• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[L][Riku] Um carnaval diferente

Malaman

Passion, what else?
Com um certa ajuda de uma pessoa(novidade nao) escrevi esta historia

Capitulo 1-

O nosso numeroso grupo subiu a encosta branca e gélida. Era a primeira vez que muitos de nós viam neve, por isso estávamos muito entusiasmados com a viagem. Eu saltitava por cima da neve, arriscando-me a cair de costas, mas isso não importava. Tinha de gozar o máximo que podia das férias do Carnaval. Subimos, subimos, subimos até ao pequeno chalé da Rita, pouco visível entre as árvores que o rodeavam, brancas, cobertas de neve. A madeira avermelhada da casa era bela e aquecia o meu interior. Estava ansiosa por lá entrar.
- Então? Demoram muito? - chamei o resto do grupo.
- Espera... Estamos cansados! Onde foste arranjar essa energia toda? Andas no doping, agora? - exclamou Ricardo.
- Ok, ok... Eu tenho calma. Mas acelera um pouco o passo!
Um a um, todos entraram no chalé, a seguir a mim e à Rita. Ela tinha tudo planeado, provisões para todos e camas aconchegantes, prontas para nos receber.
- Meninos, este é o vosso quarto! - disse ela, apontando para um quarto grande, com um beliche e duas camas de solteiro, - O nosso quarto é lá em cima - disse ela, dirigindo-se para lá.
- Vejam se não estragam nada - disse a Ana, rindo-se.
- Ahhh... Na boaaaa! - disse o Coelho, mas a sua voz diminuia de volume à medida que nós subíamos as escadas de pinho.
Assim que chegámos ao patamar de cima, eu e a Ana abrimos a boca. A Rita limitou-se a sorrir, vendo a nossa expressão. Afinal de contas, a "dona" do chalé era ela.
Era um espaço amplo, com sofás fofos, tapetes grossos e um conjunto de camas. Contei-as. Eram seis. Mas éramos apenas três raparigas, por isso dispúnhamos de toda a divisão.
- E vocês ainda não viram a casa de banho! - exclamou a Rita, dirigindo-se a uma porta fechada.
Segui-a, correndo, e quase fui contra a parede, por causa da velocidade a que corria. Abri os olhos de espanto. Aquilo sim, era uma casa-de-banho dos meus sonhos, ou quase. A banheira era gigante e tinha jacuzzi, e eu tinha a certeza que nós todas lá cabíamos, sem qualquer problema. As paredes eram escuras, e notei que havia uma portinha de madeira, do meu lado esquerdo.
- O que é isto? - perguntei, apontando.
- É uma sauna. - explicou-me Rita.
- Uma sauna?! Será que há alguma coisa que esta casa não tenha?
- Bem, a piscina aquecida não é muito grande...
- Piscina?! - exclamámos eu e a Ana em uníssono.
Quem me dera que o meu tio afastado me tivesse deixado uma casa daquelas, também. Quanto invejo aquela rapariga! Mas um dia hei-de ganhar a lotaria, ou algo do género!
Enquanto isso, desfizemos as nossas malas e descansamos um pouco.

Quando acordei, estava muito escuro lá fora e a divisão estava vazia. Sentia um cheiro quentinho e apelativo, vindo do andar de baixo. Como por instinto, desci as escadas a correr. O João estava a cozinhar. O João?! Não pode ser.
- Olá... Jessica... - sorriu ele, envergonhado.
- João, tu sabes cozinhar? - perguntei-lhe, incrédula.
- Desde os 12 anos! - exclamou ele - Eu sei... Eu sei que seis anos de prática não chegam, mas consigo cozinhar umas coisinhas.
Sorri-lhe e fui espiar os seus cozinhados. Estava a fazer ravioli de cogumelos, segundo o que constei. Ok, foi ele que me disse o que era.
- Queres-me ajudar a fazer qualquer coisa para a sobremesa? - perguntou-me.
- Claro! - respondi-lhe, alegre.
- Não sabes cozinhar... Pois não?
Senti-me corar, era verdade! Nunca tinha tido jeito para a cozinha, a minha mãe sempre mo dizia. O máximo que conseguia fazer eram bolos, que quase nunca saiam bem. Respondi-lhe da única maneira que sabia:
- Podes-me sempre... Ensinar.
- Haha, claro, não te preocupes.
Ao jantar, todos adoraram o prato preparado pelo João, mas ninguém conseguiu comer a sobremesa até ao fim. Dirigi-me para a cama, queria dormir cedo. Mas que decepção! Há-de haver alguma coisa em que eu seja boa. Fechei os olhos, adormeci instantaneamente.
 
Capitulo 2-

O dia nasceu e eu acordei, energética. Como ninguém tinha acordado, decidi fazer alguns exercícios de ginástica, algo que nunca costumava fazer quando estava em casa. Fui a primeira a tomar banho, sequei o cabelo, vesti-me, e dirigi-me à cozinha. As janelas do andar de baixo estavam todas abertas. Os rapazes já tinham andado a fazer das suas! Fechei apressadamente cada uma das janelas, sentido o frio gelado do exterior na pele. Suspirei e entrei na cozinha, dando passos largos. Estava com fome, e não aguentava esperar mais um minuto. Parei junto ao frigorífico e abri-o. Fiquei a olhar para as prateleiras que nele se encontravam, durante largos segundos, tentando raciocinar. Estava vazio. Preparei as minhas cordas vocais e gritei, melódicamente, de forma a que toda a gente da casa me pudesse ouvir, e também os vizinhos que viviam a um quilómetro de distância:
- Quem tirou a comida do frigorifico?!
Ninguém respondeu durante um bocado, mas eu tornei a gritar. Comecei a ouvir resmungos provenientes do quarto dos rapazes.
- O que é que queres, chata! - exclamou o Coelho.
- Alguém tirou a comida do frigorifico. Quero saber quem foi!
- Não foi nenhum de nós os quatro - disse Michael, calmamente.
Os meus olhos ficaram imersos na simpatia que Michael exalava e suspirei profundamente. Quando dei por mim, estava toda a gente a olhar-me, incluindo as raparigas que já tinham descido para o piso térreo. Olhavam-me de forma trocista e Michael sorria. Suspirei e novo e retomei o fôlego:
- Não há comida no frigorífico, pensei que tivesse sido algum de vocês.
- Eu não fui... - iam dizendo, um a um, todos os membros do grupo.
- Só podem estar a gozar! - exclamou a Rita, zangada.
- Eu não gastei tudo, ontem. - disse João, apressadamente.
- De certeza que esconderam tudo algures! - exclamei.
- Eu sei onde a comida está - disse Ana, olhando pela janela.
A Rita correu até ao parapeito e gemeu, o Coelho seguiu-a, saltitando. Troquei um breve olhar com o João e dirigimo-nos também para lá. A expressão dele foi igual à minha, quando vimos toda a nossa comida espalhada pelo pátio. Tudo estava coberto de lama, porque parte da neve havia derretido durante a noite.
- Ok, quem fez isto?! - Gritou a Rita.
- Não fui eu, juro! - exclamou Ricardo.
- Vamos lá fora ver se podemos recuperar alguma coisa. - sugeri.
Fui a única a ir lá para fora, porque todos os outros se encontravam ainda em pijama. Obrigadinha. Consegui recuperar apenas algumas embalagens não utilizadas, como manteiga, sopa em pacote, uma caixa de gelado de chocolate, e sei lá que mais. Suspirei a tomar o meu pequeno-almoço. Gelado, ao pequeno-almoço, no Inverno, mas que bela refeição. A pessoa que mais se queixou foi o Coelho, resmungando ainda mais do que a Rita:
- Fogo... Isto é injusto, porque é que tenho de comer sopa?
- É o que há... - tranquilizou-o Michael.
Ai! Como era tão bom ouvir a voz do Michael, tão suave e melodiosa... Senti o meu coração a bater mais rápido. João e Ricardo olhavam-me com desdém.
- Temos de ir comprar alguma comida, não acham? - sugeriu a Ana.
- Bem... Acho que sim... - disse o Ricardo, sorrindo-lhe.
- Eu não vou. Já tive uma trabalheira a comprar as primeiras provisões! - exclamou Rita, sorrindo maléficamente.
- Se não vais tu... Vamos nós! - disse João, olhando-a, aborrecido.
O sorriso falso dela desvaneceu-se e ela foi buscar a carteira com o dinheiro que todos tinham guardado para a viagem. Pelos vistos, esse estava intacto.
- Está aqui o dinheiro, - disse ela, entregando-a à Ana - Não se esqueçam de trazer água engarrafada.
Soltei um suspiro e segui o restante grupo agora se encontrava reunido junto à porta de entrada.
- Eu fico bem, não se preocupem! - garantiu-lhes Rita - Não se demorem! É só 15 minutos a pé até à vila.
- Sim, claro... - respondeu Coelho, com uma voz quase inaudível.

Percorremos o asfalto negro a pé. O Michael não tencionava conduzir durante as férias, porque podia haver um deslize. Mas foi bastante divertido, conversámos acerca da casa e das regalias que a Rita agora possuía desde que recebera vários bens provenientes dos seus tios que viviam no Alentejo. Finalmente alcançámos o pequeno supermercado, numa esquininha suja da vila. Entrámos e, na galhofa, escolhemos os vários artigos que queríamos. O dono da loja não parecia muito satisfeito com a nossa presença, mas assim que viu tudo o que íamos comprar, sorriu impacientemente. Já de saída, todos carregámos os nossos sacos, uns com mais sacos, outros com menos. Eu encarreguei-me de levar um garrafão de água.
- Menina forte, hein? - observou João.
- Nem por isso. - respondi-lhe, olhando para Michael, que carregava mais sacos do que qualquer outra pessoa.
- Já me doem as mãos... Ai! - queixou-se Ana.
- Não te preocupes, estamos quase a chegar! - tranquilizou-a Coelho.
Já conseguíamos ver a casa ao longe, por isso apressamos o passo. Ouvimos um grito estridente, que nos deixou sobressaltados.
- Há pássaros aqui? Aquilo parecia um papagaio! - riu-se João.
- Bem, acho que não! - disse Coelho, pousando os sacos dele para descansar as mãos avermelhadas pelo frio e pela força.
- Vá lá! Vamos para dentro, estou a morrer de frio! - gritei.
- Não te preocupes, está quase. - disse Michael, irresistivelmente.
Frio? Já não tinha frio! Estava a derreter-me. O Michael não podia ser humano, ele é demasiado fantástico para o ser. Mais uma vez, subimos a encosta íngreme até à porta de entrada do chalé. Olhei para o chão à sua frente. Já não havia vestígios de lixo. A Rita tinha feito um óptimo trabalho. Entrámos dentro de casa e pousamos tudo o que carregávamos.
- Rita? Alô? Onde estás?! - gritou Ricardo, sonoramente.
Mas ela não respondeu.
- Acho que a vou procurar, deve estar a dormir, ou talvez a tomar banho, ou na piscina... Sei lá. - ofereceu-se Ana.
Será que ela sabia mesmo onde ir? O chalé era gigante. Usávamos apenas dois dos sete quartos existentes!
Comecei a por cada embalagem no seu lugar próprio, enquanto os rapazes falavam acerca de snowboard. Estava a por o leite no armário quando ouvi um grito. Era a Ana! Olhei para os rapazes, eles também estavam assustados. Corri em direcção ao grito, sendo seguida por todos os outros. Parei junto à Ana, que se encontrava ajoelhada, junto a uma porta, que dava para a piscina interior. Abri-a. Encontrava entreaberta e tentei ver o que havia lá dentro. Senti-me horrorizada... Senti-me desfalecer... Senti o impacto quando cai no chão...
 
Capitulo 3-

Senti dor, muita dor. Não tinha qualquer noção do que se passava. A dor era quente e sentia também algo macio a acariciar-me. Tentei abrir os olhos, mas não conseguia. Sentia uma dor lacerante no ombro direito, que ia diminuindo ao longo do tempo. Aos poucos tentei recordar o que se tinha passado. Eu sabia que tinha ido às compras, que tinha chegado a casa, que tinha... Abri os olhos rapidamente. O João encontrava-se a meu lado, olhando para o restante corredor, com um olhar assustado. Levantei-me calmamente, mas tornei a tombar no chão. Ao notar que eu já tinha acordado, ele afastou-se e ajudou-me a levantar, para que eu não caísse de novo. Olhei-o, com medo, o sorriso reconfortante dele estava ausente. Senti o meu coração despedaçar-se, ao recordar-me de novo do que tinha acontecido.
- João... Ela... - comecei por falar.
- Eu não sei o que se passa, - disse-me ele - Não havia ninguém em casa, as portas estavam trancadas quando nós chegámos, e tínhamos sido nós a fazê-lo, antes de termos ido à vila.
Senti um arrepio no espinha e avancei, vagarosamente para a porta que dava para a piscina. O Coelho estava lá sentado, acompanhado por Michael, que tentava parecer o mais calmo que podia, ainda que se notasse o nervosismo e o receio na sua expressão. A Ana estava encostada à parede, com a cabeça entre as pernas. Conseguia ouvir os seus soluços, isso fazia o meu coração doer ainda mais. Eu e o João entreolhamo-nos e avançámos.
- Tu não vais querer ver aquilo de novo... - avisou-me ele.
- Eu quero ver, senão não vou acreditar. - retorqui - Onde está o Ricardo?
- Ele foi ver se encontrava um telefone que funcionasse.
- Ele foi sozinho?! - exclamei.
- Foi, porquê? - disse ele - Ela... Suicidou-se. É difícil acreditar nisso.
- Eu não entendo... Ela é tão feliz! Era...
Entrei na divisão da piscina interior. Vi o seu corpo a boiar, não se tinha movimentado um único centímetro, desde a última vez que o havia visto. A sua linda blusa cor de rosa estava encharcada e transparente, e o seu cabelo castanho parecia um remoinho na água. Ouvi um soluço baixo. Demorei algum tempo a descobrir que quem soluçava era eu. Não pode ser... Ela não pode ter morrido assim. Senti um abraço quente, um abraço reconfortante, um abraço que eu queria que nunca acabasse, um abraço que me fizesse voltar atrás no tempo. Virei-me e reparei que era Michael a abraçar-me. O João já não se encontrava na sala. Corei, com vergonha, por baixo das minhas lágrimas tristes. Ele tentou sorrir, mas não conseguiu, e abraçou-me de novo.
Ele levou-me para fora da sala, e deparamo-nos com uma discussão ardente entre o Coelho e o Ricardo.
- Não podes! - gritava o Coelho.
- Eu vou tirá-la da piscina, já disse! - exclamou ele, com os olhos ainda vermelhos de lágrimas.
- Mas não chamaste ninguém para cá vir?
- Os telefones estão todos desligados, e eu não tenho rede aqui.
Permanecemos em silêncio, até Ricardo entrar na outra divisão. Olhei para o chão, para as minhas botas de neve, enquanto o ouvia entrar na água. Tanto o João como o Michael mantiveram as suas mãos nos meus ombros, um de cada lado. No entanto, um chamamento fez-se soar:
- Malta, venham cá! Rápido!
Era o Ricardo. Fiquei preocupada e corri atrás do Coelho até à berma da piscina. Fiquei ainda mais horrorizada do que antes. Ia desfalecer, mais uma vez, mas o Michael agarrou-me, antes que o pudesse fazer. Era uma imagem difícil de descrever, era horrível! A Rita tinha ambas as orelhas cortadas. Mais lágrimas vieram ao meu encontro. A sua cara estava completamente cortada, o que parecia ainda pior pelo facto de os seus olhos verdes se encontrarem ainda abertos. As lágrimas corriam agora ao encontro do canto da minha boca. O seu pescoço havia sido cortado. Não podia ter sido suicídio.
- Temos de sair daqui. - exclamou a Ana, em tom de alarme.
- Pela primeira vez na vida, tu tens razão! - gritou o João, enquanto ia buscar os nossos casacos.
Eu não me conseguia mexer, tive de ser puxada para fora, pelo Coelho e pelo Michael. "Ela foi assassinada", era este o meu único pensamento.
- Anda daí! - gritou Coelho - Isto aqui não é seguro!
Quando finalmente me consegui mexer, vesti o meu casaco, o mais rápido que pude, enganando-me ainda assim a por os braços nas mangas deste. Fomos em grupo, num estilo defensivo, em direcção à porta. O Ricardo deu um passo em frente, para a abrir, mas não conseguiu. Estava trancada! Ela tinha sido deixada destrancada, acho eu.
- Ok, quem fechou a porta? - perguntou o Michael.
Todos acenámos negativamente. Isto perturbou-me. Fiquei com ainda mais medo.
- Eu vou abrir a porta - disse o João, pondo a mão no bolso.
Todos olhámos para ele, assim que ele paralisou. Tirou uma rosa morta do bolso do casaco, e olhou-nos, horrorizado. Também o Ricardo, o outro elemento que possuía uma chave, tentou procurar a sua. Do seu bolso tirou um relógio antigo, de aspecto caro. Ele abriu-o, estava parado, exactamente às seis e vinte de três. A Ana soltou um gemido, horrorizado, e olhámos em direcção à cozinha escura. Não podia ser verdade, isto só podia ser um sonho.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo