Sempre achei que aquela traça era o Peter Jackson em pessoa...
Não acho que a Yavanna tenha sido fútil. Ela enviou o Radagast porque não podia ir ela mesma. No Silmarillion dá para perceber bem como a Yavanna é um dos poucos Valar que continuam se preocupando com a Terra-média por detrás das Pelori.
Mas a maneira dela interferir é pela força criativa e indefesa, às vezes brutal, mas nunca má ou objetiva: ela é, por assim dizer, a força da Natureza.
Radagast não podia ser objetivo como Saruman, nem grandioso e sutil como Gandalf. O Cinzendo era um Maia de Manwë (o Vala dos ares, da sabedoria); o Branco era um Maia de Aulë (o Vala da habilidade).
O Castanho não podia ser como eles. Se fosse objetivo seria um outro Saruman. Se fosse sábio e elevado, seria outro Gandalf.
A função dele ali era outra, e de certa forma, ele a cumpriu. Se errou por negligência é quase certo que foi perdoado.
Uma coisa que sempre me intrigou sobre a ética dos Valar e Maiar é que, pensando bem, não dá para responsabilizá-los da mesma forma como se faria a um humano. Apesar de superpoderosas e sábias, essas entidades não eram maliciosas. Faltava-lhes dicernimento para algumas coisas que para nós são básicas.
Radagast não me parece mau. Não acredito também que se pudesse esperar dele o tipo de malícia que é necessária para lidar com tipos como Saruman. Ele era bom. Era puro. Chegou na Terra-média e fez o que qualquer criatura inclinada à perfeição faria: apaixonou-se pela natureza.
Acredito que se Yavanna pudesse ir no lugar dele, não agiria diferentemente. Talvez ela própria fosse ludibriada por Saruman, da mesma maneira que Sauron escapuliu dos Valar por não apenas uma, mas duas vezes.