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Regionalismos

Kainof

Sr. Raposo
Usuário Premium
Aqui no Rio Grande do Sul o dia 20 de setembro é comemorado como o principal feriado cívico. É tempo de propagandas ad nauseam recheadas de orgulho regional, dos defiles de cavalos que deixam o asfalto verde e fedorento, de pessoas vestidas "à caráter" mais do que o normal, é tempo de cantar o hino estadual nas rádios e nas ruas, e é tempo dos políticos pegarem uma caroninha no afã regionalista. Enfim, por volta dessa data é um auê só! Na mídia e nas ruas. Tanto que chega a me lembrar o carnaval carioca em termos de mobilização.

Cabe explicar que o dia 20 de setembro é celebrado como o Dia do Gaúcho. É a data estadual. Também é a data do início da Revolta Farroupilha, quando os revoltosos invadiram e tomaram a cidade de Porto Alegre. A fim de criar uma identidade e um passado heróico para os habitantes deste estado, busca-se uma assimilação entre os farrapos e todo o habitante do Rio Grande do Sul. Uma criação de identidade construída, por óbvio, nos moldes nacionalistas românticos.

Durante toda a semana que antecede o 20 de setembro é a "Semana do Gaúcho", em que se celebram os "valores gaúchos". O hino do estado é cantado em conjunto com o hino nacional na maioria das escolas.

Algumas fotos do Desfile Farroupilha: http://www.semanafarroupilha.com.br/fotos.htm

Não sei como é nos demais estados, se no restante do Brasil também há essa forte tradição regionalista. Essa identificação aceita tão prontamente a valores pré-atribuídos. E se esse regionalismo gaúcho é percebido por habitantes de outros estados.

Mas sobre os regionalismos, o que pensam sobre isso? É prejudicial à união da população em torno de uma causa federal? É legítimo e proveitoso para a proteção dos interesses mais próximos? Somente tradição? Ou é pura bobagem, uma ingenuidade?
 
Aqui em São Paulo celebramos o 9 de julho. A data é feriado estadual. Lembro-me quando fiz o serviço militar obrigatório, nosso sargento nos disse que era a única vez que ele sabia de "os perdedores celebrarem o dia da derrota". Achei um pouco de ignorância da parte dele, já que não celebramos a derrota, mas sim um momento importante da história paulista, e até do Brasil, pois foi um momento político delicado, de contestação ao governo provisório de Getúlio Vargas (conterrâneo do Kainof:mrgreen:), em que se exigiu uma nova Constituição para o país, obtida em 1934. O 9 de julho foi a data em que São Paulo pegou em armas contra o governo Vargas, em 1932. Por isso é conhecida como Revolução Constitucionalista Paulista.

Em várias cidades paulistas se comemora essa data com desfiles militares, em especial da polícia, os veteranos com seus capacetes "britânicos" e suas medalhas guardadas como tesouro de família. Há a cavalaria da polícia, alguns carros da época e soldados vestidos com a farda dos revolucionários e cantando o hino da revolução. Eu acho muito interessante, mexe com as emoções da população... é tudo muito romântico e heróico. Em minha cidade, Piracicaba, há um monumento lembrando a data, em homenagem aos mortos, e ainda temos veteranos que estão sempre presentes no dia da comemoração. Penso que isso seja importante para a memória e história regional, colabora para um dado sentimento de integração, ou de "pertencimento". Nesse sentido acho bem válido. Mas também pode abrir espaço para preconceitos de todos os tipos, para apontar diferenças regionais e, a partir daí, colocar valores. Coisas do tipo: "nós somos isso, vocês são aquilo". Dessa forma prejudica muito qualquer coisa "em torno da causa nacional", que a meu ver é mais importante.

Ainda assim, considero a tradição regional algo importante, desde que não imponha valores, não exclua grupos, minorias e etc., já que não existe cultura melhor ou pior, superior ou inferior, apenas culturas diferentes! Ela também mostra o caráter de um país cuja cultura e história são muito recentes, comparada a de outros países com milênios de tradição e que, ainda assim, possuem diferenças regionais a ponto de causar graves conseqüências. Acho natural que um país novo como o nosso, cujos estados tiveram cada um uma colonização ou ocupação muito diversificadas, e talvez semelhantes em detalhes apenas, tenha suas diferenças (grandes ou pequenas) e/ou tradições regionais.

Esse regionalismo gaúcho é percebido por habitantes de outros estados? Posso falar por mim, já que eu percebo porque gosto muito das tradições gaúchas. Para mim o traje do gaúcho extremamente belo e elegante, assim como gosto do traje de couro dos vaqueiros do Nordeste. Não estou estereotipando ambos, pois é claro que não se resume a trajes, a coisa toda é mais complexa, apenas apontei algo que me chama a atenção dentro do contexto todo das tradições.De fato eu me interesso bastante por tradições regionais e não acho que sejam prejudiciais desde que estejam de acordo com o que disse anteriormente.
 
Última edição:
Na Bahia só tem o Dois de Julho, que foi o verdadeiro dia da independência do Brasil: o último dia de batalha contra os portugueses (7 de setembro é uma piada). É o único feriado estadual daqui, e mesmo assim não é respeitado, quase todo mundo trabalha. E ainda dizem que baiano que é preguiçoso. :gotinha:

Tem datas festivas que depois da revisão da História a gente percebe que mal deveriam ser lembradas. Tiradentes mesmo, não era pra ser nem feriado mineiro. Minas tem outros eventos bem mais importantes pra ser comemorados.
 
O que seria o feriado de luta por libertação daqui de MG, o 21 de Abril, na verdade é feriado nacional. Nesse dia, há uma transferência simbólica da capital de BH para Ouro Preto, e o governador vai para lá.

Mas a ponto de ter uma mobilização especial acho que nada assim...
 
Em SP prevalece o feriado estadual 9 de Julho, mas que só foi homologado como feriado mesmo a menos de uma década.
 

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