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Copa 2014 O problemão que Lula criou para Dilma.

ricardo campos

Debochado!
In Memoriam
Juca Kfouri

13/06/2014 06:55
Ao trazer a Copa do Mundo para o Brasil em 2007, num momento em que o país bombava e tudo dava certo, o ex-presidente Lula não calculou que sete anos depois as coisas poderiam estar diferentes.

Mais: não se ligou que Copas do Mundo não são para o povão, mas apenas para quem pode pagar caro por um ingresso nos novos estádios erguidos a peso de ouro para recebê-las.

Eis que a bomba explodiu no colo de sua sucessora, pouco familiarizada com a mal vista cartolagem do futebol.

Se Dilma Rousseff soube guardar profilática distância de Ricardo Teixeira e, agora, de José Maria Marin (ninguém o viu perto dela ontem) , nem por isso ela evitou a hostilidade da torcida endinheirada que esteve na Arena Corinthians.

Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático.

Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo.

Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.

A elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.

Que os próximos governantes aprendam a lição.

Fonte: http://blogdojuca.uol.com.br/2014/06/o-problemao-que-lula-criou-para-dilma/
 
É esta gente sem educação que quer assumir o poder?
Por Laura Capriglione

“Isso, se a senhora me permite, eu não admito”, protestou o ajudante de pedreiro Afonso de Medeiros, 48 anos, negro, evangélico, ex-dependente químico, morador na Favela do Moinho, centro de São Paulo. O homem se referia aos xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, no estádio de Itaquera.

“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”

O grito nasceu na ala vip e tomou a Arena Corinthians. Entre os mais entusiasmados estava a colunista social do jornal “O Estado de S.Paulo", que deve ter achado muito fina, elegante e sincera a modalidade de protesto. Mas é isso que é a gente que diz que quer tomar o poder?

“Isso não se faz com uma mulher, nunca”, disse o pedreiro Medeiros, que assistia ao jogo em pé, diante da televisão instalada no Bar do Grappite, logo na entrada da favela. “É covardia.”

E olha que a favela do Moinho era no dia do jogo um reduto de manifestantes anti-Copa. Os “vândalos” que denunciaram os gastos excessivos com a construção de estádios escolheram a favela para assistir juntos ao jogo. Democraticamente, dividiram com torcedores fanáticos de Neymar, Fred e Oscar o chão de terra batida do Moinho (chama-se assim porque ali funcionou um antigo moinho das Indústrias Matarazzo).

Os anti-Copa, entretanto, não chegavam aos pés dos vips do estádio de Itaquera no quesito vandalismo verbal. Um garoto vestido com a camisa da Croácia, por exemplo, comemorou o gol adversário com uma adaptação do bordão “Não vai ter Copa”. Virou “Não vai ter hexa!” Foi abraçado entusiasticamente pelos demais e ficou nisso.

“Eu sou feminista, véi. Comigo não tem essa de xingar mulher, mesmo que ela seja a presidente! A gente já é xingada demais na vida: de puta, baranga, gorda, sapatona, malcomida, burra”, explicou uma ativista que havia participado de protestos naquela tarde.

Dilma sabia que ia pro sacrifício. Quem tem dinheiro para comprar os cobiçados ingressos Fifa não é o brasileiro que costuma frequentar estádio (na porta, cambistas ofereciam os últimos tickets por até R$ 2.000).

São os mesmos endinheirados que passaram os últimos anos dizendo que o estádio não sairia. Saiu.

Que não haveria aeroportos pros gringos aterrissarem. Houve.

O jornal da colunista até publicou que haveria ataques do PCC na abertura. E necas.

Eles têm de estar revoltados mesmo: muita contrariedade. O PT fundiu-lhes a cabeça.

O jeito foi extravasar nos moldes odientos consagrados pelas redes sociais.

“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”

Há quem ache que o presidenciável Aécio Neves deve usar o linchamento verbal contra Dilma em seu horário eleitoral gratuito. Sabe de nada, inocente!

Experimenta pôr a grosseria na campanha... Porque vaiar, tudo bem. Mas xingar assim é falta de educação demais, coisa de mal-agradecido traíra. E isso não se perdoa.

Os marqueteiros tucanos têm de ensinar ao seu eleitorado um pouco mais de polidez. Nem que seja para aparecer na TV."


A "colunista social de O Estado de São Paulo" é a Sonia Racy.
 
