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William S. Burroghs

Ronzi

Oh, Crap!
Acabei de terminar "O Almoço Nu - Versão definitiva", lançado pela Ediouro em 2005 e traduzido pelo Daniel Pellizzari, uma das obras literárias mais insanas e criativas que tive oportunidade de ler.

Bem verdade que não é o primeiro livro de Burroghs que li. Tenho um xodó por ele há algum tempo, mais exatamente desde meus 15 anos, quando descobri seu subversivo "Junky" pelas mãos de um amigo (numa edição clássica da brasiliense que descaradamente roubei) e sua viagem fantástica pelo mundo da heroína. "Como esse velhote pode ser tão ousado?", pensei comigo mesmo (na verdade não foi "ousado" a palavra, mas coloque um palavrão aí que fica tudo certo) e saí a caça de mais coisas do cara.

Descobri então "Queer", "O Ticket Que Explodiu", "Expresso Nova" e "A Máquina Macia", só para garantir que ele era o autor mais revolucinário que tinha lido até então. Mas, na época a internet ainda engatinhava (eram os idos de 1996) e não tinha como descobrir muito mais coisa sobre ele, era radical demais para o ensino em escolas, e, falando sério, os meus professores muitas vezes sequer conheciam. Quando ele morreu em 97 lembro que saiu uma notinha na Veja e nada mais foi dito ou escrito sobre ele na grande imprenssa depois disso.

Só quando tive acesso a internet que descobri que lá fora, a obra de Bill Burroughs era colocada ao lado da de escritores como John Barth, Samuel Beckett, Henry Miller, Céline, Doctorow,Thomas Pynchon e que Norman Mailer o considerava um gênio. Já seu amigo, Jack Kerouac, afirmava que Burroughs era o maior escritor satírico desde Jonathan Swift. A opinião de Kerouac parece indicar o ponto de vista adequado para entendermos sua obra. O próprio escritor relativizava com humor sua fama literária: anos atrás, perguntado sobre como se sentia ao ter sido condecorado com a Comenda das Artes e Letras do governo francês, comentou: "E daí? Jerry Lewis também foi".

Burroughs era o tumulto em pessoa: foi viciado em drogas, detetive particular, dedetizador de pragas e escritor. Morou no México, Marrocos, Londres, Paris, sem contar as diversas cidades nos EUA que o receberam por curto período de tempo.

É exatamente essa faceta tumultuada de sua vida que impediu por muitos anos uma melhor interpretação de sua obra, sempre vista como uma coisa produzida por um homossexual misantropo viciado.

"Desde o começo eu tenho me preocupado, enquanto escritor, com o vício em si, seja a drogas, sexo, dinheiro, ou poder, como um modelo de controle, e com a decadência máxima potencialidades biólogicas da humanidade, pervertida pela estupidez e malícia desumanas", disse uma vez em uma entrevista que tentava explicar (inutilmente) à um jornalista o que queria expressar em seus livros.

Antes de qualquer escola desconstrutivista, Burroughs já pregava a análise do Homem e a dismistificação de nossos dualismos culturais de forma esmagadora, acreditando que o senso-comum era o maior e mais idiota vício humano, pois limita nosso angulo de visão. "A lógica aristotélica é um dos grandes erros do pensamento ocidental. Existem certas fórmulas, palavras-chaves, que podem trancafiar uma civilização durante séculos", espezinhou.

Nossa realidade na visão de Burroughs era apenas uma possbilidade pré-determinada por algum retardado tempos atrás, nós que engolimos tudo de um gole só. Criou então uma realidade alternativa, sua Interzona, repleta de cyberpunks, mutantes reptlianos viciados em esperma, serial killers, piratas homossexuais e junkies de pele irisdicente, seres estranhos que se mostram familiares logo a segunda página.

Sua literatura era tão de vanguarda e inesperada, unindo filosofia, antropologia, política, alienígenas e Entrepelados, que acabou "viciando" personalidades como David Cronenberg, Robert Wilson, Brian Eno, Lou Reed, Tom Waits, David Bowie, Patti Smith e Kurt Cobain.

Talvez agora, 49 anos após seu "Almoço Nu", seja hora reler a descrição nua e crua que Burroughs faz sobre sua obra: "nada é verdadeiro, tudo é permitido". A ficção, para ele, tinha o péssimo hábito de virar realidade.
 
