Mithrellas
Usuário
[Mithrellas][Os Talheres]
Os Talheres
Como em todos os anos, a festa de Natal era na casa de minha mãe.
Cheguei mais cedo com a intenção de ajudar.
Ao entrar, vi minha mãe. Ela parecia cansada, sua roupa estava remendada; o vestido que nos dias de minha infância fora azul-royal, se tornou de um azul triste e desbotado.
Cumprimentei-a, e como sempre ouvi que não ia lá há muito tempo e etc, me fiz de preocupada e compreensiva, então fui falar com minha irmã. Ela parecia abatida. Mal falou comigo, disse apenas um rápido "oi", olhou-me com um certo desprezo, virou-se e foi para a cozinha.
Comecei a pôr os talheres na mesa, os talheres eram os mesmos de anos, os mesmo de sempre, os mesmos da minha infância.
Sentei-me para esperar o resto da família, como uma obrigação.
Aos poucos começaram a chegar.
Todos chegavam com presentes e mais presentes em baixo dos braços. Suas roupas todas de marcas caras.
Todos competiam numa falsa simpatia.
Aqueles eram meus irmãos; meus irmãos, com os quais convivi a infância toda, com os quais brinquei.
Agora não pareciam mais aquelas crianças. Pareciam simplesmente outras pessoas, colegas de palco. Só os talheres permaneciam iguais.
Perto das onze chegou, bastante atrasado meu irmão mais velho. Único ali que evitava teatros e trazia presentes pequenos. Era tranquilo, talvez por viver distante da sociedade que vivemos.
A ceia foi longa.
Após a ceia, hora de distribuir os presentes. Como de costume, após a morte de meu pai, meu irmão vestia o chapéu de papai noel e distribuía os presentes.
Mas agora nem mais as crianças gostavam daquilo. Assim como seus país, forçavam uma falsa alegria. Só os talheres permaneciam iguais.
Os presentes eram, em sua maioria, caros e dispensáveis; o maior pacote parecia ser sempre o mais esperado e também o mais fútil.
Ninguém acertava o gosto alheio, e quando com muito medo de errar, davam algo de utilidade doméstica.
Apenas meu irmão acertava, no meu gosto pelo menos.
Tudo era tão superficial.
As crianças falavam para seus tios como suas vidas eram boas, exibiam seus vestidos e roupas caras, e falavam "sem querer" onde haviam sido comprado os presentes. Era a noite do exibicionismo, não mais da confraternização. Só os talheres permaneciam iguais.
E assim, após minha mãe distribuir os doces natalinos, disse que tinha de trabalhar e viajaria no ano novo.
Desejei a todos feliz natal e próspero ano novo.
Saí da velha casa, sentei no chão do quintal, olhei ao redor, as árvores, o jardim, o quintal, tudo aquilo que eram minha infância, mas tudo mudára. Só os talheres permaneciam iguais.
-------------------------------------------------------
Ps.: Esse conto eu fiz para a escola, tentando manter um estilo semelhante ao da Clarice Lispector... (tive de le-lo para o ginásio todo, foi horrível ^^)
Os Talheres
Como em todos os anos, a festa de Natal era na casa de minha mãe.
Cheguei mais cedo com a intenção de ajudar.
Ao entrar, vi minha mãe. Ela parecia cansada, sua roupa estava remendada; o vestido que nos dias de minha infância fora azul-royal, se tornou de um azul triste e desbotado.
Cumprimentei-a, e como sempre ouvi que não ia lá há muito tempo e etc, me fiz de preocupada e compreensiva, então fui falar com minha irmã. Ela parecia abatida. Mal falou comigo, disse apenas um rápido "oi", olhou-me com um certo desprezo, virou-se e foi para a cozinha.
Comecei a pôr os talheres na mesa, os talheres eram os mesmos de anos, os mesmo de sempre, os mesmos da minha infância.
Sentei-me para esperar o resto da família, como uma obrigação.
Aos poucos começaram a chegar.
Todos chegavam com presentes e mais presentes em baixo dos braços. Suas roupas todas de marcas caras.
Todos competiam numa falsa simpatia.
Aqueles eram meus irmãos; meus irmãos, com os quais convivi a infância toda, com os quais brinquei.
Agora não pareciam mais aquelas crianças. Pareciam simplesmente outras pessoas, colegas de palco. Só os talheres permaneciam iguais.
Perto das onze chegou, bastante atrasado meu irmão mais velho. Único ali que evitava teatros e trazia presentes pequenos. Era tranquilo, talvez por viver distante da sociedade que vivemos.
A ceia foi longa.
Após a ceia, hora de distribuir os presentes. Como de costume, após a morte de meu pai, meu irmão vestia o chapéu de papai noel e distribuía os presentes.
Mas agora nem mais as crianças gostavam daquilo. Assim como seus país, forçavam uma falsa alegria. Só os talheres permaneciam iguais.
Os presentes eram, em sua maioria, caros e dispensáveis; o maior pacote parecia ser sempre o mais esperado e também o mais fútil.
Ninguém acertava o gosto alheio, e quando com muito medo de errar, davam algo de utilidade doméstica.
Apenas meu irmão acertava, no meu gosto pelo menos.
Tudo era tão superficial.
As crianças falavam para seus tios como suas vidas eram boas, exibiam seus vestidos e roupas caras, e falavam "sem querer" onde haviam sido comprado os presentes. Era a noite do exibicionismo, não mais da confraternização. Só os talheres permaneciam iguais.
E assim, após minha mãe distribuir os doces natalinos, disse que tinha de trabalhar e viajaria no ano novo.
Desejei a todos feliz natal e próspero ano novo.
Saí da velha casa, sentei no chão do quintal, olhei ao redor, as árvores, o jardim, o quintal, tudo aquilo que eram minha infância, mas tudo mudára. Só os talheres permaneciam iguais.
-------------------------------------------------------
Ps.: Esse conto eu fiz para a escola, tentando manter um estilo semelhante ao da Clarice Lispector... (tive de le-lo para o ginásio todo, foi horrível ^^)