELES ABUSAM.

Havia uma turma minha a qual eu sempre deixava conversar, falava sobre o que ocorria com eles no dia a dia, até sobre animes e bandas de rock e etc; e o que acontecia?? Folgaram o semestre inteiro, e isso pq eu disse que os "homeworks" valiam nota (valem mesmo).

Resultado?? Ficou todo mundo de recuperação no final.

Ficou msm. Tem vezes que aluno só entende duas palavras: NOTA e REPROVAÇÃO.

Diálogo funciona com alunos PRÉ DISPOSTOS a isso. Os que não estão pré dispostos, fica IMPOSSÍVEL. Não se recompensa maldade e falta de educação. Se não conseguem respeitar (RESPEITAR, não gostar) um pianista, eles tem um sério problema com EDUCAÇÃO E RESPEITO.

Se colocassem eles pra escutar um "funk educativo" o resultado seria o mesmo. Quando não querem, não querem. Não adianta falar a "linguagem deles" e dar a mão, que querem o braço.
 
É claro que o professor não há de se despir completamente da sua autoridade. Mas chegar na sala com pose de elite, dando um juízo de valor de que o deles é o "ruim" e o seu é o "bom" não vai adiantar nada.
 
Eu não acho que o que o ExtraTerrestre disse tenha a ver com conversar com eles/ser amigue da galere, mas de ir aos poucos educando. Preparando o terreno para fazer com que eles tenham maturidade para absorver/compreender a arte que é apresentada. Em termos literários eu diria: não chegar já largando um Guimarães Rosa nos alunos, mas antes atraindo a atenção do aluno para o hábito da leitura em si. Mais ou menos como eu costumo dizer: ninguém aprende logaritmo sem antes ter aprendido as operações básicas. Da mesma forma que ninguém vai admirar a obra de um pianista se ninguém nunca deu o mínimo de base de música clássica para aquelas crianças.
 
Eu gostei dos argumentos do ExtraTerrestre, em bora não concorde com eles, desculpe, ET. =]

Só que é DEMAIS esperar que essa meninada se comporte bem ante a um pianista, que seja inato e que elas achem o som esplêndido à primeira vez que ele tocar. Se elas não tiveram a oportunidade de ouvir música com fim de contemplação, de ir ao concerto ou ao teatro (ou, mesmo que elas nunca tenham ido, estarem num meio social onde ouvem falar sobre como é e sobre as normas-padrão de comportamento), elas não vão mesmo se educar como que num passe de mágica, internalizar as normas sociais do evento, porque isso é um produto social que requer enculcamento.

Mas a ideia da escola não era essa mesmo?
Mostrar um outro tipo de cultura, diferente daquelas que eles estão acostumados e que não faz parte de sua vida social?


Tem que falar "a linguagem" deles e eu modéstia à parte sempre consegui pois comecei a dar aulas muito jovem (20 anos), mas se vc fala a linguagem deles DEMAIS... ELES ABUSAM.

Abusam sim, porque você, embora muito jovem, não era mais adolescente e aluna, era a adulta e a professora.

Não tenho filhos e nunca terei, mas imagino que os adolescentes e as crianças esperam dos adultos que eles se comportem como... adultos, oras!

Não tem esse negócio de "ser amigo", "falar de igual pra igual", na verdade, pelo pouco que sei dessas pessoas muito jovens, eles parecem detestar isso.

Por isso de certa maneira não concordei com o Felagund quando ele escreveu que não quer ser aquele adulto chato que ele desprezava quando mais jovem.
Não acho que tem como fugir disso não, de ser visto como chato.

Só não vão te achar chato quando precisarem da sua ajuda, do seu ombro, aí lembram que você é o(a) pai/mãe/tia/tio/professor(a)/sei lá o que/adulto que tem experiência e a serenidade que precisam naquele momento.

Mas enfim, de minha parte eu não me importo que me achem chata.

Adolescentes podem ser bem engraçados, espontâneos e divertidos, mas são extremamente sem personalidade, e na maior parte do tempo um tremendo pé no saco. :tsc:

E tem mais, eles virarão adultos um dia e, pelo que vejo por aí, uns adultos mais malas do que eu. :lol:
 
Abusam sim, porque você, embora muito jovem, não era mais adolescente e aluna, era a adulta e a professora.

Não tenho filhos e nunca terei, mas imagino que os adolescentes e as crianças esperam dos adultos que eles se comportem como... adultos, oras!

Não tem esse negócio de "ser amigo", "falar de igual pra igual", na verdade, pelo pouco que sei dessas pessoas muito jovens, eles parecem detestar isso.

Desculpe, Clara, mas essa fala que vc colocou (e o ExtraTerrestre um pouco tbm) é como se culpasse o professor pelo desrespeito do aluno.

É mais ou menos falar que a mulher foi estuprada pq usou saia curta, qdo, sabemos, até mulheres de burqa são estupradas.

A responsabilidade de quem desrespeita É DE QUEM DESRESPEITA, a não ser que o professor tivesse desrespeitado primeiro - e sabemos que essa não é a realidade na maioria das salas de aula. E não me importa se gostam ou não de mim ou da minha linguagem. Não tem que GOSTAR, tem que RESPEITAR.

Se a gente for ficar toda hora vendo o que adolescente gosta ou não, FRANCAMENTE, que funcionários teremos quando eles trabalharem? Sim, pq patrão insatisfeito não vê o que o funcionário gosta ou não, ele MANDA EMBORA sem sequer explicar direito o motivo.

E não se deve deixar mal acostumado um jovem que em breve terá de enfrentar o MUNDO, que fará tudo menos passar a mão na cabeça.

E sobre isso de meu discurso ser "adolescente demais", no começo ele realmente era. Mas havia professores bem mais velhos, com discursos super equilibrados, que inclusive davam aula para cursinho e etc, que eram constantemente desrespeitados pelos alunos.

E de mais a mais, tenho turmas para as quais dou a maior liberdade e eles não só respeitam como produzem maravilhosamente bem. Notas todas acima de 8,0. Agora pq é curso de idiomas eles podem se comportar diferente do que seria numa escola de ensino fundamental e médio com 40 alunos?

Eu lembro de uma professora da oitava série que simplesmente largou a aula no meio porque não conseguia falar. Eu e outras alunas (todas meninas) sentíamo-nos no direito de ter a aula. Fomos conversar com ela, educadamente, pra que ela nos desse a aula.

ELA SIMPLESMENTE ADOROU. Sentiu-se finalmente valorizada por alguém no trabalho dela. Pensei q ela ia ficar "pê" da vida por estarmos indo contra a "greve" dela, mas ela foi minha amiga até o final do ano!!

Agora, se os alunos não curtem música clássica, custa se juntarem pra fazer um abaixo-assinado, ou tomar a um representante e dizer: "Preferimos outra música, uma que tenha mais a ver com nossa realidade"?

Isso seria o que uma classe que não gosta, porém, respeita, faria. Uma classe que tem problemas com respeito simplesmente xinga, manda se "f**** e acabou.

Não existe desculpa pra falta de respeito, repito.
 
Última edição:
Mas a ideia da escola não era essa mesmo?
Mostrar um outro tipo de cultura, diferente daquelas que eles estão acostumados e que não faz parte de sua vida social?

Claro que é, e eu não estou negando isso, muito antes pelo contrário. É mais ou menos o que a Ana Lovejoy disso. Não adianta chegar na primeira aula de Literatura do Ensino Médio e cagar Grande Sertão ou Memórias Póstumas na cabeça de uma meninada que nunca leu Harry Potter, Senhor dos Anéis, Coleção Vagalume, Sítio do Pica-Pau, O Gênio do Crime, quiçá nunca tenha lido a Turma da Mônica.

E isso não vale só para o conteúdo assimilado, vale para as normas de comportamento em cada contexto. Se eles não conseguem nem vislumbrar o que há de belo num pianista, se tem aluno que nunca viu um concerto se pá nem por filme, como querer que eles magicamente entendam a situação e fiquem quietos, nem que seja para "fazer filme"? Até porque, francamente, essa é uma preocupação é da diretoria.
 
Não ficar quietos e, mais ainda, não gostar do que está vendo e achar aquilo tudo um saco é bem diferente de ofender a mãe e mandar o cara tomar não sei onde.

2

Todo mundo sabe que esse comportamento é desrespeitoso, até msm um adolescente carente que cresceu em lar deficitário. Repito, não se recompensa maldade e falta de respeito. Dialoga-se com quem tem o mínimo de abertura pra isso.

se tem aluno que nunca viu um concerto se pá nem por filme, como querer que eles magicamente entendam a situação e fiquem quietos, nem que seja para "fazer filme"? Até porque, francamente, essa é uma preocupação é da diretoria.

Engraçado que fora do ambiente de sala já vi alunos e ex alunos bagunceiros (em festinha ou outras ocasiões sociais) e sabiam se comportar bem. Custa ficar em silêncio durante um concerto? Ou custa ao menos não ofender?

Se a pessoa sabe se comportar fora de sala como gente (e a maioria dos alunos sabe, mas se aproveita do ambiente de sala de aula que propicia essa "bagunça" e falta de respeito, pq né, "todo mundo zoa" e "ninguém vai ser punido mesmo"), é pq faz a "zona" dentro da sala consciente de que está zoneando.
 
Por isso de certa maneira não concordei com o Felagund quando ele escreveu que não quer ser aquele adulto chato que ele desprezava quando mais jovem.
Não acho que tem como fugir disso não, de ser visto como chato.
Clara, eu acho que não me fiz claro quando disse isso, vou tentar retificar.
Eu não me importo de ser visto como chato por adolescente. Aliás, eu sou um professor bem chato, mando pra for ada sala, peço para fazer reuniõa com pai de aluno babaca, reprovo por falta entre um monte de coisa, isso de verdade não é o meu problema, não tenho dessas de querer ser camarada dos meus alunos. Claro, se algum deles é interessando na matéria, gosta de conversar, enfim, se é um cara bacana eu dou toda a abertura para o rapaz (nossa, como isso soou esquisito, mas vamos continuar).

O que eu não quero virar é aquele velho que reclama de tudo no presente e fantasia o passado, fingindo que os problemas de hoje não existiam na época dele. Só isso.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo