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mata o branquelo detta walker
[size=x-large]O PRÍNCIPE MALDITO - PARTE VIII[/size]
por Jefferson Luiz Maleski
Pela janela redonda do navio só se avistava areia por todo o horizonte. O druida e o francês aguardavam silenciosos BB retornar. O navio estava parado, por ordens do capitão. A tripulação de piratas, depois de levarem os prisioneiros até a cela do navio, aproveitava o dia de folga para tomar banho de sol e se bronzear no convés. Uns vendiam água de côco, outros picolés, óculos escuros ou espetinhos de camarão. Procuravam curtir ao máximo até a hora em que o capitão saísse de sua cabine. Somente ele e a menina loira haviam entrado. E, é claro, os dois guarda-costas do capitão que, caso algo desse errado, estariam prontos para punir BB por qualquer tentativa de traição.
Dentro da cabine, BB repassava mais uma vez o que faria. Os dois guarda-costas, apesar de manterem olhares ferozes e caras de mau, não entendiam patavinas do que ela falava. Mas Corruto III, o capitão papagaio, estava atento, absorvendo os detalhes repetidos por BB pela enésima vez.
- Capitão, você deve ter ouvido que nós, bruxas, gostamos de transformar príncipes em sapos. Eu mesma fiz isso muitas vezes, é um feitiço que aprendemos no primário, na hora do recreio. É a mesma coisa transformar em porcos, tartarugas, bodes, árvores e até em pedras. Inclusive, tenho uma colega de profissão, uma fada madrinha, que ficou bastante conhecida por estas bandas por fazer justamente o contrário: transformou dois ratos em cocheiros e uma abóbora em carruagem. E é o que proponho: transformar você em um ser humano. Imagine você pode usufruir os prazeres de ser um legítimo pirata, sem que ninguém fique te olhando de esguelha por causa da sua cor ou tamanho. Perdoe-me a franqueza, mas o humano mais franzino, se tem poder, intimida mais que uma ave. Eu sou o melhor exemplo de que tanto posso intimidar até mesmo estando no corpo de uma menininha quanto de que sou capaz de fazer feitiços de transmutação.
- Concorrrdo, emborrra sua aparrrência rrrevele que você é um pouco desastrrrada. Mesmo assim, sua prrroposta me interrressa. Mas, porrr garrrantia, trrrouxe estes pirrratas parrra te castigarrrem caso tente alguma grrracinha - e olhando para os guarda-costas, ordenou - Homens, caso essa menina me trrransforrrme em qualquerrr coisa que não seja um homem, acabem com ela imediatamente, ouvirrram? Porrrque ela terrrá condenado toda a trrripulação a morrrrrrerrr sem Corrrrrruto III como capitão.
- Sim, chefe! - grunhiram os dois homens enquanto preparavam as espadas. Essa ordem era fácil de entender.
BB olhou para eles e não tinha dúvidas que estava em desvantagem. Mesmo ela sendo uma poderosa feiticeira, atacar um bando de piratas, em um navio parado no meio do deserto não seria tarefa fácil. Além do mais, o papagaio tinha razão: ele era o único que conhecia a saída dali. A ave ordenara propositalmente que parassem onde não havia vento. Poderiam levar anos para encontrarem um vento para mover o navio, e mais tempo para não ziguezaguearem sem rumo de um vento a outro no centro do deserto. A bruxinha não teria outra opção a não ser cumprir a sua palavra e transformar a ave em homem para ela e seus companheiros seguirem viagem.
Existem feitiços que necessitam de preparação, de ingredientes mágicos ou estranhos, como olhos de barata vesga ou rabo de cobra de duas cabeças. Outros não. Basta concentração e prática. Por isso, Balbina Beladona tirou o seu gorrinho escarlate, estalou os dedinhos e respirou profundamente. Depois, apontou as mãozinhas para o papagaio em cima da escrivaninha. Faíscas azuis começaram a saltar de seus olhos enquanto ela pronunciava palavras que só ela conseguia ouvir. Eram palavras evocadas de tempos imemoriais, passadas entre gerações nas Universidades Internacionais de Bruxaria ou em cursinhos intensivos de férias. De repente, um raio brilhante saiu de suas unhas pintadas de rosa com detalhes de florzinhas brancas e atingiu em cheio a ave. O ambiente se encheu de fumaça, e por alguns instantes, os três tiveram de conter a tosse e acostumar os olhos para verem o lugar onde estava o capitão. A fumaça se dissipou aos poucos. Assim que a visibilidade apareceu e mostrou algo que os dois piratas não esperavam, eles sacaram as espadas e partiram para cima de BB. Afinal, ordens eram ordens. Quando a seguravam pelos cachinhos dourados com as espadas levantadas, ouviram:
- Parrrem!!!
