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O Gandalf é um personagem duro de matar?

Giuseppe

Hey now
Relendo As Duas Torres, na parte em que os caras estão se preparando para a batalha no Abismo de Helm, todo mundo está se equipando com colete, elmo, etc. Mas o Gandalf não. É dito que ele foi sem nenhum equipamento de proteção. Tudo bem que ele só chegou no fim da batalha, mas mesmo assim participou e era perigoso, né? E no mesmo livro, numa cena anterior, quando Aragorn e os outros tentam atacar Gandalf em Fangorn pensando que ele era Saruman, o próprio Gandalf diz que ele não poderia ser ferido por nenhuma das armas que eles tinham.

O que aconteceria se alguém conseguisse atacá-lo com uma espada ou alguma outra arma? Ele ficaria de boa sem nem sangrar? O Gandalf é mesmo duro de matar?
 
Haha bem, o balrog é barra pesada, mas ele é um ser mais ou menos do mesmo level que o Gandalf, só que voltado pro mal. Fiquei curioso em saber o que aconteceria se ele fosse atacado por um orc aleatório, por exemplo. Qual seria o resultado de um ferimento comum?
 
Segundo se conta no Silmarillion, elfos e ainur eram dotados de um poder de previsão que os permitia saber mais ou menos o percurso de vida deles e o tipo de desafio que poderia levá-los a morte de um jeito muito parecido ao destino de Huan (o cão de Valinor).

Inimigos e mãos menores não poderiam tocá-los tão facilmente e o mesmo valia para o Balrog de Moria, Sauron e homens com sangue élfico. Não poderia ser qualquer flecha a ser lançada contra ele e que funcionaria porque precisaria da intenção e destino certos por trás da arma para conseguir afetá-lo. Derrubar um ser desses era como derrubar uma torre, até porque eles eram o sustentáculo do mundo, os elementos os conheciam e os obedeciam.
 
Obrigado pela explicação. Relendo As Duas Torres essa parte me chamou a atenção porque antes eu nunca tinha parado pra refletir no que Gandalf quis dizer quando falou sobre as armas não poderem causar dano a ele.
 
Gandalf após ressuscitar tem um corpo diferente do que havia tido até então.

— “Meu destino é sempre ser uma carga para você, amigo das horas difíceis”, disse eu [Gandalf],​
— “Você foi uma carga”, respondeu ele [Gwaihir], “mas não é agora. Está leve como a pluma de um cisne em minhas garras. O sol brilha através de seu corpo. Na realidade, acho que não precisa mais de mim: se o deixasse cair, você flutuaria no vento.”​

Qual será a natureza dessa diferença? Tem sido comum contrapor o termo "hröa", corpo dos filhos de Deus, e o termo "fana", a visibilidade (aparência, vestimenta, roupa, "corpo" apenas em sentido figurado) dos seres angélicos. Mas esses dois termos nunca aparecem lado a lado nos escritos de Tolkien. O uso do termo "fana" é bem raro, pelo visto só aparece em texto obscuro do The Road Goes Ever On. Curiosamente, no texto Ósanwë-kenta,[1] Tolkien utiliza por múltiplas vezes o termo "hröa" para se referir aos corpos dos valar. Seja como for, tais corpos são descritos, embora não sejam nomeados, em O Silmarillion:

Então os Valar assumiram formas e matizes; e, atraídos para o Mundo pelo amor aos Filhos de Ilúvatar, por quem esperavam, adotaram formas de acordo com o estilo que haviam contemplado na Visão de Ilúvatar, menos na majestade e no esplendor. Além do mais, sua forma deriva de seu conhecimento do Mundo visível, em vez de derivar do Mundo em si; e eles não precisam dela, a não ser apenas como as vestes que usamos, e, no entanto podemos estar nus sem sofrer nenhuma perda de nosso ser. (...)​
(...)​
(...) Melkor então viu o que era feito; que os Valar caminhavam sobre a Terra como forças visíveis, trajados com roupas do Mundo (raiment of the World), e eram lindos e gloriosos ao olhar, além de jubilosos, e que a Terra estava se tomando um jardim para seu prazer, já que seus turbilhões estavam subjugados.​

Os "corpos" dos valar seriam meras vestimentas dispensáveis. Isso difere da condição dos filhos de Deus, em que corpo e alma são ambos constituintes do indivíduo e que, em condições naturais, são inseparáveis.[2]

Será que o corpo de Gandalf ressuscitado equivale aos fanar dos anjos? Tolkien discute demoradamente sobre a condição corpórea de Gandalf na carta 156:

Gandalf realmente “morreu” e foi transformado: pois esta para mim parece ser a única verdadeira trapaça, para representar alguma coisa que pode ser chamada de “morte” que não faz diferença. “Sou G., o Branco, que retornou da morte”. (...) Mas G., é claro, não é um ser humano (Homem ou Hobbit). Não há naturalmente termos modernos precisos para dizer o que ele era. Arriscaria dizer que ele era um “anjo” encarnado. (...) Com “encarnado” quero dizer que foram incorporados em corpos físicos capazes de sentir dor e cansaço, de afligir o espírito com o medo físico e de serem “mortos”, embora, ajudados pelo espírito angelical, pudessem resistir por muito tempo e mostrar apenas lentamente um desgaste pela preocupação e trabalho. (...)​
(...) Então Gandalf sacrificou-se, foi aceito e aprimorado, e retornou. “—Sim, esse era o nome. Eu era Gandalf.” E claro, ele continua similar em personalidade e idiossincrasia, mas tanto a sua sabedoria como o seu poder são muito maiores. Quando fala, ele exige atenção; o velho Gandalf não poderia ter lidado dessa maneira com Théoden nem com Saruman. Ele ainda está sob a obrigação de ocultar seu poder e de ensinar ao invés de forçar ou dominar vontades, mas onde os poderes físicos do Inimigo são demasiado grandes para que a boa vontade dos opositores seja efetiva, ele pode atuar emergencialmente como um “anjo” (...) Ele foi enviado devido a um mero plano prudente dos Valar ou governantes angelicais; mas a Autoridade assumiu esse plano e o ampliou, no momento em que este falhou. “ — Nu fui enviado de volta — por um tempo curto, até que minha tarefa estivesse cumprida”. Enviado de volta por quem, e de onde? Não pelos “deuses”, cujo assunto é apenas com esse mundo personificado e com seu tempo; pois ele saiu “do pensamento e do tempo”. Nu, infelizmente, não está claro. Isso foi pretendido simplesmente de maneira literal, “desnudo como uma criança” (não desencarnado) e, dessa forma, pronto para receber o manto branco do mais elevado. O poder de Galadriel não é divino, e sua cura em Lórien é pretendida como sendo não mais que a cura e o alívio físicos.​
Porém, se é “trapaça” tratar a “morte” como algo que não faz diferença, a corporificação não pode ser ignorada. Gandalf pode estar aprimorado em poder (isto é, sob as formas desta fábula, em santidade), mas estando ainda incorporado, deve ainda sofrer preocupação e ansiedade e as necessidades da carne. Ele não tem mais (se não menos) certezas, ou liberdades, do que, digamos, um teólogo vivo. De qualquer modo, nenhum dos meus personagens “angelicais” é representado como tendo conhecimento do futuro completamente, ou mesmo conhecimento algum onde outras vontades estão envolvidas. (...)​
O último parágrafo é curioso, pois leva a crer que Gandalf estava encarnado mesmo após a ressurreição: logo após descrever a ressurreição, Tolkien fala de um Gandalf "aprimorado em poder (...) mas estando ainda incorporado, deve ainda sofrer (...) as necessidades da carne". Gandalf não parece, mesmo após a ressurreição, fazer uso de mera roupa (raiment) ou fana, ao modo dos valar, para se fazer visível.

Uma fonte que pode iluminar o assunto são os três trechos abaixo da Bíblia, que descrevem a presença do Jesus ressuscitado:

João 20:​
11 Maria tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo.​
12 Viu então dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés.​
13 Então os anjos perguntaram: "Mulher, por que você está chorando?" Ela respondeu: "Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram."​
14 Depois de dizer isso, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não sabia que era Jesus.​
15 E Jesus perguntou: «"Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?" Maria pensou que fosse o jardineiro, e disse: "Se foi o senhor que levou Jesus, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo."​
16 Então Jesus disse: "Maria." Ela virou-se e exclamou em hebraico: "Rabuni!" (que quer dizer: Mestre).​
17 Jesus disse: "Não me segure, porque ainda não voltei para o Pai. Mas vá dizer aos meus irmãos: ‘Subo para junto do meu Pai, que é Pai de vocês, do meu Deus, que é o Deus de vocês.’"​
18 Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Eu vi o Senhor." E contou o que Jesus tinha dito.​
19 Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: "A paz esteja com vocês."​
20 Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor.​
João 21:​
1 Jesus apareceu aos discípulos na margem do mar de Tiberíades. E apareceu deste modo:​
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé chamado Gêmeo, Natanael de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.​
3 Simão Pedro disse: "Eu vou pescar."Eles disseram: "Nós também vamos." Saíram e entraram na barca. Mas naquela noite não pescaram nada.​
4 Quando amanheceu, Jesus estava na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus.​
5 Então Jesus disse: "Rapazes, vocês têm alguma coisa para comer?" Eles responderam: "Não."​
6 Então Jesus falou: "Joguem a rede do lado direito da barca, e vocês acharão peixe." Eles jogaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, de tanto peixe que pegaram.​
7 Então o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: "É o Senhor" Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu a roupa, pois estava nu, e pulou dentro d’água.​
8 Os outros discípulos foram na barca, que estava a uns cem metros da margem. Eles arrastavam a rede com os peixes.​
9 Logo que pisaram em terra firme, viram um peixe na brasa e pão.​
10 Jesus disse: "Tragam alguns peixes que vocês acabaram de pescar."​
11 Então Simão Pedro subiu na barca e arrastou a rede para a praia. Estava cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de tantos peixes, a rede não arrebentou.​
12 Jesus disse para eles: "Vamos, comam." Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.​
13 Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles. Fez a mesma coisa com o peixe.​
14 Essa foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.​

Lucas 24:​
13 Nesse mesmo dia, dois discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém.​
14 Conversavam a respeito de tudo o que tinha acontecido.​
15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles.​
16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram.​
17 Então Jesus perguntou: "O que é que vocês andam conversando pelo caminho?" Eles pararam, com o rosto triste.​
18 Um deles, chamado Cléofas, disse: "Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aí aconteceu nesses últimos dias?"​
19 Jesus perguntou: "O que foi?" Os discípulos responderam: "O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo.​
20 Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.​
21 Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu!​
22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo,​
23 e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo.​
24 Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus."​
25 Então Jesus disse a eles: "Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram!​
26 Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?​
27 Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.​
28 Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante.​
29 Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando." Então Jesus entrou para ficar com eles.​
30 Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles.​
31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.​
32 Então um disse ao outro: "Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?"​
33 Na mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze, reunidos com os outros.​
34 E estes confirmaram: "Realmente, o Senhor ressuscitou, e apareceu a Simão!"​
35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão.​
36 Ainda estavam falando, quando Jesus apareceu no meio deles, e disse: "A paz esteja com vocês."​
37 Espantados e cheios de medo, pensavam estar vendo um espírito.​
38 Então Jesus disse: "Por que vocês estão perturbados, e por que o coração de vocês está cheio de dúvidas?"​
39 Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem-me e vejam: um espírito não tem carne e ossos, como vocês podem ver que eu tenho."​
40 E dizendo isso, Jesus mostrou as mãos e os pés.​
41 E como eles ainda não estivessem acreditando, por causa da alegria e porque estavam espantados, Jesus disse: "«Vocês têm aqui alguma coisa para comer?"​
42 Eles ofereceram a Jesus um pedaço de peixe grelhado.​
43 Jesus pegou o peixe, e o comeu diante deles.​

Os três trechos mostram certa dificuldade do Jesus de se fazer reconhecido após a ressurreição, por discípulos e inclusive por sua mãe Maria. Pode-se tentar explicar os três trechos separadamente, de modo natural: talvez, por Maria estar chorando e estar longe de Jesus, a dificuldade tenha ocorrido naturalmente. Talvez Jesus também estivesse longe no episódio com os pescadores. No texto de Lucas, Jesus poderia ter feito alguma espécie de "magia", os discípulos "estavam como que cegos", e a magia foi suspensa "quando os olhos dos discípulos se abriram"... Mas enfim, acho bastante defensável que os três textos em conjunto apontem que Jesus estava consideravelmente diferente após a ressurreição. É curioso que, por exemplo, Jesus sinta a necessidade de mostrar as chagas para se identificar. Em outro trecho, é dito que "Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor." Ora, se Jesus não estivesse diferente, essa seria uma constatação um tanto quanto desnecessária, afinal seria evidente pela mera semelhança física...

Também Gandalf ressurrecto parece difícil de ser reconhecido:

— Bem vindos, repito! — disse o velho, andando em direção a eles. Quando estava a alguns passos de distância, parou, inclinando-se sobre o cajado, com a cabeça para frente, espiando-os de seu capuz — E todos vestidos à moda dos elfos. Não há dúvida de que por trás de tudo isso há uma história digna de ser ouvida. Essas coisas não são vistas com frequência por aqui.​
(...) *parágrafos de conversa*​
Então sua grande capa se abriu e eles viram, com certeza, que por baixo dela ele estava vestido de branco.​
— Saruman! — gritou Gimli, saltando na direção dele com o machado em punho — Fale! Diga-nos onde escondeu nossos amigos! Que fez com eles? Fale, ou farei um estrago em seu chapéu que será difícil de consertar, mesmo para um mago.​
O velho foi rápido demais para ele. Saltou de pé e pulou para o topo de uma grande rocha. Ali ficou, subitamente imponente, erguendo-se diante deles.​
O capuz e os farrapos cinzentos caíram para trás. As vestes brancas brilharam. Levantou o cajado, e o machado de Gimli saltou de seu punho e caiu com um ruído no solo. A espada de Aragorn, imóvel em sua mão paralisada, brilhava com um fogo repentino.​
Legolas soltou um grito e atirou uma flecha no ar: ela sumiu num clarão de fogo.​
— Mithrandir! — gritou ele — Mithrandir!​
— Bem vindo, digo a você outra vez, Legolas! — disse o velho.​
Todos olharam para ele. Os cabelos eram brancos como a neve ao sol, e brilhante era sua veste branca, os olhos sob as sobrancelhas grossas eram reluzentes, agudos como os raios do sol, havia poder em suas mãos. Em meio à surpresa, à alegria e ao medo, eles ficaram parados, sem saber o que dizer.​
Finalmente Aragorn se mexeu.​
— Gandalf! — disse ele — Além de todas as esperanças você retorna em nossa necessidade! Que véu cobria minha visão? Gandalf!​
Gimli não disse nada, mas caiu de joelhos e cobriu os olhos.​
De novo, aqui uma explicação mais natural também é possível: Gandalf estaria um tanto quanto oculto pelo capuz. Mas essa não deve ser a explicação total, tanto é que Aragorn se pergunta "Que véu cobria minha visão?".

O que isso parece apontar? Que Gandalf não estava usando mera vestimenta, mero fána, mas sim um corpo humano glorificado, ao modo de homens que já estão no Reino dos Céus, e ao modo do próprio Jesus - que era Deus mas também homem, mesmo após sua vida na Terra, logo constituído de corpo e alma. O que faz sentido, tendo em vista que a ressurreição de Gandalf é análoga a de Jesus, inclusive com Gandalf "ascendendo aos céus" (saindo de Eä) após a morte.

Outro indicativo disso é que, após Gwaihir dizer para Gandalf que "se o deixasse cair, você flutuaria no vento", Gandalf responde

— “Não me deixe cair!”, disse eu ofegante, pois sentia vida em mim outra vez. “Leve-me a Lothlórien!”.​

O que é uma resposta diferente do que se esperaria de um anjo apenas dotado de visibilidade, e mais esperado de um humano cioso da dignidade de seu corpo, ainda que tal corpo seja glorificado. De fato, também faz sentido teológico que os istari, se virtuosos, uma vez que assumam corpos humanos, não meramente tomem a liberdade de dispensá-los, pois corpos humanos não são meras "vestimentas", são dotados de certa dignidade.

Se os corpos de santos são capazes de certas proezas, como o dom da bilocação ou a virgindade perpétua de Maria, e tendo em mente também certas proezas dos corpos élficos (Legolas não afundando na neve de Caradhras, a resistência de Maedhros quando cativo - ficando por anos amarrado pelo pulso, em precipício das Thangorodrim), então um corpo análogo ao de Jesus, um corpo santificado, ainda que seja um corpo humano, também seria capaz de proezas desse tipo e até maiores. Assim como é difícil imaginar como tenha sido o parto de Maria, que teria ocorrido sem sangue, sem dores e sem a perda da virgindade,[3] também é difícil imaginar como um corpo glorioso reagiria "gloriosamente" a um golpe, por exemplo. Mas o fato é que, assim como Jesus não poderia ser morto após ressuscitado, ou os santos não poderiam ser mortos uma vez que estivessem no Reino dos Céus, Gandalf (nessa leitura) também não poderia.
 
Última edição:
Obrigado @Haran Alkarin pela excelente resposta. Eu já tinha lido algo sobre hröa quando pesquisei sobre o destino de Melian e Thingol após os eventos do Silmarillion, mas não me aprofundei no assunto (e o destino deles é assunto pra outro tópico que também seria interessante). Nas obras principais, isto é, SdA + Silma + Hobbit essas coisas não são exploradas em detalhes. Na verdade hröa é uma palavra que acho que nem no Silma aparece, pelo menos não que eu me lembre.
 
Gandalf após ressuscitar tem um corpo diferente do que havia tido até então.

— “Meu destino é sempre ser uma carga para você, amigo das horas difíceis”, disse eu [Gandalf]
— “Você foi uma carga”, respondeu ele [Gwaihir], “mas não é agora. Está leve como a pluma de um cisne em minhas garras. O sol brilha através de seu corpo. Na realidade, acho que não precisa mais de mim: se o deixasse cair, você flutuaria no vento.”​

Qual é a natureza dessa diferença? Tem sido comum contrapor os termos "hröa", corpo material dos filhos de Deus, com "fana", "corpo" (aparência, vestimenta) dos seres angélicos. Mas esses termos nunca aparacem lado a lado nos escritos de Tolkien. O uso do termo "fana" é bem raro, pelo visto só aparece em texto obscuro do The Road Goes Ever On. Curiosamente, na nota 5 do texto Ósanwë-kenta,[1] Tolkien usa múltiplas vez o termo "hröa" para se referir aos corpos dos valar. Seja como for, tais corpos são descritos, embora não sejam nomeados, em O Silmarillion:

Então os Valar assumiram formas e matizes; e, atraídos para o Mundo pelo amor aos Filhos de Ilúvatar, por quem esperavam, adotaram formas de acordo com o estilo que haviam contemplado na Visão de Ilúvatar, menos na majestade e no esplendor. Além do mais, sua forma deriva de seu conhecimento do Mundo visível, em vez de derivar do Mundo em si; e eles não precisam dela, a não ser apenas como as vestes que usamos, e, no entanto podemos estar nus sem sofrer nenhuma perda de nosso ser. (...)

(...)

(...) Melkor então viu o que era feito; que os Valar caminhavam sobre a Terra como forças visíveis, trajados com roupas do Mundo (raiment of the World), e eram lindos e gloriosos ao olhar, além de jubilosos, e que a Terra estava se tomando um jardim para seu prazer, já que seus turbilhõesestavam subjugados.​

Os corpos dos valar seriam meras vestimentas dispensáveis. Isso diferente da condição dos filhos de Deus, em que corpo e alma são ambos constituintes do indivíduo e que, em condições naturais, são inseparáveis.[2]

Será que o corpo de Gandalf ressuscitado equivale aos fanar dos anjos? Tolkien discute demoradamente sobre a condição corpórea de Gandalf na carta 156:

Gandalf realmente “morreu” e foi transformado: pois esta para mim parece ser a única verdadeira trapaça, para representar alguma coisa que pode ser chamada de “morte” que não faz diferença. “Sou G., o Branco, que retornou da morte”. (...) Mas G., é claro, não é um ser humano (Homem ou Hobbit). Não há naturalmente termos modernos precisos para dizer o que ele era. Arriscaria dizer que ele era um “anjo” encarnado. (...) Com “encarnado” quero dizer que foram incorporados em corpos físicos capazes de sentir dor e cansaço, de afligir o espírito com o medo físico e de serem “mortos”, embora, ajudados pelo espírito angelical, pudessem resistir por muito tempo e mostrar apenas lentamente um desgaste pela preocupação e trabalho. (...)

(...) Então Gandalf sacrificou-se, foi aceito e aprimorado, e retornou. “—Sim, esse era o nome. Eu era Gandalf.” E claro, ele continua similar em personalidade e idiossincrasia, mas tanto a sua sabedoria como o seu poder são muito maiores. Quando fala, ele exige atenção; o velho Gandalf não poderia ter lidado dessa maneira com Théoden nem com Saruman. Ele ainda está sob a obrigação de ocultar seu poder e de ensinar ao invés de forçar ou dominar vontades, mas onde os poderes físicos do Inimigo são demasiado grandes para que a boa vontade dos opositores seja efetiva, ele pode atuar emergencialmente como um “anjo” (...) Ele foi enviado devido a um mero plano prudente dos Valar ou governantes angelicais; mas a Autoridade assumiu esse plano e o ampliou, no momento em que este falhou. “ — Nu fui enviado de volta — por um tempo curto, até que minha tarefa estivesse cumprida”. Enviado de volta por quem, e de onde? Não pelos “deuses”, cujo assunto é apenas com esse mundo personificado e com seu tempo; pois ele saiu “do pensamento e do tempo”. Nu, infelizmente, não está claro. Isso foi pretendido simplesmente de maneira literal, “desnudo como uma criança” (não desencarnado) e, dessa forma, pronto para receber o manto branco do mais elevado. O poder de Galadriel não é divino, e sua cura em Lórien é pretendida como sendo não mais que a cura e o alívio físicos.

Porém, se é “trapaça” tratar a “morte” como algo que não faz diferença, a corporificação não pode ser ignorada. Gandalf pode estar aprimorado em poder (isto é, sob as formas desta fábula, em santidade), mas estando ainda incorporado, deve ainda sofrer preocupação e ansiedade e as necessidades da carne. Ele não tem mais (se não menos) certezas, ou liberdades, do que, digamos, um teólogo vivo. De qualquer modo, nenhum dos meus personagens “angelicais” é representado como tendo conhecimento do futuro completamente, ou mesmo conhecimento algum onde outras vontades estão envolvidas. (...)​
O último parágrafo é curioso, pois leva a crer que Gandalf estava encarnado mesmo após a ressurreição: logo após descrever a ressurreição de Tolkien, fala de um Gandalf "aprimorado em poder" (...) "mas estando ainda incorporado, deve ainda sofrer (...) as necessidades da carne". Gandalf não parece fazer uso de vestimenta (raiment), ao modo dos valar, para se fazer visível.

Uma fonte de iluminação sobre o assunto pode estar nos três trechos abaixo da Bíblia, que descrevem aparições do Jesus ressuscitado:

João 20:
11 Maria tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo.
12 Viu então dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés.
13 Então os anjos perguntaram: "Mulher, por que você está chorando?" Ela respondeu: "Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram."
14 Depois de dizer isso, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não sabia que era Jesus.
15 E Jesus perguntou: «"Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?" Maria pensou que fosse o jardineiro, e disse: "Se foi o senhor que levou Jesus, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo."
16 Então Jesus disse: "Maria." Ela virou-se e exclamou em hebraico: "Rabuni!" (que quer dizer: Mestre).
17 Jesus disse: "Não me segure, porque ainda não voltei para o Pai. Mas vá dizer aos meus irmãos: ‘Subo para junto do meu Pai, que é Pai de vocês, do meu Deus, que é o Deus de vocês.’"
18 Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Eu vi o Senhor." E contou o que Jesus tinha dito.
19 Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: "A paz esteja com vocês."
20 Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor.

João 21:
1 Jesus apareceu aos discípulos na margem do mar de Tiberíades. E apareceu deste modo:
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé chamado Gêmeo, Natanael de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.
3 Simão Pedro disse: "Eu vou pescar."Eles disseram: "Nós também vamos." Saíram e entraram na barca. Mas naquela noite não pescaram nada.
4 Quando amanheceu, Jesus estava na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus.
5 Então Jesus disse: "Rapazes, vocês têm alguma coisa para comer?" Eles responderam: "Não."
6 Então Jesus falou: "Joguem a rede do lado direito da barca, e vocês acharão peixe." Eles jogaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, de tanto peixe que pegaram.
7 Então o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: "É o Senhor" Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu a roupa, pois estava nu, e pulou dentro d’água.
8 Os outros discípulos foram na barca, que estava a uns cem metros da margem. Eles arrastavam a rede com os peixes.
9 Logo que pisaram em terra firme, viram um peixe na brasa e pão.
10 Jesus disse: "Tragam alguns peixes que vocês acabaram de pescar."
11 Então Simão Pedro subiu na barca e arrastou a rede para a praia. Estava cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de tantos peixes, a rede não arrebentou.
12 Jesus disse para eles: "Vamos, comam." Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
13 Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles. Fez a mesma coisa com o peixe.
14 Essa foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.​

Lucas 24:
13 Nesse mesmo dia, dois discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém.
14 Conversavam a respeito de tudo o que tinha acontecido.
15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles.
16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram.
17 Então Jesus perguntou: "O que é que vocês andam conversando pelo caminho?" Eles pararam, com o rosto triste.
18 Um deles, chamado Cléofas, disse: "Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aí aconteceu nesses últimos dias?"
19 Jesus perguntou: "O que foi?" Os discípulos responderam: "O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo.
20 Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.
21 Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu!
22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo,
23 e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo.
24 Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus."
25 Então Jesus disse a eles: "Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram!
26 Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?
27 Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.
28 Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante.
29 Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando." Então Jesus entrou para ficar com eles.
30 Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles.
31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.
32 Então um disse ao outro: "Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?"
33 Na mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze, reunidos com os outros.
34 E estes confirmaram: "Realmente, o Senhor ressuscitou, e apareceu a Simão!"
35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão.
36 Ainda estavam falando, quando Jesus apareceu no meio deles, e disse: "A paz esteja com vocês."
37 Espantados e cheios de medo, pensavam estar vendo um espírito.
38 Então Jesus disse: "Por que vocês estão perturbados, e por que o coração de vocês está cheio de dúvidas?"
39 Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem-me e vejam: um espírito não tem carne e ossos, como vocês podem ver que eu tenho."
40 E dizendo isso, Jesus mostrou as mãos e os pés.
41 E como eles ainda não estivessem acreditando, por causa da alegria e porque estavam espantados, Jesus disse: "«Vocês têm aqui alguma coisa para comer?"
42 Eles ofereceram a Jesus um pedaço de peixe grelhado.
43 Jesus pegou o peixe, e o comeu diante deles.​

Os três trechos mostram certa dificuldade do Jesus de se fazer reconhecido após a ressurreição, por discípulos e inclusive por sua mãe Maria. Pode-se tentar explicar os três trechos separadamente, de modo natural: talvez, por Maria estar chorando e estar longe de Jesus, a dificuldade tenha ocorrido naturalmente. Com os pescadores, talvez Jesus também estivesse longe. No texto de Lucas, Jesus poderia ter feito alguma espécie de "magia", os discípulos "estavam como que cegos", e a magia foi suspensa "quando os olhos dos discípulos se abriram"... Mas enfim, acho bastante defensável que os três textos em conjunto apontem que Jesus estava consideravelmente diferente após a ressurreição. É curioso que, por exemplo, Jesus sinta a necessidade de mostrar as chagas para se identificar. Em outro trecho, é dito que "Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor." Ora, se Jesus não estivesse diferente, essa seria uma constatação um tanto quanto desnecessária, afinal seria evidente pela mera semelhança física...

Também Gandalf ressurrecto parece difícil de ser reconhecido:

— Bem vindos, repito! — disse o velho, andando em direção a eles. Quando estava a alguns passos de distância, parou, inclinando-se sobre o cajado, com a cabeça para frente, espiando-os de seu capuz — E todos vestidos à moda dos elfos. Não há dúvida de que por trás de tudo isso há uma história digna de ser ouvida. Essas coisas não são vistas com frequência por aqui.

(...) *parágrafos de conversa*

Então sua grande capa se abriu e eles viram, com certeza, que por baixo dela ele estava vestido de branco.
— Saruman! — gritou Gimli, saltando na direção dele com o machado em punho — Fale! Diga-nos onde escondeu nossos amigos! Que fez com eles? Fale, ou farei um estrago em seu chapéu que será difícil de consertar, mesmo para um mago.
O velho foi rápido demais para ele. Saltou de pé e pulou para o topo de uma grande rocha. Ali ficou, subitamente imponente, erguendo-se diante deles.
O capuz e os farrapos cinzentos caíram para trás. As vestes brancas brilharam. Levantou o cajado, e o machado de Gimli saltou de seu punho e caiu com um ruído no solo. A espada de Aragorn, imóvel em sua mão paralisada, brilhava com um fogo repentino.
Legolas soltou um grito e atirou uma flecha no ar: ela sumiu num clarão de fogo.
— Mithrandir! — gritou ele — Mithrandir!
— Bem vindo, digo a você outra vez, Legolas! — disse o velho.
Todos olharam para ele. Os cabelos eram brancos como a neve ao sol, e brilhante era sua veste branca, os olhos sob as sobrancelhas grossas eram reluzentes, agudos como os raios do sol, havia poder em suas mãos. Em meio à surpresa, à alegria e ao medo, eles ficaram parados, sem saber o que dizer.
Finalmente Aragorn se mexeu.
— Gandalf! — disse ele — Além de todas as esperanças você retorna em nossa necessidade! Que véu cobria minha visão? Gandalf!
Gimli não disse nada, mas caiu de joelhos e cobriu os olhos.​
De novo, aqui também uma explicação mais natural é possível: Gandalf estava meio oculto pelo capuz. Mas talvez essa não seja a explicação total, tanto é que Aragorn pergunta "Que véu cobria minha visão?". O que isso pode apontar? Que Gandalf não estava usando mera vestimenta, mero fana, mas sim um corpo humano glorificado, ao modo de Jesus - que era homem e Deus mesmo após sua vida na Terra. O que faz sentido, tendo em vista que a ressurreição de Gandalf é análoga a de Jesus, tendo Gandalf saído de Eä. Também faz sentido teológico que os istari, se virtuosos, uma vez que assumam corpos humanos, não meramente dispensa-os, pois corpos humanos não são meras "vestimentas", são dotados de certa dignidade.

Se os corpos de santos são capazes de certas proezas, como bilocação ou a virgindade perpétua de Maria, e tendo em mente também as proezas dos corpos élficos (Legolas não afundando na neve de Caradhras, a resistência de Maedhros quanto cativo - ficando amarrado pelo pulso, em precipício da Thangorodrim, por 30 anos), então um corpo análogo ao de Jesus, sem pecado ou mácula, ainda que seja um corpo humano, também seria capaz de proezas desse tipo e até maiores. Assim como é difícil imaginar como tenha sido o parto de Maria, que teria ocorrido sem sangue, sem dores e sem a perda da virgindade,[3] também é difícil imaginar como um corpo glorioso reagiria "gloriosamente" a um golpe, por exemplo. Mas o fato é que, assim como Jesus não poderia ser morto após ressuscitado, Gandalf (nessa leitura) também não poderia.

Em complemento à sua ótima resposta, existem várias passagens que provam suas assertivas, principalmente quanto aos paralelos bíblicos X os corpos dos Ainur. Pois, no início da criação do Universo-Eä (ou Mundo - "M" maiúsculo) os Ainur começam a ordenar as leis da realidade (gravidade, temperatura, matéria, energia) sem possuirrm corpos, ou seja, eram espíritos interagindo com a matéria primordial/caótica:

Mas quando os Valar entraram em Eä, a princípio ficaram assustados e desnorteados, pois era como se nada ainda estivesse feito daquilo que haviam contemplado na Visão; tudo estava a ponto de começar, ainda sem forma, e a escuridão era total. Pois a Grande Música não havia sido senão a expansão e o florescer do pensamento nas Mansões Eternas, sendo a Visão apenas um prenúncio; mas agora eles haviam entrado no início dos Tempos, e perceberam que o Mundo havia sido apenas prefigurado e prenunciado; e que eles deveriam concretizá-la. Assim teve início sua enorme labuta em espaços imensos e inexplorados, e em eras incontáveis e esquecidas, até que nas Profundezas do Tempo e no meio das vastas mansões de Eä, veio a surgir à hora e o lugar em que foi criada a habitação dos Filhos de Ilúvatar.

Então surge o planeta Terra no início da sua formação geológica/cósmica:

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E assim, quando a Terra ainda era jovem e repleta de energia, Melkor a cobiçou e disse aos outros Valar: - Este será o meu reino; e eu o designo como meu!

Interessante é que num período pré-biótico - numa Terra hostil a qualquer forma de vida e em condições adversas de temperatura e pressão (vulcanismo, formação dos continentes, atmosfera, etc) os Ainur assumem formas com as vestes da matéria do Universo:

Então os Valar assumiram formas e matizes; e, atraídos para o Mundo pelo amor aos Filhos de Ilúvatar, por quem esperavam, adotaram formas de acordo com o estilo que haviam contemplado na Visão de Ilúvatar, menos na majestade e no esplendor.

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Naquele período, os Valar trouxeram ordem aos mares, terras e montanhas, e Yavanna finalmente plantou as sementes que havia muito imaginara. E, como houvesse necessidade de luz, já que os fogos estavam dominados ou enterrados sob as colinas primitivas, Aulë, a pedido de Yavanna, criou duas lamparinas poderosas para iluminar a Terra-média, construída por ele entre os mares circundantes.

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Ou seja, dá a entender que o Fana realmente possui uma alta tolerância às violências da natureza e as formas primordiais destrutivas. Lembrar que Melkor, ao assumir formato, causava uma série de cataclismo planetários impossíveis de serem resistidos por qualquer ser vivo, a exemplo de:

- Formação geológica com vulcanismo, terremotos, atmosfera abiótica - batalha titânica pelo domínio de Arda:

Assim começou a primeira batalha dos Valar com Melkor pelo domínio de Arda; e sobre esses tumultos, os elfos sabem pouquíssimo, pois o que foi aqui declarado teve origem nos próprios Valar, com quem os eldalië falavam na terra de Valinor e por quem foram instruídos; mas os Valar pouco se dispõem a relatar sobre as guerras anteriores à chegada dos elfos. Diz-se, porém, entre os eldar que os Valar sempre se esforçaram, apesar de Melkor, para governar a Terra e prepará-la para a chegada dos Primogênitos: e eles criaram terras, e Melkor as destruía; sulcavam vales, e Melkor os erguia; esculpiam montanhas, e Melkor as derrubava; abriam cavidades para os mares, e Melkor os fazia transbordar; e nada tinha paz ou se desenvolvia, pois mal os Valar começavam algum trabalho, Melkor o desfazia ou corrompia. E, no entanto, o trabalho deles não foi totalmente vão; e embora em tarefa ou em parte alguma sua vontade e determinação fossem perfeitamente cumpridas, e todas as coisas fossem em matiz e forma diferentes da intenção inicial dos Valar, apesar disso, lentamente, a Terra foi moldada e consolidada. E assim finalmente estabeleceu-se à morada dos Filhos de Ilúvatar nas Profundezas do Tempo e no meio das estrelas incontáveis.

- O zero absoluto (- 272º Celsius, capaz de congelar o hidrogênio) do Vácuo Espacial do Universo. Melkor assumiu uma forma escura e vagava pelo espaço "remoendo nas trevas distantes" e "recuou e partiu para outras regiões, e lá fez o que quis":

E Melkor fugiu de sua fúria e de suas risadas, abandonando Arda, e a paz reinou por uma longa era. E Tulkas permaneceu, tomando-se um dos Valar do Reino de Arda; mas Melkor remoia pensamentos nas trevas distantes, e dirigiu seu ódio a Tulkas para todo o sempre.

