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[Coluna] Protestar não restringe o direito de ir e vir. Aumentar a tarifa de ônibus, sim

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
Acompanhei os protestos contra o aumento na passagem de ônibus no município de São Paulo, ocorridos nesta quinta (6), e o confronto com a polícia militar. Conversei com gente que deles participou e está, até agora, com a lembrança do gás lacrimogênio.

Houve depredação de equipamentos públicos? Sim, você encontra minorias de idiotas em todos os lugares. Mas isso não invalida nem diminui a importância do ato, que chama a atenção a um aumento de R$ 3,00 para R$ 3,20. Ou seja, uma passagem, que já é cara, de um serviço público de transporte urbano ruim ficará mais cara ainda. Jovens revoltados foram às ruas. Queriam protestar, se fazerem ouvidos. O poder público dialogou com bombas de gás.

Autoridades e alguns veículos de comunicação não demoraram a chamá-los de vândalos. Repórteres, com os olhos arregalados do tamanho do mundo, demonstravam o pânico de quem nunca imaginaria que aquela massa disforme poderia fazer barricadas com sacos de lixo. Falou-se em “contenção”, comentaristas na TV em “imposição da ordem”. Pouco sobre um Estado que não está nem aí para quem (sobre)vive nas franjas da sociedade e depende de transporte público. Na internet, houve quem pediu para colocar esses miseráveis bandidos de volta para o lugar deles.

A Justiça despeja centenas de famílias humildes de um terreno em São Paulo (que procuravam uma casa) e os sem-teto é que são vândalos. Jovens de classe média alta criam bandos para espancar e matar e moradores de rua e dependentes químicos (que procuram simplesmente existir) é que são vândalos. Fazendeiros invadem terras indígenas no Mato Grosso do Sul e mandam bala para quem cruzar a cerca e os indígenas que moravam ali (e procuram ser eles mesmos) é que são vândalos. Vândalos somos todos que ainda nos importamos com isso. Pois a indignação nada mais é que vandalismo para quem está tão embutido no sistema a ponto de ignorar que ele não funciona a contento.

A força pública paulista, que usou spray de pimenta em quem participava de uma manifestação contra a tarifa de ônibus há dois anos, agora repele o protesto com agentes químicos. Você pode escolher: ou chora porque seu mês “encurtou” com a tungada do reajuste ou pela ardência da malagueta. O recado que se passa à sociedade é claro: reclamar é proibido. Votou, escolheu, agora fique quieto e espere a próxima eleição. Regra de três: se o poder público deixasse de usar tanto spray de pimenta contra a população, sobraria mais dinheiro para abaixar o preço do busão?

A cidade tem que melhorar sua política de subsídios para o transporte coletivo a fim de estimular seu uso em detrimento ao transporte individual. Se não garantirmos opções boas e acessíveis, não conseguiremos desarmar essa que é uma das piores bombas-relógio da maior cidade do país.

E não é só evitar que o preço da passagem suba, e sim garantir qualidade e conforto para trazer o público que não é usuário de transporte coletivo para ele (aos poucos, é claro, porque não tenho tanta esperança no senso de coletividade da classe média paulistana assim). Enquanto isso, encarecer o transporte individual a ponto de ser um mau negócio usar carro a todo o momento, destinando os recursos dessas taxas e afins à ampliação da rede pública.

Nunca na história deste país se produziu e se comprou tantos carros. Ótimo para quem está tendo acesso a bens de consumo pela primeira vez e para parte da economia, mas se não avaliarmos os impactos dessas ações, estaremos cavando nossa própria cova. Durante a crise econômica global, quando se aventou contrapartidas trabalhistas, sociais e ambientais às montadoras de automóveis que receberam benefícios de bilhões, chiaram as velhas e boas carpideiras do mercado, dando entrevistas às rádios pelo viva-voz de seus SUVs, bradando que o papel do Estado não é impor condições e criar entraves ao progresso. Por que, afinal de contas, todos nós sabemos que o papel do Estado é dar tiro em estudante para proteger a integridade do status quo.

Na lista de prioridades das coberturas de TV, congestionamentos ficam em primeiro plano. Colocam depoimentos de motoristas reclamando que perderam a hora para alguma coisa, xingando os “baderneiros”, mas não se escuta devidamente os manifestantes. Eles aparecem na tela para mostrar a causa do “drama” e desaparecem quando já serviram ao seu propósito.