RE: William S. Burroghs - O Gênio da Subcultura

Ainda não tive a oportunidade de ler nada da "Geração Beat". Eu só tinha ouvido falar no Charles Bukowski.
Vou procurar O Almoço Nu pra ler, valeu pela dica. ^^
 
RE: William S. Burroghs - O Gênio da Subcultura

Tião Macalé disse:
Ainda não tive a oportunidade de ler nada da "Geração Beat". Eu só tinha ouvido falar no Charles Bukowski.
Vou procurar O Almoço Nu pra ler, valeu pela dica. ^^

Não acho que o Bukowski seja da Geração Beat, não tenho certeza, mas acho que naum é nao.

To com essa ediçao do almoço nu, que eu " achei" na estante da minha tia..
 
RE: William S. Burroghs - O Gênio da Subcultura

Do Burroghs eu só li aquele livro sobre gatos (que é a coisa mais cute desse mundão), mas já tinha dado uma olhada em Junky (que tem aquele dicionário no fim e tal). Agora com o Ronzi falando fiquei mais animada a voltar para os livros dele.

BTW, fofoca literária: vocês sabem qual é a história de como ele matou a mulher dele? Era uma festa, estava todo mundo bemloco, incluindo ele é claro. Eis que ele pega ma maçã, coloca sobre a cabeça da mulher dele e diz "I AM WILLIAM TELL!" E atira nela. Bam.
 
RE: William S. Burroghs - O Gênio da Subcultura

lipecosta_ro disse:
Tião Macalé disse:
Ainda não tive a oportunidade de ler nada da "Geração Beat". Eu só tinha ouvido falar no Charles Bukowski.
Vou procurar O Almoço Nu pra ler, valeu pela dica. ^^

Não acho que o Bukowski seja da Geração Beat, não tenho certeza, mas acho que naum é nao.

To com essa ediçao do almoço nu, que eu " achei" na estante da minha tia..

Sim, ele é Beat.

Anica disse:
Do Burroghs eu só li aquele livro sobre gatos (que é a coisa mais cute desse mundão), mas já tinha dado uma olhada em Junky (que tem aquele dicionário no fim e tal). Agora com o Ronzi falando fiquei mais animada a voltar para os livros dele.

BTW, fofoca literária: vocês sabem qual é a história de como ele matou a mulher dele? Era uma festa, estava todo mundo bemloco, incluindo ele é claro. Eis que ele pega ma maçã, coloca sobre a cabeça da mulher dele e diz "I AM WILLIAM TELL!" E atira nela. Bam.


Conheço essa história, aliás ele vivia bemloco :lol:

Ele também foi o primeiro a usar o termo "heavy metal" em "Soft Machine", se não me engano.
 
RE: William S. Burroghs - O Gênio da Subcultura

Também só li o livro sobre os gatos, e peguei Naked Lunch esses dias. Vou só terminar outros dois que estão na frente e começo!
Li uma matéria esses dias falando que o livro faz 50 anos em 2009, e como "homenagem", fizeram um site com um monte de informações sobre o autor. Para quem se interessar:
http://realitystudio.org/
 
Gostei muito do teu texto, Ronzi. Sintético e informativo.

Você leu Queer, O Ticket Que Explodiu, Expresso Nova e A Máquina Macia em português?
 
Pra quem curte o Burroughs, saiu 2 contos bem curtos dele na antologia FUTURO PROIBIDO da editora Conrad.

Comprei um exemplar no Estante Virtual bem mais barato e novo em folha. Ainda não li.
 
MEU DEUS! TO LENDO JUNKY!!!!!!!!!!

COMEÇEI A DEVORAR O LIVRO, AGORA TO PARADO PORQUE NÃO QUERO QUE ACABE!

NUNCA ACONTECEU ISSO COMIGO..... FALTA 10 Páginas e fico pensando "AH, VAI ACABAR!"
 
[align=justify]Junky é realmente muito bom, é desses de ler voando, incrível como ele consegue ser simples e direto, deixar o leitor saber dos detalhes um atrás do outro e mesmo assim não se perder na trama. Burroughs passou a figurar na minha lista de leituras futuras obrigatórias. A naturalidade com que ele transita entre temas polêmicos e subversivos como homossexualidade, drogas, alcoolismo, furtos e coisas do tipo é chocante ao mesmo tempo que soa natural.[/align]
 

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