baseado em 2 textos que havia indicado antes é que baseei a questão de que não há estudo científico que afirme se a homossexualidade é doença ou não. Não digo que é e nem que não é. Digo ainda que hoje, mesmo que um profissional pretendesse estudar a questão, não poderia.
Mas fica a pergunta? Estudar o que? Porque como o Amon brilhantemente postou, entender a homossexualidade como patologia é vê-la como problema, e que precisa ser solucionado. Isso é ideologia, não é ciência. Para se chegar até a 'homossexualidade-patologia' sem qualquer tipo de posicionamento ideológico, ou seja, pra se estudar a questão do ponto de vista científico temos que ver que o patologicismo parte do pressuposto que existe uma
normatividade sexual e/ou psicológica e que esta define um padrão ou modelo (ainda que não seja moral/religioso) a partir do qual se define o que seja uma patologia mental/sexual. Isso é tão, mas tão complexo e polêmico que podemos estender essa questão a praticamente todo tipo de patologia. Basta ler Nietzsche e Dostoievski para se ter uma noção da amplitude do problema, que está nas fundações da psicologia.
Você disse que a ciência deveria ter liberdade para 'estudar' a existência ou não de uma normatividade que funda um método científico? Cuma?
O método psicológico patologicista parte desse pressuposto, o da normatividade (que tem origens não-científicas, mas morais/religiosas,/'filosóficas'). A psicologia que pensa diferente, ou seja, aquela que põe a 'origem' da homossexualidade em uma construção social, moral, psicológica e/ou de origem genética, parte de pressupostos diferentes, a saber, um da pessoa enquanto ser em constante desenvolvimento
sem limitação normativa, a outra em uma noção de pessoa
geneticamente determinista, e ambas são unânimes (penso eu) em colocar a normatividade sexual como histórica, subjetiva, relativa, temporal, limitada, nada sólido o suficiente para fundar todo um método científico é balela, uma psicologia que analisa as pessoas a partir de uma normatividade que nem científica é, é até pseudo-filosófica na minha opinião, não tem muita sustentação além de preconceitos.
Pra variar, o problema é
filosófico. Por isso que essa tentativa em separar a questão de juízos morais (relativíssimos como o Siker apontou) e de construção ideológica e religiosa historicamente crescentes na psique humana... é até bizarro.
Discordar e argumentar é legal, considerar anormal uma pessoa que em pleno ano 2012 vê o homossexualismo como algo reversível, é condenar.
Oferecer tratamento para qualquer um, incitando pais que acreditam nos tais "sinais" de homossexualismo a levar seus filhos para o consultório, eu acho errado, mas se ela estivesse tratando pessoas de maior idade que queiram deixar de ser gay ou simplesmente entender o transtorno que o levou a querer deixar de ser gay, é válido.
Eu não considero anormal, apenas discordo da posição. Anormal é querer que tal opinião seja mais que uma opinião sem uma boa fundamentação.
E concordo com você. Pessoalmente não vejo a busca da cura gay como algo 'imoral'. Pra mim é complicado porque se baseia em premissas movediças, que mal se sustentam. O que é safadeza é o Congresso querer que um assunto tão complexo seja tratado assim:
1-de um lado gays e simpatizantes apoiam uma psicologia que não dá resposta aos oponentes e censura o patologicismo por força de lei em vez de força argumentativa/racional
2-patologicistas defendendo uma psicologia 'alternativa' mais como arcabouço de condenação religiosa e moral que uma defesa racional do mesmo patologicismo