Não estou defendendo que interditar vias públicas de grande circulação é a forma correta de protestar até porque “forma correta de protestar” é por si só uma contradição. Para algumas pessoas e grupos sociais é a saída encontrada para sair da invisibilidade. Ao contrário do que muitos pensam, ninguém faz greve porque quer ver multidões plantadas no aeroporto, chegando atrasadas no emprego ou perdendo o ano letivo, da mesma forma que ninguém protesta pelo prazer de ver outros se descabelarem no carro. ”Ah, mas o congestionamento afetou a vida de mais gente, por isso é a notícia mais importante.” O conceito de relevância jornalística se perde em justificativas como essa, desumanizando a situação, quando o motivo do protesto nem é devidamente citado.

Acreditamos que somos ocupantes provisórios da cidade em que vivemos. Os donos reais são os automóveis, é a eles que São Paulo pertence. Caso tivéssemos essa necessária sensação de sermos donos disso aqui, participaríamos realmente da vida da metrópole e das decisões dos seus rumos. O que restringe nosso direito de ir e vir não são protestos e sim o aumento na passagem de ônibus.

Pois, em São Paulo, quem tem dindim é livre. Quem não tem, vive pela metade.

Ao mesmo tempo, quem rompe a barreira do conformismo e protesta é criminalizado ou reduzido a um mero causador de congestionamentos. Para esses insurgentes, que não entendem que a cidade é um organismo autônomo que lhes presta um favor por deixarem nela viver, só gás nos olhos resolve.

Fonte
 
Essa coluna me lembrou uma do jornalista goiano Pablo Kossa, a respeito dos protestos contra a passagem de ônibus (que, certo modo, resultaram em algo):

O mito do protesto pacífico

Acompanhando a repercussão do quebra-pau da polícia para cima dos estudantes que rolou nessa semana em Goiânia, estou embasbacado com a quantidade de senso comum que ando ouvindo. Em todo canto escuto que “a manifestação é válida, mas a baderna não”; “o protesto é legítimo, mas vandalismo não”; “os estudantes estão certos, mas perderam a razão”. Na boa, em que mundo essa gente vive?

Na verdade, não se trata de mundo, se trata do Brasil. Somos mestres na arte da conciliação do inconciliável. Está em nossa tradição, está tatuado em nosso DNA. Queremos sempre acender uma vela para Deus e outra para o diabo. Na frente das câmeras, somos moralistas e defensores da família. Quando as luzes apagam, fazemos aquilo que é impublicável. Calcado nesse comportamento dúbio, criamos expressões que beiram o ridículo. Os exemplos são fartos. Crítica construtiva. Manifestação ordeira. Protesto pacífico.

Fazer uma crítica nunca pode ser construtivo. Se for para construir, é elogio, nunca crítica. Crítica é para colocar em crise, fazer você perder o chão, nocautear e, a partir daí, quem sabe, colocar o indivíduo em outro caminho.

Manifestação ordeira é um contra senso tão grande quanto torcedor do Vila Nova esmeraldino*. Não existe. Se é manifestação, existe justamente para questionar a ordem, colocá-la em xeque, subvertê-la. Não é para respeitar o status quo, é para desafiá-lo.

Protesto pacífico está nessa linhagem de paradoxos. Se acontece, das duas uma: ou não é protesto, ou não vai resolver nada. Para um protesto pacífico, a resolução das autoridades para o pleito popular será sempre a criação de uma comissão proteladora que não resolverá patavina. Desculpe dizer a verdade inconveniente em um belo feriado.

Observe a história. As grandes transformações sempre foram depois de muita porrada para tudo quanto é lado. Patrimônio destruído e vidas perdidas são os lamentáveis efeitos colaterais das transformações sociais. A coroa francesa queria manifestações ordeiras. Se assim fosse, seria reforma e não revolução. Faltou o sangue azul combinar isso com os miseráveis. A família czar russa queria protestos pacíficos. Também faltou combinar com os bolcheviques. Até mesmo o exemplo indiano capitaneado por Gandhi teve seus momentos de enfrentamento nada ordeiros ou pacíficos.

Não sei se estou sendo claro, sei que esse é um terreno pantanoso e facilmente deturpável. Seja por falta cognitiva, seja por falta de caráter. Não estou defendendo a quebradeira, estou dizendo que sem ela as transformações não costumam chegar. O transporte coletivo de Goiânia precisa de uma revolução. Não sei de alguma revolução na base do flower power. Existe uma? Por favor, me conte aí nos comentários.

Era previsível que a coisa chegaria ao ponto que chegou na Praça da Bíblia. As manifestações vinham acontecendo, a vontade popular foi solenemente ignorada e o reajuste veio. O clima estava ficando acirrado. Não houve diálogo com o movimento, não havia perspectiva de melhoria. O aumento era só para o bolso das empresas. Não havia contrapartida para o usuário. O que você queria? Sorrisos e narizes de palhaço? Uma outra Marcha do Todinho**? Elementar que isso não aconteceria.