Dilma se saiu muito bem em sua resposta ao que aconteceu.
Dilma disse:
"Não suportei apenas agressões verbais. Foram agressões físicas quase insuportáveis, e nada me tirou do meu rumo. Nada tirou de mim os compromissos que assumi ou os caminhos que tracei para mim"
Ela até usou um dos termos mais utilizados pela direita mais exagerada: a tal da família.
Dilma disse:
"Não vou me deixar atemorizar por xingamentos que não podem sequer ser escutados pelas crianças e pelas famílias",
O tiro dessa elite que paga caro por um ingresso VIP ou nem sequer paga nada, pois sua presença "agrega valor" ao evento, saiu pela culatra, mas deve ser rapidamente "esquecido" pela imprensa.

O que pra mim não deveria ser esquecido é a essência dos xingamentos, todos invariavelmente homofóbicos e sexistas. Já é hora de discutirmos essa questão, não? Por que "puta" ou "viado" é pejorativo? Por que no futebol os excessos são permitidos? Isso é algo pra se pensar.
 
É esta gente sem educação que quer assumir o poder?
Por Laura Capriglione

Para quem tá com preguiça de ler, em resumo temos que os ativistas chamados de "vândalos" são na verdade bem gente fina, polidos e humildes: dividiram espaço com pessoas mais pobres fora do estádio para ver o jogo e ficaram horrorizados com a falta de educação dos que mandaram a presidente tomar no c* no estádio. Já quem xinga na verdade é o pessoal de mais grana que não gosta do PT e que fica com raiva de tudo supostamente ter dado certo na abertura da copa.

Enfim, a velha visão classista "nós contra eles". Acrescida de duas incoerências: uma é essa repentina polidez de um grupo que em sua maioria defende atos violentos contra o poder constituído (mas vai ver é uma violência polida e tal) e outra é uma feminista ter a visão (na prática) "cavaleiresca" de que xingar uma mulher é mais reprovável do que xingar um homem.
 
Última edição:
Povo no mínimo xinga sem nem pensar. Vai xingando só pq o do lado começou a xingar...

Mas claro que está errado, aliás que adianta mandar alguém tomar no c*, além da baixaria? Nada. Quem xinga, ofende, perde a razão.
 
Mas mandar o Bolsonaro tomar no cu ele não deve achar ruim.
(nem eu)


E na minha cruzada contra extremistas.
Quem compartilha o texto do Lula defendendo educação e respeito, não se esqueçam que ele é o cara que debochou ao dizer que pelotas era polo exportador de viados.

Favor não tratemos política como religião.
 
Última edição:
O que pra mim não deveria ser esquecido é a essência dos xingamentos, todos invariavelmente homofóbicos e sexistas. Já é hora de discutirmos essa questão, não? Por que "puta" ou "viado" é pejorativo? Por que no futebol os excessos são permitidos? Isso é algo pra se pensar.


Sexista pq?
 
A 'essência' dos xingamentos é serem desrespeitosos, ofensivos, enfim, serem insultos e não críticas. Sua essência é serem aquilo que são: xingamentos.

Não venham querer infectar uma situação já doente com veneno ideológico.
 
Tenho gostado bastante das leituras críticas que o Juca Kfouri têm feito sobre a Copa do Mundo.
Na entrevista ao Roda Viva, ele disse que conversou com o presidente Fernando Henrique sobre os problemas estruturais de que padecia e padece o futebol brasileiro. Disse que ele tinha a certeza de que sociologicamente, o FHC havia entendido tudo, mas que a impressão que ele tinha era de que ao sair da sala o presidente diria para a próxima pessoa que entrasse: O Juca tá maluco! Ele acha que com o FMI batendo à minha porta eu vou me preocupar com futebol?
Então veio a eleição do Lula. E a primeira lei assinada pelo presidente - aprovada por unanimidade sob o governo FHC - foi o Estatuto do Torcedor. Em seu discurso, Lula teria dito que “a presença do jornalista Juca Kfouri aqui é uma homenagem aos jornalistas que esses anos todos tiveram credencial negada e que foram perseguidos por essa cartolagem malsã que nos infelicita há tantos anos.” Kfouri conta que quando entrou no táxi pra ir embora ele dava socos no ar de alegria: agora essa corja se fodeu! Pegaram um presidente que entende de futebol.
E no entanto, poucos meses depois, lá estava o presidente a braços dados com o Ricardo Teixeira.
Dilma assumiu a bomba relógio plantada por Lula: a organização do evento lidando com essa categoria de gente sem muita noção de como o jogo funciona.