- 1ª Extinção em Massa. Uma forma de radiação que matou a fauna e flora inicialmente imaginada/concretizada por Yavanna e CIA num alcance global, gerando, ainda, formas mutantes e criaturas monstruosas, além de iniciar o ciclo de ecossistemas e disputa dos seres herbívoros x carnivoros:

E, embora os Valar ainda nada soubessem a respeito, mesmo assim a perversidade de Melkor e a influência maléfica de seu ódio emanavam de lá, e a Primavera de Arda foi destruída. Os seres verdes adoeceram e apodreceram, os rios foram obstruídos por algas e lodo; criaram-se pântanos, repelentes e venenosos, criatórios de moscas; as florestas tornaram-se sombrias e perigosas, antros do medo; e as feras se transformaram em monstros de chifre e marfim e tingiram a terra de sangue.

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- 2ª Extinção em Massa - análoga a uma espécie de queda de 2 poderosos meteoros com a liberação catastrófica de energia semelhante à 2 estrelas:

Os Valar tiveram então certeza, de que Melkor estava agindo novamente, e saíram à procura de seu esconderijo. Melkor, porém, confiante na resistência de Utumno e no poder de seus servos, apresentou-se de repente para a luta e deu o primeiro golpe antes que os Valar estivessem preparados, atacou as luzes de Illuin e Ormal, arrasou suas colunas e quebrou suas lamparinas. Quando as enormes colunas desmoronaram, terras fenderam-se e mares elevaram-se em turbulência. E, quando as lamparinas foram derrubadas, labaredas destruidoras se derramaram pela Terra. E a forma de Arda, além da simetria de suas águas e de suas terras, foi desfigurada naquele momento, de modo tal que os primeiros projetos dos Valar nunca mais foram restaurados. Em meio à confusão e às trevas, Melkor conseguiu escapar, embora o medo se abatesse sobre ele; pois, mais alto que o bramido dos mares, ele ouvia a voz de Manwë como um vento fortíssimo, e a terra tremia sob os pés de Tulkas. Chegou, porém a Utumno antes que Tulkas conseguisse alcançá-lo; e ali permaneceu escondido. E os Valar não puderam então derrotá-lo, já que a maior parte de sua força era necessária para controlar as turbulências da Terra e salvar da destruição tudo o que pudesse ser salvo de sua obra. Depois, eles recearam fender novamente a Terra, enquanto não soubessem onde habitavam os Filhos de Ilúvatar, que ainda estavam por vir num momento que desconheciam. Assim terminou a Primavera de Arda. A morada do Valar em Almaren foi totalmente destruída, e eles não tinham nenhum local de pouso na face da Terra.

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Por fim, existiu o embate dos Poderes, em que a Terra Gemia e os Águas mudavam de lugar, uma verdadeira titanomaquia grega com explosões à nível de bombas atômicas:

Melkor enfrentou a investida dos Valar no noroeste da Terra-média, e toda a região sofreu grande destruição. Mas a primeira vitória dos exércitos do oeste foi rápida, e os servos de Melkor fugiram, perseguidos, até Utumno. Então, os Valar cruzaram a Terra-média, e montaram guarda para vigiar Cuiviénen; e daí em diante os quendi nada souberam da grande Batalha dos Poderes senão que a Terra tremia e gemia sob seus pés, e as águas mudavam de lugar; e ao norte havia clarões como os de enormes fogueiras. Longo e angustiante foi o cerco a Utumno, e muitas batalhas foram travadas diante de seus portões, das quais nada chegou aos ouvidos dos elfos, a não ser rumores. Nessa época, a forma da Terra-média foi alterada, e o Grande Mar que a separava de Aman se alargou e se aprofundou. Ele também avançou costa adentro e formou um golfo profundo mais ao sul. Muitas baías menores foram abertas entre o Grande Golfo e Helcaraxë no extremo norte, onde a Terra-média e Aman se aproximavam.

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A conclusão que chego é que para matar um Ainur dotado de Fana, somente alguns artefatos são capazes de tal proeza, seja uma espada "mágica" ou um "milagre" do Criador.
 
Última edição:
Muito bom, @Ragnaros. ! Obrigado pelos ótimos insights. As explicações aqui no tópico acabaram indo mais longe do que eu esperava em detalhes e complexidade, é um assunto interessante e não tão discutido.

Sobre hröa ainda não vi se tem algum tópico, mas pretendo criar um sobre o caso de Melian e Thingol especificamente.
 
Sobre os "ferimentos" e as "mortes" dos Ainur. Creio que somente artefatos imbuídos de alguma essência/"magia" é que causam a destruição dos seres dotados de Fana. Sauron foi capaz de resistir aos raios/relâmpagos que atingiam os Númenorianos:

Então os raios aumentaram e mataram homens nas colinas, nos campos e nas ruas da cidade. E uma faísca de fogo atingiu em cheio a cúpula do Templo e a fendeu, e ela ficou envolta em chamas. Mas o Templo em si não sofreu abalo, e Sauron ficou de pé em seu pináculo, desafiando os relâmpagos sem ser ferido.

Ou seja, o Inimigo foi capaz de suportar um fenômeno com cinco vezes a temperatura da superfície do Sol! - https://super.abril.com.br/blog/superlistas/9-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-raios/

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4. A temperatura de um relâmpago equivale a 5 vezes a temperatura solar

A temperatura de um relâmpago chega até 30 mil graus Celsius, enquanto a temperatura da superfície solar é de cerca de 5.800 graus. É o aquecimento do ar, de uma forma tão abrupta, que gera o barulho dos trovões.

E não somente isso, mas os raios conseguiam destruir certas estruturas de Númenor (tendo rachado ao meio o Templo dedicado à Melkor) tão poderosas como a pedra de Orthanc ou os Muros de Minas Tirith.

Entretanto, ao ser confundido com a Queda de Númenor, Sauron reassume uma forma horrenda - imbuído de elemento/ingrediente Morgoth - e ataca Gil Galad e Elendil na Montanha da Perdição. Detalhe que o inimigo atravessa Barad-Dur até o vulcão atravessando em torno de 20 milhas da distância dos 2 locais, quebrando o bloqueio dos exércitos da Última Aliança e enfrentando Gil Galad, Elendil, Cirdan, Elrond e Isildur - Os 2 primeiros dotados de armas encantadas (Aeglos e Narsil) com "feitiços para a destruição de Mordor" semelhante à espada encantada de Merry que quebra a "Invulnerabilidade" do Rei Bruxo para que Eowyn pudesse desferir o golpe fatal:

(...) de repente ele também cambaleou, com um grito lancinante de dor, e seu golpe passou longe, atingindo o chão. A espada de Merry o ferira por trás, rasgando de cima a baixo o manto negro e, passando por baixo da couraça metálica, atravessara o tendão atrás de seu forte joelho.

(...)

Então procurou a espada que deixara cair, pois, no momento em que golpeava o inimigo, sentiu o braço adormecer, e agora só conseguia usar o esquerdo. E ora vejam só, lá estava sua espada, mas a lâmina fumegava como um ramo seco que foi jogado no fogo; enquanto assistia, Merry viu a espada se torcendo e encolhendo, até se
consumir. Assim desapareceu a espada das C olinas dos Túmulos, trabalho do Ponente. Mas feliz teria ficado se soubesse o destino dela aquele que a Forjou lentamente, há muito tempo no Reino do Norte, quando os dúnedain eram jovens, e o maior de seus inimigos era o terror do reino de Angmar e de seu rei feiticeiro. Nenhuma Outra lâmina, nem que mãos mais poderosas a tivessem brandido teria causado naquele inimigo um ferimento tão terrível, abrindo a carne morta-viva, quebrando o encanto que prendia seus tendões invisíveis à sua vontade.

E

Estavam sendo carregadas pelos hobbits. Sem dúvida, os orcs os despojaram, mas temeram guardar as facas, reconhecendo o que eram: trabalho do Ponente, cheio de encantos para a destruição de Mordor.

Os próprios Nazgûl também não são destrutíveis das maneiras convencionais:

- A enchente provocada por Elrond:

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- A queda do Nazgûl pelo tiro desferido por Legolas no Anduin:

Um terror repentino dominou toda a Comitiva.
— Elebereth Gilthoml! — suspirou Legolas ao erguer os olhos. No momento em que falava, uma forma escura, como uma nuvem mas que não era uma nuvem, pois movia-se muito mais rápido, surgiu do negrume do Sul, correndo em direção à C omitiva, vedando toda a luz conforme se aproximava. Logo se definiu como uma grande criatura alada, mais negra que os abismos da noite. Vozes selvagens se ergueram para saudá-la, do outro lado do Rio. Frodo sentiu um calafrio repentino percorrendo seu corpo e apertando seu coração; teve uma sensação gelada e mortal na região do ombro, como a lembrança de um velho ferimento.

Agachou-se como se estivesse tentando se esconder. De repente, o grande arco de L órien cantou. A flecha, impulsionada pela corda, zuniu no ar. Frodo olhou para cima. Quase em cima dele, a forma alada guinou. Ouviu-se um grasnado alto e rouco, no momento em
que a criatura caiu, desaparecendo dentro da escuridão da praia Leste.

Ademais:

— O Mensageiro Alado! — gritou Legolas. — Atirei nele com o arco de Galadriel sobre o Sarn G ebir, e derrubei-o dos céus. Ele nos encheu de medo. Que novo terror é esse?
— Um terror que você não pode abater com flechas — disse G andalf. Você apenas abateu a montaria dele. Foi um bom feito; mas logo o Cavaleiro conseguiu outro cavalo.

Por fim:

— Isto foi o golpe da espada de Frodo — disse ele. — Receio que tenha sido o único ferimento que fez no inimigo; pois não está danificada, mas todas as espadas que perfuram
esse terrível Rei são destruídas. M ais terrível para ele foi ouvir o nome de Elbereth. E mais fatal para Frodo foi isto!

O Balrog em Mória também (me parece que) possui esse feitiço de invulnerabilidade, o seu Fana parece possuir uma "tolerância"contra muitas formas de destruição. Há no 1º livro, um momento em que os "tetos de uma montanha" (do túmulo de Bálin) caem em cima dele (o peso de um montanha destruiria uma totalidade de formas, objetos e corpos), mas o monstro simplesmente parece "ignorar" esse dano brutal. Ademais, há a famosa queda do Balrog com Gandalf no Abismo da ponte de Moria (introdução do 2º filme mostra isso), ambos caíram de uma altura inimaginável em velocidade terminal (ao meu ver) e resistiram ao impacto:

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Por fim, existe uma passagem bem interessante em que Gandalf, o branco, parece confirmar essa fortitude/diferença entre os corpos dos seres vivos X Ainur X o novo "corpo" de Gandalf ressurcitado:

— Levante-se, meu bom Gimli! Você não tem culpa, e não me fez mal algum. Na verdade, meus amigos, nenhum de vocês tem armas que possam me ferir. Alegrem-se! Encontramo-nos de novo! Na virada da maré. A grande tempestade se aproxima, mas a maré virou.

Essa passagem me lembrou também uma ocasião que compara as armas comuns X armas encantadas. O ataque de Boromir (utilizando o melhor que os artífices de Gondor ofereciam) utilizando sua espada contra a pele do Troll que tenta invadir o Câmara de Mazarbul faz com que sua espada quebre contra a pele endurecida do monstro:

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A diferença é clara se comparada com a espada élfica de Frodo:

Boromir pulou para frente e golpeou o braço com toda a força, mas a espada rangeu, resvalou e caiu de sua mão trêmula. A lâmina estava quebrada. De repente, e para sua própria surpresa, Frodo sentiu uma ira feroz se acender em seu coração.
— O Condado! — gritou ele e, avançando num salto para o lado de Boromir, abaixou-se e apunhalou com Ferroada o pé asqueroso.

Creio que, uma das inspirações "mitológicas" de Tolkien é a característica da mãe de Grendel que parecia ser protegida contra as armas comuns utilizadas pelos heróis ao enfrentarem, sendo ferida apenas com armas raras/mágicas: https://non-aliencreatures.fandom.com/wiki/Grendel's_Mother

Although neither Grendel not his mother could be harmed by conventional weapons, Beowulf used an ancient sword believed to have been forged by giants and managed to decapitate his opponent.

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Eu tinha esquecido da queda de Gandalf com o Balrog. Ele ainda era Gandalf O Cinzento e mesmo assim a queda não o matou. Eu também não tinha parado pra pensar que o Merry tinha uma espada do Ponente e por isso ele causou um estrago no Witch King. Então foi assim que a Éowyn conseguiu dar o golpe fatal? Em outras circunstâncias será que ela não conseguiria matá-lo?
 
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