• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

O Senhor das Moscas (William Golding)

Lucas_Deschain

Biblionauta
[align=center][size=medium]O Senhor das Moscas (William Golding)[/size][/align]

O Senhor das Moscas (Lord of the Flies) é um livro de alegoria escrito por William Golding, vencedor do Prêmio Nobel em 1983. Foi seu primeiro livro, e foi publicado em 1954. Embora não tenha sido um grande sucesso à época – vendendo menos de 3000 cópias nos Estados Unidos em 1955 antes de sair de catálogo – com o tempo tornou-se um grande sucesso, e leitura obrigatória em muitas escolas e colégios. Foi adaptado para o cinema em 1963 por Peter Brook, e novamente em 1990, filme estes que também passaram a ser exibidos em diversas instituições educacionais. O título é uma referência a Belzebu (do nome hebraico Ba’al Zebub, ??? ???&#1489), um sinônimo para o Diabo. É geralmente lembrado como um clássico da literatura inglesa do pós-guerra, ao lado de A Revolução dos Bichos e O Apanhador no Campo de Centeio.

O livro retrata a regressão à selvageria de um grupo de crianças inglesas de um colégio interno, presos em uma ilha deserta sem a supervisão de adultos, após a queda do avião que as transportava para longe da guerra.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Senhor_das_Moscas

Vamos discutir essa ótima obra?
 
Esse embate entre ser bom ou mau por natureza parece ser uma das reflexões que o autor quer suscitar através do livro. É de se pensar mesmo, o indivíduo é "ruim" porque tem esse "mal" dentro de si; ou se torna "mau" a partir de seu meio, ambiente ou contexto? Esse debate já se estende por muito tempo, lembro que na universidade estudamos Jean-Jacques Rousseau (O Contrato Social) e Thomas Hobbes (O Leviatã) que discorriam justamente sobre isso, embora o mote principal do livro fosse sobre a importância do Estado na organização da sociedade. Esse embate de visões permeia o livro todo e relembrando que estava esses dias lendo as respostas desse tópico, não cheguei a alguma conclusão sobre a visão do autor sobre isso. Parece que ambos os lados tem pontos convincentes. Bem legal isso!
 
Marco Antonio disse:
Como e porque o Estado é retratado no filme?

[align=justify]Quando me referi a Estado, estava falando sobre as duas clássicas obras que citei no corpo da minha resposta, a saber O Contrato Social e O Leviatã, então, quando disse que o mote central do livro é sobre o papel do Estado, não estava falando de O Senhor das Moscas, embora creio ser possível discutir a questão do Estado na visão de William Golding através da obra em questão, contudo, meus conhecimentos sobre autor, obra e contexto histórico me são insuficientes para tamanha empresa, de modo que não ouso empreendê-la.[/align]
 
Caro Lucas, penso assim:

Ralph - A democracia, eleito por maioria de votos, representa também a Inglaterra;
Porquinho - Indesejável, porém necessário para confirmar o poder: A ciência;
Óculos do Porquinho - O Conhecimento;
Jack - A ditadura, representa a Alemanha, foi escrito depois da II Guerra;
Roger - A Essência do mal;
Os meninos que acompanharam Roger - O exército, a força SS;
Simon - Jesus Cristo;
O porco - O medo oculto, o diabo, a idolatria;
A Ilha - O Jardim do Eden; e
O desaparecimento do menino que ningúem sabia o nome - A Queda, a introdução do pecado.

E mais,... Como é um livro de alegoria e metáforas, há muito mais escondidos nas palavras de Golding em que a cada releitura mais coisas se "descobrem".

Recomendo a leitura de "Os Herdeiros" e "O Deus Escorpião" do mesmo autor. Já os leu?
 
turin_turambar disse:
Caro Lucas, penso assim:

Ralph - A democracia, eleito por maioria de votos, representa também a Inglaterra;
Porquinho - Indesejável, porém necessário para confirmar o poder: A ciência;
Óculos do Porquinho - O Conhecimento;
Jack - A ditadura, representa a Alemanha, foi escrito depois da II Guerra;
Roger - A Essência do mal;
Os meninos que acompanharam Roger - O exército, a força SS;
Simon - Jesus Cristo;
O porco - O medo oculto, o diabo, a idolatria;
A Ilha - O Jardim do Eden; e
O desaparecimento do menino que ningúem sabia o nome - A Queda, a introdução do pecado.

E mais,... Como é um livro de alegoria e metáforas, há muito mais escondidos nas palavras de Golding em que a cada releitura mais coisas se "descobrem".

