Indignada com a eleição do Severino, fiz o mínimo que pude, passei esse e-mail para o máximo de pessoas que conheço. Leiam, por favor:
Uma questão de cidadania
Companheiros, além de apoiarmos um partido, a parte mais importante da nossa participação política vem realmente depois da eleição. Vem quando fiscalizamos as ações tomadas pelas pessoas que NÓS elegemos.
Não entendo como as pessoas conseguem ficar caladas diante do estado do Brasil. Não, não quero fazer drama, só quero mostrar a realidade. Doze mil sem-tetos expulsos de um latifúndio invadido? Aonde a justiça quer que eles morem? Nas ruas das grandes cidades? Nas nossas favelas? De onde querem que tirem dinheiro para pagar alguma coisa como água, luz e comida, se não tem emprego nesse país?
E enquanto isso, os deputados que o NOSSO POVO elegeu passam o dia na Câmara Federal e por cima ainda comtemplam com a honra de ser Presidente da Casa alguém que faz um discurso preocupado com aumentar as mordomias dos deputados. POR DEUS, ELES NÃO DEVERIAM ESTAR PENSANDO NOS PRÓPRIOS INTERESSES, DEVERIAM ESTAR PENSANDO NA POPULAÇÃO, QUE TEM DE SUPORTAR UM CONSTANTE AUMENTO DE IMPOSTOS E DE JUROS, QUE NÃO TEM SEGURANÇA, QUE NÃO TEM EMPREGO, COMIDA OU DINHEIRO! É POR ISSO QUE ELES FORAM ELEITOS! E ninguém fala nada, todos calam-se, esquecem, fingem que não é assunto deles.
Todos reclamam dos políticos, mas ninguém faz nada contra isso. É muito mais simples não se preocupar, acomodar-se no seu cantinho como se essa discussão não valesse a pena. Mas isso é um dever nosso. É um dever de cada cidadão, e de cada brasileiro!
Para terminar, deixarei-os com um pensamento básico do nosso caro Bertold Brecht:
O Analfabeto Político
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
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Bem, se o Severino acha que 12 mil é "salário de caminhoneiro", então vamos mandar ele trabalhar por um ano como caminhoneiro para ver se ele consegue ganhar 12 mil reais no ano todo.
Deixe-me lembrar que, se houver aumento no tempo do mandato, não poderá haver reeleição, até onde eu sei. Eu sou contra a unificação das eleições e o Severino usar a desculpa de "reduzir gastos" é o maior cinismo que já vi. Sou contra porque simplesmente não dá certo unificar. As pessoas com menos educação já se confundem tendo de votar para Governador, Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador e Presidente na mesma eleição, imagina se acrescentar mais cargos? Sem contar que ficaria complicado fiscalizar um governo que nãose reeleje, se entendem o que quero dizer... Admitam ou não, a maior parte das realizações governamentais é baseada no número de votos que estas podem trazer na próxima eleição.
Agora, eu falei no e-mail que ninguém falava nada, não é mesmo? Pois bem, finalmente alguém falou, pelo menos aqui no Rio Grande do Sul. E tenho orgulho de dizer que foi a deputada em que votei e que ajudei a eleger
Segue a íntegra do artigo publicado no jornal Zero Hora de 03 de março de 2005:
Não fazemos parte desse jogo!
A eleição do deputado Severino Cavalcanti para presidente da Câmara dos Deputados chocou muita gente. Por suas posições preconceituosas em relação aos homossexuais, sua resistência às pesquisas com células-tronco, mas principalmente pela sua defesa explícita do toma-lá-dá-cá com o governo, dos interesses corporativos dos deputados e principalmente o escandaloso aumento de salário em 67% pulando de cerca de R$ 12 mil para mais de R$ 20 mil. A verdade é que a maioria dos deputados (a bancada do P-Sol negou-se a votar em qualquer dos candidatos) escolheu o melhor interlecutor para jogar o jogo do próprio governo.
Para o funcionário público, o governo está propondo 0,1% de reajuste. Um impacto no orçamento de R$ 72,3 milhões, menos da metade do que custará aos cofres públicos o aumento dos 513 deputados. Provavelmente, depois de muitos discursos demagógicos, quase todos aprovarão a esmola, em nome da independência dos poderes. Enquanto a maioria do povo se debate contra o desemprego, a queda na renda das famílias, luta por um pedaço de chão e morre defendendo seus direitos mais básicos - como em Goiânia, onde um verdadeiro massacre foi promoviso contra famílias de sem-teto -, a Câmara estava ocupada discutindo o aumento dos parlamentares. Confesso que não surpreendeu muito. A chamada Casa do Povo muito pouco escuta a voz daqueles que diz representar.
Basta observar votações como a do salário mínimo, quando a maioria derrotou uma proposta que aumentava em míseros R$ 15 o valor estabelecido pelo governo, de R$ 260. Bastaria uma rápida enquete pelas ruas para saber que essa não era a vontade popular. Ou na votação da Lei das Falências, quando a maioria aprovou a prioridade aos bancos no pagamento de créditos, em detretimento das dividas com os trabalhadores ou com o fisco. Roberto Setúbal, o presidente do Iatú, já agradeceu a Lula pelos serviços prestados, que proporcionaram a esse banco o maior lucro da história dos bancos no Brasil, acima até dos lucors dos banqueiros dos EUA. Mas ele deve também agradecer ao parlamento brasileiro, que não tem se furtado a votar medidas favoráveis ao sistema financeiro, e em dar sustentação à política econômica de Lula, que tantas alegrias tem trazido ao banqueiro.
Nesse contexto, essa proposta de aumento é ainda mais escandalosa. E, ainda por cima, sabemos que para a maioria dos parlamentares esse "dinheirinho" é troco, para pagar a mesada e a faculdade dos filhos. As campanhas eleitorais milhonárias não são pagas com o salário, mas com fartas contribuições de grandes empresas, nem sempre doadas dentro da lei, cujo interesses eles estão aqui para defender. Já surgiram denúncias, sempre difíceis de comprovar, de que até mesmo as emendas parlamentares acabam pagando um "pedágio" na liberação.
Nós não fazemos parte desse jogo. E para que não nos confundam nesse caldeirão de política como negócio, não só denunciamos o absurdo desse aumento, como também não ficaremos com o dinheiro. Eu, que já entrego dois terços do salário de deputada para o partido, dessa vez vou entregar diretamente para o povo, seu legítimo dono, que é também o verdadeiro dono das imensas riquezas deste país, ainda nas mãos de um punhado de parasitas que vivem às custas do suor e da miséria da grande maioria. A luta do P-Sol é para acabar com essa injustiça, essas negociatas, esses escândalos. É a serviço dessa política que estamos aqui no parlamento e que cada um dos nossos militantes e dirigentes atua, organizando os trabalhadores, os jovens e os excluídos para através da mobilização buscar o que é seu de direito.
Abraços, companheiros
Jesse