Era a voz grossa de Corruto III ecoando pela cabine e paralisando a ação dos homens.
- Mas chefe, você mandou...
- Calem a boca, imbecis! Vocês não entendem nada. Aguarrrdem do lado de forrra da porrrta. Eu prrreciso terrr uma converrrsinha a sós com ela.
No convés, já era fim de tarde e a tripulação recolhia e guardava esteiras, pratos de farofa e espreguiçadeiras. O ex-capitão Barbarrala andava de um lado para outro, sem conseguir disfarçar a ansiedade. Porque estavam demorando tanto lá dentro? Será que Balbina continuava má como antes? Ela o ajudaria a retomar o seu navio? Quanto isso custaria para ele? Eram muitas as perguntas e nenhuma resposta. Foi quando a porta da cabine se abriu e saíram os dois piratas. Ficaram algum tempo do lado de fora, como cães de guarda. Lá dentro, havia barulho de discussão, gritos e vidros quebrando. Depois de um tempo, BB saiu, toda descabelada e com a cara emburrada. Parecia que o feitiço não havia funcionado. Ele teria de se conformar em ser pirata papagaio de papagaio pirata para o resto da vida. Foi quando percebeu os olhares de todos no convés para o novo capitão, que acabara de sair pela porta, segurando uma espada. Ele havia vestido algumas roupas que encontrou nos baús de Barbarrala e que, por sinal, lhe caíram muito bem. Segundo o cochicho de dois ou três piratas mais antenados com a moda da estação, aquelas roupas caíram muito melhor no novo capitão. Ou melhor, na nova capitã. Isso mesmo. Ninguém tinha se tocado que Corruto III era um papagaio fêmea. E agora uma tripulação inteira babava diante de uma mulher exuberante, que revelava formas sensuais, longos cabelos negros e um olhar mais rápido e mortífero para atravessar qualquer coração que uma espada.
- Trrragam os prrrisioneirrros. A parrrtirrr de agorrra eles passam a serrr trrripulantes do Darrrius Drrrome.
A voz da capitã era a mesma de antes, igual à de Barbarrala, grossa e com sotaque, mas foi como se nada tivesse dito. Todos continuavam embasbacados com aquela visão. Ouviu-se apenas um assovio e um "ê gostosa". Até mesmo Barbarrala, que tinha maquinado a tarde toda retomar o navio com a ajuda de BB, estava paralisado boquiaberto. Ele só notou BB quando ela deu um pisão no pé dele, e ele acordou bradando:
- Vocês ouviram o capitão, er... quer dizer, a capitã, busquem os prisioneiros imediatamente, seus molengas!
Agora sim, alguns homens saíram correndo para o porão, enquanto os outros ainda suspiravam. Ao chegarem no convés, Carpeaux perguntou com os olhos a BB quem era aquela beldade, e recebeu a confirmação de que era o papagaio. O druida era o único que não parecia espantado. BB percebeu isso, e considerou que, se ele já tinha percebido o sexo do papagaio quando sugeriu o feitiço, ele era bem mais esperto que todos ali. Balbina começou a desconfiar se ele era apenas um druida andarilho mudo ou se escondia algo mais.
- Todos peguem as corrrdas e puxem o navio parrra leste. Dois quilômetrrros. Mudança de rrrota, vamos para as Terrrrrras Geélidas - e enquanto os piratas saíam correndo, esbarrando uns nos outros, a capitã olhou para Barbarrala e ordenou - Você, venha cá!
Barbarrala aproximou-se com um misto de fascinação e temor. Ele nunca vira mulher mais bela. Muito menos com uma voz tão poderosa. Uma voz que o excitava, a sua própria voz. Ele não sabia o que Balbina tinha contado à capitã sobre ele, portanto não tinha idéia do que esperar. Ele sabia que a capitã teria agora uma forma de controle a mais sobre os homens que ele jamais tivera: sedução. Mas também sabia que nunca antes ouvira sobre um navio pirata com uma mulher capitã. Ele pensava várias coisas, menos que aconteceu a seguir: a capitã o pegou pelo pescoço e o beijou sem que ele pudesse esboçar reação. Não foi um beijo daqueles em que toca uma musiquinha no ar. Foi um beijo daqueles em que se para de respirar, de se mexer, de pensar, de existir. Barbarrala só voltou a si depois de alguns minutos, e olhou para a capitã com um sorriso abobalhado.
- Seu tolo, eu semprrre gostei de você, e você nunca perrrcebeu. Semprrre me levava junto parrra as taverrrnas quando saía em busca de bebidas e mulherrres. No seu camarrrote, eu tinha de suporrrtarrr o quadrrro de outrrra mulherrr. Agorrra o quadrrro não existe mais e esperrro que aquela mulherrr também não exista mais parrra você. Assim, posso terrr você como semprrre quis. Mas antes você terrrá que prrrometerrr me obedecerrr em tudo.
- Eu prometo, eu prometo.
- Pois bem, a minha prrrimeirrra orrrdem é que você escolha um nome parrra mim. Afinal, eu não tenho mais carrra de Corrrrrruto III, cerrrto?
- Sim, capitã, pensarei em algo tão exuberante quanto você.
Enquanto os dois pombinhos trocavam afagos e planos de conquista, BB, que não escondia uma pontinha de ciúme, parabenizava o druida pela excelente idéia. Agora eles estavam de volta ao caminho das terras dos gigantes. Na areia, a maioria dos piratas havia descido do navio o puxava com longas cordas. Era o segredo dos atalhos de Barbarrala: sabia em que ponto as rotas de dois ou mais ventos passavam próximas que com alguns metros de ajuste poderia-se pegar outro vento e outro destino. Foi quando ouviram um grito vindo lá em cima, da parte mais alta do mastro principal, e todos correram para bombordo.
- Ilhoásis à vista! Ihoásis à vista!
[align=right](Continua...)[/align]
por Jefferson Luiz Maleski
Leia também a Parte VII.
Pela janela redonda do navio só se avistava areia por todo o horizonte. O druida e o francês aguardavam silenciosos BB retornar. O navio estava parado, por ordens do capitão. A tripulação de piratas, depois de levarem os prisioneiros até a cela do navio, aproveitava o dia de folga para tomar banho de sol e se bronzear no convés. Uns vendiam água de côco, outros picolés, óculos escuros ou espetinhos de camarão. Procuravam curtir ao máximo até a hora em que o capitão saísse de sua cabine. Somente ele e a menina loira haviam entrado. E, é claro, os dois guarda-costas do capitão que, caso algo desse errado, estariam prontos para punir BB por qualquer tentativa de traição.
Dentro da cabine, BB repassava mais uma vez o que faria. Os dois guarda-costas, apesar de manterem olhares ferozes e caras de mau, não entendiam patavinas do que ela falava. Mas Corruto III, o capitão papagaio, estava atento, absorvendo os detalhes repetidos por BB pela enésima vez.
- Capitão, você deve ter ouvido que nós, bruxas, gostamos de transformar príncipes em sapos. Eu mesma fiz isso muitas vezes, é um feitiço que aprendemos no primário, na hora do recreio. É a mesma coisa transformar em porcos, tartarugas, bodes, árvores e até em pedras. Inclusive, tenho uma colega de profissão, uma fada madrinha, que ficou bastante conhecida por estas bandas por fazer justamente o contrário: transformou dois ratos em cocheiros e uma abóbora em carruagem. E é o que proponho: transformar você em um ser humano. Imagine você pode usufruir os prazeres de ser um legítimo pirata, sem que ninguém fique te olhando de esguelha por causa da sua cor ou tamanho. Perdoe-me a franqueza, mas o humano mais franzino, se tem poder, intimida mais que uma ave. Eu sou o melhor exemplo de que tanto posso intimidar até mesmo estando no corpo de uma menininha quanto de que sou capaz de fazer feitiços de transmutação.
- Concorrrdo, emborrra sua aparrrência rrrevele que você é um pouco desastrrrada. Mesmo assim, sua prrroposta me interrressa. Mas, porrr garrrantia, trrrouxe estes pirrratas parrra te castigarrrem caso tente alguma grrracinha - e olhando para os guarda-costas, ordenou - Homens, caso essa menina me trrransforrrme em qualquerrr coisa que não seja um homem, acabem com ela imediatamente, ouvirrram? Porrrque ela terrrá condenado toda a trrripulação a morrrrrrerrr sem Corrrrrruto III como capitão.
- Sim, chefe! - grunhiram os dois homens enquanto preparavam as espadas. Essa ordem era fácil de entender.
BB olhou para eles e não tinha dúvidas que estava em desvantagem. Mesmo ela sendo uma poderosa feiticeira, atacar um bando de piratas, em um navio parado no meio do deserto não seria tarefa fácil. Além do mais, o papagaio tinha razão: ele era o único que conhecia a saída dali. A ave ordenara propositalmente que parassem onde não havia vento. Poderiam levar anos para encontrarem um vento para mover o navio, e mais tempo para não ziguezaguearem sem rumo de um vento a outro no centro do deserto. A bruxinha não teria outra opção a não ser cumprir a sua palavra e transformar a ave em homem para ela e seus companheiros seguirem viagem.
Existem feitiços que necessitam de preparação, de ingredientes mágicos ou estranhos, como olhos de barata vesga ou rabo de cobra de duas cabeças. Outros não. Basta concentração e prática. Por isso, Balbina Beladona tirou o seu gorrinho escarlate, estalou os dedinhos e respirou profundamente. Depois, apontou as mãozinhas para o papagaio em cima da escrivaninha. Faíscas azuis começaram a saltar de seus olhos enquanto ela pronunciava palavras que só ela conseguia ouvir. Eram palavras evocadas de tempos imemoriais, passadas entre gerações nas Universidades Internacionais de Bruxaria ou em cursinhos intensivos de férias. De repente, um raio brilhante saiu de suas unhas pintadas de rosa com detalhes de florzinhas brancas e atingiu em cheio a ave. O ambiente se encheu de fumaça, e por alguns instantes, os três tiveram de conter a tosse e acostumar os olhos para verem o lugar onde estava o capitão. A fumaça se dissipou aos poucos. Assim que a visibilidade apareceu e mostrou algo que os dois piratas não esperavam, eles sacaram as espadas e partiram para cima de BB. Afinal, ordens eram ordens. Quando a seguravam pelos cachinhos dourados com as espadas levantadas, ouviram:
- Parrrem!!!
Era a voz grossa de Corruto III ecoando pela cabine e paralisando a ação dos homens.
- Mas chefe, você mandou...
- Calem a boca, imbecis! Vocês não entendem nada. Aguarrrdem do lado de forrra da porrrta. Eu prrreciso terrr uma converrrsinha a sós com ela.
No convés, já era fim de tarde e a tripulação recolhia e guardava esteiras, pratos de farofa e espreguiçadeiras. O ex-capitão Barbarrala andava de um lado para outro, sem conseguir disfarçar a ansiedade. Porque estavam demorando tanto lá dentro? Será que Balbina continuava má como antes? Ela o ajudaria a retomar o seu navio? Quanto isso custaria para ele? Eram muitas as perguntas e nenhuma resposta. Foi quando a porta da cabine se abriu e saíram os dois piratas. Ficaram algum tempo do lado de fora, como cães de guarda. Lá dentro, havia barulho de discussão, gritos e vidros quebrando. Depois de um tempo, BB saiu, toda descabelada e com a cara emburrada. Parecia que o feitiço não havia funcionado. Ele teria de se conformar em ser pirata papagaio de papagaio pirata para o resto da vida. Foi quando percebeu os olhares de todos no convés para o novo capitão, que acabara de sair pela porta, segurando uma espada. Ele havia vestido algumas roupas que encontrou nos baús de Barbarrala e que, por sinal, lhe caíram muito bem. Segundo o cochicho de dois ou três piratas mais antenados com a moda da estação, aquelas roupas caíram muito melhor no novo capitão. Ou melhor, na nova capitã. Isso mesmo. Ninguém tinha se tocado que Corruto III era um papagaio fêmea. E agora uma tripulação inteira babava diante de uma mulher exuberante, que revelava formas sensuais, longos cabelos negros e um olhar mais rápido e mortífero para atravessar qualquer coração que uma espada.
