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Cormac McCarthy

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Please understand...
Como ainda não tem nenhum tópico sobre o autor, começo esse aqui com um artigo que li sobre a obra dele.

Nascido Charles McCarthy em 1933, de descendência irlandesa, há mais de uma década que o norte-americano Cormac McCarthy vem sendo considerado por muitos críticos e leitores como o melhor escritor americano vivo. Seu primeiro livro foi o romance The Orchard Keeper, de 1965. No Brasil, depois de ter Meridiano Sangrento publicado pela Nova Fronteira em 1991, McCarthy se tornou um autor da Cia. das Letras pelo restante da década de 1990; foi pela editora paulista que ele publicou a sua "Trilogia Fronteira" (Todos os Belos Cavalos, um ganhador do Prêmio National Book, A Travessia e Cidades da Planície). Agora, no século 21, parece ter encontrado um novo lar na recém-chegada Alfaguara (um selo da Objetiva, do Rio de Janeiro), que ano passado nos deu o seu Onde os Velhos Não Têm Vez.

Desde Meridiano Sangrento e da Trilogia Fronteira que McCarthy vem flertando com a literatura de gênero; os três romances são uma espécie de western tardio, ambientado nos anos que antecedem a Segunda Guerra Mundial, e Meridiano Sangrento narra os feitos homicidas de um grupo de americanos caçadores de escalpos no México, em meados do século 19 - o livro está listado pelo crítico Harold Bloom como uma das obras fundamentais da literatura americana no século 20. Por sua vez, Onde os Velhos Não Têm Vez é um thriller.
Na primeira fase do autor, mais ambientada no Sul americano e não no Sudoeste de sua segunda fase, até Meridiano Sangrento, há uma espécie de surda evocação do horror - no segundo romance de McCarthy, Outer Dark (1968), inédito no Brasil, dois irmãos que cometeram incesto vagam sem eira nem beira por uma violenta paisagem rural, ela em busca do filho, ele à procura dela, numa trajetória que culmina no assassinato da criança que haviam gerado; e o protagonista de Child of God (1974), também inédito no Brasil, é um serial killer necrófilo, ao que consta baseado num assassino da vida real. No final de Meridiano Sangrento, o juiz, figura grotesca porta-voz de darwinismo social levado a proporções absolutas, assume ele mesmo dimensões quase sobrenaturais.

Polêmico, o trabalho de McCarthy não está livre de críticas, e em 2001 B. R. Myers, que hoje é um subeditor da revista The Atlantic Monthly, o incluiu em sua sarcástica exposição da artificialidade e rasura intelectual dos grandes nomes da literatura norte-americana atual, em A Reader's Manifesto: An Attack on the Growing Pretentiousness in American Literary Prose. A acusação é a de que McCarthy só seria esse autor "literário" de tanto sucesso por retrabalhar mitos do western com uma prosa artificial e excessiva. Myers, porém, elogia The Orchard Keeper como "uma pequena obra-prima de escrita cuidadosa e comedida".

A meu ver, há uma face de McCarthy que só se alcança por uma saída mítica da sua prosa - mesmo em seus momentos de excesso pomposo, reminiscente de Herman Melville e William Faulkner (a quem é muito comparado). Em A Travessia - um romance desequilibrado mas não obstante um dos meus favoritos -, o jovem Billy Parham, deixa o lar para devolver às montanhas do México uma loba cinzenta que ele havia capturado no rancho dos pais. Sua aventura leva a conseqüências desastrosas para si mesmo e à sua família. O seu encantamento pelo mundo natural, para sempre perdido dentro da ordem social humana, não é articulado em palavras e só pode ser alcançado por essa qualidade mítica que a loba representa, que Billy intui, e que a verve de McCarthy expressa. Este e outros romances do autor expressam uma condição de doloroso estoicismo. Personagens sem guarida no mundo se movem contra uma paisagem natural indiferente ao seu sofrimento ou seus projetos pessoais, e a morte parece a única disciplina capaz de unir a dura substância do mundo natural e a condição humana. Da sua leitura transparece uma débil religiosidade que sobre tudo paira, antevista mas raramente absorvida em sua demanda por uma resignação absoluta diante das injustiças do mundo.

Em A Estrada, lançado este ano pela Alfaguara, McCarthy retorna a uma prosa mais esparsa, ainda que mantendo a sua qualidade mítica, ao mesmo tempo em que adentra, de modo direto e indiscutível, na literatura de gênero, na ficção científica.

É verdade que se trata de uma FC na tradição das histórias de pós-holocausto nuclear, tema que há décadas vinha sendo buscado por autores do mainstream, como Nevil Shute com A Hora Final (1957), Paul Theroux com O-Zone (1986), e Angela Carter como Heróis e Bandidos (1988), entre outros. Talvez em razão da sua relevância política. O fim da guerra fria, porém, ameaçou levar esse subgênero da FC à extinção. Ele agora renasce colorido pelas imagens aventadas não de uma conflagração total entre Estados Unidos e União Soviética, mas da detonação de armas "sujas" terroristas e de desastres ambientais agravados pelas fissuras humanas, como o do furacão Katrina - uma perspectiva que também rendeu o romance Celular (2006), de Stephen King, resenhado aqui em 4 de agosto de 2007.

Neste seu último livro, ganhador do Prêmio Pulitzer 2007 e do britânico James Tait Black Memorial Award, McCarthy apresenta um pai e um filho, ambos anônimos, cruzando a paisagem americana sob um "inverno nuclear". Rumam para o sul e seu clima mais ameno, e para o oceano. A pouca reflexão sobre o antes e o depois do apocalipse, mas há indícios, aqui e ali, de que o inverno nuclear já dura vários anos, até mesmo de que o menino, que por seus diálogos parece ter entre seis e oito anos, nasceu sob ele. (Incapaz de suportar a responsabilidade de criá-lo sob um contexto de tamanha desesperança e violência, sua mãe havia se suicidado, antes da travessia de pai e filho começar.)

Os dois protagonistas se movem por uma paisagem árida e hostil, depauperada de recursos, enquanto seguem por uma estrada ou em paralelo a ela, sendo caçados por grupos de survivalistas canibais. O pai carrega um revólver com apenas duas balas - uma para cada um deles, se a situação o exigir. A tensão que McCarthy imprime na trajetória dos dois assume um suspense quase insuportável e construído com admirável economia. A cada página, cada curva da estrada, parece ao leitor que a jornada - e o laço de amor irredutível entre pai e filho - irá acabar. A ponto do crítico da revista Bookforum ter escrito que é "como se o leitor precisasse continuar lendo a fim de que os personagens continuem vivos".

Em seu caminho, os dois sobrevivem apanhando restos de alimentos, roupas e de materiais combustíveis que encontram em cidades e residências abandonadas, freqüentemente já saqueadas por outros que passaram por ali antes. Não é, porém, apenas esse resto urbano de contato obrigatório para os sobreviventes de uma civilização dissipada que oferece perigo, mas a própria natureza parece aguardar a oportunidade para matá-los à traição - num dado momento, pai e filho passam por um homem horrivelmente queimado (mas ainda vivo) pelo impacto de um raio, e em outro os dois são ameaçados por árvores que caem em torno deles, sob o peso da neve, numa floresta morta. Mais adiante, porém, encontram um abrigo nuclear privado, do tipo que povoara a ficção científica das décadas de 1950 e 60, e têm um descanso, a oportunidade de rever algo de um passado menos ameaçador. Em todo caso, caracteriza-se uma existência dependente de extrema eventualidade.

O pai reflete que, para seu filho, ele deve ser quase como um homem de outro planeta, sobrevivente de uma ordem extinta. Mas o que me parece é que é o menino aquele que representa uma ordem moral que não possui mais validade num mundo onde não há misericórdia entre os homens e onde continuar vivendo implica em apenas se alimentar do cadáver de uma humanidade que não se reconhece mais. Repetidamente, o menino exige do pai um compromisso moral que, até ao leitor do nosso mundo, soa absurdo no contexto que eles enfrentam. Não apenas que não mate seus semelhantes para comer, mas que ofereça sua solidariedade aos estranhos com que cruzam na estrada.

O livro não possui uma divisão em capítulos, e é narrado em curtos segmentos que raramente chegam a duas páginas. Há, contudo, uma unidade muito sólida dentro dessa estrutura em que flashbacks, diálogos, momentos reflexivos ou de pura descrição se casam numa ordenação subordinada. Eventos terríveis, um após o outro, se sucedem com a mesma força opressiva de algo que o leitor não deseja testemunhar, sendo por isso mesmo surpreendentes, mesmo que previsíveis. Numa casa grande, em busca de restos de alimento, o pai destranca a porta de um porão que revela seres humanos guardados ali como livestock - a palavra mais obscena da língua inglesa, implicando um alimento que por acaso ainda está vivo. Em outra situação, o pai espanta um grupo de vagabundos com o seu revólver (agora com apenas uma bala), para então encontrar o acampamento em que eles tostavam na fogueira uma criança recém-nascida.

O canibalismo de bebês já aparecera na conclusão de Outer Dark, como uma espécie de parábola bíblica de um carneiro servido numa ordem em que o sacrifício do inocente não serve a qualquer propósito.

Um outro leitmotif comum à obra de McCarthy é a figura do adolescente irrequieto e violento, como o protagonista de Meridiano Sangrento e do teleplay de 1975 The Gardener's Son, ou o garoto fora-da-lei Jimmy Blevins em Todos os Belos Cavalos. Um símbolo da jovem América e sua atitude inconstante, violenta, e potencialmente trágica?

De qualquer modo, McCarthy nunca antes deu qualidades de protagonista a uma criança tão jovem quanto o menino de A Estrada. Apesar de tudo o que se passa em torno dele, a sua bondade e inocência inerentes se firma com uma radiância que se expressa em algo que o pai vive lhe afirmando, de modo crítico mas inequívoco, dentro do contexto - "somos os portadores do fogo", da luz. E "está dentro de você", o pai diz ao menino.

O filho é figura crítica, agente de um renascimento possível que, em toda a obra de McCarthy, só vem a se configurar neste romance do terror e do apocalipse. "Não há nenhum profeta na longa crônica da terra que não esteja sendo homenageado aqui hoje", o pai diz ao filho, perto do final. "Qualquer forma que você usou para se referir a você mesmo estava certa."

Já em 1995 o crítico Wade Hall afirmava que, após a Trilogia Fronteira uma luz se infiltrava na obra sombria de McCarthy. Até então e num crescendo, culminando com Meridiano Sangrento, o autor parecia dar à sua obra o sentido de certas práticas religiosas medievais em que a pessoa recitava pecados e perversões até uma saturação que, supõe-se, a permitia se sintonizar com um lado bom e positivo da criação.

Conduzindo uma narrativa de ultraviolência facultada pelo pós-modernismo literário, McCarthy descreveu uma trajetória que vem nos revelar, com A Estrada, uma surpreendente luz de bondade deslocada e incerta, sob a penumbra plúmbea e sufocante do inverno nuclear.

Os críticos internacionais destacaram a forte emotividade do livro, mesmo no contexto paradoxal da prosa seca e distanciada do narrador de McCarthy. Eu não tenho problema em confessar que chorei, ao final.

A Estrada é um livro que envolve e dilacera, que comove com uma força mítica que nos faz enxergar a condição humana com um olhar duro mas verdadeiro. Uma experiência de leitura como poucas. Coloque esta obra-prima de Cormac McCarthy no topo da lista dos melhores livros de ficção lançados no Brasil em 2007.

Link pro artigo: http://noticias.terra.com.br/imprime/0,,OI2005655-EI6622,00.html
 
dele eu li o livro e vi a adaptação pro cinema de 'todos os belos cavalos'.
 
Eu coloco The Road na minha lista de favoritos fácil, fácil. No Country é genial também. Mas Bloody Meridian eu ainda estou para dar uma segunda chance.
 
Pois é, eu to lendo No Country mas não sei o que achar. O problema é que eu vi o filme e isso tá estragando minha imaginação e minhas expectativas, mas ok. ¬¬

Uma coisa que eu não sei se é problema da minha tradução lusa, mas tem tanto polissíndeto despropositado no texto (e ele levantou e andou de lado e esqueceu o que ia fazer e voltou pra casa e fechou a porta...) que chega a me causar irritação. O que vc leu era assim também, Anica?

Enfim, to no meio do livro e minha opinião tá em stand by até agora. Também não sei se é porque é a primeira vez q leio western (ou thriller, como queiram), mas tá morno. Tem lá qualquer coisa q não me desagrada mas também não me arrebata - e não consigo distinguir o q vem a ser nem um nem outro.

Por que vc achou o livro genial, Anica? Preciso chegar ao fim pra achar isso tb ou já no meio vc achou genial?
 
Manu M. disse:
Pois é, eu to lendo No Country mas não sei o que achar. O problema é que eu vi o filme e isso tá estragando minha imaginação e minhas expectativas, mas ok. ¬¬

Uma coisa que eu não sei se é problema da minha tradução lusa, mas tem tanto polissíndeto despropositado no texto (e ele levantou e andou de lado e esqueceu o que ia fazer e voltou pra casa e fechou a porta...) que chega a me causar irritação. O que vc leu era assim também, Anica?

Enfim, to no meio do livro e minha opinião tá em stand by até agora. Também não sei se é porque é a primeira vez q leio western (ou thriller, como queiram), mas tá morno. Tem lá qualquer coisa q não me desagrada mas também não me arrebata - e não consigo distinguir o q vem a ser nem um nem outro.

Por que vc achou o livro genial, Anica? Preciso chegar ao fim pra achar isso tb ou já no meio vc achou genial?

O estilo do McCarthy arrebata desde o começo. Se você está na metade do No Country talvez não seja o que lhe agrada, o que automaticamente desclassifica o Meridiano Sangrento como próxima leitura.

Dos livros que li dele, todos me pressionaram e impressionaram desde o começo e eles só melhoraram a cada página. Nas últimas páginas de A Estrada me senti sufocado para no final sentir um alívio.
 
Manu, a edição brasileira também tem esse monte de e's. E fui verificar as primeiras páginas na amazon, estão lá os ands. É o estilo do McCarthy. Preciso terminar de ler e tô com o meridiano aqui (aleluuuuia eu consegui esse livro*____*), mas, apesar de me causarem um estranhamento no início, o efeito deles acabou sendo dar mais agilidade à narrativa. Como se eu não pudesse parar de ler enquanto não terminasse a frase toda, então toda aquela cena passava rapidamente pela minha cabeça: e ele abriu a porta e entrou e fechou a porta e pegou a arma e atirou... (eu inventei esse trecho, foi só pra ilustrar) não sei, dá um ritmo rápido. Fora que o resto da narrativa contribui pra isso. O narrador não pára pra descrever os pensamentos de alguém ou algo do tipo, com exceção do Xerife Bell. (aliás nem aí, porque nessa parte é o próprio quem narra né. Não é a mesma narração em terceira pessoa do resto do livro) Ele simplesmente vai contando os fatos que acontecem na história.
Não estou querendo dizer com isso que os personagens são rasos ou mal desenvolvidos; foi simplesmente uma impressão sobre a narrativa que deu vontade de comentar aqui.
A escrita dele em A Estrada também é bem direta e crua pelo que me lembro. E o livro é ótimo, aliás.
 
Manu M. disse:
Uma coisa que eu não sei se é problema da minha tradução lusa, mas tem tanto polissíndeto despropositado no texto (e ele levantou e andou de lado e esqueceu o que ia fazer e voltou pra casa e fechou a porta...) que chega a me causar irritação.

no 'todos os belos cavalos' ele tb usa&abusa dos es.
 
.Penny Lane. disse:
(...) apesar de me causarem um estranhamento no início, o efeito deles acabou sendo dar mais agilidade à narrativa. (...) Fora que o resto da narrativa contribui pra isso.

JLM disse:
no 'todos os belos cavalos' ele tb usa&abusa dos es.

Pois é. A mim causou muito desconforto, só não saltei esses trechos por querer saber se havia algo lá q não houve no filme. Sim, dá mais agilidade, mas o uso desses e, e, e têm que ser moderados e objetivos. Usar isso toda hora desgasta o estilo do McCarthy, sei lá, tira o impacto do recurso de linguagem, e em vez de "fazer o sprint" do trecho, acaba enfadando a gente, rs. Isso pra mim foi um ponto super negativo. =/

.Penny Lane. disse:
O narrador não pára pra descrever os pensamentos de alguém ou algo do tipo, com exceção do Xerife Bell.
Nesse ponto achei excelente, Peny. Por ser crua, a narrativa fica mais forte, e as considerações do Bell, postas à parte, fazem o personagem ter uma profundidade e uma proximidade que de outra forma não seria tão eficaz pro livro.

O que eu queria mesmo ler era A Estrada. Vamos ver se eu o encontro por aí um dia desses =)
 
Interessante isso. Acho que Bell realmente é mais profundo por narrar aqueles trechos em primeira pessoa, mas vejam bem, o Chigurh só tem as suas ações e falas descritas basicamente. E não deixa de ser um personagem interessante. Isso pode ter a ver com a minha queda por vilões, mas ele tem os seus próprios "princípios", no fim das contas. Mesmo só sendo descrito por ações e diálogos, a gente consegue perceber o quão louco e psicopata ele é. Como aquele diálogo diz: (não tô com o livro aqui, é algo do tipo)

"Você tem idéia do quão louco isso é?"
"Você se refere à natureza dessa conversa?"
"Me refiro à natureza da sua pessoa."

Enfim, adorei no country, vi o filme ontem e tô pasma com a fidelidade. E os e's me irritaram no início, depois não liguei muito, rs.

***

Ah, quase ia me esquecendo: um looooongo texto que acabei de achar sobre todos os livros do McCarthy -> http://quarterlyconversation.com/cormac-mccarthy-paradox-of-choice

edit: esse post foi corrido e eu não to com tempo agora pra falar sobre o filme comparado ao livro... daqui a pouco edito.
 
.Penny Lane. disse:
Interessante isso. Acho que Bell realmente é mais profundo por narrar aqueles trechos em primeira pessoa, mas vejam bem, o Chigurh só tem as suas ações e falas descritas basicamente. E não deixa de ser um personagem interessante. Isso pode ter a ver com a minha queda por vilões, mas ele tem os seus próprios "princípios", no fim das contas. Mesmo só sendo descrito por ações e diálogos, a gente consegue perceber o quão louco e psicopata ele é. Como aquele diálogo diz: (não tô com o livro aqui, é algo do tipo)

"Você tem idéia do quão louco isso é?"
"Você se refere à natureza dessa conversa?"
"Me refiro à natureza da sua pessoa."

Penny, eu achei q o McCarthy foi impecável na composição do Chigurh. Ele tem pouquíssimas falas, mas são todas bem precisas e afiadas para a compreensão do personagem, q não chega a ser denso, mas tá longe de ser raso. Acho q "less is more" surtiu muito efeito com o Chigurh.

Mudando a música sem mudar o tom, adorei os diálogos do Moss. As ironias dele são bem bacanas, aquela coisa meio Hans Solo e Lea, rs. =)
 
São mesmo! Esqueci de comentar essa parte XD

Quanto ao Chigurh... acho que o Bardem no filme dos Coen foi brilhante e deu uma força ao personagem que outros atores não conseguiriam, usando apenas as falas do livro. Acho que para muitas pessoas que leem, o Chigurh do filme é ainda mais assombroso que o do livro. Eu não tinha visto o filme quando o li, mas já tinha ouvido falar sobre a atuação dele e visto fotos, e só o imaginava com a cara do ator no filme, hehe.

Sei que o tópico não é sobre a adaptação, mas não posso deixar de fazer uma comparação entre os dois. Se existirem 5 diálogos no filme que NÃO pertencem ao livro já vai ser muito. E também praticamente dá pra contar nos dedos as coisas que eles omitiram. Quase todos os diálogos estão lá, quase todos MESMO, e exatamente como estão no livro. Impressionante, porque quando tentam fazer uma transposição direta geralmente a coisa pode não funcionar direito, porque filme é filme e livro é livro, né. Tem coisa que funciona em um e não funciona em outro.
Tem uma parte no livro em que Moss está escondido no quarto e Chigurh passa pela porta, então aparecem duas sombras (dos seus pés) por baixo dela, e ficam paradas. Isso está lá no filme, do mesmo jeito como está escrito. Até um pequeno detalhe como esse. Sem a menor sombra de dúvidas, a adaptação mais fiel que já assisti.
 

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