E não precisa ser guru para prever que outros conflitos acontecerão. Quem sabe até mais agressivos. O movimento dos estudantes se mostra determinado, parece que não está disposto a retroceder se não tivermos melhorias. O pleito está errado? Não. A quebradeira é culpa dos estudantes? Para mim, não. É de quem deixou nossos ônibus chegarem nesse estado calamitoso. E para você? A culpa dos paus que certamente ainda voarão é de quem?

FONTE: http://www.aredacao.com.br/colunas/28473/pablo-kossa/o-mito-do-protesto-pacifico

*: Isto é, torcedor também do Goiás, time rival do Vila.
**: Marcha contra as cotas ocorrida em Goiânia e que o Kossa apelidou de "Marcha do Todinho", referindo-se àquela coisa de quem é filhinho de papai toma Todinho... enfim.

Também tenho minhas dúvidas em relação a protestos pacíficos... Sempre me pareceu que manifestações organizadas demais escondem uma gama de violências muito mais danosa. Acho que uma dose de iconoclastia ou de vandalismo é fundamental, ainda mais numa sociedade apática.
 
Essa coluna me lembrou uma do jornalista goiano Pablo Kossa, a respeito dos protestos contra a passagem de ônibus (que, certo modo, resultaram em algo):

(...)

Também tenho minhas dúvidas em relação a protestos pacíficos... Sempre me pareceu que manifestações organizadas demais escondem uma gama de violências muito mais danosa. Acho que uma dose de iconoclastia ou de vandalismo é fundamental, ainda mais numa sociedade apática.

Pior é que é.
Infelizmente "protestos pacíficos" são totalmente ignorados, quando não ridicularizados.
Na maioria das vezes, pra se ser ouvido é preciso berrar e demonstrar emputecimento mesmo. :tsc:
 
Me lembrou outro texto que li ontem na Carta Capital

Protestar no Facebook não adianta. Tem que fechar avenida

Para algo acontecer tem que incomodar. E isso é, sim, coisa de gente civilizada. O dinheiro pressiona de um lado, as ruas têm que pressionar de outro. Por Lino Bocchini

por Lino Bocchini — publicado 07/06/2013 16:27, última modificação 08/06/2013 09:02

Na última quinta-feira, protestos contra o aumento da passagem de ônibus e metrô (que em São Paulo subiram de R$ 3 para R$ 3,20) fecharam três das principais avenidas da cidade –Paulista, 23 de Maio e 9 de Julho. Natal, Goiânia, Porto Alegre e Rio de Janeiro também tiveram manifestações, porém, de menores proporções.

Na capital paulista o ato foi chamado pelo Movimento Passe Livre, que defende a tarifa zero no transporte público e há anos faz uma série de manifestações de rua quando a tarifa aumenta. Apesar da convocação “oficial” do MPL, participaram também militantes de outros movimentos e de partidos de esquerda como o Psol e o PSTU, além de gente sem filiação ou militância fixa. Houve alguma depredação: lixeiras viradas, cabine de polícia tombada, foram quebrados vidros de bancas, ônibus e metrô, além de sacos de lixo incendiados no meio da rua. Boa parte da mídia e a maioria das manifestações na internet deslegitimaram o protesto por conta disso. Para eles, seria um vandalismo injustificável. Para outros tantos, é igualmente inaceitável que o trânsito seja fechado, pela manifestação que for. Não concordo com nenhum dos dois argumentos.

Primeiro, esses mesmos que condenam os jovens que foram às ruas vivem bradando que a população não pode assistir impune à corrupção e demais problemas dos governos. A turma que grita “Acorda Brasil!” e outras palavras de ordem na rede vive pedindo reação popular. “Ah, mas tem formas mais civilizadas de se fazer isso, pela internet, escrevendo aos políticos, fazendo abaixo-assinados etc”.

Ã-hã. O que te parece mais eficiente? Lotar a caixa de e-mail de um assessor de quinto escalão ou fechar uma avenida num horário de pico? E desde quando grupo ou evento de Facebook muda alguma coisa? Aliás, o tal abaixo-assinado com sei lá quantas mil assinaturas contra o Renan Calheiros na presidência do Senado deu no quê mesmo? Redes sociais como o Facebook são excelentes para a troca de informação, para conectar pessoas que pensam de forma semelhante, para ajudar na organização. Mas, se a grita não sair da internet e for pra rua, de nada adianta. Nadinha.

