Novas considerações sobre J. R. R. Tolkien & J. K. Rowling.
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Em artigo anterior meu, materializei algumas ponderações acerca da obra do eminente J. R. R. Tolkien, bem como daquela produzida pela também britânica J. K. Rowling, “Harry Potter”.
No referido trabalho, apresentei a seguinte indagação: “fico com esta pergunta (que talvez, seja uma constatação): não será mesmo, ‘Harry Potter’, uma grande similitude de ‘O Senhor dos Anéis’?...
No presente artigo, pretendo desenvolver outras considerações sobre as duas excelentes obras, apontando minha conclusão acerca da influência da obra de Tolkien, junto à Sra. Rowling.
— 1. Sauron & Lorde Voldemor.
Outras duas (além daquelas de que falei, no primeiro artigo) das principais personagens das obras em comento são Sauron (para “O Senhor dos Anéis”) e Lorde Voldemor (como não tenho o livro sob minha vista, não estou certo de a escrita estar correta e rogo a parcimônia dos leitores, para a possível incorreção). Eles são os dois grande vilões de cada uma das obras.
Ora, em ambos os casos estamos diante de personagens que estavam vivos, encarnados, tinham um corpo substancial e mortal; dessarte, sendo, numa data passada e longínqua, derrotados, perderam a substância carnal, morreram... Dái por diante, começam uma luta pessoal, por todos os meios e ardis, com o fito principal de voltarem à vida física, de renascerem, de terem um corpo de carne, novamente, com o que esperam renovar seu domínio sobre as coisas e as pessoas. É o velho apelo do “dominar o Universo”... O que me lembra aqueles dois ratinhos de laboratório, Pink e Cérebro: a cada vez que seus planos de dominar o mundo fracassam, o maior (Pink) pergunta ao menor: - O que vamos fazer amanhã, Cérebro? Ao que o outro responde: - O que fazemos todos os dias, Pink: tentar dominar o mundo...
A semelhança entre os dois argumentos é inegável e, uma vez que a obra tolkeniana é em muitas décadas anterior à da Sra. Rowling, não há dúvidas sobre quem tem a primazia da originalidade...
— 2. Os Nazgûl & os Comensais da Morte.
Os nazgûl são “os Nove”, antigos reis dos homens, seduzidos por Sauron, com anés do poder e por eles consumidos, tornando-se espectros do Um Anel e eternos servidores do Senhor do Escuro. Eles não estão em corpo material e quando - por algum artifício mágico ou poder especial de alguém - são vistos, por sob o manto escuro, seus rostos são como os de uma caveira minimamente recoberta de carne.
Em Potter, temos os Comensais da Morte, com seus longos mantos negros, com capuzes que escondem toda a cabeça e com suas máscaras de caveira. São servidores do Lorde escuro de Rowling - assim como os nazgûl servem a Sauron - e aguardam a sua volta, mantendo-se ocultos por longo tempo (por dois ou três dos primeiros livros/filmes), até que seu mestre de fortaleça e sua chance de voltar seja real. É o mesmo que fazem os Nove: somente se mostram quando “a sombra voltou a crescer no leste” e que o Anel foi encontrado.
Com todo o respeito à Sra. Rowling - cuja obra (em minha modesta e pouco abalizada opinião) é de grande valor literário -, são semelhanças grandes demais para serem meros acasos...
— 3. O Espelho de Galadriel & o “Espelho do Sr. Alvo” (diretor da escola de Potter).
Em “O Senhor dos Anéis”, temos um encontro marcante quanto Frodo, penetrando a floresta de Lórien - junto com a Sociedade do Anel, à exceção de Gandalf, que caíra em Moria -, olha o jarro d’água, chamado de Espelho de Galadriel. Neste momento, ele vê aspectos da trama que nunca tinha suspeitado, lendo no tempo, “coisas que foram, coisas que são e algumas coisas que ainda não vieram”.
Em “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, surge o momento em que Potter penetra um dos aposentos pessoais do Diretor Alvo e, num canto do ambiente, encontra, sobre um pedestal de pedra (é o que parece ser: pedra) decorada (assim como o pedestal que sustém o “Espelho de Galadriel”...), sobre o qual parece haver uma espécie de pequena bacia prateada, cheia de água (ou seja: tudo exatamente como em Lórien e como no artefato de maga élfica...). E o que faz Potter? Exatamente o que faz Frodo: olha no espelho e vê o passado (“coisas que foram”, como disse Galadriel...), só então entendendo alguns dos principais aspectos da trama (como aconteceu com o hobbit, no The Lord of the Rings)...
Mais uma vez peço vênia à Sra. Rowling e pergunto: não é semelhança demais, para não ser intencional?...
De todo o exposto, não creio que possa haver dúvida sincera de que, em “Harry Potter”, vemos muito - e do mais importante, eu diria - que dá substrado a toda a obra de Tolkien (do Silmarillion ao The Lord of the Rings).
Pode-se, então, legitimamente, comparar-se as duas obras? Creio que sim, mas somente se os admiradores de H. Potter tiverem humildade, para admitir que, em que pese a beleza da criação de Rowling, há muito mais originalidade, substância e pujança em Tolkien.
Penso que admirar a obra H. Potter, em comparação com a de Tolkien, é como admirar as flores de Monet, parado à frente das flores reais que ele via, enquanto pintava... Aliás, não seriam o Silmarillion e O Senhor dos Anéis as flores reais de J. K. Rowling?...
Fortaleza/CE, sábado, 10 de dezembro de 2005.
José Inácio de Freitas Filho.
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Em artigo anterior meu, materializei algumas ponderações acerca da obra do eminente J. R. R. Tolkien, bem como daquela produzida pela também britânica J. K. Rowling, “Harry Potter”.
No referido trabalho, apresentei a seguinte indagação: “fico com esta pergunta (que talvez, seja uma constatação): não será mesmo, ‘Harry Potter’, uma grande similitude de ‘O Senhor dos Anéis’?...
No presente artigo, pretendo desenvolver outras considerações sobre as duas excelentes obras, apontando minha conclusão acerca da influência da obra de Tolkien, junto à Sra. Rowling.
— 1. Sauron & Lorde Voldemor.
Outras duas (além daquelas de que falei, no primeiro artigo) das principais personagens das obras em comento são Sauron (para “O Senhor dos Anéis”) e Lorde Voldemor (como não tenho o livro sob minha vista, não estou certo de a escrita estar correta e rogo a parcimônia dos leitores, para a possível incorreção). Eles são os dois grande vilões de cada uma das obras.
Ora, em ambos os casos estamos diante de personagens que estavam vivos, encarnados, tinham um corpo substancial e mortal; dessarte, sendo, numa data passada e longínqua, derrotados, perderam a substância carnal, morreram... Dái por diante, começam uma luta pessoal, por todos os meios e ardis, com o fito principal de voltarem à vida física, de renascerem, de terem um corpo de carne, novamente, com o que esperam renovar seu domínio sobre as coisas e as pessoas. É o velho apelo do “dominar o Universo”... O que me lembra aqueles dois ratinhos de laboratório, Pink e Cérebro: a cada vez que seus planos de dominar o mundo fracassam, o maior (Pink) pergunta ao menor: - O que vamos fazer amanhã, Cérebro? Ao que o outro responde: - O que fazemos todos os dias, Pink: tentar dominar o mundo...
A semelhança entre os dois argumentos é inegável e, uma vez que a obra tolkeniana é em muitas décadas anterior à da Sra. Rowling, não há dúvidas sobre quem tem a primazia da originalidade...
— 2. Os Nazgûl & os Comensais da Morte.
Os nazgûl são “os Nove”, antigos reis dos homens, seduzidos por Sauron, com anés do poder e por eles consumidos, tornando-se espectros do Um Anel e eternos servidores do Senhor do Escuro. Eles não estão em corpo material e quando - por algum artifício mágico ou poder especial de alguém - são vistos, por sob o manto escuro, seus rostos são como os de uma caveira minimamente recoberta de carne.
Em Potter, temos os Comensais da Morte, com seus longos mantos negros, com capuzes que escondem toda a cabeça e com suas máscaras de caveira. São servidores do Lorde escuro de Rowling - assim como os nazgûl servem a Sauron - e aguardam a sua volta, mantendo-se ocultos por longo tempo (por dois ou três dos primeiros livros/filmes), até que seu mestre de fortaleça e sua chance de voltar seja real. É o mesmo que fazem os Nove: somente se mostram quando “a sombra voltou a crescer no leste” e que o Anel foi encontrado.
Com todo o respeito à Sra. Rowling - cuja obra (em minha modesta e pouco abalizada opinião) é de grande valor literário -, são semelhanças grandes demais para serem meros acasos...
— 3. O Espelho de Galadriel & o “Espelho do Sr. Alvo” (diretor da escola de Potter).
Em “O Senhor dos Anéis”, temos um encontro marcante quanto Frodo, penetrando a floresta de Lórien - junto com a Sociedade do Anel, à exceção de Gandalf, que caíra em Moria -, olha o jarro d’água, chamado de Espelho de Galadriel. Neste momento, ele vê aspectos da trama que nunca tinha suspeitado, lendo no tempo, “coisas que foram, coisas que são e algumas coisas que ainda não vieram”.
Em “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, surge o momento em que Potter penetra um dos aposentos pessoais do Diretor Alvo e, num canto do ambiente, encontra, sobre um pedestal de pedra (é o que parece ser: pedra) decorada (assim como o pedestal que sustém o “Espelho de Galadriel”...), sobre o qual parece haver uma espécie de pequena bacia prateada, cheia de água (ou seja: tudo exatamente como em Lórien e como no artefato de maga élfica...). E o que faz Potter? Exatamente o que faz Frodo: olha no espelho e vê o passado (“coisas que foram”, como disse Galadriel...), só então entendendo alguns dos principais aspectos da trama (como aconteceu com o hobbit, no The Lord of the Rings)...
Mais uma vez peço vênia à Sra. Rowling e pergunto: não é semelhança demais, para não ser intencional?...
De todo o exposto, não creio que possa haver dúvida sincera de que, em “Harry Potter”, vemos muito - e do mais importante, eu diria - que dá substrado a toda a obra de Tolkien (do Silmarillion ao The Lord of the Rings).
Pode-se, então, legitimamente, comparar-se as duas obras? Creio que sim, mas somente se os admiradores de H. Potter tiverem humildade, para admitir que, em que pese a beleza da criação de Rowling, há muito mais originalidade, substância e pujança em Tolkien.
Penso que admirar a obra H. Potter, em comparação com a de Tolkien, é como admirar as flores de Monet, parado à frente das flores reais que ele via, enquanto pintava... Aliás, não seriam o Silmarillion e O Senhor dos Anéis as flores reais de J. K. Rowling?...
Fortaleza/CE, sábado, 10 de dezembro de 2005.
José Inácio de Freitas Filho.