Recomendo a leitura de "Os Herdeiros" e "O Deus Escorpião" do mesmo autor. Já os leu?
[align=justify]

O que você apontou aqui turin_turambar, faz sentido, tenho que admitir. Contudo, essa associação apressada pode incorrer em alguns erros, embora eu não saiba ou possa, com a minha única leitura e de memória, apontar quais pontos poderiam corroborar ou negar as tuas afirmações. Confesso que interpretei mais a história como uma discussão dos comportamentos dos seres humanos em sociedade. Porém, com base no que eu mesmo afirmei em post anterior, sobre os pensadores que apontei (a saber, Hobbes e Rousseau), ambos ao falarem sobre os homens, o fazem com vistas em pensar a questão do Estado e a organização desses homens em sua vida social. Pode ter certeza que há pesquisas (não necessariamente em português) sobre essa obra, já que, ao lado de Salinger e Orwell, Golding é um dos nomes mais conhecidos da literatura pós-Segunda Guerra Mundial. A preocupação dessa geração, observável em suas obras literárias, se deu muito em compreender os motivos da guerra, criticá-la, combatê-la, evitar que tudo aquele processo terrível viesse a se repetir.
Achei bem perspicazes tuas associações, talvez se as trabalhasse melhor, poderia ter em tuas mãos uma bela pesquisa, ou um belo artigo, quiçá um projeto de mestrado ou algo assim.[/align]
 
Bem, eu havia começado a ler o livro, mas havia parado logo nos primeiros capítulos, pois o havia achado chato, até mesmo infantil. No entanto, depois de ler neste tópico as opiniões dos colegas, eu resolvi voltar a lê-lo.

Confesso que não me arrependi. O livro é muito bom. Os últimos capítulos são alucinantes, muito bem escritos. A história do livro também é excelente. Um dos melhores livros que li ultimamente.

Obrigado pela contribuição.
 
Chatov disse:
Obrigado pela contribuição.
[align=justify]
Fico feliz que tenha lhe ajudado Chatov. Da mesma forma que você, também estive a ponto de largar a leitura, pois achava-a meio infantilóide, contudo, graças a minha insistência, encontrei uma das obras que mais gostei de ler até hoje. E o fato que me incomodava no início, a presença de crianças condicionando uma narrativa aparentemente inocente, se fez essencial para que o andamento dos eventos desembocasse naquele sinistro quadro que foi montado na maldita ilha. A leitura que fiz da obra, ou seja, a minha particular, percebeu uma série de semelhanças a maneira como o Orwell constrói as narrativas deles, seja pelo caráter alegórico que dá às situações e aos personagens, seja por aquela exploração da realidade pela reconstituição de certos elementos presentes na realidade para ganharem através do contorno ficcional um novo sentido e um ponto nevrálgico de crítica. Não é a toa que ambos são grandes nomes da Literatura Pós-Guerra.[/align]
 
Será que Lost tem um pouco de influência deste livro? É possível.

Gosto bastante do livro, inclusive acho um dos mais violentos que já li...
 
bruno_knott disse:
Será que Lost tem um pouco de influência deste livro? É possível.

[align=justify]Creio que é bem possível Bruno. Até mesmo pela questão de que os personagens se desenvolvem diferentemente após caírem na ilha. A exploração que tanto a série quanto o livro fazem acerca do comportamentos dos personagens é um exemplo da semelhança entre as duas coisas, embora as propostas sejam completamente diferentes uma da outra. Porém, quando você coloca crianças em situações como aquelas que aparecem no livro o resultado é bem mais sinistro, pelo menos na minha opinião.[/align]
 
yes

bruno_knott disse:
Será que Lost tem um pouco de influência deste livro? É possível.

os produtores já revelaram q sim, mas só no começo da série, depois as influências foram tantas outras q a do livro do golding ficou d lado. pra quem segue a série, fica fácil dizer q ela passa de 1 tom psicológico p/ 1 d ficção-científica com o tempo.
 
[align=justify]Concordo justamente com o que o JLM escreveu, a série começou muito semelhante ao livro, desenvolvendo o psicológico dos personagens, os conflitos pela liderança, a organização pela sobrevivência, posteriormente as desavenças entre os grupos e tudo mais, porém, com a questão das escotilhas e da Dharma, a orientção da série mudou bastante.[/align]
 
li o senhor das moscas nesse fim de semana. tinha parado antes da metade, porque achei a história muito infantilóide. comecei a comparar com a ilha do tesouro e róbson crusoé e achei as personagens um tanto idiotas.

nem todas crianças são calvin...

mas aí a festa acaba e o livro pega fogo. aquelas crianças idiotas tem que se virar e se dão mal, muito mal.

não era russeau que disse que a sociedade corrompe o homem? pois achei que o senhor das moscas diz o oposto. diz que o homem já é corrompido. porque eles começam do zero, apenas crianças, livres pra fazerem tudo como quiserem. e no final, a crueldade vence o juízo.

a tribo de jack como uma alegoria do nazi-fascismo? pode ser. mas aquilo tinha muito de religiosidade. me lembrou mais os astecas.