Honestamente não tenho pena de Dilma ter sido xingada. Sem vitimização! Sejamos honestos: quantos de nós não teríamos vontade de mandar tal ou tal figura política fazer o mesmo. Apenas lamento que esse xingamento não tenha partido de um salto de consciência política. Como o @Grimnir comentou no facebook, essa gente não sabia ao certo porque estava xingando. Efeito manada, comentou o @Éomer .

Está em curso uma banalização que credita ao PT e à presidente da República a responsabilidade por todas as mazelas políticas, sociais e econômicas. É um mal estar - estrategicamente alimentado por grupos a quem interessa o quanto pior melhor - que muitas vezes não tem critérios claros. Arremedos de críticas que se limitam a hashtags de #ForaPT #OBrasilVaiVirarCuba #corruPTos e que raramente vão além disso.

Não se compreende que a (ir)responsabilidade é compartilhada... que além de presidente da República, nós temos senadores, deputados, governadores. Aliás, como também foi comentado no facebook, esse povo que está ali crucificando a Dilma possivelmente deve reeleger o Alckmin. Ora, o governo do PSDB tem responsabilidade direta sobre a gestão das obras da Copa. Foi uma decisão política de uma gestão tucana construir um novo estádio ao invés de aproveitar o Morumbi. Esse mesmo povo que, corrijam-me se eu estiver enganado, nunca vaiou o Maluf em circunstâncias análogas...

(aliás, conversava com @Felagund alguns dias atrás... que porra é essa que acontece em São Paulo que nem o problema com o abastecimento de água reflete na adesão a essas figuras?)

Olhemos para o Rio de Janeiro... pensemos como a gestão Cabral lidou com a preparação dos eventos que ali ocorrerão - Copa, Olimpíadas. Em Minas Gerais, sob o governo Aécio Neves, jogaram o Mineirão no chão...

Não estou fazendo o PT de vítima, não! Muito pelo contrário, eu consigo pensar em boas razões para vaias e mesmo xingamentos... mas é preciso problematizar: o que há por trás de tudo isso?
 
Última edição:
Olhemos para o Rio de Janeiro... pensemos como a gestão Cabral lidou com a preparação dos eventos que ali ocorrerão - Copa, Olimpíadas. Em Minas Gerais, sob o governo Aécio Neves, jogaram o Mineirão no chão...

Diferente do Maracanã o Mineirão não foi jogado no chão. Muito longe disso. E oh que eu fico literalmente do lado dele na faculdade de farmácia.
 
Deixa-me ver se eu entendi... Então em resumo essa manifestação é questionável porque (1) Há um efeito manada, muitos xingam por xingar e seguir o que está sendo feito e (2) Há uma protagonização forçada da culpa da Dilma nos males que ocorreram. Sei lá, para mim são dois pontos de relevância menor, porque em qualquer manifestação desse tipo isso ocorre: em um grande número de pessoas, se frases são faladas em conjunto, naturalmente boa parte das pessoas apenas acompanharão o refrão. Mas acho muita pretensão querer julgar a consciência alheia por fazer apenas o que é esperado que ocorra em uma manifestação de um grande número de pessoas, manifestação espontânea e não previamente combinada.

E garanto que pouquíssimos ali são tucanos ou nutrem grande simpatia aos tucanos; se os tucanos ficam mais à margem de crítica, decerto que é uma questão meramente de foco, de um alvo ter sido escolhido para sofrer a manifestação. E é natural que boa parte da insatisfação seja dirigida ao chefe de estado (e também ao partido que está há mais de uma década no poder) . Pode-se discordar disso, e achar que a Dilma ou PT é até um partido de menor culpa nos problemas (!!), e deveria-se criticar o PSDB ou seja lá o que for, mas aí é uma discordância meramente política, e não uma discordância dessa manifestação em especial, ou da manifestação enquanto manifestação. Por trás dessas críticas de "falta de consciência política", "efeito de rebanho", que parece analisar a manifestação específica, vejo em essência a discussão batida e geral entre simpatizantes e não-simpatizantes do PT.
 