- Trrragam os prrrisioneirrros. A parrrtirrr de agorrra eles passam a serrr trrripulantes do Darrrius Drrrome.
A voz da capitã era a mesma de antes, igual à de Barbarrala, grossa e com sotaque, mas foi como se nada tivesse dito. Todos continuavam embasbacados com aquela visão. Ouviu-se apenas um assovio e um "ê gostosa". Até mesmo Barbarrala, que tinha maquinado a tarde toda retomar o navio com a ajuda de BB, estava paralisado boquiaberto. Ele só notou BB quando ela deu um pisão no pé dele, e ele acordou bradando:
- Vocês ouviram o capitão, er... quer dizer, a capitã, busquem os prisioneiros imediatamente, seus molengas!
Agora sim, alguns homens saíram correndo para o porão, enquanto os outros ainda suspiravam. Ao chegarem no convés, Carpeaux perguntou com os olhos a BB quem era aquela beldade, e recebeu a confirmação de que era o papagaio. O druida era o único que não parecia espantado. BB percebeu isso, e considerou que, se ele já tinha percebido o sexo do papagaio quando sugeriu o feitiço, ele era bem mais esperto que todos ali. Balbina começou a desconfiar se ele era apenas um druida andarilho mudo ou se escondia algo mais.
- Todos peguem as corrrdas e puxem o navio parrra leste. Dois quilômetrrros. Mudança de rrrota, vamos para as Terrrrrras Geélidas - e enquanto os piratas saíam correndo, esbarrando uns nos outros, a capitã olhou para Barbarrala e ordenou - Você, venha cá!
Barbarrala aproximou-se com um misto de fascinação e temor. Ele nunca vira mulher mais bela. Muito menos com uma voz tão poderosa. Uma voz que o excitava, a sua própria voz. Ele não sabia o que Balbina tinha contado à capitã sobre ele, portanto não tinha idéia do que esperar. Ele sabia que a capitã teria agora uma forma de controle a mais sobre os homens que ele jamais tivera: sedução. Mas também sabia que nunca antes ouvira sobre um navio pirata com uma mulher capitã. Ele pensava várias coisas, menos que aconteceu a seguir: a capitã o pegou pelo pescoço e o beijou sem que ele pudesse esboçar reação. Não foi um beijo daqueles em que toca uma musiquinha no ar. Foi um beijo daqueles em que se para de respirar, de se mexer, de pensar, de existir. Barbarrala só voltou a si depois de alguns minutos, e olhou para a capitã com um sorriso abobalhado.
- Seu tolo, eu semprrre gostei de você, e você nunca perrrcebeu. Semprrre me levava junto parrra as taverrrnas quando saía em busca de bebidas e mulherrres. No seu camarrrote, eu tinha de suporrrtarrr o quadrrro de outrrra mulherrr. Agorrra o quadrrro não existe mais e esperrro que aquela mulherrr também não exista mais parrra você. Assim, posso terrr você como semprrre quis. Mas antes você terrrá que prrrometerrr me obedecerrr em tudo.
- Eu prometo, eu prometo.
- Pois bem, a minha prrrimeirrra orrrdem é que você escolha um nome parrra mim. Afinal, eu não tenho mais carrra de Corrrrrruto III, cerrrto?
- Sim, capitã, pensarei em algo tão exuberante quanto você.
Enquanto os dois pombinhos trocavam afagos e planos de conquista, BB, que não escondia uma pontinha de ciúme, parabenizava o druida pela excelente idéia. Agora eles estavam de volta ao caminho das terras dos gigantes. Na areia, a maioria dos piratas havia descido do navio o puxava com longas cordas. Era o segredo dos atalhos de Barbarrala: sabia em que ponto as rotas de dois ou mais ventos passavam próximas que com alguns metros de ajuste poderia-se pegar outro vento e outro destino. Foi quando ouviram um grito vindo lá em cima, da parte mais alta do mastro principal, e todos correram para bombordo.
- Ilhoásis à vista! Ihoásis à vista!
[align=right](Continua...)[/align]