gostei dos miúdos, dos mais novos. os mandantes tentavam mandar, mas não dava resultado. o rafael era apenas um político carismático, o bucha, apenas um intelectual debilitado. (hoje os nerds praticam esportes). e o jack conseguiu mandar pelo menos no seu pequeno exército e conseguiu algum resultado.

eles eram inocentes, e jack e rafael não eram inimigos. mas o rafael, mesmo que escolhido por voto, esnobava tanto o bucha quanto o jack. deu no que deu. se ele soubesse dividir melhor os poderes... e tinha o simão. muito corajoso e independente. o coringa. pirado. mas corajoso. pena que o autor não teve muita dó dele.

mas...

não tinha meninas com eles. se tivesse mulheres naquela ilha, acho que as coisas seriam bem diferentes. quem sabe, talvez uma orgia a la lagoa azul. :]
 
[align=justify]Pois é cara, é difícil determinar que tipo de referências, quiçá alegorias estão presentes e foram intencionadas pelo autor. Justamente por conta disso que escrevi na abertura do tópico que somente uma pesquisa mais apurada teórica e metodologicamente pode nos dar resultados mais específicos e críveis.
Não é possível negar, a meu ver, que a realidade social, econômica, política e cultural imprime marcas muito profundas nas obras literárias, mas isso não as torna mera resposta ao meio em que foram feitas, há algo de universal nelas, há um potencial criativo que atiça a autoconsciência da humanidade e da realidade, não sei como sintetizar como a arte tem uma função muito importante na forma como as pessoas enxergam e se relacionam, mas ela existe, e isso é fato.
Pode ser que Golding estivesse partindo de uma concepção mais filosófica-abstrata ao escrever esse livro, seja por Rousseau ou Hobbes ou Nietzsche ou seja lá quem for; contudo, não podemos deixar de nos questionar mais profundamente sobre a realidade material que o autor viveu, e aí estaríamos falando tanto da esfera pública e da esfera particular da vida dele. Temos aí a Segunda Guerra Mundial, a Revolução Russa de 1917, a Guerra Fria em seus inícios e uma porção de outros eventos marcantes na História que poderíamos dizer que influenciou a obra de Golding. O difícil, e digo isso porque pesquiso a relação Literatura/História, é atribuir o ônus da influência a uma só coisa. Tentar determinar isso é andar em um labirinto extremamente confuso, sem certezas absolutas, mas com muita coisa interessante e verossímil para se descobrir.[/align]
 
[align=justify]Essa questão sobre o papel do abstrato e do concreto para a obra, do particular e do público, ainda são uma grande incógnita para mim. Isso eu posso garantir.[/align]
 
[align=justify]Não é de hoje que ilhas fazem parte do imaginário das pessoas, justamente por se constituírem um mundo a parte, um universo particular, onde parece haver uma separação do mundo que abre espaço para os mais loucos vôos da imaginação. Não é à toa, portanto, que ela seja um elemento recorrente das mais diversas formas de expressão humana, basta dizer a palavra Lost para que essa constatação fique mais clara.

A ilha, justamente por seu isolamento e sua condição de “liberdade” do resto do mundo, foi usada por William Golding para criar uma sinistra história que o colocou entre os grandes escritores da chamada Literatura do Pós-Guerra, ou seja, da geração de escritores que dedicou seu tempo e seu talento para tratar do espinhoso tema da Segunda Guerra Mundial. Podemos apontar juntamente com Golding nesse rol os célebres George Orwell e Jerome David Salinger, para citar somente dois nomes.[/align]

CONTINUE A LER ESSE ARTIGO NO BLOG MEIA PALAVRA
 
eu tenho esse livro há seculos aqui em casa, mas nunca cheguei a ler (o que é uma vergonha, pq é até pequenininho). acho que meio que por saber já qual é o enredo eu fico adiando a leitura, não sei. mas agora entrando em licença quem sabe... =D
 
sem falar nas adptações cinematográficas...


 
Última edição por um moderador:
[align=justify]O livro é curtinho sim, dá pra ler em dois ou três haustos. Quando li, me lembro de que estava em um frenesi de leituras de escritores pós-guerra e isso me ajudou a enxergar como o conflito transformou a maneira como as pessoas concebiam as coisas, a humanidade e os desdobramentos dos seus atos. A guerra deve ser uma das piores experiências que uma pessoa pode passar, mesmo sem estar necessariamente no front. O viver sob tensão deve gerar os mais complexos sentimentos e traumas. Se pegarmos Golding e Orwell, dá para ver nitidamente como eles realmente se detém em tentar refazer os passos e entender porque é que chegamos ao ponto de matarmos uns aos outros e também porque a política, o conhecimento, a diplomacia etc. não puderam impedir isso de acontecer.[/align]
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo