Tisf
Delivery Boy
Caraca!!! Que coincidência!
Meu professor comentou sobre esse filme e eu tenho muita vontade de vê-lo!!
O filme A Comilança, do Marco Ferreri chega em DVD!!
Eu peguei essa sinopse lá no Uol!
Quatro amigos de meia-idade se encerram num casarão em Paris e comem até morrer. São típicos representantes da burguesia urbana de uma grande cidade, bem-sucedidos profissionalmente: Ugo (Ugo Tognazzi) é um cozinheiro renomado, Marcello (Marcello Mastroianni) é piloto de avião, Michel (Michel Piccoli) trabalha na televisão e Philippe (Philippe Noiret) é juiz. O quarteto pantagruélico não ingere qualquer coisa, somente pratos elaborados por Ugo com os mais refinados ingredientes. Três prostitutas são convocadas para o festim, mas abandonam o grupo rapidamente, horrorizadas ou vítimas de náuseas. A única que participa da jornada até o fim é Andréa (Andréa Ferréol), uma pacata professora primária, que se junta a eles por acaso. Roliça e vestida com roupas diáfanas, pouco a pouco ela se torna o anjo da morte.
A ingestão continuada e abundante de alimentos, as conseqüências fisiológicas que isso acarreta, além dos excessos sexuais – as três frentes nas quais agem os personagens – são o mote escolhido pelo diretor italiano para denunciar temas, como a crise do homem contemporâneo, o suicídio e o desespero de uma sexualidade relacionada estreitamente com a morte, que perpassam sua filmografia.
Após um rápido prólogo, que apresenta os amigos isoladamente, a orgia começa. Ferreri elude qualquer explicação sobre as motivações do quarteto para o suicídio coletivo. Não fornece muitos detalhes sobre os personagens, figuras esquemáticas, sem espessura psicológica, dominadas por pulsões que são levadas ao limite, desembocando em perversões. Esse dado, ao lado da fotografia escura, dos ângulos de câmera que se repetem, da rumba lânguida que reaparece continuamente para assinalar a inevitabilidade da morte, do ritmo lento que acentua a morbidez, além da organização ritual do festim mostram um arranjo formal comprometido com a demonstração fria, sistemática e impiedosa de uma situação que é conduzida até o paroxismo, até o absurdo.
Os fatos são inverossímeis, mas a maneira de contá-los é praticamente canônica, estratégia consagrada pelo surrealismo. Essa defasagem já instala no espectador um desconforto. O gozo sôfrego dos personagens não propõe cumplicidade ao espectador. Solapada a possibilidade de identificação ou de redenção dos personagens, o espectador também não encontra refúgio na indiferença ou no desdém, pois está diante de imagens perturbadoras, que falam às entranhas caso não o sensibilizem de outra forma. Ele se defronta com um misto de repulsão e fascinação, de horror e curiosidade, o que dá ao filme o caráter de obra subversiva. Ao colocar o espectador num beco sem saída, contemplando a instrumentalização do corpo, submetido às pulsões mais primárias em que sexo e comida são reduzidos à sua materialidade, a fluxos de matéria líquida, sólida e gasosa, Ferreri realiza seu tour de force, cuja ressonância ontológica é igualmente incômoda, com implicações éticas e políticas.
Na época, o filme foi visto como uma crítica à sociedade de consumo – o mundo ocidental vivia o fim de um longo ciclo de expansão capitalista começado logo após a Segunda Guerra Mundial –, num contexto marcado pelo desencanto que sucedeu o maio de 68. A crise do petróleo, que obrigou a sociedade a repensar sua relação com o desperdício, explodiu logo depois. Ferreri pinta um consumo desenfreado, pervertido, uma relação com a matéria cínica e frívola. Mas o filme vai além. Convida à reflexão sobre aspectos da natureza humana, como a relação com o corpo, com o prazer, além de questionar parâmetros que usualmente definem a noção de “bom gosto”.

Meu professor comentou sobre esse filme e eu tenho muita vontade de vê-lo!!

O filme A Comilança, do Marco Ferreri chega em DVD!!
Eu peguei essa sinopse lá no Uol!
Quatro amigos de meia-idade se encerram num casarão em Paris e comem até morrer. São típicos representantes da burguesia urbana de uma grande cidade, bem-sucedidos profissionalmente: Ugo (Ugo Tognazzi) é um cozinheiro renomado, Marcello (Marcello Mastroianni) é piloto de avião, Michel (Michel Piccoli) trabalha na televisão e Philippe (Philippe Noiret) é juiz. O quarteto pantagruélico não ingere qualquer coisa, somente pratos elaborados por Ugo com os mais refinados ingredientes. Três prostitutas são convocadas para o festim, mas abandonam o grupo rapidamente, horrorizadas ou vítimas de náuseas. A única que participa da jornada até o fim é Andréa (Andréa Ferréol), uma pacata professora primária, que se junta a eles por acaso. Roliça e vestida com roupas diáfanas, pouco a pouco ela se torna o anjo da morte.
A ingestão continuada e abundante de alimentos, as conseqüências fisiológicas que isso acarreta, além dos excessos sexuais – as três frentes nas quais agem os personagens – são o mote escolhido pelo diretor italiano para denunciar temas, como a crise do homem contemporâneo, o suicídio e o desespero de uma sexualidade relacionada estreitamente com a morte, que perpassam sua filmografia.
Após um rápido prólogo, que apresenta os amigos isoladamente, a orgia começa. Ferreri elude qualquer explicação sobre as motivações do quarteto para o suicídio coletivo. Não fornece muitos detalhes sobre os personagens, figuras esquemáticas, sem espessura psicológica, dominadas por pulsões que são levadas ao limite, desembocando em perversões. Esse dado, ao lado da fotografia escura, dos ângulos de câmera que se repetem, da rumba lânguida que reaparece continuamente para assinalar a inevitabilidade da morte, do ritmo lento que acentua a morbidez, além da organização ritual do festim mostram um arranjo formal comprometido com a demonstração fria, sistemática e impiedosa de uma situação que é conduzida até o paroxismo, até o absurdo.
Os fatos são inverossímeis, mas a maneira de contá-los é praticamente canônica, estratégia consagrada pelo surrealismo. Essa defasagem já instala no espectador um desconforto. O gozo sôfrego dos personagens não propõe cumplicidade ao espectador. Solapada a possibilidade de identificação ou de redenção dos personagens, o espectador também não encontra refúgio na indiferença ou no desdém, pois está diante de imagens perturbadoras, que falam às entranhas caso não o sensibilizem de outra forma. Ele se defronta com um misto de repulsão e fascinação, de horror e curiosidade, o que dá ao filme o caráter de obra subversiva. Ao colocar o espectador num beco sem saída, contemplando a instrumentalização do corpo, submetido às pulsões mais primárias em que sexo e comida são reduzidos à sua materialidade, a fluxos de matéria líquida, sólida e gasosa, Ferreri realiza seu tour de force, cuja ressonância ontológica é igualmente incômoda, com implicações éticas e políticas.
Na época, o filme foi visto como uma crítica à sociedade de consumo – o mundo ocidental vivia o fim de um longo ciclo de expansão capitalista começado logo após a Segunda Guerra Mundial –, num contexto marcado pelo desencanto que sucedeu o maio de 68. A crise do petróleo, que obrigou a sociedade a repensar sua relação com o desperdício, explodiu logo depois. Ferreri pinta um consumo desenfreado, pervertido, uma relação com a matéria cínica e frívola. Mas o filme vai além. Convida à reflexão sobre aspectos da natureza humana, como a relação com o corpo, com o prazer, além de questionar parâmetros que usualmente definem a noção de “bom gosto”.