Vou destacar aqui uns trechos da crítica do Kleber Mendonça Filho do site Cinemascopio:
Em termos gerais, Gibson prega para quem já foi convertido
Sobre a falta de "explicações"..... mesmo eu sendo católico eu não sou especialista na vida de Cristo, mas nem por isso achei falta de uma explicação maior.
O espectador parece ter a obrigação religiosa (no mínimo cultural) de ser o portador de toda a informação que estaria faltando e também de concordar submisso com a forte encenação gráfica projetada. Cinema e religião, uma combinação poderosíssima.
Esse filme é mais uma prova de que o cinema pode ser instrumento ditatorial, especialmente quando feito por um autor que acredita em cada imagem que filmou, montou e sonorizou. Para os que não concordarem com o que está sendo apresentado, resta detestar, contestar, mas, tudo leva a crer, isso não seria considerado cristão
por outro lado temos a obra de enorme potência comunicativa e que será inevitavelmente vista como "a verdade". Nesse sentido, a imagem dos judeus é feia
É disso que eu tenho medo...... o filme ser tomado como verdade absoluto. Eu GOSTEI do filme. Não está entre os melhores que eu já vi, mas é muito bom. Mas por mais fiel que possa ter se falado, não de se tomar como verdade absoluta. Cristo crucificado pelas mãos e não pelo punho, como seria o
correto, é só um errinho grotesco visto à realidade histórica. Porém, aceita-se devido ao
costume histórico da imagem de Cristo crucificado pelas mãos ao longo dos anos, mesmo já se sabendo que não foi assim.
Ao concentrar-se nas últimas 12 horas da vida de Jesus, Mel Gibson parece ter feito o filme para todos aqueles que, na igreja, deixaram o padre falando para olhar com interesse mórbido/religioso as etapas da Via Crúcis, expostas nas paredes. O filme seria a versão animada de cada uma dessas etapas, nos mínimos detalhes.
Esse trecho da crítica dele ficou estranhamente engraçado
Pois EU mesmo já fiz isso várias vezes... em várias igrejas
Traz visão extremamente física de um sofrimento que todos conhecem, mas que por questões de mercado, bom gosto, talvez respeito à figura de Cristo, o cinema, o teatro e a TV nunca realmente abordaram assim.
Tá.... é por isso que não me importei com o "excesso" de violência, pois ele não foi em excesso..... foi apenas realista, como eu imaginava que Cristo sofreu... mas...
Gibson faz um cinema que não poderia ser mais convencional, com o agravante de ter descoberto um botão chamado "câmera lenta". Transforma o sofrimento físico claro e evidente em S*O*F*R*I*M*E*N*T*O óbvio e estridente
.... que ele abusou desse recurso para impressionar mais, eu não nego
A crítica completa vcs lêem aqui:
http://cf1.uol.com.br:8000/cinemascopio/criticasf.cfm?CodCritica=993
De hoje em diante, sessões serão missas e cultos, cinco vezes ao dia, em múltiplos preços e horários.