A primeira vez que eu peguei pra ler eu não me acostumei (não me prendia por minha idade), tipo que na época eu tinha uns 10 anos e não entendia muito de versos, poesia nem de histórias de vida. Por ser refratário a biografias e poemas eu era capaz de ignorar um Neruda em troca de ter na mão um volume de Pedro Bandeira ou da coleção Para se Gostar de Ler. Mas muitas garotas gostam de versos e poesia e as vivências e transformações são um dos focos dos livros em que esses temas me fascinam até hoje com muita intensidade, coisa que na época não entendia. O máximo que fazia era listinha de livros lidos por ano para escolher os que eu mais gostava.
Acho que a melhor fase dele vem a partir das Valquírias, apesar de Brida ser um depoimento divertido também. O Alquimista é uma história direcionada a um tipo de viajante e quem precisou mudar muitas vezes de vida em várias cidades sob empregos estressantes entende melhor a história (lembro que fizeram uma lista de profissões estressantes e na época eu trabalhava ao mesmo tempo nas 3 mais estressantes da lista, mudando várias vezes de estado pra estudar e trabalhar).
As releituras também abrem partes da história para o entendimento de trechos do livro que antes faziam pouco ou nenhum sentido (como ocorre no Tolkien). Tem coisa que li em Sai baba, Paramahansa Yogananda ou Osho que batem com o livro apesar de o foco ser romance como ocorre na literatura espírita. Acho que por isso os franceses curtem o material, tem um livro em francês da Collete chamado Mes Apprentissages sobre uma atriz que precisa mudar radicalmente de vida e fala principalmente sobre mudança ou transformação no meio da estrada (O Raul Seixas era uma mutação ambulante), acho que por essa cultura do francês e de terem raízes místicas antigas, além do autor ter uma casa por lá (devia ter amigos no mercado editorial) influenciou na europa. O próprio Lavoisier e a tal da transformação sempre foram matéria de estudo dos franceses...
Alguns títulos dele considero muito bons, outros acima da média, alguns razoáveis/médios. Entre O Alquimista e o Demônio e Senhorita Prym eu li todos (7 livros) terminando mais recentemente O Aleph (para quem é fã vai curtir). Se for comparar com alguém como Ray BradBury tem contos dele como a Bruxa de Abril que são melhores que alguns livros do Paulo como Veronika ou o Demônio e Srta Prym. Já outros contos são inferiores e a qualidade no autor de porte é difícil manter, mesmo Shakespeare tem livro dele que só a crítica está pronta para reler sempre e sentir prazer. Apesar de eu curtir Alquimista me divirto e relaxo tanto com as Valquírias quanto com O Hobbit do Tolkien.
Alguns dividem os livros em uma fase mais obscura voltada para a negatividade e bruxaria egoísta e outra mais luminosa em que ele usa o dom da escrita com mais harmonia e se volta para uma fé positiva. PElo que li a fase do Diário de Um Mago já se percebe que ele tenta ficar mais leve em relação ao que fazia anteriormente que era usar técnicas psíquicas e místicas de forma errada. Já nas Valquírias melhora bem porque na história ele conta que recebeu o troco da escuridão de volta e aquilo que ele tinha feito de ruim no passado precisou encontrar um caminho para se redimir. Acho que o melhor dos livros são os momentos de redenção e de virada (os norte americanos devem curtir mais essas partes porque combina com eles, diferente das mudanças de vida dos franceses). As viradas de sorte devido ao trabalho e esforço em SdA e O Hobbit são semelhantes as de O Alquimista. Aquele que se esforça é digno da recompensa.