Escrevi uma teoria a respeito.
Eu acredito que os orcs são oriundos de uniões de maiar decadentes com humanos. Para isso peço que dêem uma olhada no Myths X postado no início do tópico, onde Tolkien afirma que humanos, mas não elfos nem anões poderiam serem reduzidos a um nível órquico de mentes e hábitos, e reconsidera o texto anterior, afirmando que orcs têm fëar. Os humanos teriam acordado antes do que é relatado em O Silmarillion, e servido de “matéria-prima” para os orcs.
Tomo como exemplo a união de Thingol e Melian: Lúthien, o resultado, era estritamente uma elfa, e seu espírito tinha a mesma natureza e destino dos elfos, embora, fisicamente (ou, talvez, considerando um “atributo espiritual”, isto é, algo do espírito que não é sua essência), ela não possa ser aceita como uma simples elfa, mas sim como uma mistura de maia e elfa, o que percebe-se em sua excessiva beleza, e seus dons no episódio onde adormece Melkor.
Interessante reparar que o cabelo de Lúthien era negro, e não prateado, como de seu pai. Veio, então, de sua mãe, e mais: do hröa de sua mãe. O hröa que o maia assume (proveniente, talvez, de uma imagem pálida de seu espírito) interfere na constituição do filho.
Ora, Tolkien cita nos HoME maiar em forma de orcs, poderosos se comparados aos orcs comuns, que mesmo após a morte retornavam. Após sucessivas mortes, estes maiar ficariam com poder muito reduzido, presos a corpos encarnados, incapazes de mudar sua forma.
Em tamanha decadência, poderiam então serem colocados a unir-se com humanos prizioneiros. O resultado da primeira união é um ser que é estritamente/espiritamente humano, porém biologicamente é 50% humano e 50% maia (situação análoga a Lúthien). Tal maia teria uma forma horrível, imagem de seu espírito corrompido, da mesma forma da forma que Sauron assumira após Númenor. Ele passaria essas características a seu filho híbrido, que teria, em parte, tais características horríveis.
Poderia-se fazer uma grande leva de meio-humanos-meio-orcs/maiar, a partir desses cruzamentos. Os membros dessa primeira geração poderiam, porém, serem levados a serem cruzados novamente com maiar-orcs decandentes (com outros desses orcs, ou talvez até com seus pais).
O resultado, da segunda geração, seria um ser 75% orc-maiar e 25% humano. Continua, porém, espiritualmente humano, mas suas características órquicas tornam-se mais acentuadas e horríveis.
Prosseguindo o cruzamento desses híbridos com os orcs-maiar, chega-se a uma etapa desejada onde as características órquicas são grandíssimas, e pouco o ser resultante teria de humano. Mas, espiritualmente, continua um humano, um mortal. Atingida a porcentagem desejada, os orcs poderiam cruzar-se entre si, e a porcentagem da constituição permaneceria constante com o passar do tempo.
Uma possível falha dessa teoria é que orcs teriam assim, grande parcela maia em seu sangue, o que parece muito para seres tão miseráveis. Mas, se lembrarmos que tais maiar eram extremamente corrompidos (o que o fato de estarem dispostos a participarem de um cruzamento forçado evidencia), provavelmente que passaram por diversas mortes, com pouco poder não-dissipado, a ponto de poderem tornar-se espíritos impotentes após uma nova morte, diminua essa falha: era nada tão diferente de um espírito pobre e fraco dentro de um corpo horrendo mas também fraco, sendo incapaz de passar tanto “poder” a seus descendentes.
Além disso, os maiar, embora os tratei até agora como uma biologia separada, tinham encarnados uma parcela de biologia humanóide, o que origina seus olhos, pernas, braços e tudo que há de parecido com os humanos, e que permite sua reprodução com humanos.
Saruman descobriu isso, mas ao cruzar os orcs com humanos, ele dissipa o sangue órquico, obtendo crescentes parcelas de sangue humano novamente, fazendo o inverso do que Melkor (ou melhor, Sauron) fizera no início dos tempos. Assim surgira os meio-orcs que aparecem em O Senhor dos Anéis.