Paris em chamas, sinal de civilidade

Paris teve protestos violentíssimos em suas periferias em 2005. Após a morte de dois africanos pela polícia no subúrbio de Seine-Saint-Denis, seguiram-se 19 dias e noites de protestos e depredação. Quase 9 mil carros foram queimados e os prejuízos, segundo estimativas conservadoras, foram de 200 milhões de dólares. Alguém acha que a Paris ficou um lugar mais inseguro, selvagem ou menos civilizado após isso? Tornou-se um destino menos atraente para as próximas férias?

E é bem melhor que seja assim, com protesto. E protesto, via de regra, não tem regra. E convenhamos: mesmo com vidros quebrados, lixeiras viradas e centenas de homens da Tropa de Choque na rua, nesta quinta-feira em São Paulo, ninguém saiu gravemente ferido --neste artigo nem vou entrar na questão da atuação da polícia, tema que por si só merecia outro artigo.

Na Europa ou mesmo em vizinhos como Argentina e Chile, países em que a população, na média, estudou por mais tempo, lê mais livros e vai mais ao teatro ao cinema do que no Brasil, as pessoas reclamam mais e vão mais às ruas. E, sim, em muitos casos há depredação.

E que sorte a deles que seja assim. O dinheiro pressiona do lado, as ruas têm que pressionar de outro. Por conta de tais protestos, seguramente Alckmin e Haddad –ou qualquer outro governante sob tal pressão-- vão se esforçar mais para evitar um novo aumento de tarifa ou, ao menos, para que eles seja o menor possível. Imagine se fosse apenas o mercado sozinho que regulasse tudo, que decidisse quando e quanto os preços aumentam, sem pressão social contundente alguma? Aí sim seria o caos.

Por fim, o trânsito, o sagrado trânsito nosso de cada dia... o motorista paulistano (e o carioca, o goiano, o pernambucano, o manauara) não aceita que você encoste no carro deles. Buzinam como loucos meio segundo depois do farol abrir, com pressa pra tirar não apenas a mãe, mas também o pai, o avô e o cachorro da forca. Sinto muito. Na verdade, sendo sincero, não sinto nada, vamos lá: protestar e fechar o trânsito é, sim, legítimo. Até alguns sacos de lixo queimados está, de certa forma, dentro das regras do jogo. Passa anos-luz de ser o crime hediondo no tribunal tosco das redes sociais.

Chega a ser cômico reclamar que o trânsito não anda por causa de um protesto. E nos demais dias do ano? Aí anda? E como resolver isso? Xingando no Facebook os moleques que protestam ou se aliando a eles, indo às ruas protestar, entre outras coisas, por um transporte público melhor e mais barato? Fico com a segunda opção.

fonte

Bom aqui em BH tivemos alguns movimentos que fecharam o centro. Ao invés da prefeitura negociar, acionou a justiça de forma que, se quiserem protestar, podem apenas ocupar uma faixa da rua que estiverem protestando. Espero que outras cidades não caminhem nessa direção.
 
Ã-hã. O que te parece mais eficiente? Lotar a caixa de e-mail de um assessor de quinto escalão ou fechar uma avenida num horário de pico? E desde quando grupo ou evento de Facebook muda alguma coisa? Aliás, o tal abaixo-assinado com sei lá quantas mil assinaturas contra o Renan Calheiros na presidência do Senado deu no quê mesmo? Redes sociais como o Facebook são excelentes para a troca de informação, para conectar pessoas que pensam de forma semelhante, para ajudar na organização. Mas, se a grita não sair da internet e for pra rua, de nada adianta. Nadinha.

O pior é ouvir os jornalistas que ridicularizam esses abaixo-assinados e campanhas do facebook "horrorizados" com a baderna na Av Paulista.

E a maioria das pessoas (que pega os ônibus caindo aos pedaços aqui de SP, e passa horas em metrô e trem impossivelmente lotados, todos os dias, acha que foi só isso mesmo, baderna.
 
Vocês que estão postando nesse tópico estão todos errados!

Aprendam com quem sabe das coisas:

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O que mais me choca foi o comentário desse Rogério Zagallo aí eu fui xeretar. Credo em cruz. O cara realmente é promotor e trabalha dessa forma: Promotor diz que bandido "tem que tomar tiro para morrer" e pede à Justiça arquivamento de processo. 8-O

Bom acho que aqui ninguém é contra a manifestação. Mas ... mas... onde ela ocorre é algo que deve ser pensado. Não sei quanto a São Paulo, mas uma vez aqui em BH fecharam duas avenidas, a Andradas e a Afonso Pena, e com isso a região hospitalar ficou isolada. Ambulância não entrava e não saia de lá.
 