Quem acompanha o esportes sabe que normalmente o que mais me incomoda é incoerência, mais do que se você defende uma idéia que eu ache absurda.
Me incomoda demais nesses anos de eleições essas questões onde relativiza-se quando convém e generaliza-se quando convém.

Se é meu partido no poder, "peraí, vamos pensar, vamos ver quem também faz parte do poder, tem prefeito, governador, senador", quando é o outro no poder "não interessa que exista uma divisão de responsabilidades, o presidente é culpado de tudo".

Não sei se gosto dessa discussão ter chegado até por aqui no Esportes.
 
Ué... você está sugerindo que meu partido é o PT, Fusa?
Já disse em outras partes do fórum, em mais de uma ocasião, que considero o PT um partido prostituído, traidor de bandeiras históricas da esquerda brasileira.
Com relação à Copa, incomoda-me sobremaneira a capitulação protagonizada pelo Governo diante de uma série de exigências da FIFA, como por exemplo a completa isenção fiscal, a elitização do esporte e um estado de exceção batizado de Lei Geral da Copa - que partiu de um projeto enviado pelo executivo ao Congresso Nacional - que, sob diversos aspectos, constitui uma afronta à soberania nacional. Pra mim é fora de dúvida que a maior parcela de culpa cabe aos governos petistas. Assim, não acho imerecidas as vaias dirigidas à presidente. Não sou eleitor do PT, não tenho razões pra bancar o advogado do partido e não estou indicando a responsabilidade que cabe a governos estaduais e demais agentes na condução do processo por conveniência. A minha simpatia eu voto aos doze Comitês Populares da Copa do Mundo, à ANCOP e às 250 mil pessoas que sofreram processos de remoção durante a organização do evento.
 
É claro que quando o Fusa diz "se é meu partido no poder" a frase não é pra ser levada ao pé da letra; a análise do Fusa não vale apenas para petistas no sentido estrito da palavra, isto é, gente que tem no PT seu partido favorito e ideal, mas também a todos que, dentro de um determinado contexto e limitação, tem no PT seu partido de preferência. Isso vale por exemplo para pessoas ainda mais à esquerda do PT, cujos projetos são defendidos por partidos nanicos ou partidos nenhum, e vêem no PT o partido mais próximo de seu gosto nas proximidades do poder, e por isso interessa-se em defendê-lo frente a colocações de pontos ainda mais distantes no espectro político.
 
Ué... você está sugerindo que meu partido é o PT, Fusa?
Já disse em outras partes do fórum, em mais de uma ocasião, que considero o PT um partido prostituído, traidor de bandeiras históricas da esquerda brasileira.
Com relação à Copa, incomoda-me sobremaneira a capitulação protagonizada pelo Governo diante de uma série de exigências da FIFA, como por exemplo a completa isenção fiscal, a elitização do esporte e um estado de exceção batizado de Lei Geral da Copa - que partiu de um projeto enviado pelo executivo ao Congresso Nacional - que, sob diversos aspectos, constitui uma afronta à soberania nacional. Pra mim é fora de dúvida que a maior parcela de culpa cabe aos governos petistas. Assim, não acho imerecidas as vaias dirigidas à presidente. Não sou eleitor do PT, não tenho razões pra bancar o advogado do partido e não estou indicando a responsabilidade que cabe a governos estaduais e demais agentes na condução do processo por conveniência. A minha simpatia eu voto aos doze Comitês Populares da Copa do Mundo, à ANCOP e às 250 mil pessoas que sofreram processos de remoção durante a organização do evento.
Eu tava mais comentando o tópico em si (e outros tópicos que surgiram por aqui no Esportes) e nas midias de facebook e geral.
Eu tive o cuidado de colocar "meu partido" em vez de "PT" justamente porque é um ciclo que me incomoda nos 2 lados, seja os esquerdistas como direitistas extremos.
Uma coisa que eu aprendo sendo pesquisador é não ser biased, se você é tendencioso, você não faz ciência. E só tenho criticado mais os ptistas ultimamente pois são os que tem mais visto na minha timeline e outros lugares.
O discurso de responsabilidade dividida eu concordo ideologicamente, mas me incomoda que ao mesmo tempo quando vão criticar pré-Lula, estes praticam exatamente a mesma falha que acusam outros de fazer, colocando como culpa exclusiva do FHC.
Ou são os mesmos que exigem respeito a instituição presidente e que não se pode xingar mulher (WTF, homem pode?), mas eram os mesmos que tavam mandando tomar no cu o bolsonaro na sua época de mais destaque na mídia.

WTF. Tenham a ideologia política que quiserem, mas porra, mantenham coerência nas coisas que defendem, senão viram discursos fortes mas vazios.


Enfim. Não era direcionado pra ti.
 
Os posts do FUSA são apelos à coerência, nada mais que isso e por isso mesmo são pertinentes. Eu gastei todo meu latim e meu grego, seja por aqui, seja no facebook, pregando coerência. Coerência ideológica: não critiquem partidos que vocês antagonizam ideologicamente nem apreciem atos políticos de seus partidos (ou com os quais vocês tenham afinidade ideológica, mesmo a mais distante) sem terem uma visão de conjunto, do todo, uma avaliação comprometida com a verdade, séria. Enfim, ao se falar de qualquer assunto político, que seja feita uma verdadeira ascese, uma mortificação das preferências pessoais, mesmo ideológicas.

Estendi isso à religião também. Pra mim é um absurdo católicos tradicionalistas criticando evangélicos pelo seu 'liberalismo' quando estes são fieis apóstolos de Trento e incapazes de tecer críticas contundentes ao Vaticano II. Critiquei a visão de ecumenistas que colocavam sua integridade religiosa no lixo por cause de uma suposta 'unidade', fabricada em suas cabeças e que não correspondia à realidade. Critiquei esses cristãos que pregavam liberalismo moral e afirmavam uma fé baseada em puro sentimentalismo, que nada tinha a ver com o espírito ascético do cristianismo tradicional. Critiquei suas críticas vazias à 'intolerância', ao 'fanatismo', quando estes só copiavam termos e ideias emprestadas de marxistas e liberais e ignoravam totalmente o sentido ontológico das ideologias religiosas, seus mitos, seus ritos, inclusive suas guerras.

O povo que me conhece aqui, sabe disso. Sabem, inclusive, que apesar de eu estar longe de ser modelo de coerência, antes de entrar em qualquer discussão, sempre tentei desfazer, fazer esvanecer o preconceito, a falta de visão, de profundidade e de conhecimento da posição do seu interlocutor. Sempre, mesmo quando me expressava da forma mais escrota, defendi o diálogo, a discussão, o enfrentamento, mesmo duro, das posições claras, sem ambiguidade, desonestidade.

Mas eu me cansei. Não existe 'isenção' ideológica (nem é o FUSA ingênuo a ponto de acreditar nisso, como eu). Não há nenhum, não há a menor e mais insignificante enunciação que não seja ideológica, que, até interiormente, não seja motivada, formada, consolidada, por uma entonação e um direcionamento ideológico. Assim, fica muito difícil mesmo ser 'coerente'. Talvez não seja possível ser coerente, talvez isso seja uma ilusão, uma espécie de fantasma, de sonho de um recuo das próprias trincheiras ideológicas em que a pessoa se encerra. Seria um tipo de recuo para poder avaliar a situação mais criticamente, menos 'biased', como na atividade estética.

Mas eu não creio mais nisso. Acho que só a atividade estética mesmo, só no fazer estético, é possível haver esse recuo e não em qualquer obra de arte. No campo cotidiano e mesmo acadêmico, não pode haver nenhuma coerência que não seja a da pessoa com seus próprios pontos de vista. Qualquer clareza diante da posição do outro, qualquer clarificação da sua posição diante do outro, qualquer tentativa de se explicar, se delimitar, tentar se definir... enfim, talvez eu esteja novamente viajando na maionese, mas eu estou me tornando profundamente cético das possibilidades e resultados efetivos do diálogo.

Talvez por isso eu tenha me cansado de me definir, me explicar ideologicamente. Eu deixei de crer nessa coerência, nessa sinceridade... não sei, é uma pena, mas é isso aí.
 
Reclamavam que o futebol estava virando política, mas o pior é que a política virou futebol.
Partidos são como times, o seu jogador nunca faz falta, e quando ele comete erros, você tende a defende-lo com unhas e dentes, então nada mais justo que tratamento de futebol, zingaram a presidente do mesmo jeito que xingam um juiz. A violência não está na política, a violência está no dia a dia.

O debate ficou pobre, pois não se discute mais o que foi ou o que deve ser feito, e sim quem fez ou quem irá fazer.
 

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