Eu acho que o PJ deixou muito a mostra algumas muletas narrativas que ele pegou para sustentar os 3 filmes.
Eu não conheço muito dos livros, mas o Azog está bastante deslocado do fio do filme. Ele não está conectado em nenhuma forma ao objetivo central da história, nem sequer as intromissões dele são muito naturais. O principe anão ali nem sequer sabia que ele ainda estava vivo (e eu não consegui entender o porque disso ter sido inserido na história, talvez como um easteregg pros fans?), ele pareceu como um intruso do passado que pouca gente se importa.
Inclusive a cena final deixa isso bem claro. Ele é um desafio pois se intrometeu na jornada dos anões e quase matou o principe. Qual foi a solução? Ah, chama umas águias, nós fugimos de perto desse cara chato e nos focamos novamente no que importa pra gente, a montanha. Fico curioso como Azog vai aparecer de novo, pois ele claramente não desperta interesse de ninguém, nem do espectador nem sequer dos personagens da história. Eu espero que ele morra rapidamente no segundo livro, pra deixar o terceiro aberto inteiramente a Smaug.
Mas, como foi dito, um filme desse tipo precisa de um antagonista, de um desafio que será superado, e pra isso ele foi enfiado ali nesse primeiro (e talvez pro segundo também).
Eu li nas duas críticas que gostaram das cenas de canto dos anões na casa. Eu achei as cenas em si muito boas também. Só que, de novo, achei que a montagem foi bastante preguiçosa. Parecia quase um filme bollywoodiano quando de repente começa uma cena de canto sem uma preparação, sem uma montagem mais suave. Quase como se as cenas foram construídas para os trailers (no caso de bollywood as cenas são pra videoclipes promocionais. que também poderia vir a ser o caso aqui) e o PJ ficou com pena de cortar, mesmo sem saber exatamente em qual momento inseri-las.
Outra coisa que me pertubou foi que apesar de ser um filme de 3 horas, o PJ não conseguiu passar muito bem a dimensão do mundo onde se passa a história ou localizar melhor os eventos. Tem algumas cenas belíssimas em plano aberto das paisagens, mas sem passar uma mensagem mais precisa da geografia, eram mais como várias panorâmicas de lugares avulsos (diferente de em SdA quando ele dava propósitos às cenas, mostrando a distância entre os locais onde as cenas estavam ocorrendo). Acho que, de novo, muito disso se deve a ele ter preferido colocar muitas cenas de ação, mesmo que pouco contribuam pra narrativa (a não ser, talvez, dar a impressão que os anões são bastante incompetentes e morreriam todos facilmente não fosse Gandalf, que a propósito é o verdadeiro protagonista desse primeiro filme).
PS: A história do Escudo-de-carvalho e o escudo em forma de tronco que ele usa nas batalhas do final do filme são coisa do livro? Pois eu achei genial ter criado essa conexão entre a cena do prólogo e o final, dando um propósito a ela.