Última edição:
Aqui em SP, marginal Pinheiros é via de acesso aos bairros mais nobres, e Av Paulista, claro, é o centro nervoso dos negócios da cidade (e do país).

Então, né?

Se o protesto ocorresse na radial Leste e/ou no centrão de SP, até parece que esses jornalistas lambedores de bota iriam dar esse destaque todo e ficarem horrorizados feito umas solteironas virgens vendo um pau pela primeira vez.

Bando de hipócritas. :tsc:

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Vou dar um exemplo de como a maioria dos jornalistas e dos poderosos da classe mérdia aqui de SP age.

Os alunos da PUC aqui de SP, cujo prédio fica no bairro de Perdizes (de classe média alta) começaram a fazer bailes de pancadão em pleno dia de semana (às terças) com a balada indo até 5 ou 6 da manhã do dia seguinte.

Os moradores reclamaram na prefeitura, na reitoria da Universidade e agora foram até o MPU pra acabar com a zoeira dos alunos, e os jornais estão em polvorosa, indignados com esse "baderneiros" que "não deixa os cidadãos de bem descansarem em pleno dia de semana" (juro, foi assim que a jornalista falou no rádio).

Agora vem a pergunta: à quanto tempo o pessoal da periferia vêm sofrendo com esses bailes de pancadão que acontecem TODOS OS DIAS em bairros pobres (da zonas sul e leste, principalmente)?

Você acha que esses caras perdem tempo noticiando isso?
Nem uma linha!
Provavelmente porque quem mora na periferia não é "cidadão de bem", né?
 
Última edição:
Esse baile é a Labuta. Nem chega a ser um pancadão em sí, mas mais uma apresentação de rap e rimas com batida, nem é funk.
É um saco, na real, no dia seguinte o CACS (Centro Acadêmico da Ciências Sociais, que aceita organizar a Labuta) fica inabitavel, com sempre uns 4, 5 caras dormindo lá, cheio de lixo, puta cheirão de breja e pior, TRANCADO para os alunos da manha pq os filhos da puta tão dormindo. Já chegaram a roubar o Sebo que tem dentro do CACS até. Sou contra a Labuta rolar no CACS faz tempo, ainda mais pq a festa é do DIREITO...
 
O que eu sei é que com 3,20 vc sai da pqp da cidade até o centro. Na minha cidade, são 3,30 pra rodar não mais de 10 km, com ônibus saindo de 1h em 1h, ou mais. Eu não acho a tarifa de SP cara.
 
Reinaldo Azevedo classificou como "Um grupo de 500 vândalos" , o promotor Zagallo quer morte já e arquiva qualquer coisa, mas ele precisa chegar em casa mesmo que fique um rastro de sangue pelo caminho, foda-se pois ele tem "Meu tribunal do Júri". 20 centavos não é nada para Reinaldo Azevedo e a situação deve ser resolvida na borrachada, que morram todos.8-O. Culpa de quem? "Petistas de merda" O inferno? "Petistas de merda" Quem jogou pedra na cruz?...
 
O que eu sei é que com 3,20 vc sai da pqp da cidade até o centro. Na minha cidade, são 3,30 pra rodar não mais de 10 km, com ônibus saindo de 1h em 1h, ou mais. Eu não acho a tarifa de SP cara.

Se fosse pra pagar 3,20 por um transporte decente até seria um preço justo.

Mas pras condições atuais, 3,00 já era caro.

Metrôs e trens estão sempre lotados.
Os trens da CPTM já viraram piada, quando o site da CPTM diz que "os trens funcionam normalmente" os usuários já sabem que deve estar tudo parado, porque esse é o "normal" da empresa.

Precisa pegar metrô às 7:30 da manhã ou, pior, às 6 da tarde?
Hum hum, boa sorte. 8-O

Onibus então, nem se fala.
Carros antigos e caindo aos pedaços em viagens demoradas por causa do trânsito que, nas muitas vias principais, SEMPRE para em horários de muito movimento e "horário de muito movimento" em São Paulo significa pelo menos umas três horas, de manhã e à tarde/noite.
Ou seja, coloca umas seis horas de trânsito por dia que o paulistano enfrenta.

Por isso que esse mimimi dos motoristas de que perderam "40 minutos no trânsito por causa dos bardeneiros" é ridículo.
 
Infelizmente Clara, o problema de transporte (nem falo público) é uma realidade em boa parte das capitais.
 
Não acho que transporte público em SP seja uma maravilha, mas tb não acho que seja tão caindo aos pedaços assim. Tem muita coisa aumentando preço, seria legal saber dentre essas coisas o que e o quanto influenciam na passagem de ônibus, pra gente ter noção real do quão justo ou injusto é esse aumento.

Quanto à manifestação, enquanto tiver a meia dúzia que vandaliza, será essa a parte noticiada. Em qualquer manifestação, diga-se. E ninguém gosta de apoiar vândalo.
 
É uma crise dentro do sistema dito democrático. Ele diz representar, mas não representa bem, parte por suas ineficiências intrínsecas, parte por má fé comum a tais representantes, parte por ignorância, pela não-internalização completa do próprio ideal da democracia.

Por exemplo, na UFMG, o bandejão saltou de uma vez de R$2,50 para R$4,15. Aumento de 66 reais para quem almoça e janta lá todo dia, bastante coisa, enfim. Ao que parece, o representante estudantil no conselho universitário foi contra, mas enfim, o problema é ele ser o representante, não os. Democracia mal-equacionada e mal representada. Com uma proporção ridícula de representação estudantil, é de se esperar que as decisões fiquem mal equacionadas ou, no mínimo, mal discutidas.

A democracia não se baseia na competência das decisões tomadas, mas na responsabilização de todos os atores sociais por elas. É assim que ela melhora. Se todos tomarem uma má decisão, e forem cientes do ato, reformula-se a lei. A sabedoria não evolui em alguns poucos, mas em doses lentas, diluídas no coletivo.

No meu exemplo, o ator social mais afetado (os estudantes) ficaram afastados de fato da decisão, e por isso desresponsabilizados. A resposta é obviamente revoltante, com atos que tendem à ruptura do sistema vigente (no caso, foi pular a catraca para comer sem pagar). Atos, por assim dizer, "ilegais". E a mesma coisa no caso do transporte em São Paulo.

O aumento da passagem pode até ser defendido por critérios técnicos, mas não plenamente naturalizado através dos mesmos. Quer dizer, não se quem fizer tal fato diga apoiar de verdade o sistema democrático. Naturalizar a técnica e o conhecimento de causa como portadores de autoridade política faz com que o discurso saia do campo da democracia e vá para um outro, de "ditadura dos sábios".

O problema está no fato de que as vozes que o fazem raramente são abertamente antidemocráticas, quer de forma parcial ou total. Em parte, elas muitas vezes não são plenamente cientes do fato (a meu ver, claro), em outra, sofrem certa censura para apresentar suas proposições de cara lavada.

Partindo do ponto de vista de que "todo poder emana do povo", a solução final está, é claro, num aprofundamento completo da democracia no País, com suas instituições funcionando de forma mais saudável e com mais mecanismos de democracia participativa, embora eu concorde que democracia direta plena, em seu modelo "ateniense", numa cidade como São Paulo é impossível. Mas num ponto tão nevrálgico para todos como o preço e o financiamento do transporte coletivo, faria bem que a comissão que desse o parecer do reajuste fosse formado por representantes do poder público, dos patrões da empresa, dos funcionários dela e de uma associação dos usuários, cada um em boa proporção. Mas mesmo isso seria um desafio, ser feito com a transparência necessária.
 
Última edição:
ExtraTerrestre disse:
Por exemplo, na UFMG, o bandejão saltou de uma vez de R$2,50 para R$4,15. Aumento de 66 reais para quem almoça e janta lá todo dia, bastante coisa, enfim. Ao que parece, o representante estudantil no conselho universitário foi contra, mas enfim, o problema é ele ser o representante, não os. Democracia mal-equacionada e mal representada. Com uma proporção ridícula de representação estudantil, é de se esperar que as decisões fiquem mal equacionadas ou, no mínimo, mal discutidas.

Infelizmente não deu em nada. Para você ver como é o diálogo na UFMG. Os estudantes se mobilizaram e não foram ouvidos. Aí iniciaram o movimento pula catraca. A reitoria simplesmente fechou o bandejão e falou que só reabriria depois do movimento acabar, independente se iria prejudicar a maioria dos alunos e funcionários da instituição.
 
Infelizmente não deu em nada. Para você ver como é o diálogo na UFMG. Os estudantes se mobilizaram e não foram ouvidos. Aí iniciaram o movimento pula catraca. A reitoria simplesmente fechou o bandejão e falou que só reabriria depois do movimento acabar, independente se iria prejudicar a maioria dos alunos e funcionários da instituição.

Bem lembradíssimo, Pearl.

As primeiras coisas que o DCE deveria fazer, de forma intensa, são:

1) Ter como reivindicação principal uma reforma eleitoral na universidade, divulgando ao máximo possível como andam as discussões no Conselho Universitário;
2) Deixar de usar uma máquina que é em certo sentido público para defender esta ou aquela linha política nacionalmente. Ao invés disso, eles deveriam estimular é a discussão política, fazendo rodas e grupos em cada unidade da Universidade.
 
Não acho que transporte público em SP seja uma maravilha, mas tb não acho que seja tão caindo aos pedaços assim. Tem muita coisa aumentando preço, seria legal saber dentre essas coisas o que e o quanto influenciam na passagem de ônibus, pra gente ter noção real do quão justo ou injusto é esse aumento.

Quanto à manifestação, enquanto tiver a meia dúzia que vandaliza, será essa a parte noticiada. Em qualquer manifestação, diga-se. E ninguém gosta de apoiar vândalo.

Na real, eu gostaria de saber que inflação justifica um aumento da tarifa em 20 centavos em um ano. Porque pras empresas esses "míseros centavos" se convertem num ganho extraordinário numa cidade como São Paulo. Para uma pessoa que precise pegar o ônibus duas vezes ao dia, seis dias por semana, resultará um aumento de despesa de R$9,60 ao mês. Isso pesa no orçamento? Pra muita gente pode ser que sim.

Independentemente disso, acho que o cerne não é um alegado "aumento irrisório". Acho que prevalece uma noção de (in)justiça. As pessoas não acham justo pagar R$3,20 pelo serviço que recebem.

Além disso, eu gostaria de saber quando foi que os funcionários das empresas prestadoras de serviço receberam o último aumento. Porque tudo aumenta. Menos o salário dos trabalhadores.
 
Última edição:
Aqui em Goiânia a coisa deu certo :joy: (mas não pode descuidar; esse povo é safado).

Destaquei as passagens que julgo relevantes para a discussão:

Juiz determina suspensão da cobrança de R$3,00

O juiz Fernando de Mello Xavier, da 1° Vara da Pública Estadual de Goiânia, determinou na tarde desta segunda-feira (10), a suspensão imediata da cobrança do valor de R$3,00 da tarifa do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia.

Com a liminar, o valor anteriormente vigente de R$ 2,70 deverá ser retornado, até decisão final. O juiz fixou multa diária de R$ 100 mil para quem descumprir a decisão.

A ação civil pública foi ajuizada pela Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon/Goiás) contra a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), para que fosse suspensa a cobrança do valor fixado para a tarifa de ônibus.

O magistrado observou que há elementos que indicam que o aumento no valor da passagem de ônibus foi abusivo e necessitam de revisão do cálculo. Ele ponderou que o Governo Federal reduziu a zero as alíquotas do PIS/PASEP e dos Confins incidentes sobre a receita decorrente da prestação de serviços de transporte coletivo, o que impactou nos cálculos do reajuste da tarifa de ônibus. Ainda segundo ele, a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos consideram que o combustível representa entre 22 a 25% do custo do transporte urbano, enquanto que, pela planilha apresentada pela CMTC, o peso do óleo diesel é de 35%.

“Não se pode negar que a desoneração provocada pela isenção dos impostos, que representam um índice de 3,65% nos custos das concessionárias de serviços de transporte, e a reavaliação dos percentuais dos itens que compõem o cálculo do preço da tarifa básica, especialmente o diesel, implicará sem sombra de dúvida na redução do preço final da passagem, o que demonstra a necessidade da suspensão do valor fixado através da Deliberação”, destacou Fernando Xavier.

Além disso, o magistrado salientou que a manutenção do valor imposto para a tarifa de ônibus acarretará prejuízo irreparável aos usuários do serviço de transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia. “O percentual do reajuste aplicado pode parecer pequeno, mas supera a capacidade de pagamento daqueles que sobrevivem com apenas um salário mínimo mensal e dependem do transporte coletivo urbano, que é um dos itens de maior peso nas despesas das famílias de baixa renda”, frisou.

FONTE: http://www.goiasnet.com.br/ultimas/ult_report.php?cod=536746

Aqui a vitória foi dupla, pois a prefeitura também instaurou o Bilhete Único na cidade toda. Assim, pagando apenas uma passagem, eu posso andar em três ônibus num espaço de 2h30min.
 
Não acho que transporte público em SP seja uma maravilha, mas tb não acho que seja tão caindo aos pedaços assim. Tem muita coisa aumentando preço, seria legal saber dentre essas coisas o que e o quanto influenciam na passagem de ônibus, pra gente ter noção real do quão justo ou injusto é esse aumento.

Quanto à manifestação, enquanto tiver a meia dúzia que vandaliza, será essa a parte noticiada. Em qualquer manifestação, diga-se. E ninguém gosta de apoiar vândalo.

O problema não é o valor da passage per se, é já um estado latente de revolta contra uma merda de transporte público. O serviço prestado é horrível, temos frotas mal preparadas, um servicinho ruim, lotação excessiva, falta de preparo de muitos profissionais. Sei que isso se repete amiude e não apenas em outras capitais como em muitas outras cidades, como aqui em Santos, mas isso só vem a confirmar e dar razão aos protestos.

É uma crise dentro do sistema dito democrático. Ele diz representar, mas não representa bem, parte por suas ineficiências intrínsecas, parte por má fé comum a tais representantes, parte por ignorância, pela não-internalização completa do próprio ideal da democracia.

Por exemplo, na UFMG, o bandejão saltou de uma vez de R$2,50 para R$4,15. Aumento de 66 reais para quem almoça e janta lá todo dia, bastante coisa, enfim. Ao que parece, o representante estudantil no conselho universitário foi contra, mas enfim, o problema é ele ser o representante, não os. Democracia mal-equacionada e mal representada. Com uma proporção ridícula de representação estudantil, é de se esperar que as decisões fiquem mal equacionadas ou, no mínimo, mal discutidas.

A democracia não se baseia na competência das decisões tomadas, mas na responsabilização de todos os atores sociais por elas. É assim que ela melhora. Se todos tomarem uma má decisão, e forem cientes do ato, reformula-se a lei. A sabedoria não evolui em alguns poucos, mas em doses lentas, diluídas no coletivo.

No meu exemplo, o ator social mais afetado (os estudantes) ficaram afastados de fato da decisão, e por isso desresponsabilizados. A resposta é obviamente revoltante, com atos que tendem à ruptura do sistema vigente (no caso, foi pular a catraca para comer sem pagar). Atos, por assim dizer, "ilegais". E a mesma coisa no caso do transporte em São Paulo.

O aumento da passagem pode até ser defendido por critérios técnicos, mas não plenamente naturalizado através dos mesmos. Quer dizer, não se quem fizer tal fato diga apoiar de verdade o sistema democrático. Naturalizar a técnica e o conhecimento de causa como portadores de autoridade política faz com que o discurso saia do campo da democracia e vá para um outro, de "ditadura dos sábios".

O problema está no fato de que as vozes que o fazem raramente são abertamente antidemocráticas, quer de forma parcial ou total. Em parte, elas muitas vezes não são plenamente cientes do fato (a meu ver, claro), em outra, sofrem certa censura para apresentar suas proposições de cara lavada.

Partindo do ponto de vista de que "todo poder emana do povo", a solução final está, é claro, num aprofundamento completo da democracia no País, com suas instituições funcionando de forma mais saudável e com mais mecanismos de democracia participativa, embora eu concorde que democracia direta plena, em seu modelo "ateniense", numa cidade como São Paulo é impossível. Mas num ponto tão nevrálgico para todos como o preço e o financiamento do transporte coletivo, faria bem que a comissão que desse o parecer do reajuste fosse formado por representantes do poder público, dos patrões da empresa, dos funcionários dela e de uma associação dos usuários, cada um em boa proporção. Mas mesmo isso seria um desafio, ser feito com a transparência necessária.

Excelente, é bem isso mesmo. Além da influência da mídia pela formacção da opinião pública, tão facilmente manipulável, já existe toda uma desagregação ideológica, uma erosão de princípios e de posicionamentos e discursos e estruturas dentro tanto da dinâmica política quanto das próprias instituições que tornam todos esses processos críticos de busca por mudanças uma cousa bem mais complicada de se operar, de se levar adiante.

Sobre os outros posts, quem fica reclamando de protesto por causa de baderna é um arrematado imbecil e hipócrita que se tivesse honestidade saberia que manifestação e pacifismo são cousas diametralmente opostas. Quem quiser alguma cousa tem de gritar, fazer baderna mesmo. Até parece que por conta do conformismo bundamole desses burguesinhos se debe sentir constrangido a apoiar formas mais contundentes de protesto.

Aliás é por isso que ninguém respeita conservadores e tradiccionalistas, só ficam xingando no facebook, não fazem porra nenhuma e quando tem passeata pró-vida, por exemplo, é sempre aquele palhaçada evan idiota. Quero ver anti-abortista e abortista, laicista e anti-seculares se pegando no pau. Discussão em rede social não resolve porra nenhuma.
 

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